Aquecimento. escrita por AyLolita


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Obg pelas Reviews gnt =)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/268876/chapter/4

- Como é que é, Rachel? Está trabalhando num puteiro? – berrou Santana, sem conseguir parar de rir, apertando uma perna contra a outra para não fazer xixi nas calças. Ergui uma sobrancelha, zangada, e não respondi. - Sabe qual é a melhor parte nisso? É que as galinhas do puteiro onde você trabalha são realmente galinhas! 

Santana estava realmente brincando com a minha paciência, pensei, um sorriso quase aparecendo em meus lábios.

- Acho que entrei na maior roubada, Sant. 
- Você acha? – se espocou de rir outra vez, correndo para o banheiro e fechando a porta atrás de si. Com uma amiga dessas, quem precisa de incentivo? 

Enfurnei-me embaixo das cobertas e me pus a pensar no dia que tivera. Uma grande porcaria, isso sim. Mas, pelo menos, agora eu poderia ajudar com as despesas. Só ficaria ali o tempo necessário, juntaria algum dinheiro e abriria minha cafeteria. Pronto, sem problemas. Um plano perfeito e bastante executável. 
Suspirei, numa tentativa frustrada de dormir. Minha cabeça girava, girava, e voltava a cair em Finn. Havia algo de muito errado nele, algo que não se encaixava. Parecia que ele vivia em constante paranóia, mas que tentava disfarçar por alguma razão. E por que se oferecera para me trazer em casa, quando moro tão longe do escritório? Se eu pudesse entender ao menos porque diabos o sono não vem, as coisas seriam mais fáceis. 
Mas eu devia me lembrar que as coisas não eram fáceis para mim. Um barulho infernal me fez abrir bruscamente os olhos, segundos após ter conseguido fechá-los. Celular tocando, vibrando, dançando chachacha e o escambau a quatro. Modernidade às três da manhã me dá ojeriza. 

- Alô. – murmurei, zonza de sono.
- Rachel, aqui é o Finn. Levante-se e venha para o escritório agora mesmo. 
- Mas são três da manhã! – reclamei, coçando os olhos. O choque me fizera acordar.

- Não lhe perguntei as horas. Apenas venha. – ordenou ele, e desligou. DESLIGOU! Mas que grande imbecil, vou te contar viu. Devo ter dançado funk na frente da cruz, assim não é possível! Me aprontei devagar e saí sem fazer barulho. Por via das dúvidas, pus um spray de pimenta antigo na bolsa. A gente nunca sabe quando vai precisar usá-lo. 
O prédio onde ficava o escritório parecia deserto, apesar de o portão não estar trancado. A escuridão aumentava de acordo com o andar, pelo que pude perceber. Por azar, o andar do escritório era o décimo terceiro. Presságio, será? Eu deveria ter percebido antes, então. Malditos sinais que sempre se apresentavam atrasados para mim. Agora que eu já estava atolada na merda, o maldito treze aparecia, pelado e agitando os braços na minha frente. 
Forcei a maçaneta do escritório e, sem esforço, abri a porta. Tudo parecia muito, muito escuro, e ainda mais deserto do que os outros andares.

- Finn? – chamei, a voz trêmula. Nenhuma resposta. A porta se fechou em um baque. – Finn? – arrisquei outra vez, mas nenhum som foi emitido. 

Então aconteceu. Num rompante, uma gritaria me ensurdecia, mãos me tocavam e sacudiam, luzes coloridas surgiam de refletores e abraços me esmagavam. Apavorada, tentei pular fora, mas não consegui. O nó em minha garganta crescia, eu não conseguia me soltar, e uma música alta tomou espaço. Meus olhos, acostumando-se à situação, reconheceram Josh à minha frente, puxando-me para um abraço apertado. Mas que porra...?

- Parabéns, Rach! – parabéns PELO QUÊ, meu filho? Que é que estava havendo, afinal? Olhei ao redor, a confusão estampada em meu rosto, e reconheci Beth, a velhota; Anne, a garota da copiadora; Bart, o cara cuja mesa ficava ao lado do banheiro; e Finn, parecendo encantador com seu sorriso radiante, acompanhado por dois homens que eu não conhecia.

Antes que eu pudesse correr para as colinas ou algo assim, Finn indicou-me pelo queixo para os dois homens e os três se aproximaram de mim, com sorrisos gentis e tudo aquilo realmente estava me assustando. Qual é, e aquele papo de que o puteiro era para animais? Não me venham com essa de dar para sobreviver, tabaca de mel e essas porras, não! Dei dois passos para trás, os olhos arregalados, o lábio inferior tremendo levemente. Os três riram e se aproximaram mais. Apoiei as mãos na janela, percebendo que não havia mais para onde fugir. 

- Esta é Rachel – disse Finn, olhando para os dois homens, que sorriram ainda mais para mim e cumprimentaram-me com a cabeça. Eu tinha de fazer alguma coisa. Não podia deixar que ele me entregasse para os leões assim, tão fácil. Mas que filho da puta você me saiu, hein, Hudson? E eu que tinha confiado em você, tsc tsc...
- Olha, senhores, é um grande prazer, digo, uma grande honra conhecê-los, mas fazer programa não está nos meus planos, está bem? 

As gargalhadas dos três me deixaram zonza. Meu rosto, imediatamente, ganhou coloração rubra e eu fechei os olhos, morta de vergonha. Não era isso.
- Rachel, este é Robert Colfer. Ele é o dono do boi bandido e veio te agradecer, pois, ao que parece, com uma tacada só aquela vaca que você arranjou já está prenha. – informou Finn, pegando duas taças de champanhe e me entregando uma. O que é que estava acontecendo, afinal? 
- Ah, hm, muito prazer, sr. Colfer. – sussurrei, apertando a mão que ele me estendera e tomando um gole da champanhe que Hudson me entregara. 
- E este aqui, Rachel, é o sr. John Braff. O dono deste lugar. 
- Oh, muito prazer, senhor. Me... Hm, me desculpe pelo que eu disse agora há pouco. – apressei-me em dizer, corando ainda mais. O homem sorriu para mim, um sorriso gentil e inofensivo, pelo que pude perceber, e murmurou em meu ouvido:
- Espero que Finn não tenha amedrontado muito você.
- Quê? Como assim?

Ao perceber que eu não entendera, Braff gargalhou, erguendo-me sua taça de champanhe, e afastou-se, levando Colfer com ele.

- Você já deve ter entendido, Rachel, que tudo o que está acontecendo aqui é para você. E que o Colfer é realmente um milionário. Por isso, hm, precisamos te agradecer. Em um dia, conseguiu mais para a empresa do que todos nós conseguimos em anos. – disse Finn, brindando-me com mais um de seus sorrisos. Sorri de volta e, sem perceber, inclinei meu rosto contra o dele quando seus lábios tocaram minha bochecha. E só quando abri os olhos e vi-o se afastar é que percebi que os tinha fechado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?