Sun Of Earth (Jacob+Renesmee) escrita por Cláudia Ray Lautner


Capítulo 12
Quem Não Chora Em Casamentos?


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas espero que gostem! *-* Paras as lindas que estão sempre comigo: I love you! ♥



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*****

Olhei no espelho mais uma vez.

O vestido azul de mangas longas e comprimento médio que Alice escolhera para mim havia caído muito bem.

Rosalie havia tratado de meus cabelos, mas desfrutando de um momento de vaidade, quis deixa-lo solto. Jacob preferia assim.

Estava dando os meus retoques finais na maquiagem que minha tia vidente havia feito. Olhei para minhas olheiras no espelho e suspirei, a tristeza costumeira voltando ao coração.

Apenas quatro dias haviam se passado desde o ataque dos Filhos da Lua. Quatro dias que eu não dormia direito. Quatro dias de especulações e longas conversas com minha família sobre as motivações das criaturas, sobre seus ataques, habilidades e etc.

Eu estava cansada, magoada, destruída. Cansada de viver neste mundo de criaturas sobrenaturais tentando nos destruir. Magoada por ser um imã de problemas para minha família. Destruída por dentro, por Jacob e os garotos terem se ferido pelo simples fato de eu existir.

Eu não devia existir. Era uma aberração, no meio das aberrações. Meu cheiro diferente havia atraído criaturas que deveriam estar extintas. Quem sabe eu não era o motivo delas terem “ressuscitado”? Bufei de frustração, jogando o frasco do rímel na penteadeira. Do jeito que eu era sortuda, poderia muito bem ser isto mesmo.

Os problemas eram atraídos até mim com a força da gravidade. Ficavam em minha orbita até colidirem. E infelizmente quem estava a minha volta sempre era atingido.

Suspirei mais uma vez, me esforçando ao máximo para as lágrimas não caírem. Alice faria uma cena se eu chorasse e destruísse todo seu trabalho.

Eu estava pronta para o casamento de Kim e Jared que foi adiado por apenas dois dias, devido a todos os acontecimentos.

Como se tudo já não estivesse um caos, Rachel entrou em trabalho de parto, duas semanas antes do previsto. Carlisle alegou ser todo o estresse que ela passou. Graças aos céus, Joshua Black Lahote, nasceu bem, saudável e de pulmões fortes. Sue estava cuidando do bebê e da mãe convalescente, que não parava de reclamar, sobre perder o casamento de Kim. Sorri um pouco lembrando de suas reclamações. Pelo menos uma centelha de alegria.

– Renesmee! - Rosalie reclamou, entrando no quarto, trazendo com ela uma leve brisa perfumada. Estava simplesmente deslumbrante em seu vestido vermelho longo. Os impressionantes cachos dourados, estavam presos em um penteado elaborado. - Estão todos te esperando!

–Desculpe Rose.- murmurei fechando o frasco de batom que nem sequer havia utilizado. - Eu me distraí.

Rosalie relaxou ombros e me deu um leve sorriso.

– Nessie, não fique assim. Já não lhe dissemos que a culpa não foi sua? O pior já passou. - ela me estendeu a mão pálida e gélida. - Venha. Você precisa sair um pouco de casa para esfriar a cabeça. Apesar de ser meio difícil no meio de tantos lobisomens!

Consegui sorrir um pouco com sua tentativa de me animar. Segurei sua mão, peguei minha carteira, que continha apenas meu celular e saímos do quarto.

Chegando ao topo da escada, vi que toda a minha família já estava na sala de estar. Deslumbrantes, é claro, em seus trajes de festa.

Mas não saberia dizer nem a cor da roupa de algum deles. Por que só tinha olhos para Jacob.

Ele estava usando o presente que lhe dei, um terno azul claro, com uma camisa branca. Já havia visto ele de terno antes, mas o azul caiu tão bem! Seu cabelo estava cortado e penteado de forma moderna. Obra de Alice com certeza.

De onde estava senti seu perfume. A colônia que ele usava, não escondia o verdadeiro cheiro de sua pele. Mas a mistura fez minhas pernas tremerem e tive que segurar mais firme na mão de Rosalie.

Ele me ouviu, olhou para cima, imediatamente me dando meu sorriso preferido, porque ate chegava aos olhos. Eles brilhavam como se estivessem olhando para a luz alaranjada de um pôr do sol.

Como sempre, seu sorriso era tudo que eu precisava para afastar as magoas. Como poeira que se desfaz com o vento, minha angustias foram varridas com a força daquele sorriso.

Sorri timidamente de volta para ele, corando por baixo de toda a maquiagem. Será que ele sabia o efeito que tinha sobre mim? Devia saber e fazer de propósito.

Começamos a descer e vi que Edward estreitou os olhos para mim.

– Não tinha um vestido mais longo? – resmungou baixinho para Bella, que apenas comprimiu os lábios. Ela estava linda com um longo vestido verde escuro.

Emmett riu, enquanto eu corava novamente.

– Pai. – repreendi envergonhada, enquanto colocava o pé no último degrau e Rosalie foi para o lado de meu tio risonho.

Jacob segurou minha mão e ignorando todos os outros, a levou aos lábios depositando um beijo macio.

– Madame. – ele murmurou, com divertimento.

Ri quando ele me ofereceu o braço e eu o segurei sentindo o calor de seu corpo através dos tecidos caros. Por um milésimo de segundos imaginei como seria tocá-lo sem os tecidos.

– Renesmee. – Edward murmurou novamente, em repreensão atrás de mim enquanto seguíamos para a porta.

– Não é pra tanto pai. – resmunguei, com todos rindo atrás de mim.

Jacob riu também e meu rosto esquentou como brasa. O que ele pensaria de mim? Edward às vezes piorava as coisas.

Jake abriu a porta do Rabbitt para mim. Ele estava agindo como um completo cavalheiro. Isso era uma raridade.

– Deveria ter trazido uma câmera! – disse quando ele entrou no carro e deu a partida.

– Por quê? – ele perguntou divertido.

– Você está se comportando como se tivesse etiqueta. Isso é algo para ser registrado! - provoquei – o.

Ele riu e ligou o rádio.

– Quero que esta seja uma noite alegre para você, então decidi fazer tudo que pudesse para te agradar.

Olhei para seu rosto. Como o amava. Ele nunca deixava de me surpreender com sua ternura. Sempre seria meu Jacob.

– Para me agradar, só tem que ser você mesmo. – declarei a ele, enquanto manobrávamos para seguir viagem.

Ele me olhou com carinho por dois segundos. Então bufou teatralmente.

– Ufa! Então posso tirar o terno!

Ri alto com sua jogada.

– Não! – decretei, enquanto ele ria comigo. – Você prometeu que o usaria. Alem do mais, está lindo com ele.

– Estou é com calor! – ele reclamou exagerando na careta. – Mas não se preocupe. Na hora do jantar eu tiro...

– Não se atreva! – briguei arregalando os olhos para ele.

– E brincadeira! Se você gosta, eu fico com ele.

Sorri, observando como ele ficava ainda mais lindo com as ruguinhas alegres em volta dos olhos.

Admirava sua força. Ele se recuperou muito rápido do confronto com os Filhos da Lua. Todos os Quileutes pareciam trazer esta aura de felicidade constante em volta deles. Era impressionante, como eles se recuperavam de toda a dor causada por tragédias.

Embry estava bem é claro. Carlisle era excelente no que fazia. Todos os outros que haviam se ferido, também se recuperaram muito bem, tanto física, quanto psicologicamente, Jacob me garantiu. O mais difícil, foi explicar a mãe de Embry, todos os seus ferimentos.

Não havia voltado à reserva desde o ataque. Fui apenas na maternidade ver Rachel e fiquei muito grata por ela estar apenas com Emily quando fui visitá-la. Me sentia culpada pelo que tinha acontecido e não queria encarar nenhum dos garotos da matilha. Se não estivesse me descuidado, ficado em casa, talvez as criaturas nunca tivessem atacado.

Jacob disse que eu estava exagerando. Que as criaturas poderiam ter atacado em qualquer lugar. Que tivemos sorte por não termos perdido ninguém. Que eles não estavam magoados comigo, pois essa era a tarefas deles: proteger a reserva, não importa em que circunstancia. E que eu era tão humana quanto qualquer um deles e merecia ser protegida. Nada disso me fazia me sentir melhor. Quem sabe indo ao casamento e me certificando eu mesma que não havia nenhum olhar acusador, talvez meu humor mudasse.

Jacob dirigia em silencio, seguindo carro de meu pai. Alice, Jasper, Rosalie e Emmet vinham logo atrás, enquanto Carlisle e Esme estavam em outro carro atrás deles. Por um minuto parecia que éramos uma procissão funerária. O que era bizarro, pois a maioria dos veículos, eram pilotados por vampiros, que basicamente não estavam vivos.

Balancei a cabeça para a ideia sombria e como já era costume, olhei para Jake, para ficar admirando seu rosto daquele angulo e o flagrei me olhando.

– O que foi? - perguntei sem graça.

Ele nem se abalou. Me encarou com seus olhos profundos.

– Você esta mais linda que nunca Renesmee.

Baixei os olhos, sentindo meu rosto ficar scarlet.

– Obrigada. - murmurei lisonjeada. Aquele homem incrível ao meu lado me achava linda!

– Você sempre esta linda, mas hoje está simplesmente ... deslumbrante.

Minha boca se abriu em choque, enquanto arregalava levemente meus olhos para ele.

– Tá legal! Quem é você e o que fez com Jacob? - brinquei com ele que riu alto.

– Nessie, sou eu. - ele respondeu, entrando na brincadeira.

– Não, não! - eu disse balançando o dedo e a cabeça em sincronia. - Jacob nunca diria a palavra deslumbrante. Ele diz que este tipo de palavras são para "almofadinhas". - imitei desastrosamente a voz dele enquanto fazia o sinal de aspas com os dedos.

Ele fez uma careta. Eu ri.

– Andei aprendendo algumas coisas com Alice. - deu de ombros. - Ela disse que esta palavra impressionaria você.

Sorri para ele com ternura.

– Você é impressionante sem precisar dizer palavras difíceis Jacob. - eu disse contendo o riso.

Ele comprimiu os lábios, como se discordasse do que eu disse.

– Então, esta se sentindo melhor? - ele perguntou mudando de assunto.

Suspirei.

– Um pouco.

– Não tem que ficar se culpando Nessie. Isso poderia ter acontecido em qualquer lugar, em qualquer hora. - eu bufei e ele completou. - Bom, não literalmente. Você entendeu o que eu quis dizer.

– Sim eu entendo. Entendo que, como sempre, vocês estão me poupando.

Ele estreitou os olhos.

– Sabia que você é a semi-vampira, de gênio mais difícil que eu conheço?

– Sou a única semi-vampira que você conhece! - respondi revirando os olhos.

– Ainda bem! - ele suspirou aliviado. – Se fossem duas eu já teria desistido!

Belisquei suas costelas, furiosamente enquanto ele ria alto, tentando de defender com uma mão, fazendo o carro entrar por segundos na faixa contrária.

– Nessie! Você ainda nos mata sabia! - ele reclamou ainda rindo.

– Quero matar só a você, Jacob Black! – declarei, tentando ao máximo não rir para ele. - Alem do mais, no caso de um acidente, o único a sofrer danos seria o veículo.

– Aí então, você teria que conviver para sempre com o remorso de ter assassinado um cidadão idoso e indefeso! Esse camarada tem história. Seria um crime hediondo! - ele dramatizou passando a mão pelo painel.

Olhei boquiaberta para ele duvidando de sua cara de pau.

Ele me lançou um olhar cínico e não resisti. Comecei a rir descontroladamente.

– Você não existe, Jacob!


*****

Era metade da tarde, mas o céu estava escuro, quando chegamos à reserva.

A boa noticia é que Kim quis se prevenir, então havia praticamente obrigado os meninos a montarem uma tenda próxima a sua casa. A cerimônia e o jantar seriam no mesmo local. Tudo muito simples. As mesas e cadeiras eram de madeira escura crua impermeabilizadas, assim como o altar, contrastando com as guirlandas de magnólias brancas de caule escuro, que pediam do teto da tenda, dando ao lugar um ar rústico e delicado ao mesmo tempo. Combinava perfeitamente com os noivos.

Haviam muitas pessoas ali, todas da reversa. Alguns rostos conhecidos, outros não. Esperava que ninguém me reconhece do casamento de Rachel ou então teríamos problemas. Mais um na verdade. O que é mais um problema numa pilha deles?

Assim que desci do carro, Alice surgiu do meu lado.

– O que você fez? - ela reclamou olhando para meus olhos.

– Alice, não comece...

Ela fez um beicinho.

– Sabia que não adiantava nada eu passar uma tarde inteira procurando vestido perfeito e depois gastar outra tarde fazendo a maquiagem perfeita. Estragou tudo! Esta forte demais nos olhos!

Suspirei.

– Sabe que eu gosto assim Alice.

– Você e a sobrinha mais ingrata deste mundo! - ela reclamou cruzando os braços miúdos.

Sorri para ela e a abracei.

– E você é a tia mais dedicada deste mundo! E sei que me ama!

Os sinos de seu riso ressoaram em meus ouvidos.

– Disso não ha dúvidas! - ela disse retribuindo o abraço.

Soltei-a e ela olhou ao redor suspirando.

– Sabe, ao ar livre e em espaço aberto, até que eles não fedem tanto.

– Alice! - repreendi e ela deu de ombros. Jacob chegou ao meu lado e abraçou minha cintura.

– Eu digo o mesmo baixinha! - ele retrucou e ela mostrou a língua para ele. Em seguida riu e foi se juntar a Jasper.

Olhei para o rosto Jake. Seu olhar como sempre era divertido. Ele me estendeu o braço.

– Pronta? - perguntou num sussurro.

Olhei para sua boca que estava torta em um sorriso. Em seguida retornei a seus olhos, enquanto apoiava meu braço no dele, queimando. E eis que a corrente elétrica estava ali.

– Sempre. - sussurrei, sentindo confiança em mim mesma pela primeira vez há dias.

*****

Kim estava linda. Seu vestido branco era simples, com mangas estilo cigano e saia com caimento, sem armação. Também era decorado com pequenas flores rosadas. O buque de magnólias brancas, completava a mágica do momento. Assim como seu sorriso. Era inegável sua felicidade, assim como a de Jared. Era óbvio que ele estava tentando ao máximo esconder suas lágrimas.

Homens! Sempre tão machistas.

No momento do “aceito”, eu mesma não segurei as lágrimas de alegria por ambos. Eram o casal perfeito e tinham tudo para serem felizes para sempre. Assim como Sam e Emily. Paul e Rachel.

– E Jacob e Renesmee. - Edward murmurou baixo em meu ouvido, de forma que somente eu ouvi. Tive um sobressalto, tanto com sua voz tão próxima, quanto pelas suas palavras.

Olhei para ele. Edward estava sorrindo discretamente, sem olhar para mim. Eu ouvi direito? Ele realmente havia, enfim, aceitado meu relacionamento com Jacob?

Ele acenou com a cabeça concordando.

Meu peito se aqueceu de uma alegria imensa.

– Obrigada. - sussurrei apenas para Edward, mas de uma forma tão intensa que os outros vampiros na mesa se viraram olhando para nós.

– Pelo que? - minha mãe perguntou.

Edward apenas deu de ombros e Bella estreitou os olhos. Mas não teve tempo de perguntar mais nada, pois uma explosão de aplausos soou em nossa volta, quando os noivos derem seu beijo, selando o compromisso.

“Salvos pelo gongo. ”- eu pensei e Edward sorriu.

Acompanhei os aplausos efusivamente. Estava muito feliz por Kim. A fila para os cumprimentos formou-se e junto com Jacob fui parabenizá-los.

Kim me deu um forte abraço emocionado. Já Jared apenas me ofereceu a mão tremula. Abaixei os olhos para ele. Não conseguiria encarar sua provável expressão de crítica. E ao mesmo tempo sorri comigo mesma, ao lembrar que ele teria que aceitar de bom grado, apertos de mão um pouco mais gelados.

*****

A noite passou de forma tranquila e divertida. Até Alice se divertiu apesar de sempre estar incomodada com a neutralização que os lobisomens traziam a suas visões. Ela disse que de vezes em quando e bom se ver livre delas. A liberta da pressão e da dor de cabeça. Como há tempos que Johan não dava nenhum passo pra concretizar a ultima visão de Alice e com os Filhos da Lua eliminados, ela estava confortável em sua cegueira. E como sempre se Alice estava feliz, Jasper estava feliz.

Rosalie também relaxou, e aos poucos, parou de franzir o nariz para o cheiro dos lobos. Emmett se sentia em casa. Como sempre brincalhão em qualquer situação, interagindo com Seth e Quil.

Carlisle já estava acostumado estar na reserva e Esme olhava todos rindo e conversando com muito carinho.

Meus pais não viam muito a sua volta. O casamento de Kim e Jared trouxe lembranças recentes à tona, então eles estavam muito ocupados trocando olhares cheios de promessas. Eu corava apenas em olhá-los.

A aversão e os olhares de acusação que eu temia, não aconteceram. Embry estava sorridente andando por todo o salão e até parou para me cumprimentar.

Leah também estava ali, linda como eu nunca havia visto em um vestido creme longo e muito justo, mostrando as suas formas femininas. E estava maquiada e de salto alto! Realmente havia mudado. Jhonatan a acompanhava a todos os lugares, sorrindo orgulhoso com Leah ao seu lado. Seu sorriso se desfez apenas quando seus olhos encontraram com os meus. Seu olhar não era de acusação, mas continha uma aversão que não conseguia entender. Teria que pedir que Edward me dissesse mais tarde, o que ele estava pensando.

Mas não quis me preocupar com isso agora. A noite estava linda. Não seria eu a estraga-la.

Observei Jacob enfiar na boca o último pedaço de carne de seu quarto prato de comida. Ver os garotos Quileutes comendo era um espetáculo a parte. Nunca deixaria de rir das disputas amistosas pelos sacos de batata frita e latas de refrigerante.

Jake sorriu para mim quando percebeu que o olhava.

– O que foi? - perguntou enquanto limpava a boca em um guardanapo.

Balancei a cabeça sorrindo pra ele.

–Nada.

Ele estreitou os olhos, para mim. Então riu e me estendeu a mão.

– Quer dançar? - ele perguntou com um olhar maroto.

Olhei para a pista dança. Havia uma quantidade considerável de pessoas dançando, então eu poderia passar despercebida.

Segurei sua mão.

– Claro!

Ele me conduziu até a pista e colocou as mãos em minha cintura enquanto o enlaçava pelo pescoço. A música que saia dos alto falantes era lenta, fácil de acompanhar. E Jacob dançava razoavelmente bem.

Coloquei o rosto em seu ombro e ele apoiou o queixo no topo da minha cabeça. Ficamos ali, balançando no ritmo da música, eu nos braços do homem que eu amava, sentindo seu cheiro inebriante invadir meus sentidos. Fechei os olhos apenas desfrutando o momento. Era a sensação mais relaxante que eu já senti na vida. Seu corpo junto ao meu, somado ao seu perfume, faziam minhas pernas ficarem bambas.

Quando as últimas notas ressoaram no salão, eu ergui meus olhos para ele. Jacob me olhava com ternura, seus olhos escuros como ébano. Minha respiração ficou ofegante, apenas por olha-lo. Sua boca se entortou num sorriso e ele sussurrou para mim:

– Fuga a meia noite? - ele brincou.

Sorri para ele, enquanto ajeitava uma mecha de cabelo atrás da orelha. Balancei a cabeça concordando e apertei sua mão.

Ele beijou minha testa, sorrindo e olhou em volta procurando um meio de sairmos sem sermos notados. Minha família estava distraída, mas evitei ao máximo não pensar no nome deles. Edward ouviria com toda a certeza.

Fugimos discretamente pelo fundo da tenda, por trás da aparelhagem de som. A adrenalina pulsando em minhas veias.

Quando já estávamos fora de vista, aceleramos o passo até estarmos correndo e rindo como duas crianças. Há uma distância que acreditei não sermos mais ouvidos, Jake me puxou de encontro a uma árvore.

Minhas costas encostaram no tronco ao mesmo tempo que ele tomou meus lábios nos dele. Minhas mãos alcançaram seus ombros fortes enquanto ele agarrava minha cintura com força. Seu beijo se aprofundou e minhas mãos agarraram seus cabelos. Sua língua invadia minha boca com um desejo incontrolável. Jacob gemeu quando mordi seu lábio inferior e começou a distribuir beijos em meu pescoço. De repente ele parou e me abraçou apertado pela cintura. Eu retribuí abraçando-o pelos ombros. Ficamos assim por não sei quanto tempo, recuperando o fôlego e esperando nossos corações voltarem a um ritmo normal.

Quando ergueu a cabeça ele já estava controlado de novo.

Suspirei resignada.

Ele fingiu não notar.

– Vem comigo! - ele disse sorrindo como um menino numa manhã de Natal. - Quero lhe mostrar uma coisa. - completou quando eu ergui as sobrancelhas para ele.

Me puxou novamente pelas mãos, mas paramos quando uma pessoa enorme veio ao nosso encontro saindo das sombras. Suspirei aliviada quando vi que era Seth.

– Hei Jake! - ele disse animado. - Nessie, como vai?

– Bem. - respondi sem graça. Será que ele tinha nos visto juntos?

– O que quer Seth? - Jacob perguntou com cara de poucos amigos.

Ele ergueu as mãos em defesa.

– Não queria atrapalhar. É que Billy pediu para avisa-lo, que vai passar a noite na casa da Rachel, bajulando o neto. - ele respondeu com um sorriso bobo.

– Recado dado. Agora cai fora!

Seth bufou e saiu resmungando algo como “ Isso que dá, fazer favores”.

Belisquei Jake assim que ele saiu de vista.

– Não precisava ter tratado Seth assim! - reprendi, enquanto ele dava de ombros.

– É que tem horas que eu me sinto vigiado! Os rapazes estão sempre por perto me dizendo o que fazer ou não fazer! - ele reclamou - Billy não o mandou só para dar o recado. Foi para bisbilhotar!

Fiz uma careta para ele.

– Está exagerando!

– Você não os conhece como eu. - ele respondeu, mas em seus olhos vi que ele não estava tão irritado quanto queria mostrar.

Sorri e dei-lhe um beijo rápido.

– Então, você não queria me mostrar algo?

A empolgação voltou a seus olhos e voltamos a caminhar.

Após algum tempo, entendi onde ele estava me levando. Avistei o barracão onde funcionava a oficina da reserva. Fazia muito tempo que eu não ia ali.

A frente estava diferente do que eu me lembrava. Eles haviam pintado a fachada em um tom de verde claro. Apesar de tudo ser verde em Forks, eu gostei daquele tom em particular. Da frente da oficina, eu podia avistar a casa de Rachel e também a casa do Billy, quase escondida nas sombras, por estar com todas as luzes apagadas.

Jake retirou um molho de chaves do bolso e me levou as portas dos fundos. Ela também dava para dentro do grande salão. Acendeu as luzes.

Assim que colocamos os pés para dentro, meu telefone tocou. Olhei o visor. Era Bella. Fiz uma careta para Jake e atendi.

– Oi mãe! - disse com entusiasmo exagerado, tendo nisso a esperança de me livrar da bronca.

– Renesmee onde está? - ela soou preocupada.

– Estou na oficina com Jake. Ele queria me mostrar algo.

– Ah! - Bella respondeu aliviada. - Vai demorar? Por que já estamos indo.

Jake fez sinal pra mim e quando o olhei ele moveu a boca dizendo “eu te levo”. Ri das caretas que ele fez ao dizer isso.

– Er ... pode deixar que Jake me leva depois. Eu ainda quero ver se vou dar uma olhada em Rachel e Joshua.

– Tudo bem. Mas não demore. - ela respondeu autoritária e logo em seguida murmurou carinhosa. - Te amo filha.

– Também te amo, mãe. Obrigada.

Desliguei o aparelho com Jacob já me arrastando para dentro da oficina.

Havia ferramentas, graxa e peças de veículos desmontados em todo o lugar. Mas algo grande e coberto por um lençol, no meio do galpão foi o que me chamou atenção.

– Eu terminei o Mustang. - ele declarou orgulhoso, andando em direção ao carro coberto. - E queria mostrar pra você primeiro, antes que os outros bisbilhoteiros vejam. - completou puxando o lençol.

O carro era lindo, totalmente restaurado pelas mãos habilidosas do meu Jacob. Seu brilho de ébano chegava a ser ofuscante sob a luz fluorescente vinda do teto.

Mas o brilho que mais me chamou atenção, foi o olhar de Jake. Senti meus olhos marejarem, emocionada por ele querer compartilhar comigo este feito.

– É lindo! - eu murmurei. E não estava falando do Mustang.

Jake deu de ombros, mas era óbvio em sua expressão que ele estava feliz e orgulhoso por seu sucesso.

– Ele estava quase destruído quando chegou aqui. - seu tom de voz era de quem falava de um ser vivo. - Quase dei perda total ao dono. A lataria estava toda danificada, assim como o motor. Foram quase dois meses de muito trabalho, mas finalmente acabei! - ele suspirou.

Meu coração estava flutuando em vê-lo tão feliz. Me aproximei dele e o abracei. Seus braços fortes também me envolveram.

– Obrigado por dividir isto comigo! - minha voz saiu abafada em seu peito.

Ele segurou meu queixo para que eu levantasse a cabeça e me fitou.

– Eu quero dividir tudo com você Nessie. Toda a minha vida! Fazer parte da sua é o que sempre quis. O que sempre precisei. – ele suspirou. – E perder você, seria a pior coisa que poderia me acontecer.

Minha respiração ficou suspensa por um minuto, observando ele comprimir os lábios. Seu queixo estava travado de tensão e eu sabia que o momento havia chegado.

Jacob iria me contar sobre seu passado.

O que ele e minha família vinha escondendo este tempo todo. Ele havia me prometido na festa da fogueira e ele não esquecia uma promessa.

Mas olhando seu rosto e a preocupação em seus olhos, eu me perguntei se isso importava. Se eu queria mesmo saber e trazer a tona sentimentos que obviamente o perturbavam. E a resposta era simples e clara.

Não importava.

Eu não queria saber de nada. Não queria ser motivo de qualquer sofrimento e preocupação para ele. E daí se eu estava curiosa? E daí se havia outra em seu passado?

Jacob me amava. Disso eu tinha certeza. E era tudo que eu precisava saber.

Terminei a distancia entre nós e beijei-o, tentando mostrar a ele todo amor que havia dentro de mim. Era tanto que chegava a doer.

Abracei-o com toda a minha força, na esperança de que nunca tivéssemos que nos separar. Seus lábios macios e quentes acariciavam os meus com carinho e paixão ao mesmo tempo. Meu corpo todo pulsava enquanto ele correspondia meu beijo com o mesmo desejo.

Ele nos separou um minuto e encostou sua testa na minha, sua respiração ofegante.

– Renesmee. – ele gemeu com emoção. – Eu preciso te contar...

Coloquei meus dedos em sua boca, impedindo-o de falar.

– Não importa. – eu respondi olhando em seus olhos para que ele visse a convicção nos meus.

– Mas você queria saber... Você precisa saber! – ele respondeu, e pude ver a agonia em seu rosto.

Eu não queria isso. Vê-lo sofrendo por qualquer que fosse o motivo.

– Não preciso. – eu respondi, com a maior calma que podia, mas meu coração estava acelerado. – Tudo que eu preciso saber, eu já sei. Eu te amo, Jacob e isso é tudo que importa. O que aconteceu ou o que pode acontecer, nunca vai mudar o que sinto por você. Tudo que eu preciso é estar ao seu lado e saber que você vai estar ao comigo pra sempre.

Jacob me encarou por segundos, a compreensão finalmente se instalando em seu rosto.

– Como eu amo você! – ele declarou com a voz entrecortada, um pouco antes de colar os lábios nos meus novamente, com toda a paixão que vinha reprimindo.

Minhas mãos percorriam seus braços e ombros, enquanto as suas deslizaram até a minha cintura. Ele me ergueu em cima de um balcão próximo enquanto beijava meu pescoço. Minhas pernas o envolveram pela cintura, e meus braços apertavam suas costas, o coração acelerado. Eu inclinava a cabeça para trás enquanto ele acariciava meu pescoço e ombro com seus lábios, a oficina se transformando numa fornalha.

Uma onda intensa de desejo me atingiu, quando ele deslizou suas calejadas pelas minhas pernas e agarrou minhas coxas. Eu gemi abraçando-o mais forte. Ele parou, com a respiração forte e a cabeça baixa, hesitando como sempre fazia.

Mas dessa vez eu não queria parar. Queria me entregar de corpo e alma ao homem que amava. Ansiava por isso.

Com as mãos trêmulas, eu ergui seu rosto para que ele me olhasse.

– Jake, eu quero você. - sussurrei com a voz entrecortada de desejo.

Ele arqueou as sobrancelhas por um momento procurando o significado das minhas palavras. Quando a compreensão lhe atingiu, ele parou de respirar.

Seus dedos começaram a tremer e seu calor pulsava de encontro ao meu corpo.

– Tem certeza? - ele perguntou num fio de voz, mas o desejo em seus olhos não diminuiu nenhum grau.

– Toda a certeza do mundo. - respondi, tentando controlar minha voz que insistia em sair trêmula.

Ele me abraçou com força e ternura. Tive medo que ele voltasse atrás como sempre fazia. Mas então Jacob me beijou novamente, me ergueu em seus braços e correu o mais rápido que podia, em direção a velha cabana vermelha.


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