Me arrumei mais cedo do que o normal e esperei na porta, o ônibus chegar. Me sentei ao lado de Teddy, ele estava dormindo, ou fingindo estar dormindo. Beijei sua bochecha direita e ele aos poucos, foi abrindo os olhos.

“Landy!” –Ele disse se espreguiçando.

“Tudo bem?” –Perguntei.

Teddy estava com seu casaco verde novamente.

“Escuta, foi você quem deixou a rosa na minha porta ontem?” –Perguntei.

“Por que acha isso?” –Ele perguntou.

“Mary disse que viu alguém com casaco verde e tipo...” –Eu disse apontando para o casaco dele.

“Tá, eu coloquei a flor, desculpa.” –Ele disse.

“Desculpa? Ela agora está na cabeceira da minha cama e não no lixo!” –Eu disse sorrindo.

Teddy sorriu, parecendo satisfeito com o que eu havia dito. Estava me lembrando do inicio, quando eu ainda estava descobrindo que estava amando o Teddy. Voltamos a estaca zero. Estávamos nos redescobrindo. Era a última semana de aula antes das férias de fim de ano, e a ansiedade para voltar ao Rio, havia sumido. Não queria mais deixar todo mundo, tudo bem que não era pra sempre, mas eu não queria. Ao chegar na escola, Ethan e Lori conversavam no pátio, enquanto Teddy e eu caminhávamos para a sala de aula.

Na hora do intervalo, me sentei com Samy no pátio externo.

“Você e Ed se separaram mesmo?” –Ela perguntou.

“Sim.” – Eu disse antes de morder um sanduíche natural.

“E não está triste?” –Ela perguntou.

“Não!” –Respondi novamente antes de dar outra mordida.

“Por que?” –Ela perguntou novamente.

“Não sei.” –Eu respondi de boca cheia.

“Eu estaria desesperada.” –Ela disse.

Dei de ombros e continuei a comer meu saboroso sanduíche natural com peito de peru. Pude ouvir passos vindo atrás de mim, mas não me virei para ver quem era. Ethan se agachou no meu lado direito.

“Ta com fome, hein?” –Ethan disse.

“Tiraram o dia pra me perturbar hoje!” –Eu disse com a boca cheia.

Ethan se sentou ao meu lado e terminei meu lanche. Ele passou o polegar no canto esquerdo da minha boca.

“Ta com maionese aqui.” –Ele disse.

“Existe uma coisa chamada ‘guardanapo’ e ele está aqui.” –Eu disse mostrando o guardanapo.

“Você e sua bipolaridade.” –Disse Ethan.

Sorri e beijei sua bochecha.

“Atenção alunos da Thomas Hills, o baile de inverno foi adiantado para o sábado 17, e serão as apresentações do grupo musical, atenciosamente, Daisy Petters.” –Disse a diretora por meio do sistema de rádio da escola.

“O que? BAILE?” –Eu perguntei espantada. –“Ninguém me falou sobre baile!”

“Não bem um baile, é mais apresentação do grupo de música, que nem o campeonato de hóquei, daí Daisy aproveita e faz um ‘baile’” –Respondeu Ethan.

“Precisamos de um vestido!” –Samy disse se levantando.

“O que? Agora?” –Perguntei.

“Depois da aula, né?” –Respondeu Samy.

Odeio fazer compras, ainda mais pra mim, porque tenho que ficar provando toda hora e nunca acho que as roupas ficaram boas o suficiente. No final da aula, Samy me arrastou até a porta da escola.

“Vamos esperar a Beth.” –Ela disse.

“Mas nem falei com a Mary ainda.” –Eu disse.

“Liga pra ela nos encontrar lá!” –Disse Samy me dando o celular dela.

Chamou três vezes e Mary me atendeu. Estávamos sem dinheiro, essa era a resposta dela para tudo. Eu não podia comprar um vestido novo.

“Não tenho dinheiro.” –Eu disse devolvendo o celular de Samy.

“A gente paga pra você.” –Ela disse.

“Não, nunca faça isso.” –Eu disse.

“Então pode vir com a gente?” –Ela perguntou.

Antes que eu respondesse, Teddy saiu da escola e andava em direção ao ônibus.

“Teddy! Teddy! Teddy!” –Eu disse enquanto corria em direção a ele.

Ele parou de andar e esperou que eu aproximasse.

“Vem com a gente comprar vestido?” –Perguntei.

“Bom, eu acho que eu não ficaria bem de vestido.” –Ele respondeu.

“Teddy!” –Eu disse rindo.

“Vai comprar pra você?” –Ele perguntou.

“Não, estou sem dinheiro. Só quero fazer companhia a elas.” –Respondi.

“Tudo bem, acompanho vocês.” –Ele disse.

O abracei e o puxei pelo braço direito até as meninas. A mãe da Samy que nos levou ao centro de Framlingham e nos largou lá e disse para Samy ligar para ela quando acabasse as compras. Entramos em uma loja só de roupas de gala. Três vestidos estavam na vitrine, um tomara que caia vermelho, um verde de um ombro só e um azul celeste com alças. Enquanto as meninas escolham os modelos pendurados em araras no interior da loja, fiquei olhando a vitrine. O vestido verde era da cor da pedra Jade. Teddy estava do meu lado.

“Yolanda! Vem ver como ficou esse vestido!” –Gritou Beth de dentro de um provador.

Corri para dentro da loja e Teddy permaneceu lá fora. Abri a cabine do provador e Beth vestida um tomara que caia rosa claro, na altura do joelho.

“O que achou?” –Ela perguntou.

“Você ficou linda, Beth!” –Eu disse.

Teddy estava no balcão, conversando com a vendedora. Quando ele viu que eu estava olhando para ele, veio até a mim.

“Certeza que não vai comprar nada?” –Ele perguntou.

“Tenho. Acho que vou usar o vestido que comprei na loja do Theodor, lembra?” –Perguntei a Teddy.

“Lembro, claro, você ficou linda naquele vestido.” –Ele respondeu sorrindo. –“Mas acho que não é o mais usados em bailes aqui.” –Ele completou.

“Acho que tem razão...Mas é o melhor que eu tenho.” –Eu disse.

“O que achou desse, Yolanda?” –Samy perguntou.

A cabine dela era ao lado de onde Beth estava. Samy estava com um vestido de alça, longo até os pés, um lindo vermelho contrastando com sua pele morena.

“Yolanda, eu posso comprar um vestido pra você, escolhe!” –Disse Samy.

“Agradeço muito a sua ajuda, mas vou usar um que eu já tenho mesmo.” –Eu disse colocando a minha mão direita sobre o ombro esquerdo de Samy.

Elas foram pagar seus vestidos enquanto eu fui no banheiro da loja. Antes eu tivesse sugerido a loja do Theodor, vestidos lindos e baratos. Não demorei dez minutos no banheiro e todo mundo me esperava na porta da loja.

“Vamos deixar vocês na casa da Yolanda, tá?” –Disse Samy pra mim e Teddy.

Cumprindo o acordo, a mãe de Samy no deixou em casa.

“Eu nem posso ficar muito, preciso ir.” –Disse Teddy parecendo ansioso.

“Tá, tudo bem.” –Eu disse desconfiada.

Teddy me abraçou e seguiu seu caminho em direção a sua casa. Entrei e Mary estava na cozinha, terminando o jantar.

“Como foi lá?” –Mary perguntou enquanto mexia a comida na panela.

“Ah, elas escolheram vestidos lindos.” –Eu disse me sentando a mesa. –“Acho que vou com aquele vestido que compramos na loja de Theodor.” –Completei.

“Excelente escolha!” –Disse Mary.

Fiquei na cozinha por meia hora, lendo o meu caderno de pensamentos. O livro sobre atividades paranormais já não estava mais comigo e eu não queria mais mexer com isso, se Amy realmente ainda existe, ela que venha falar comigo civilizadamente. Quando eu finalmente, ia começar a escrever no caderno, a campainha tocou.

“Tá esperando alguém?” –Mary me perguntou.

Neguei com a cabeça e me levantei para atender a porta. Abri a porta e um rapaz, com jaqueta de motoqueiro e com uma moto ao fundo, estava segurando uma encomenda.

“Yolanda Ferragni?” –Ele perguntou.

“Sim...” –Respondi.

“Encomenda para a senhorita.” –Ele disse me entregando uma caixa. –“Assine aqui, por favor.” –Ele completou me entregando um papel.

Assinei, sobre a caixa, o papel de recebimento e devolvi ao rapaz. Ele guardou o papel e voltou para sua moto e rapidamente foi embora. Levei a caixa para a cozinha e a coloquei na mesa.

“O que é isso?” –Mary perguntou tampando a panela.

“Não sei...” –Eu disse desamarrando a caixa.

Mary ficou ao meu lado e enfim, consegui tirar a tampa. Era um embrulho em um papel branco, o tirei de dentro da caixa, desembrulhei...era o vestido da vitrine, o verde Jade.

“Eu não acredito...” –Eu disse levantando o vestido, para que desenrola-se.

“Tem um bilhete.” –Disse Mary tirando um papel da caixa.

Coloquei o vestido sobre a mesa e peguei o papel.

“Vi o quanto se encantou por ele mas não poderia levar. Esse é meu presente de Natal adiantado, faça bom uso e seja a garota mais linda da festa. Espero que minha apresentação não a decepcione. Teddy.”

“Ele não fez isso!” –Eu disse tapando a boca.

“Quem te deu?” –Mary perguntou.

Entreguei o bilhete, para que ela mesmo pude-se ler. Mary me olhou espantada e logo sorriu. Coloquei o vestido na minha frente e me imaginei vestindo-o. Era tão lindo. Era bem cumprido atrás e na frente era mais curto, como se fosse uma calda, mas não era exatamente. Eu realmente estava apaixonada por esse vestido. E Teddy me surpreendia cada vez mais. Só espero que esses garotos não estejam me comprando com seus presente.