Sun Of Earth (Jacob+Renesmee) escrita por Cláudia Ray Lautner


Capítulo 27
Escuridão


Notas iniciais do capítulo

QUE SAUDADES!! Por favor não me matem, as coisas estão feias pro meu lado... muitos compromissos e ainda por cima tava sem inspiração até pra falar no telefone ... rsrs mas tá aí o último capitulo desse livro, que é do ponto de vista do Jake. O próximo e último será pelo ponto de vista da Nessie! Agradecimentos especiais a foférrima Juh ( Julia ) linda que recomendou a fic!! ♥ Muito obrigada amor! Essas recomendações me deixam nas nuvens! AMO VOCS! Espero que gostem e boa leitura!



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*****

As buscas começaram não muito tempo depois. Nós nos dividimos em grupos, e Edward e Jasper eram como os lideres da “operação” devido seus conhecimentos.

Emmett, Rosalie, Paul e Collin tentariam encontrar os rastros, indo para o oeste. Edward, Bella, Sam e Jared iriam para o leste enquanto eu, Renesmee, Jasper, Leah e Seth, tentaríamos o norte. Os outros ficariam para o caso de Jhonatan voltar, apesar de ser pouco provável.

Tentamos convencer Leah a ficar, para que quando qualquer um dos grupos tivessem noticias, ela as recebesse em primeira mão, mas ninguém conseguiu tal proeza. Ela não iria conseguir ficar parada apenas esperando, ela tinha que estar em ação, fazendo alguma coisa para encontra-lo, e eu a entendia perfeitamente. Eu também não ficaria para trás.

Os grupos estavam muito grandes, mas ainda era uma situação preocupante. As buscas seriam mais difíceis e demoradas, mas não podíamos nos arriscar e nos separar mais. Não queríamos mais ninguém em perigo e quem poderia saber o que se escondia nessas florestas?

Corremos durante o dia e a noite. Todos estávamos exaustos, até mesmo os vampiros. Nossas mentes estavam sobrecarregadas, mas ninguém queria parar, pelo menos até ter alguma pista concreta. Frequentemente eu abria minha mente para Sam e ele fazia o mesmo, mas ninguém tinha nenhuma novidade. Apenas cheiros leves que não levavam a lugar algum e sumiam com a mesma rapidez que apareciam.

Edward e Jasper haviam contando para as matilhas tudo o que sabíamos e também o que não sabíamos, a respeito dos Filhos da Lua.

Era uma raça muito antiga, quase exterminada por seus inimigos naturais, os vampiros. Mas as criaturas que nos circundavam eram diferentes das que os Cullens conheciam.

Edward não sabia dizer o porquê de Jhonatan ter se transformado a luz do dia; não sabiam o porquê seu veneno responsável pela transmissão de seus genes, não haviam afetados a nós transmorfos.

Se o veneno não nos afetava, porque havia afetado Jhonatan? Não fazia ele parte da mesma magia? Já havíamos provado e comprovado o quanto o imprinting era poderoso. Mas para herdar a possível “imunidade” seria preciso também ter herdado os genes de lobisomens?

Muitas dúvidas que permeavam a mente de todos enquanto corríamos em busca de Jhon. Leah mantinha sua cabeça limpa e focada. Após ter chorado abraçada em Nessie, ela recobrou o controle. Eu sabia o quanto ela odiava ser considerada frágil.

Nessie corria em silêncio ao meu lado. Por algumas vezes foi ela quem encontrou os rastros. Ela estava tão focada em encontrar Jhonatan, quanto Leah. Eu podia ver estampado em seu rosto pálido e frágil, sua determinação.

Seth era a sombra da irmã. Era quase como se ele se movesse junto com ela.

Jasper estava ainda mais silencioso do que de costume. Raramente abriu a boca para dar qualquer opinião, mas quando falava era dotado de sabedoria quanto à raça estranha que precisávamos enfrentar.

As arvores eram borrões verdes passando em nossa volta e por diversas vezes elas se tornavam densas demais para que corrêssemos, mas não paramos um segundo sequer. Quando não podíamos correr, nos espremíamos entre os troncos, raízes e cipós.

O sol começava a tingir o céu de vermelho, prenunciando um novo dia, quando encontramos um rastro forte, próximos a fronteira do Canadá.

O cheiro era ácido, e queimava minhas vias respiratórias. Um rosnado baixo surgiu involuntariamente em meu peito, mas me contive. Devia ser Jhon. Tinha que ser ele!

Um segundo após este pensamento a voz de Leah gritou em minha cabeça:

“É ele! Eu tenho certeza! É o seu cheiro!”

E acelerou. Suas patas cravaram o solo em sua ânsia de seguir o forte rastro.

“Leah, espera!” - eu gritei – “E se não for ele?”

“É ele, Jacob!” - ela repetiu sem diminuir o passo, ou se virar para mim- “Eu o reconheceria em qualquer lugar!”

Os pelos do meu dorso se arrepiaram, mas não disse ou fiz mais nada além de segui-la.

Olhei para Nessie que estava corada, pelo esforço, e respirava rápido, mas seu foco era em Leah. Sua testa franzida demonstrava que estava tão preocupada quanto eu, dela estar enganada. Jasper e Seth pareciam partilhar a mesma opinião.

Mas ela não estava enganada. Derrapamos na folhagem úmida, e paramos quando chegamos a uma clareira, recém-aberta. A vegetação estava tombada, e havia marcas de garras em todos os troncos e arvores. A chuva caia mais forte ali, sem as copas frondosas, como barreira.

E no meio da clareira estava Jhonatan, em sua forma humana, nu e desacordado, mas seu corpo convulsionava de frio.

Leah guinchou um gemido e lamentou.

“Jhon! Jhon meu amor...” - e voltou à forma humana.

Ela se jogou em cima dele e o abraçou. Chorou silenciosamente por um momento até gritar para nós.

– Precisamos tirá-lo da chuva! Ele está congelando! – sua voz beirava o desespero.

Eu e Seth voltamos a forma humana, ao mesmo tempo que Renesmee puxou sua mochila das costas e tirou dela uma manta e um saco de dormir.

– Eu imaginei que íamos precisar ... – murmurou.

Leah o chamava e murmurava palavras antigas em nossa língua. Suas mãos trêmulas de dor e alivio acariciavam o rosto pálido. A pele dele estava azulada devido à baixa temperatura.

Seth a ajudou a envolve-lo na manta, e ajeitar em sua volta o saco impermeável - Assim, a umidade cessaria e sua temperatura subiria.

– Como vamos carregá-lo? - Leah perguntou baixo, quando analisou a distância que estávamos de casa.

– Não tem jeito! Não com ele desacordado... – Seth murmurou olhando para Jhon e em seguida olhou para Jasper.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, a voz determinada de Nessie soou.

– Eu carrego ele. - murmurou e todos os olhos voltaram-se para ela.

Ela estendeu as mãos lentamente em direção ao corpo inerte de Jhon e seus olhos suplicantes fitaram Leah, que não havia feito nenhum movimento para afastar-se dele.

– Por favor. Confie em mim! - pediu Nessie a ela. - Eu sou quente o bastante para aquecê-lo e será mais rápido e mais seguro também...

Leah ponderou, mas não por muito tempo. Jhon precisava de cuidado médicos e esse sem dúvidas era o jeito mais rápido e seguro. E o mais importante: Leah finalmente estava aprendendo a confiar.

Renesmee ergueu Jhon em seus braços, ajeitou sua cabeça em seu ombro e olhou para Jasper, que trazia em seus olhos um brilho indistinguível. Em seguida ela virou-se para mim. Seus olhos espelhavam o quanto ela sofria, e ao mesmo tempo o quanto ela estava feliz em ajudar.

Mesmo em meio a tanta dor e preocupação, eu não pude deixar de sentir orgulho de minha Renesmee. Sua aura pura e bondosa era quase visível em torno de seu corpo frágil que carregava um homem de 84 quilos.

Eu acenei a cabeça e ela começou a correr.

Transformamos-nos e em segundos estávamos ao seu lado. Jasper correu atrás de nós, mas não nos importávamos em ter um sanguessuga em nossas costas. Não mais.

A corrida foi feita em silêncio. Eu estava preocupado com a forma que Leah se sentiria, com Renesmee fazendo seu papel: proteger o objeto de seu imprinting. Mas em seu coração não possuía nada alem de gratidão.

Nada mais importava além da segurança e bem estar de Jhonatan. Ela lidaria com todo o resto depois.

Quando estávamos a uns quilômetros de casa, abri minha mente tentando me comunicar com Sam.

“Jacob, o que houve?! Você sumiu por muito tempo!” - seus pensamentos eram um ninho de tensão e preocupação.

“Sam, encontramos seu irmão!”

As passadas de Sam falharam em choque:

“Como ele está?”

Deixei que ele visse minhas memórias do corpo de Jhonatan, e ao mesmo tempo o tranquilizando. Sam ficou em silencio, soltando um gemido ou outro a cada pensamento de angustia meu, ou cada vez que meu olhar focalizava o tom da pele de Jhonatan. Mesmo com as circunstâncias em que seu irmão foi encontrado, o alívio e alegria dominaram sua mente.

“Graças! Vocês logo vão chegar aqui e Carlisle vai cuidar dele! Ele vai ficar bem, eu tenho certeza! Ele vai ficar bem!”- seu otimismo era quase palpável.

“Claro que vai!” - eu declarei com menos firmeza.

Sam percebeu a incerteza do meu pensamento, mas não se deixou abalar.

“Vou avisar a todos que eu puder e deixar Carlisle preparado! Logo vocês estarão aqui e precisamos estar prontos!”

“Faça isso! Estamos indo o mais rápido que podemos.”

“Obrigado!” - ele agradeceu antes desaparecer.

Seth e Leah que ouviram minha conversa com Sam, aumentaram o ritmo da corrida. Renesmee estava corada e ofegante. Ela não dizia nem perguntava nada, concentrada em sua tarefa de carregar Jhon. Seus olhos estavam fixos na floresta a sua frente e seus pés mal tocavam o chão em sua determinação.

Corríamos o mais rápido que podíamos.

*****

O céu escurecia quando finalmente chegamos à reserva. Voltamos à forma humana antes de pegarmos o trecho que nos levaria direto a casa de Sam. Quando faltava pouco, Jasper parou.

Nós os fitamos confusos, mas ele esclareceu:

– Estamos na fronteira. - foi tudo o que disse.

Apenas o olhamos por um momento. Minha decisão já estava tomada quanto a isto, mas eu não podia externa-la antes de saber a opinião dos outros. Olhei para Seth e Leah, mas não precisei perguntar: Ambos acenaram a cabeça uma vez em sincronia, me dando a total liberdade de decisão, não saberia dizer se por honra, ou por pressa.

No meu caso era honra.

Como poderíamos deixar Jasper voltar sozinho ao nosso ponto de encontro, correndo riscos, por causa de uma fronteira qualquer? Depois de tudo que os Cullens estavam fazendo por nós, nada mais justo que deixássemos essa baboseira de lado.

– Vamos até a reserva Jasper. Depois acompanhamos você até o ponto combinado.

Jasper franziu os lábios brancos e balançou a cabeça.

– Não creio que seja o certo, Jacob. Seria desonroso...

– Pro inferno com a honra! Não vamos deixar você correr riscos, depois do que fez por nós hoje! Agora vamos depressa! Jhonatan precisa de cuidados! - disse com firmeza.

Jasper ainda hesitou antes de suspirar resignado.

Voltamos a correr, mas não pude deixar de notar o sorriso pretensioso de Nessie.

Avistamos a casa de Sam, mas antes de avançarmos, paralisamos por alguns momentos, aguardando o choque passar, pois uma comitiva nos aguardava. Todos respiravam profundamente de exaustão e nossos olhos passaram incredulamente por todos os presentes.

Os Cullens estavam na reserva.

Carlisle e Esme já tinham quase passe livre há muito tempo, pelo fato de que o patriarca dos Cullens era o único médico que poderia cuidar dos membros de nossa matilha. Mas não eram só eles que estavam ali.

Edward e Bella, Alice, Emmett e Rosalie. Estavam todos ali, junto com nossas famílias, esperando que retornássemos.

Nenhuma hostilidade. Apenas uma imensa família, unida resolvendo uma crise.

Meu olhar se encontrou com o de Sam, por alguns segundos e pude ler em seus olhos humanos a mensagem ali: a rivalidade e a fronteira se foram. Agora, fazíamos parte de um todo.

Não pude deixar de capturar o sorriso triunfante e orgulhoso de Edward, com Renesmee carregando Jhonatan. Rachel e meu pai também estavam ali e suas expressões eram um misto de alegria e tristeza. Nos braços dela, meu sobrinho dormia serenamente. A saudades deles, invadiu meu peito, quente e terna.

Tudo não durou mais que dois segundos e logo entramos em movimento. Não havia tempo para cumprimentos agora.

– No quarto de Sam. – Carlisle disse.

Renesmee carregou Jhonatan para dentro da casa e foi seguida por mim, Sam, Leah e Carlisle.

Ela o colocou na cama e se afastou depressa para que o vampiro médico se aproximasse dele. Carlisle tocou a pele já corada de Jhon. A hipotermia havia passado com o calor de Nessie. Leah se jogou no chão, ao lado oposto da cama e segurou a mão de Jhon, enquanto Sam se apoiou na parede ao lado da cama, com o olhar desolado.

Eu peguei a mão de Nessie e a puxei para que saíssemos do quarto. Havia pessoas demais ali e seria bom se déssemos um momento para Sam e Leah. Assim que saímos do cômodo, Rachel que já esperava na sala de estar correu para envolver Nessie em um abraço.

– Nunca mais faça isso comigo! – Rachel repreendeu com lágrimas nos olhos. – Prometa que nunca mais vá embora!

– Eu prometo! – Nessie respondeu sorrindo, sem pensar.

Logo em seguida, minha irmã me abraçou ternamente e o silencio predominou. Agora era esperar que ele acordasse, coisa que não demorou muito.

Ouvimos Jhon acordar com uma respiração profunda, e segundos depois ele murmurar.

– Leah...

– Estou aqui, amor! – Leah respondeu com a voz embargada em choro e alegria.

Todo o peso se foi e o alivio era evidente no rosto de todos. Conversas paralelas começaram a se formar até que a casa de Sam virar um pandemônio de risadas.

Os meus irmãos e os Cullens se interagiam de forma surpreendentemente serena. As mulheres começaram a preparar comida para todos, menos para os vampiros, claro, mas Esme não se absteve em ajudar.

Depois de alguns momentos, ouvimos Jhonatan deixar o quarto e toda conversação cessou. Todos os olhos se voltaram para ele, em pé na porta do quarto, o braço esquerdo em volta do ombro de Leah se apoiado para não cair. Antes que o silencio pudesse ficar incomodo, ele disse:

– Então, esse rango sai ou não sai? Tem homens morrendo de fome por aqui! - reclamou teatralmente, passando a mão no estômago.

As gargalhadas tomaram o ambiente e o clima ruim passou. As perguntas podiam esperar. O que importava era que ele estava em casa, e bem.

O clima de comemoração era envolvente e por algumas horas, esquecemos de todos os problemas com Volturi e Filhos da Lua para sermos apenas uma família.

*****

Os Cullens foram para casa apenas para guardar suas coisas e logo voltaram à reserva. Havia muitas coisas a serem discutidas. Quando Nessie desceu do carro para virão meu encontro, o peso em meu peito desapareceu. Eu não suportava ficar longe dela, mesmo que por algumas horas. O perigo era eminente demais para que eu ficasse confiante com sua segurança longe de mim, mesmo tendo como guardiões um clã inteiro de vampiros.

Ela sorriu largamente como sempre fazia ao me ver e andou com passos rápidos em minha direção para me envolver em seus braços delicados. Nessie havia se trocado e se limpado e o perfume floral emanava de sua pele, mas não superava seu cheiro natural.

– Senti saudades. - ela sussurrou com rosto enterrado em meu pescoço.

– Eu senti mais. - respondi beijando seus cabelos.

Ela se soltou para me fitar. Seus olhos estavam brilhantes, mas as olheiras de cansaço e fome já estavam embaixo de seus olhos. Não consegui me recordar qual havia sido a última vez que ela havia caçado. Durante nossa “excursão” em busca de Jhon, os Cullens haviam dado seu jeito e caçado na floresta, mesmo com o asco que de meus irmãos.

Mas ela não. Nem ela e nem Jasper haviam conseguido se alimentar, por estarmos com Leah. De forma alguma eles parariam para caçar vendo o desespero dela.

Mas Jasper já havia resolvido seu problema. A prova era o dourado reluzente de sua íris e a pele clara ao redor de seus olhos.

– Você precisa caçar. – disse a ela, passando meu polegar em sua pele.

Ela suspirou e deu de ombros.

– Temos coisas mais importantes para resolver agora.

– Eu sei, mas não pode negligenciar seu bem-estar.

Seus olhos ficaram sapecas.

– Não irei morrer de fome, Jacob. Posso aguentar mais um tempo.

– Nem pensar! Vou levar você para caçar e nem adianta tentar discutir. - repreendi quando e a abriu a boca para me contradizer. - Eles conseguem se virar por algumas horas, sem que estejamos aqui.

Ela abriu a boca mais uma vez, mas tornou a fechar quando percebeu em minha expressão que eu tinha planos mais requintados.

– Tem certeza, Jacob? - Edward perguntou alarmado, quando viu que íamos em direção à garagem.

Acenei a cabeça e ele comprimiu os lábios quando viu que caçar não era a única coisa que eu tinha em mente.

– Voltem logo. - Bella pediu.

Nessie jogou um beijo para mãe enquanto corria pra acompanhar minhas passadas em direção ao meu carro.

Passei a mão pelo painel do Rabbit, assim que entrei. Como senti falta dele! Na verdade eu senti falta de tudo na reserva, mas abriria mão de sem pensar, se ela me pedisse. Era incrível como eu estava disposto a tudo por ela. Nós pertencíamos um ao outro de um jeito tão mágico e especial que deveria ser impossível existir. Mas existia.

Por isso, o que eu estava prestes a fazer era nada mais que um gesto natural a ser feito, uma tradição simples demais perto do amor que eu sentia. O sorriso adorável que eu tanto amava estava de volta a seu rosto, mesmo com os todos os problemas que nos rodeavam. A capacidade que ela tinha de estar feliz com a felicidade alheia era tocante.

Segurei a sua mão, e ela virou seu rosto para mim. Seu sorriso se abriu mais e eu sorri de volta. Seguimos nosso caminho em um silencio confortável.

Não demorou muito e chegamos ao nosso destino. Eu não queria me afastar muito da reserva, as ameaças de Nahuel ainda ressoavam em meus ouvidos. Mas eu precisava desse espaço com minha garota, para o que eu iria fazer.

– Aonde vamos. Ela perguntou quando desci e abri a porta para ela.

– A um lugar que sempre me faz lembrar você.

–Sério, que você tem esse lugar? – ela perguntou sorrindo.

– Na verdade, tudo me faz lembrar você, mas este lugar é especial.

– E porque estamos indo neste “lugar especial” hoje?

– E eu preciso de um motivo?

– O que está me escondendo, Jacob? – seus olhos estavam divertidamente estreitos.

– Saberá quando chegarmos lá...

Sua testa se franziu, mas as perguntas cessaram. Eu jurava que podia ver as engrenagens de seu cérebro trabalhando, tentando descobrir quais eram meus planos, mas eu tinha certeza de que isso nunca passaria por sua cabeça.

Entramos em meio à mata, mas não precisamos andar muito e chegamos ao penhasco, o mais alto em La Push. O mar se abria em sua imensidão e o vento gélido que soprava dele, não era o suficiente para aplacar o fogo ardente em meu peito, pelo que aconteceria em seguida.

Nessie encarava o oceano, admirando a beleza das águas escuras. Ela se aconchegou do frio no meu peito e eu a abracei, sentindo seu calor suave e seu perfume.

– É tudo tão lindo aqui... – ela sussurrou, fitando as águas.

– É... – concordei, olhando para ela.

Nessie voltou-se para mim e mordeu seu lábio.

– Vai me dizer por que me trouxe, ou espera que eu implore?

– Com certeza terá que implorar. - sussurrei com um sorriso antes de beijá-la.

A doçura deles nunca deixaria de me surpreender, assim como o que o seu calor suave fazia a meu corpo. Era uma vibração intensa e ao mesmo tempo serena. Como um tsunami invadindo um país costeiro, seu calor me invadia potentemente e ao mesmo tempo lento e torturante.

Seus braços delicados envolveram meu pescoço, e o beijo se aprofundou. O desejo sempre intenso pulsava em minhas veias e nas dela também. Mas me apoie em sua cintura e a afastei antes que meu autocontrole se esvaísse e eu não disse uma palavra das que pretendia.

Nessie me fitou timidamente, seus olhos brilhantes com o fogo contido. Apoiou suas mãos pequenas em meu peito e esperou.

Eu suspirei duas vezes fitando seu rosto adorado, fino como porcelana. Eu tinha certeza que ela percebia o meu coração martelando rápido demais sob seus dedos, mas Nessie não disse uma palavra, paciente.

Eu não sei por que estava tão nervoso. Era apenas um pequeno passo tão natural quando se ama intensamente como nos amávamos. Mas talvez o nervosismo também fosse natural, nessas situações.

Com dedos trêmulos, enfiei minha mão direita no bolso de minha calça jeans, a procura da pequena caixinha que continha à prova sólida de meu amor por ela. Apenas uma pequena peça circular de ouro branco, com um único e minúsculo solitário no formato de um coração lapidado com destreza, mas que carregava todas as promessas que fiz e pretendia fazer.

Renesmee seguiu meus movimentos com os olhos, que se abriram gradativamente conforme eu erguia minha mão. Ouvi seu coração acelerar e senti suas mãos trêmulas sobre meu peito.

Quando seu olhar voltou a encontrar o meu, não havia surpresa. Apenas a alegria intensa dela que estava de volta, com força total. Seu sorriso se misturou as lágrimas que escorreram teimosamente por sua pele clara e eu me vi sorrindo e chorando também.

– Eu já perguntei isso antes, mas agora quero fazer da forma certa. - disse ao mesmo tempo em que me afastava e me ajoelhava em frente a ela, sobre o solo rochoso.

Nessie riu e seu riso ressoou em ecos por todo o desfiladeiro.

– Jake, o que está fazendo? - ela perguntou mal crendo em que seus olhos viam.

– Estou me rendendo a você, Renesmee de um jeito que seu pai aprovaria. - fiz o máximo para não rir junto com ela, de minha declaração. A emoção aquecendo meu corpo. Peguei sua mão pequena e tremula entre meus dedos igualmente trêmulos, e depositei sobre ela a caixinha preta de veludo. - Renesmee Carlie Cullen, me daria à imensa honra de ser minha para sempre, sem direito a carta de alforria?

O riso emocionado dela dançou entre as lágrimas e ela ajoelhou em minha frente também. Ela ficou uma cabeça mais baixa que eu. Eu balancei a cabeça, fingindo desaprovação, e peguei seu rosto entre as mãos.

– Está estragando meu pedido perfeito...

– Não acho justo você se ajoelhar sozinho quando a honra é infinitamente minha também.

Meu coração saltou, mas eu estreitei os olhos.

– Está me enrolando pra não me dar uma reposta?

– Achei que ela fosse óbvia... eu aceito Jacob Black. – sussurrou intensamente, olhando em meus olhos e penetrando em minha alma. - Quero ser sua eternamente, enquanto eu repirar... e até depois...

Cobri sua boca com a minha abafando suas palavras. Eu já sabia o quanto ela me amava, mas ouvir a verdade em suas palavras era como um bálsamo ao meu coração e a minha alma.

Deitei sobre o chão pedregoso e trouxe seu corpo frágil por cima do meu. Nós amamos ali, com o céu e o mar por testemunhas de um sentimento quase impossível de existir, mas que existia. Estava ali, pulsante em nossos corpos e que com a mais absoluta certeza, seria eterno.

*****

A chuva fria nos despertou de nosso topôr de felicidade e nos fez sair às pressas e aos risos do meio da floresta. Corremos de volta ao Rabbit que como uma dama de honra fiel, continuava ali, a beira da estrada.

Gotas grossas nos alcançaram assim que nos abrigamos dentro dele. Os sinos do riso de Nessie ressoaram no veículo.

– Edward vai nos matar! - ela disse enquanto ajeitava os cabelos úmidos.

– Que nada! Só sumimos por umas três horas... - dei de ombros como se não fosse nada demais. Na verdade todos já deviam estar preocupados, afinal tínhamos uma crise em mãos para resolver. Mas a nossa felicidade não podia esperar.

Só de ver a alegria de Renesmee, fazia minha decisão valer a pena, não importa quantas pessoas estivessem atrás de nossas cabeças.

Nessie franziu o nariz.

– É verdade! Pouca coisa! - concordou ironicamente. - Afinal temos tempo de sobra...

O sorriso em meu rosto sumiu. Nessie demorou um pouco para perceber meu desconforto, mas quando o fez, suspirou.

– Desculpe Jake. Não foi o que eu quis dizer... foi só uma brincadeira...

– Não, tudo bem!- eu a respondi quando ela fez a interpretação errada sobre minha postura. Não entendi mal suas palavras. Eu sabia o quanto ela estava feliz com o que eu havia feito, mas os problemas não deixavam de existir e por mais que estivéssemos radiantes, tínhamos que lidar com eles. - Eu entendi, Nessie. Realmente o tempo é curto. Temos muito com o que nos atualizar quando chegarmos em casa. - completei com um sorriso e ela sorriu de volta, timidamente.

Ela percebeu que eu não queria falar disso, não agora. Por enquanto eu queria fazer algo que não fazíamos há muito tempo que era aproveitar da companhia um do outro. Pelo menos até chegarmos em casa.

Nos aproximávamos de um cruzamento quando precisei ligar o limpador de para- brisa. A chuva havia aumentado consideravelmente, tanto que me deixava praticamente cego, na estrada.

– Nossa quanta chuva... não seria melhor se nos parássemos um pouco? Não quero correr o risco de perder um carro tão... - Nessie começou a dizer, mas não concluiu a frase.

Um guincho alto e cortante se aproximou de nós, juntamente com duas luzes cegantes e um segundo depois, atingiu-nos de frente. O som do metal se retorcendo me dilacerou junto com o grito horripilante de Renesmee e a dor lancinante que senti da cintura para baixo.

O Rabbit capotou duas vezes e parou de cabeça para baixo. A adrenalina da transformação não veio como eu esperava. Em seu lugar surgiu uma dormência inexplicável. Virei meu rosto para ver Renesmee desacordada, com uma espessa faixa de sangue escorrendo de seu queixo e foi tudo o que eu consegui registrar antes que a escuridão me puxasse para baixo.

|FIM DO SEGUNDO LIVRO|




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Notas finais do capítulo

NÃO ME MATEM!! Tudo se esclarece no próximo livro! Eu prometo! ♥