As Súplicas De Um Vagabundo escrita por Maria Chinikoski


Capítulo 5
End?


Notas iniciais do capítulo

Escrevi o último capítulo correndo, estava tarde e nem estudei pra prova de geografia... :p
kkk
o/
Musica tema: https://www.youtube.com/watch?v=xdJOUZgeKV0



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Frio...

Calor...

Medo?...

Angústia...

Dor? Não...

Quer dizer... Agora sim...

Abri meus olhos devagar e enxerguei aquele que não gostaria de ver na minha frente... Chorando...

Como odeio lágrimas...

- Yuuri...

Ele se assustou e se virou para mim, com os olhos vermelhos e correu para perto de mim.

- PEDRO!

- O... Que aconteceu? - perguntei ao perceber que estava sem camisa.

- Você... Vi os calmentes... Na hora pensei que devia ter tentado se envenenar, já que você começou a apertar a própria garganta e enfiava os dedos na garganta.

Não me lembrava disso... Eu tentei... Viver?

- Te ajudei e te fiz vomitar. Você engoliu muitas pílulas e estava morrendo... Mas também não consegui te segurar a tempo e você caiu em cima da faca e cortou a barriga.

Notei um curativo bem-feito e limpo.

Havia um pano úmido quente em minha testa que caiu quando eu tentei levantar e não consegui.

Dor... Muita dor... Mas não sei porque...

- Fique onde está! Não se esforçe! Sua mãe ligou e não volta hoje. Sua tia está doente e ela foi passar a noite lá. Não contei o que aconteceu para não preocupá-la.

Ótimo... Finalmente quando ela me daria atenção ele a deixa ir...

Maldição...

Mas... Até dar a hora da minha mãe ligar...

- Que horas são? - perguntei preocupado ao notar as luzes acesas.

- Quase oito.

- TUDO ISSO?! - perguntei dando um salto na cama.

- Sim...

- Bem, obrigado - falei tentando parecer amigável - Mas estou bem... Pode ir embora agora...

- Se não se importar, pedi à sua mãe pedir ao meu pai para que eu dormisse aqui para cuidar de você, não sabia que horas iria acordar ou se iria acordar...

Fiquei quieto, me segurando para não gritar.

Devia agradeçer ele me cuidar...

- A propósito, fiz uma sopa.

Depois de um tempo em silêncio, fomos até a cozinha e ele me ajudou a caminhar.

Ele era quase da minha altura...

Sentamos e ele serviu e trouxe a colher.

- Eu ainda posso fazer isso - disse indiferente.

- Não vai não... - ele riu e eu também. Olhei para o teto e ele leu meus pensamentos - Sim, guardei a corda onde só eu vou achar, escondi remédios e coisas que você possa usar para se matar.

Fiquei em silêncio e me concentrei na minha sopa, sem olhá-lo.

Depois de um tempo de reflexão, disse:

- Eu não mereço viver... Minha vida é uma droga...

Ouvi um pigarreio.

Olhei para ele e o vi me olhar com uma mescla de pena e rindo enquanto os olhos verdes lacrimejavam.

- Você acha sua vida uma droga?

Não respondi. Ele tentou se concentrar na sopa, mas falou:

- Desde pequeno eu carrego um fardo maior que o seu, tenho certeza...

Não quis falar nada... Esperei a história...

- Desde pequeno mei pai me odiava...

- Como? - perguntei rindo sarcástico - Ele parece que te mima o suficiente, moleque, Do jeito que te defendeu na escola e...

- Dinheiro - ele me interrompeu, agora sério - Sempre pelo dinheiro... Vou te contar uma história que nunca contei para ninguém.

- Porque? - perguntei baixinho.

- Porque nunca... Tive amigos...

Ele baixou a cabeça e encarou a sopa.

Esperei ele contar...

- Quando eu nasci, segundo filho, minha mãe morreu me dando à luz... Meu pai a amava tanto que sentiu que eu era culpado pela decisão dela... Me odiou e tentou me matar...

Engoli um seco e esperei ele secar uma lágrima.

- Minha irmã mais velha, Yume, tinha cinco anos quando eu nasci e, se não fosse ela aparecer na hora, eu teria morrido... Ela era igual a minha mãe e meu pai não conseguia fazer nada na presença dela... Era minha mãe naquela garota...

...

Não consegui tomar a sopa... Fiquei ouvindo o garoto me contar sua vida... Acho que mudei de opnião sobre a minha...

- Meu pai, quando Yume saía, me batia por qualquer coisinha, me odiava e só quando ela deu uma bronca nele que ele parou de brigar comigo, mas acabava dando só atenção para ela. Era como se eu fosse invisível.

"Cresci assim, sem rumo, sem vida... Mas estava acostumado, já que eu e Yume éramos muito chegados. Eu confiava nela e contava tudo e ela sempre me defendia e ajudava... Até aquele dia..."

Ele parou e pensei que ele não iria conseguir continuar, mas ele sufocou as lágrimas e continuou...

- Eu estava bravo pois ela andava com seu amigos metidos muito mais do que comigo nos últimos dias e, só para me irritar, falava que eu era muito bobo. Tudo para conquistar um playboy que adorava sair correndo, mostrando seu carro novo, sem carteira...

"Um dia, tentando se aparecer e brincando no meio-fio, Yume me deu um tapa quando falei que o garoto era ridículo e que ela estava sendo boba. Ela falou um monte de besteiras e terminou falando sobre nosso pai e tudo, ficou furiosa e falou que eu devia ter apanhado mais e tals. Foi a primeira vez que ouvi aquilo dela... Fiquei tão bravo que a empurrei do meio-fio de uma vez... Ela se desequilibrou e caiu na rua bem na hora que a paixão dela acelerava o carrão escola a fora e fazia a curva radical em grande velocidade..."

Silêncio...

- A única... Coisa que lembro... Foi... Sangue...

Ele começou a chorar.

Eu sentia na pele o arrepio e a sensação que ele devia ter sentido. A única coisa que consegui fazer foi levantar e abraçá-lo... 

- Meu pai me odiava cada vez mais e me surrou muito. O playboy fugiu e nunca mais vi ele... Toda vez que eu saia do quarto, levava uma baita surra. E não era de tapas ou chinelos... Só parei de apanhar ano passado... Quando denunciaram meu pai e, pra não perder mais dinheiro, ele fingiu me amar pela primeira vez...

- Mas... Como? - perguntei confuso...

Ele virou de costas para mim e tirou a blusa, mostrando muitas cicatrizes e marcas não curadas totalmente de cortes e ferradas.

- Apanhei pior que um animal feroz que ataca uma pessoa e é atingido... Fui tratado como lixo... Fiquei sem andar por quase meio ano, sem aguentar minhas pernas... Quis me matar, mas a única coisa que fazia sentido e que tive coragem foi aturar a vida e aprender enfermagem... Conseguia cuidar de mim mesmo, pois quando apanhava a ponto de precisar ser internado na U.T.I., apanhava na volta por ter que fazer meu pai gastar dinheiro...

Engoli um seco...

Este era mesmo...

Yuuri?

Ele me olhou depois de por a camiseta.

Sequei com meu polegar a lágrima que lhe escapava dos olhos e o abraçei, sussurrando:

- Psiu... Não chore... Eu estou aqui...

Mas eu mesmo sentia-me um covarde inútil ao receber o abraço confortador e que confortava.

Ali permanecemos um bom tempo até cessarem as lágrimas... Não eram mais malditas...

Eram... Puras e sofridas...


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Notas finais do capítulo

COMENTEEEEMMM!!!
^^
Bjooo meus lindos ♥