Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 99
Gravidez




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/267862/chapter/99

Um mês se passou. Todo dia eu conversava com Kelly. Conversamos por chamada em vídeo, as vezes. Ela contou que passou por Ethan um dia e ele não a reconheceu e não foi incomodá-lo. Gritei com ela. Ela disse que conversou com ele e passei a conversar com Ethan através do twitter. Ele vai se casar com a April em 2013, está tudo certo. Segundo ele, Susan está morando nos Estados Unidos e ninguém mais sabe o que aconteceu com ela depois disso.

Todos os dias tentei ligar para o número que Teddy havia colocado na carta, nunca nem chamou. Todas as noites, eu lia a carta. Eu imprimi. Deixei que Pedro e Camilla lessem, para saberem que Teddy era real. Não sei, tive tal necessidade. Camilla tem passado muito mal ultimamente e sei que me esconde alguma coisa. Come pouco e vomita por qualquer coisa. Ela não encontra Nathan desde aquela vez. Enquanto eu varia a sala com Sônia, Camilla passou correndo por nós, com a mão direita tapando a boca. Larguei a vassoura, que caiu no chão. Ela não trancou a porta e a pude ver ajoelhada em frente ao vaso sanitário, vomitando. Suas mãos estavam apoiadas no acento, o qual ela nem conseguiu levantar, de tanta pressa. Ela vestia uma blusa de manga comprida, mesmo estando quarenta graus lá fora. Ela limpou a boca com papel higiênico e se levantou para dar descarga. Fechei a porta do banheiro e conversei com ela lá dentro. Camilla abaixou a tampa do vaso e se sentou.

“O que está acontecendo contigo?”

Camilla soluçava e babava. Ela enxugava as lágrimas com a manga da blusa. Ela me encarou. Seus olhos estavam inchados, ela não ia estudar há uma semana já.

“Eu estou grávida, Yolanda.” –Ela conseguiu falar, alternando com soluços.

Parecia que o chão havia aberto sob meus pés e eu estava em uma queda sem fim, em um buraco escuro e frio, sem esperança. Camilla se levantou e me abraçou.

“Eu não quero ter o bebê. Tenho só quinze anos.”

Seu choro ficava cada vez mais alto. Pude ouvir Sônia batendo na porta, perguntando se estava tudo bem e afirmei. Eu menti. Nada estava bem. Me permiti chorar no ombro de Camilla e ficamos assim por minutos, que pareciam horas, talvez dias. Ela me soltou e com as mãos, tirou os cabelos do rosto. Foi ai que pude ver marcas em seus pulsos.

“O que é isso?” –Perguntei, puxando seu braço direito.

Subi a manga até o cotovelo e pude ver vários cortes, uns recentes e outros nem tanto. Esse era o motivo pelo qual ela só comprava roupas de manga e só vivia com elas. Camilla voltou a chorar.

“Quando começou com isso?”

“Quando descobri da gravidez.” –Ela soluçava novamente.

“Mas por que?”

“Eu não quero estragar mais ainda a minha vida. Yolanda, eu vivo em um mundo o qual eu não pertenço. Nada aqui parece certo. Nada é a meu favor. Eu só sofro. Eu só lamento por existir, mas ainda assim, não tenho a coragem de acabar com a minha vida e por isso me corto, sei que não vou morrer, afinal, esses cortes fazem com que eu me sinta vida, de alguma forma. Eu sou real, porque sinto a dor. Eu não consigo me controlar...”

“Fique calma. Você vai ter essa criança. Assim como disse não ter coragem para se matar, não vai ter o direito de matar outra pessoa. Pode estar em formação ainda, mas você está carregando uma vida. Um menino ou uma menina. Vamos amar do nosso jeito. Vamos cuidar juntas. Talvez, ele ou ela, tenha vindo para te fazer sentir viva novamente. Você terá uma meta concreta pela qual lutar.”

Camilla parou de chorar e ficou me olhando. Talvez absorvendo tudo o que eu havia dito. Ela afirmou com a cabeça. Abri a porta e ela foi em direção ao seu quarto. Me sentei no sofá e relaxei. Contei tudo para Sônia, que só falava em “Deus”. Pedro estava com Pablo, fazendo as contas da Low Club. Sônia me trouxe um copo com água e pedi para que levasse para Camilla também. Eu me sentia tonta.

Bati na porta de Camilla. Ela a abriu. Camilla estava com seu babydoll rosa e branco da Minnie e eu não conseguia acreditar que ela seria mãe daqui a alguns meses. Falei que eu precisava informar isso para Nathan e ela se desesperou. Não queria que a mãe dele soubesse. Ela voltou a chorar. Depois de muito insistir, Camilla se deitou na cama e deixou que eu conversasse com a mãe dele. Liguei para Elisa e pedi para que me encontrasse em uma cafeteria. Avisei que poderia ser uma noticia terrível.

Esperei por vinte minutos e Elisa apareceu. Me levantei e a cumprimentei com dois beijos no rosto e a esperei sentar. Estávamos de frente uma para a outra. Eu já tomava meu Frappuccino. Ela nada quis beber. Contei o que Nathan e Camilla fizeram da última vez que pedi para que ela buscasse Nathan.

“Eu sei, ele me disse que isso é comum entre eles.”

Não era o que eu esperava ouvir.

“Trata com tanta naturalidade assim?”

“Claro. Ele já é quase um homem.”

“Claro. Um homem tem responsabilidades e uma delas é ter um filho.”

Ela não entendeu de primeira, mas logo arregalou os olhos.

“Como sabe que o filho é do Nathan.”

“Ele é o namorado dela, não é? Pelo menos era. Ela não sai daquele apartamento.”

“Como sabe?”

“O filho é do seu filho. Ele parece um inútil, não espero que cuide do bebê, não confio nele.”

“Como ousas a falar assim do meu filho?”

“Escuta. Camilla está grávida. Se não acredita que seu pai é o filho, tenho dinheiro o suficiente para fazer quantos testes de DNA a senhora quiser!” –Eu disse, aumentando o tom de voz.

As pessoas na cafeteria olharam para nós.

“Tudo bem. Tudo bem. Ajudarei com a criança. Conversaremos sobre isso.”

Ela recolheu sua bolsa e se levantou. Parou ao meu lado.

“Passar bem.”

E foi embora. Terminei meu frappuccino, ainda sobre olhares perturbados tentando entender o que havia acontecido. Voltei para o apartamento e Camilla já estava rindo com Sônia.

“Estamos escolhendo o nome do bebê.” –Ela disse.

“Que tal Maria?” –Perguntou Sônia.

“Não. Gosto de Penélope.”

Larguei as chaves sobre a mesa e fui até a cozinha. Pedro estava lá, preparando um café. Contei tudo para ele e Pedro queria poder bater em Nathan. O segurei pelos braços e pedi calma. Iríamos sair bem dessa. Sei que sim. Fui para o quarto e peguei a carta de Teddy, que ficava guardada na gaveta do criado mudo. Quando eu virei a página, Camilla entrou.

“Um apelido para Penélope. Quero nomes que tenham apelidos legais.”

“Normalmente é Penny.”

“Penny...”

Camilla ficou na porta pensando e depois sorriu. Ela fechou a porta e a pude ouvir gritando.

“Anota Penny, Sônia.”

Que dia conturbado. A noite já se aproximava e eu não conseguia relaxar. Camilla ia perder sua vida. Ou não. As vezes, penso que a criança pode trazer algum tipo de felicidade para Camilla. Dobrei a carta de Teddy e a abracei. Parecia que, se eu apertasse aquelas folhas de oficio, minha vida voltaria ao normal. Ou alguma solução para meus problemas atuais. Pedro entrou no quarto e guardei a carta. Estendi meus braços e Pedro se sentou na beira da cama e me abraçou. Chorei. Molhei sua blusa com minhas lágrimas. Eu precisava desabafar. Era mais uma pessoa para que eu me preocupasse em viver nesse mundo de surpresas. Nesse mundo onde as regras não valem de nada. Um lugar cheio de pessoas vazias, onde se acham “cheias” e fartas após humilhar e passar por cima de alguém. Eu achei que estava cuidando de Camilla. Falhei. Eu sempre falho. De alguma forma, estrago a vida de todos que me cercam.

“As vendas para o show do Ed, começam amanhã!” –Disse Camilla, entrando no quarto, sem bater.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por ler ♥3 Olha, o próximo já é o capítulo 100 *_* muito obrigada por ainda estar acompanhando e me apoiar até aqui. Amo vocês, little leaves. ♥3
jenny, eddictedhoran.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Folhas De Outono" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.