POV. Selena, 01 de Setembro de 2012.

22:46 pm. Casa da Demetria, Filipi City.

— Trabalho voluntário ? — falou Demi enfiando um biscoito na boca. Revirei os olhos.

— Pois é Demi. Tanta gente quase se matando na sala de aula, e eu por dar um gritinhozinho de nada, vou ter que limpar lixo na área de fora da escola. — continuei folheando a revista sobre mulheres grávidas que Demi tinha deixado no chão. Juro que me perguntei porque cargas d'água Demi tinha essa revista. Ela era virgem, e nunca pensou em grávidez. Dei os ombros. Se duvidar, Demi tem revista até mesmo para gente com câncer.

— Quando você começa ? Amanhã não né ?

— Amanhã na parte da tarde. Assim que acabar o horário da escola. — bufei e me deitei na enorme e redonda cama de Demi. Fitava o teto. O celular de Demi vibrou tirando minha atenção.

Meus olhos pararam nas costas de Demi, que enquanto se abaixava pra pegar o celular, deixou sua blusa subir. — Demi! O que é isso ? — falei me ajeitando rapidamente na cama. Minhas mãos tocavam o enorme ematoma em suas costas, o que a fez gemer de dor. Levei minhas mãos a boca. — Foi Christian, não foi ? — falei mordendo a língua de raiva.

— Selena... ele prometeu que iria parar. — Demi falou se levantando e abaixando a blusa.

— Demetria! Se liga. Até quando esse garoto vai ter que te espancar pra você ver o quanto cruel ele é ? — falei me dirigindo as suas costas. Levantei de leve sua blusa, e logo meus olhos avistaram diversos ematomas, de todas as cores e tamanhos.

— Demi me promete...

— Sel... Chris vai mudar. Ele me ama.

— Me promete... que se esse babaca te bater mais uma vez você vai largar ele, e chamar a polícia! — falei fitando as lágrimas que insistiam em cair dos olhos de Demi.

— Mas Selena... — ela me olhou e engoliu em seco. Demi era ingênua. Acreditava no amor. E realmente achava que o idiota do Christian Santiago à amava. Ele era um enorme garoto, com tatuadas em todos os lugares do corpo que você pode imaginar. Era mexicano, e tinha hálito de álcool. Sempre implorei para que Demi o largasse mas ela sempre usou a desculpa que ele a amava... que ele iria parar. — Tudo bem! Eu prometo Selena.

Fitei o chão e olhei para o relógio na parede de Demi. Eu tinha que ir embora. Queria ficar a noite toda ali com Demi, mas tinha que ir.

***

— Você volta amanhã ? Pra gente assistir um filme... — falou Demi me abraçando na porta de sua casa. Concordei com a cabeça, e subi em minha bicicleta. A noite estava ótima pra pedalar. A noite, tinha sido a única coisa boa em todo o meu dia...