Fizemos mais algumas perguntas idiotas, e rimos ainda mais. Naquele momento, o vídeo não parecia tão ruim, provavelmente porque eu estava com a minha amiga, rindo e me divertindo. Depois, nós iríamos assisti-lo e pensar em que diabos estávamos fazendo, mas acho que valia a pena.

Gabriela dormiu na minha casa naquele dia, e nós ficamos a madrugada inteira acordadas, esperando dar a hora certa pra mandar o vídeo, porque teríamos apenas dez minutos para mandá-lo. Acho que eles sabiam que teriam milhares, quem sabe milhões de vídeos pra ver, então deixaram o site aberto por apenas dez minutos. Nós estávamos quase caindo de cansaço quando o site finalmente abriu e nós pudemos mandar o vídeo (que inventou de não querer ir, e quase nos fez ter um infarto.). Mas depois disso, a gente ficou tão animada que sequer dormiu. Ficamos comendo, rindo, vendo os vídeos diários e comendo mais ainda. Ela parecia totalmente tranquila, mas eu já estava ansiosa pelo resultado. Sabia que só sairia dias depois, até porque, a gente tinha acabado de mandar, mas mesmo assim... Eu queria que aquilo acabasse logo. Aquela espera, a expectativa...

Virei para o lado para perguntar para Gabriela quando ela achava que sairia o resultado, mas ela já estava dormindo. Olhei no relógio e ele marcava 6h23. 23. Meu número da sorte. Me deitei de bruços e a única coisa que pedi antes de dormir foi que aquilo significasse alguma coisa.

Londres, 22 de outubro. (A história, a partir de agora, não é narrada por nenhum personagem específico.)

– Então, vamos começar. – Liam disse, se sentando. – São quantos vídeos mesmo?

– Hm... – Harry olhou para a tela do computador. – Mil setecentos e trinta e dois.

– Cara... isso vai demorar. – Zayn falou, e se sentou também. Eles próprios iriam ver todos os vídeos, como prometido, e depois iriam escolher o melhor e então, a fã sortuda poderia passar um mês inteiro com eles, numa casa com todos os cinco. Eles estariam de férias nas três primeiras semanas do mês, e na última, ela teria que acompanhar a rotina de shows e programas de TV. Parecia o paraíso... e era mesmo.

– Todo mundo preparado? Vou colocar o primeiro vídeo. – Louis apertou um botão e um vídeo apareceu na tela. Como esperado, era uma menina toda enfeitada de One Direction: camiseta, pôsteres, rosto pintado, falando sobre como eles eram perfeitos, como eles eram a vida dela. Não é que não gostassem das fãs, ou algo do gênero, mas aquilo era muito comum. Provavelmente, haveria mais 100 vídeos como aquele. E o que eles queriam era bem o contrário. – Hm... eu posso pular esse, certo?

– Por favor.

Não adiantou muito, porque os próximos eram piores. Meninas gritando, pulando, mostrando cartazes. Eles riam, ficavam felizes com todo o amor das fãs, mas, mais uma vez, não era o que procuravam. No final da tarde, apenas 10 vídeos tinham sido realmente bons, e eles tinham visto 700 (pulando a maioria nos primeiros cinco segundos).

Um deles era de uma menina do Brasil, chamada Laura. Aparentava ter uns 17 anos, cabelo castanho, alta, branca. O vídeo era tipo um entrevista, e quando ela falava, tinha um brilho nos olhos, e era impossível não acreditar no que ela contava, sobre como os conheceu, as músicas preferidas. Tinha outra garota no vídeo, provavelmente uma amiga, e quando elas começaram a falar besteiras e a rir, os meninos não puderam evitar cair na gargalhada. Pareciam duas garotas normais, engraçadas e divertidas. E diferentes. Exatamente o que queriam.

“Laura”, Liam anotou num papel. “Brasil. Aprovada.”