- E foi assim que aconteceu. – falei, pondo um final à história da noite. Bom, espero que a Rachel não venha me xingar por falar a verdade sobre como ela conheceu Finn. Lilly coçou os olhinhos – os dedos eram iguais aos da minha amiga – e bocejou, enquanto Christopher parecia ansioso por passar a noite em claro. Até parece.
- Mami era mesmo uma princesa, então, não era? – perguntou ela, a cabeça encostando em minhas pernas. Graças aos céus, meu celular tocou antes que eu tivesse de responder àquela pergunta e arrasar com as ilusões infantis da menina. 
- Oi, Finn. Está vivo? – atendi com uma risadinha quando vi seu nome no visor. 
- É uma menina. E é saudável. 
- Ah, meu Deus. E se parece com a Rachel? Oremos para que sim. – acrescentei, gargalhando. Ele deu um riso nervoso antes de responder:
- Sim, Santana, ela é a cara da Rachel. 
- Está bem, Finn, volte para a sua mulher e a sua filha. Já estou levando os macaquinhos aqui para vocês. 

Meu Deus. Ela era linda. Linda mesmo, não estou usando de hipérbole – Deus sabe o quanto eu DETESTO quando as pessoas olham para as crianças feias e dizem que são lindas só para agradar aos pais. Mas eu não precisava agradar à Rachel, pelo amor de Deus. Quando Christopher nasceu, ele era mesmo horroroso com aquela cara de joelho (provavelmente igual à de Finn quando recém-nascido). Essa coisa de usar de falsos elogios não é comigo, então é melhor que acreditem no que estou dizendo: Barbara era linda. 
Sim, eu sei. Achei péssimo que colocassem o segundo nome de Rachel, e não o meu nome na criança, tendo em vista que sou muito mais linda e glamourosa do que ela, mas tudo bem, deixo passar. Na próxima filha faço colocarem Santana.

- Hey, mamãe. – murmurei para Rachel, depois de – com muito suor – fazer Finn se afastar dela e de Barbara por alguns segundos, só para variar. Ela ergueu os olhos para mim; sua expressão estava cansada, mas parecia muito feliz, com aquela criaturinha já grudada em seu seio, sugando todo o leite que ela pudesse produzir. – Ela é linda, Rach. – acrescentei, sorrindo.
- E saiu depressa, também. Os treinamentos que fizemos na última semana realmente funcionaram muito bem... – disse Finn, que segurava Christopher e Lilly nos braços para que os dois vissem a irmãzinha e a mãe. Ergui a sobrancelha, olhando de um para o outro. Rachel deu de ombros enquanto o marido sorria sem graça. 
- Você é inacreditável, Finn. Verdade. – respondi, dando-lhe um tapa forte na testa. – E nem comece a querer fazer treinamentos aqui, entendeu? 

Ele assentiu, colocando as crianças na poltrona mais próxima e chegando perto da cama onde Rachel estava. 

- Santana, será que você poderia ir comprar um café para mim, por favor? – ele pediu, me entregando uma nota e sorrindo-me torto. Sorri de volta, como que debochando dele.
- Já estou saindo. – murmurei, dando um beijo na testa de Rachel e olhando Barbara uma última vez. Demorei-me um segundo mais antes de fechar a porta atrás de mim, o suficiente para ouvir um barulho de beijo seguido do riso asmático de Rachel. E dois murmúrios, como que em uníssono:
- Eu te amo. 

Finn não era – e nunca fora – o que pudéssemos chamar de normal. Ele realmente não era lá muito certo das idéias, mas todos que conhecessem Rachel antes e depois dele tinham o bom senso de entender que, no fim das contas, nada poderia ser mais acertado para ela do que os dois juntos. Até eu, de vez em quando, reconhecia isso. Rachel agora até lavava as calcinhas! Alguém tinha mesmo de virar o responsável, em se tratando dos dois. E é claro que jamais teria sido Finn, pobrezinho, que Deus o abençoe.

FIM.