Pov. Selena. 

A porta oca de meu quarto deixava o som da voz fanhosa de Miley entrar, enquanto eu colocava vagarosamente meu vestido.

– Mas que horas você chega no baile? Quero que chegue a tempo para eu esfregar na sua cara que ganhei a coroa. – ela falava rindo. 

– HA-HA-HA. Nossa Miley você é tão engraçada, deveria fazer carreira de stund-ups. 

– Ok sério. Que horas?

Com dificuldade eu fechava o ziper. – Não sei. Eu e Justin vamos ficar só meia hora no máximo nesse jantar. E depois eu chego lá. 

– Quero ver seu vestido... – falou simulando uma voz triste.

Ri enquanto finalmente conseguia pôr todo o vestido. Não está nada mal. Pensei enquanto me admirava. 

– OK! Eu tô indo. Te vejo lá. 

Assim que ouvi os passos de Miley e a porta batendo tive certeza que estava sozinha. Olhei o relógio despercibida. 

– 10 minutos de atraso. Eu sou uma vidente. 

O sapato alto e brilhante me encomodava na hora de andar, porque cá entre nós, eu não era muito fã de sapatos altos. Um leve suspiro de emoção fugiu pelas extremidades de minha boca enquanto pegava a bolsa.

– Quero só ver o que Justin aprontou. 

Quando estava prestes a sair o barulho alto e incômodo do telefone da sala tocara. 

– Ok! Eu tenho o namorado mais apressado do mundo. – falei me dirigindo ao telefone enquanto ria. 

O telefone estava gelado como o clima de Filipi City naquela época do ano. 

– Alô? – falei imaginando ser Justin. Mas nada do outro lado da linha. – ALÔ?? – perguntei novamente. Bufei já deixando de lado a ideia de ser Justin a me ligar. – Demi! Eu sei que é você sua boba. Você sisma de passar esses trotes. Não cansa? 

Novamente o silêncio.

Suspirei dentre risadas. – Boba. Eu já to saindo de casa, e em meia hora eu chego ai. Beijo! – e coloquei o telefone no gancho de novo. Algo me chamou atenção. O número...

– Mas esse... esse é o antigo telefone de demi. – falei fitando o número piscante na tela do telefone. – Ela deve ter mudado. Enfim... hora do "jantar perfeito" como diz Justin. 

***

A lua sorria pra mim em seu formato meia-lua enquanto eu virava a esquina da Connor street Avenue, rua paralela a do restaurante clichê italiano que Justin escolhera. Um frio que não era de costume àquela hora me fez estremecer e colocar o fino casaco. A rua deserta e a névoa que insistia em tampar minha visão me davam calafrios. 

– Acho que deveriam filmar um filme de terror em Filipi City. – falei ironizando tentando esconder minha própria agonia. – Só acho. 

Virava novamente uma esquina. Dessa vez uma mais escura devido a obra que estava acontecendo. Estádios de futebol era uma coisa que atraia muito o prefeito, pois só em setembro ele construirá 3. Um em cada canto de Filipi City. Enquanto meu pensamento rondava entre filmes de terror e estádios de futebol, meus olhos que lacrimejavam devido ao frio avistaram algo. Uma sombra. Alguém. Finalmente! Agora não me sinto tão sozinha. E falta só mais um quarteirão. Pensava enquanto suspirava. Apertava o passo pois o que mais queria naquele momento era encontrar com Justin, e foi ai que percebi algo estranho.

– OK! Eu devo até está maluca, mas tem alguém me seguindo. – falei num sussurro tão baixo que nem eu mesma ouvi direito.

Apertava mais o passo e quanto mais rápido andava, mas rápido a pessoa me seguia. Merda. Pensava. Enquanto corri. O máximo que pude, e para minha surpresa, corriam também! 

– SOCORR...

– Caladinha. – falou alguém enquanto me derrubava no chão da deserta e empoeirada rua tampando minha boca. – Não quer que ninguém ouça nossa conversinha não é mesmo, chica* . 

Rapidamente levantei a cabeça ao ouvir o sotaque espanhol e inconfundível. 

– Christi... – mas antes que eu terminasse qualquer coisa, ele pusera algo em minha bora. E ao inalar minha visão se destorcera até não enxergar mais nada.

Christian tinha me sequestrado. E aquilo com toda a certa não iria acabar bem.