Zayn

Eram quase seis horas da manhã e Louis liga dizendo que estava na rua e que precisávamos ajudar as meninas. Está bem que quando tem as meninas no meio não ligo para o horário, mas eu não havia entendido nada. Passei no apartamento de Liam — Niall havia dormido lá como quase sempre — e depois fomos pegar Harry na casa dele.
— O que está acontecendo afinal? — Niall resmungou, ele estava todo empoleirado nos braços de Liam, que por sinal estava com os olhos fechados. Todos nós estávamos cansados afinal à noite/madrugada passada havia sido cheia de altos e baixos e agora tínhamos outra coisa para fazer.
— Eu não entendi muito bem — disse prestando atenção nas ruas. Apesar de não estar fazendo sol todos estavam usando óculos escuros, também com aquelas caras de zumbis que não podíamos ser visto não é mesmo? — Louis me pediu para buscar vocês. Algo como; as meninas precisam de ajuda.
— As meninas? — Harry se espreguiçou no banco. — Será que Amy está bem?
— Será que as meninas estão bem, não é mesmo Harry? — Liam o encarou.
— Vamos parar de coisa — revirei os olhos por trás das lentes escuras — e vamos nos concentrar em manter a calma, pois já basta ontem.
— Vocês vão ficar falando o tempo todo sobre isso agora, é o que entendi? — Liam cruzou os braços. Niall o encarou e sussurrou algo que o fez rir, mas eu estava concentrado demais em parar o carro logo atrás do de Louis em frente a cafeteria para me preocupar com as piadas deles. Sentamos-nos à mesa mais distante.
— E então — eu disse, tirando os óculos e colocando-o sobre a mesa — o que acontece?
— As meninas estão bem? — Liam e Niall falavam ao mesmo tempo.

— Sim, elas estão... Não, elas não estão bem — ele esfregou os olhos. Estávamos todos muito cansados. Louis contou que havia ido ficar com Char logo depois que havíamos chegado, que eles foram até o hotel e que lá as meninas descobriram que Sophie havia perdido a bolsa há uns dois dias atrás quando fora no banco, que elas estavam brigando por não terem como se manter. Juliet deveria estar furiosa.
— E como elas vão voltar pra casa? — Niall encarou Louis que deu de ombros.
— Elas perderam o passaporte também? — ergui uma das sobrancelhas.
— Leva umas duas semanas pra tirar outro se tiver o visto. — Liam disse enquanto digitava algo em seu celular. Deveria ser uma mensagem para Sophie. Ela deveria estar arrasada por tudo, quero dizer, aposto que as meninas estão culpando-a — mesmo que ela tenha uma grande culpa — por ter perdido algo tão importante.
— Liam, acho que não entendeu — Louis revirou os olhos — levaram TUDO, e quando eu digo tudo é tudo mesmo. Visto, dinheiro, passaporte, identidade... Tudo. Elas estão presas aqui.
— E agora? — Harry passou os dedos sobre os cachos. — O que vamos fazer?
— Porque não vocês não as chamam para ficarem nas suas casas, assim ficaria melhor porque elas não precisariam para pelo hotel. — Niall finalmente tinha dito algo que preste desde que saímos de casa. Achei uma ótima idéia, mas Louis disse que não adiantaria, que já havia dito o mesmo e elas não aceitaram com medo de nossas fãs ficarem furiosas. E para pior ainda mais o dia um dos nossos empresários ligou para Liam pedindo que ele comparecesse até o estúdio. Ou seja, ele iria ouvir muito sobre as noticias que estavam espalhadas por todas as revistas, jornais, blogs ou qualquer coisa que pudesse transmitir uma noticia em menos de segundos e aposto que nós também ouviríamos por tê-lo deixado fazer aquela bobagem.
— Eu sei o que fazer — Harry sussurrou enquanto íamos em direção aos carros — Vocês vão para o estúdio, falem com Paul que logo estarei por lá.
— O que vai fazer? — eu quis saber, mas ele já havia entrado no carro do Louis. O que quer que ele vá fazer só espero que tenha uma solução boa e rápida. Não quero perder a Juliet.

Char


Eu estava jogada no sofá, estava cansada demais para ficar encarando toda aquela briga estúpida ou os comentários de Juliet sobre minha falta de interesse. Não é que eu não esteja interessada em saber como vamos voltar para casa, é que eu não preciso ficar preocupada porque sabia que tudo aquilo era desnecessário. Catei meu celular, aumentei o volume da TV e fiquei passando os tweets revoltados das fãs dos meninos. Eu juro que alguns me causavam raiva, mas outros me faziam rir como nunca. Eu poderia ficar ouvindo a briga das meninas, olhando os comentários bobos das fãs dos meninos, mas minha mãe teve a capacidade de me mandar uma mensagem e me tirar do sério. “Será que você já comeu hoje ou está dando uma de garota mimada?” Por favor, Deus, se não for pedir muito me tira do pesadelo de ser filha dela e me coloca em um orfanato. Minha mãe é uma mulher excêntrica, irritante e que troca de marido como se troca de salto, mas não vamos falar sobre ela porque aqui a vida é minha. A campanhinha tocou, mas nenhuma das meninas se dispôs a ir abrir então levantei e fiz eu mesma.
— Ótimo — resmunguei dando as costas e voltando pro sofá. Os meninos estavam lá, menos Harry. Eles entraram e foram falar com suas devidas “namoradas”. Incrível como elas ficaram caladas quando Louis começou a falar sobre a responsabilidade e sobre elas serem amigas. Mentira, elas ficaram caladas porque eles estavam abraçando-as, beijando-as e fazendo aquelas coisas de namorados.
— Vai ficar tudo bem. — ouvi Zayn dizendo enquanto alisada os cabelos de Juliet. Fiz uma cara de nojo e revirei os olhos. Caminhei até a varanda onde eu ficaria a salvo daquele clima assustador misturado com... Sei lá o que era aquilo. Coloquei os fones de ouvidos, debrucei-me sobre a arquibancada da varanda e viajei ao som do Linkin Park.
“— Você pode fazer isso — ele disse entre os gritos — vai lá e pega. Simples!
— Simples? Você quer que eu roube e isso não é nada simples, Caio. — resmunguei me jogando no banco. Está bem que eu queria muito aquela jaqueta, mas isso não queria dizer que eu podia roubá-la só porque o meu namorado delinqüente queria isso.
— Deixe de ser trouxa Lola, você sabe que pode fazer isso. Já fizemos coisas piores.
— Cala a boca! Prometeu que não falaríamos nisso novamente... Era um acordo, você lembra?
— Se não for lá eu conto tudo a policia...”
— Eu falei com você. — senti alguém puxar meus fones. Niall Horan é um idiota.
— O que você quer? Espero que tenha vindo se desculpar por ter me dedurado. — cruzei os braços. Eu podia não gostar dele, mas pelo menos ele havia me tirado do meu momento de terror.
— Não vou me desculpar por nada — ele me encarou, parecia diferente — você deveria me agradecer por ter feito o que eu fiz. Fumar faz mal a saúde. — Niall me encarou. — Zayn faz a mesma coisa e eu brigo com ele, assim como brigo com você agora. — deu de ombros. Eu revirei os olhos. Nunca havia pedido pra ele fazer nada por mim. Eu podia me cuidar sozinha.
— Eu te odeio, sabia? — pisquei irônica. Dei as costas pronta para sair dali quando senti a mão macia de Niall em meu pulso. Ele me virou com força. Eu não gostei nada disso. Nossos corpos ficaram juntos.
— Você me odeia por gostar tanto de mim, não é Charlotte?
— Haha — tentei parecer segura, mas eu estava tremula. Porque eu estava tremendo? — você está cheio de ego Horan.
— Porque você é tão irritante? — seu hálito parecia se esfregar em meu rosto. Senti meu coração doer e, por favor, eu não gostava nem um pouco de sentir isso. — Esse seu jeito rebelde é só uma amostra do quanto você pode ser frágil não é mesmo? — seus dedos estavam em minha cintura com força, seus olhos tinham uma coisa esquisita que acabou me deixando tonta.
— Me solta... — Por quê? Porque eu deveria fazer isso? — ele sorriu. — Pra você sair por essa porta e fazer outra loucura? Não, eu não vou te soltar, porque amigos não devem deixar os outros se machucarem. Eu não vou deixar que você se mate assim.
— Não preciso de você... — gritei. Naquele instante as meninas já estavam com a cara pra fora da porta encarando-nos. Todos eles estavam. — Eu não preciso da sua pena.
— Pena? — senti seus dedos se afrouxarem em minha cintura. Ouvi quando Zayn disse “vamos deixá-los sozinhos pessoal” e logo depois a porta se fechou atrás de mim. — Eu nunca teria pena...
— Por favor, não banque o fofo porque comigo não cola. — choraminguei. Eu o empurrei. Odeio que as pessoas me façam parecer uma estúpida. Niall tentou segurar meus dedos, mas me desvencilhei antes que ele conseguisse. Já sentiu como se o seu coração fosse sair pela boca? Como se o mundo perdesse todo o equilibro e seu corpo tentasse te levar pro chão? Era assim que eu me sentia; completamente assustada com tudo aquilo. Sair correndo daquele lugar era o mínimo que eu poderia fazer se quisesse me manter lúcida, porque eu sabia o que era aquilo que estava sentindo, porque eu já havia sentindo antes; eu já havia me machucado com isso. Acho que quando sai do hotel acabei caindo, não sei muito bem, pois minha cabeça estava doendo e só uma imagem turva ficou em meus olhos. E esse é o problema de sentir o coração bater mais forte, porque é isso que te deixa no chão.