Transtorno De Boderline escrita por Liz03


Capítulo 3
Torcicolo


Notas iniciais do capítulo

Alguém ai? Bem, sei que demorei 3 séculos para voltar a postar (entrei de recesso há uma semana). Peço desculpas. E ainda gostaria de pedir (veja que além de tudo tenho cara de pau) que vocês tenham paciência com a fic, que ainda está engatinhando. Sendo honesta achei esse capítulo meio chato, meio ruim, meio...aaargh! Mas acho que vai fazer sentido daqui pra frente -só acho- enfim, obrigada por estarem aqui e vamos lá:



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Torcicolo é a contração, espástica ou não, de músculos do pescoço, de modo que a cabeça permanece inclinada para um dos lados e o queixo chega a projetar-se para o lado oposto. Pode ser condição muito dolorosa ou absolutamente indolor, dependendo de sua causa.

Acordou com um pulo assustado. Rapidamente saltou da cama para o chuveiro, rápido demais. Sentiu uma dor aguda no lado direito do pescoço. Parou. Tentou virar a cabeça. Dor. Certo, estava com torcicolo. Tirou a roupa e tomou banho como uma contorcionista, só que ao contrário, fazia esforço para se mexer o mínimo possível. Qualquer movimento simples agora causava um senhor desconforto. Vestiu-se e dirigiu até o hospital. Como é cirurgiã geral, além de seus casos normais (como por exemplo, cirurgias abdominais, videolaparoscopias ou até traumas), também fica como assistente em alguns casos. Essa é, na verdade, a razão pela qual escolheu a cirurgia geral. Porque acha absolutamente fantástico cada parte do ser humano e , mais maravilhosamente fantástico ainda todas essas partes trabalhando juntas. Como uma orquestra, em que cada instrumento é belo por si, mas todos ficam muitos mais bonitos em harmonia. Fascinante. Guardou sua mochila no armário, pôs o jaleco, prendeu o cabelo em um rabo de cavalo, esticou os braços , as pernas e já ia mexendo o pescoço quando a torcicolo lhe lembrou que era melhor deixar o alongamento só nos membros mesmo. Seguiu para a sala do chefe de cirurgia do hospital, doutor Oscar Passos, um gênio da neurocirurgia (e um jogador de xadrez talentoso). Bateu na porta com o nó dos dedos duas vezes, esperou. Disse que podia entrar. Rodou a maçaneta.

– Com licença doutor Oscar

– Doutora Pan – disse o senhor fazendo gesto para que ela entrasse e sentasse – Que bom que você veio minha querida

Ela sentou na cadeira em frente à mesa e segurou sua mão que estava erguida esperando um cumprimento.

– O senhor me chamou e cá estou – sorriu

Ela gostava do doutor Oscar. Um homem de caráter, que não perdia a generosidade por ser famoso em sua área. Um senhor divertido nos seus 57 anos, a aparência dele era imponente (alto, cabelos que já eram em maioria grisalhos, e um crachá de chefe de cirurgia) , mas bastavam alguns segundos de conversa para que qualquer um percebesse a grandiosidade de seu coração. E assim estava ele olhando com um pouco mais de atenção para ela, até que fez o diagnóstico.

– Torcicolo é uma coisa chata mesmo, não doutora? – riu um pouco com a ligeira surpresa no rosto dela , já que, não havia se queixado da dor – Mas não será problema, hoje quero sua ajuda para observar alguns casos, a mão na massa ficará para daqui a dois ou três dias

– Tudo bem, doutor, e o que temos?

Assistir as cirurgias relacionadas à neurologia é uma mistura de emoções. Não precisa ser médico para saber que uma cirurgia no cérebro não é simples, mas os seres humanos são tão engraçados, até os médicos são engraçados, um caso difícil é difícil e pronto. Mas eles acreditam, parece que quanto maior o desafio maior a vontade de fazer dar certo. E quando dá certo, a sensação é como a de presenciar um milagre. De conseguir o impossível.

Mas neurocirurgias não tem uma grande porcentagem de milagres. E não importa quantas mortes você já tenha visto, uma pessoa é sempre uma pessoa, única e completa em si, sua morte não é um número, não é uma estatística. Médicos não são treinados para ignorar pessoas, e sim para saber lidar com elas, com suas mortes (embora alguns ajam como se tivessem um bloco de gelo dentro do peito). É isso que pessoas fazem, pessoas morrem.

Sempre morrem. Todos os dias, todos segundos. Alguém acaba de morrer agora, e um outro alguém está morrendo.

Mas elas também vivem. Elas sorriem quando você avisa que foi tudo bem, elas choram de felicidade e de alívio. Pessoas são lindas. E era disso que Pan gostava, de pessoas. E quando o doutor Oscar a chamava para acompanhar , mesmo que como assistente, casos como os três de hoje, era como uma recarga de energia e força.

Primeiro caso: Amélia Duarte Pontes . 70 anos, três acidentes vasculares cerebrais (o que comumente se chama de derrame – que fazendo uma comparação bizarra seria como se o cérebro fosse um edifício com um problema na tubulação que pode ter entupido ou até rompido), parte do corpo paralisado e fala já comprometida. Estava em observação.

– Bom dia dona Amélia – doutor Oscar entrou no quarto e cumprimentou a senhora com um sorriso- Como estamos?

Com palavras pronunciadas com dificuldade a senhora disse que estava bem por enquanto.

– Esta é a doutora Pan que ficará conosco por alguns dias

Pan fez um breve aceno de cabeça que a senhora respondeu com o que conseguiu na tentativa de um sorriso. Análise do prontuário e perguntas de rotina se seguiram. Dona Amélia estava bem, na medida do possível para seu caso. Seus filhos sempre se revezavam para acompanhar a mãe de modo que naquele momento lá estava a filha mais nova ouvindo com atenção o que o médico dizia.

– Doutor, as escaras estão um pouco piores – a filha disse referindo-se às úlceras por pressão

– Doutora Pan o que a senhorita indicaria?

Feita a análise do ferimento e a devida verificação do estágio em que se encontrava Pan receitou novos medicamentos e intensificação do tratamento para evitar uma possível necrose.

Segundo Caso: Victor Freitas di Campani. 37 anos, um melanoma em grau avançado que por conta de uma metástase atingiu o cérebro (que é mais ou menos assim: antes ele tinha um câncer de pele do caramba, agora ele tem – ainda do caramba- um tumor no cérebro). Nesse caso o doutor Oscar está analisando com muito cuidado a possibilidade de uma cirurgia para a retirada do tumor. Além disso o paciente está sendo acompanhado por uma psiquiatra por pedidos da família.

– Bom dia Victor, o que me diz?

– Bom dia doutor – respondeu com uma voz um pouco rouca – Nada de muito excitante desde a última vez

– Entendo – doutor Oscar pigarreou discretamente para afastar qualquer chance de um clima depressivo – Essa é a doutora Pan que vai estar conosco por alguns dias

O paciente respondeu o aceno de cabeça da doutora com outro aceno de cabeça. O mesmo procedimento foi tomado e os médicos seguiram adiante.

Terceiro caso: Olívia da Silva Gama. 6 anos, diagnóstico não estabelecido. Convulsões frequentes, alucinações e queixas de dor de cabeça. Exames em curso. Os pais estavam no quarto com a menina, quem a olhasse jamais diria que sofria de coisa alguma. Sorridente, alegre, gentil e com muita energia, energia que certamente não cabia numa cama de hospital.

Crianças e hospitais são uma mistura, muitas vezes, triste. Amaldiçoado seja quem inventou doença para crianças, era isso que ela pensava toda vez que se deparava com um caso semelhante.

– Então senhorita Olívia, tudo bem? – doutor Oscar disse com uma voz paternal e segurando com carinho a mão da garotinha

– Sim, estou ótima, não tive dor de cabeça nem nada essa noite, não foi mãe?

– Foi sim – a mãe respondeu com um sorriso tímido, de quem sabe que as coisas não são tão simples

– Isso é ótimo – o doutor sorriu – e eu tenho que lhe apresentar minha amiga – chamou a mais para perto – senhorita Olívia, esta é a doutora Pan, que vai nos acompanhar por alguns dias

A médica sorriu para a menina que estava com os olhos ligeiramente arregalados e uma expressão de surpresa. Chamou o pai mais para perto e sussurrou surpresa : Ela é a doutora Peter Pan?

Como o sussurro saiu mais alto do que a garotinha esperava todos ouviram e as risadas foram inevitáveis. A menina olhou sem entender a graça, seu pai prontamente lhe explicou que Pan era o nome da médica.

– Mas você conhece o Peter Pan? – perguntou dessa vez diretamente a doutora

– Bem...- Pan se aproximou e sussurrou para deixar claro que era um segredo – Já vi algumas vezes, mas nunca conversamos

Olívia olhou surpresa e um sorriso de encanto se fez. Que honra! Ela nunca antes tinha conhecido alguém que já vira o Peter Pan.

Os médicos analisaram, perguntaram e seguiram. Mas a magia no sorriso da menina ainda acompanharia Pan por algum tempo. Mentira. Nunca tinha visto o Peter Pan, mas uma mentira pode ser a melhor coisa do dia. Uma mentira pode ser deliciosa, pode fazer muito mais bem do que a verdade. Ninguém ensina isso na escola porque não é bonito ensinar a mentir. Mas mentir é bom, é reconfortante, é uma arte, é....

É horrível quando a mentira é você, é com você. Dentro de três dias Pan teria contato com outra mentira, que certamente pôs o sorriso no rosto de alguém, mas não é triste quando o sorriso de alguém significa o seu choro?

Mas ela não sabia disso ainda. Então foi ao refeitório e leu as mensagens no celular. 4 mensagens de texto.

Primeira: Mãe

Querida, por onde anda? Carolzinha volta esse sábado e vamos fazer uma festa para ela. Esteja aqui sábado às 18h em ponto. Beijos, Mamãe.

Segunda: Gustavo

Mozão Linda. Já decidi onde vamos sábado mas é surpresa. Te pego umas 19. Te amuu :* .

Terceira: Bernardo

Eu, vc e Zoe. Video game. Sábado. 4 da tarde. Na casa dela. Não escute o que ela diz e isso não é um convite é uma intimação hahahah :p . Bjícia Pan de forma :D .

Quarta: Zoe

Não vamos jogar vídeo game, vamo comer foundue. Ignore o idiota do Bernardo, pra variar kkkk bjs doooida ^^




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Notas finais do capítulo

E então? Bem, que não ficou essas coisas todas eu to sabendo... : , mas vou me esforçar para já ir escrevendo o próximo ( e de preferência melhor que esse :0 ). Bjins.



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