Já era segunda-feira e todos na escola cumprimentavam Teddy, até mesmo, pessoas que nunca olharam para a gente. Pude notar que, o número de meninas era maior. Todas diziam “Oi, Ed” e saiam sorrindo, lembrando que eu sempre estava ao lado dele.

“Agora sabem que você existe.” –Eu disse.

“O que? Ah, é mesmo.” –Ele disse.

“Vai dizer que não notou?” –Eu disse.

“Claro que notei, mas só penso no CD.” –Disse Teddy.

“E fico feliz pelo reconhecimento.” –Eu disse.

“Tem algo errado contigo.” –Ele disse.

Teddy parou na minha frente e ficou me encarando, eu não poderia dizer que sentia ciúmes do fato de ter mais garotas querendo ele agora, talvez apenas interessadas por ele ter lançado um CD, mas nem o conhecem. Queria que Teddy pudesse confiar em mim e ter me sempre ao seu lado, para tudo, e talvez ele sabendo do ciúmes, nada disso aconteça.

“Deve ser meus problemas de mês, se é que me entende.” –Eu disse.

Teddy sorriu e voltamos a andar em direção a sala. No meio do caminho, Susan nos parou.

“Ed e Yolanda, tudo bem com vocês?” –Ela perguntou.

“Tudo...” –Fui interrompida por Susan.

“Que bom! Escuta, Ed, sábado é meu aniversário e gostaria que você cantasse.” –Ela disse.

“Bom, eu tenho que ver na agenda.” –Ele disse.

“Mas é claro que você vai, pagaremos bem.” – Ela disse.

“Não é questão de pagar é que...”- Ele foi interrompido por Susan.

“Depois conversamos melhor, direi a todos que você vai. Tchauzinho.” –Ela disse saindo.

Nós dois a observamos partir, me virei para Teddy.

“Se você não for, pode ser ruim para ti.” –Eu disse.

“Se eu for também será ruim.” –Ele disse.

“É, mas ela já deve ter espalhado para a toda escola que você vai, e sabe o poder da Susan e da Lori aqui, podem se virar contra você.” –Eu disse.

Teddy me olhou dando a entender que concordara comigo. Era óbvio que se Teddy não fosse a festa, ela colocaria toda a escola contra nós e impediria que Teddy fizesse sucesso ali, aliás, ninguém poderia brilhar mais que seu grupo de fúteis.

Já era hora de irmos para casa, Teddy foi jantar em minha casa, como de costume. Deixamos nossas mochilas no sofá, Teddy deixara seu violão também e fomos para a cozinha. Mary já havia arrumado a mesa com dois pratos, um na frente do outro. A panela com o frango ensopado, permanecera no fogão. Teddy pegara o suco de uva na geladeira e colocou em dois copos, enquanto eu nos servia com o frango. Coloquei os dois pratos na mesa novamente e me sentei para jantar. Demoramos meia hora comendo. Teddy foi o primeiro a terminar e me esperou.

“Acha mesmo que eu devo ir?” –Ele perguntou, após limpar a boca.

“Certeza que sim, aliás, a festa dela deve ter muitos convidados, sua chance de mostrar seu talento a eles.” –Eu disse e em seguida comi.

Teddy permaneceu calado e se levantou para lavar a sua louça, assim que eu terminei minha janta. Fui escovar meus dentes, no banheiro que fica localizado ao lado da cozinha. Teddy me esperava no sofá. Depois de quinze minutos, fui de encontro a ele, que estava vendo um canal de esporte. Mary estava em seu quarto.

“Assistindo o que?” –Eu perguntei me sentando ao seu lado.

“Ah, parei nesse canal de esporte.” –Ele disse.

“E a música que o senhor disse que iria escrever?” –Perguntei.

“Está pronta.” –Disse Teddy.

“E por que não canta?” –Perguntei.

“Não achei que se importasse.” –Ele disse.

“Por favor, né Teddy? Me importo com tudo relacionado a você.” –Eu disse.

Ele sorriu e pegou o seu violão. O aguardei afiná-lo e enquanto isso eu passara os canais.

“Olha, vai passar De Volta Para O Futuro, quero ver.” –Eu disse.

“Claro que veremos, aliás, na música diz o quanto gosto disso.” –Disse Teddy.

Deixei no canal do filme e coloquei no mudo e fiquei observando Teddy tocar seu violão.

“On the sofa, where we lay I wanna stay inside all day and it's cold outside, again. And we're both so high, We could fly to Berlin, Tokyo or Jamaica. We can go where you want say the word and I'll take ya. But I'd rather stay on the sofa, on the sofa, with you. And it feels like I'm flying and it feels like we could go to Berlin, Tokyo or Jamaica. Through the streets of New York that is where I will take ya. Paris, Rome, to RIO passing through LasVegas. We can go where you want say the word, and I'll take ya, but I'd rather stay on the sofa, on the sofa with you.” – Teddy tocara a música.

No final da música, eu já havia aprendido seu refrão.

“To Rio...” –Eu disse.

“Um dia irei contigo.” –Ele disse sorrindo.

“E espero que seja para alguma turnê.” –Eu disse.

Teddy sorriu e me deu dois selinhos demorados. Ouvi passos na escada e olhei em direção a ela e Mary apareceu.

“Olá, meninos. O que vão fazer no próximo final de semana?” –Ela perguntou se sentando no sofá ao lado.

“Teddy vai tocar no aniversário da Susan.” –Eu disse.

“Não confirmei nada.” –Ele disse.

“Mas é claro que vai.” –Eu disse.

“Por que nada confirmado?” –Perguntou Mary.

“Porque não gosto delas.” –Ele respondeu.

“Mas já disse para ele que é uma grande oportunidade para se divulgar.” –Eu disse.

“Concordo com a Yolanda.” –Disse Mary.

“Claro.” –Disse Teddy.

“Promete pensar?” –Perguntei.

“Prometo.” –Ele respondeu.

DIA SEGUINTE.

“Eu tocarei em sua festa.” –Disse Teddy a Susan.

“Perfeito.” –Ela disse entregando um convite a ele.

“Estaremos lá.” –Ele disse.

“Errado, apenas você.” –Ela disse.

“O que disse?” –Perguntei.

“Você não está convidada.” –Ela disse.

“Então eu não irei.” –Disse Teddy.

“Sinto em lhe informar que, você não nasceram grudados e Ed, apenas estou te convidando para tocar em minha festa, fora isso, não teria lhe convidado também.” –Disse Susan.

“Quanta arrogância cabem em um corpo de 50 quilos.” –Eu disse.

“O que? Peso 44 quilos, não me chame de gorda.” –Ela disse. –“Esteja lá, Ed.” – Ela completou.

Susan se virou e foi se afastando de nós. Pude nota que, mais distante, ela encontrara Lori e ficaram conversando.

“Eu não posso ir.” –Ele disse.

“Você vai, pense que é algo profissional, apenas isso.” –Eu disse passando a mão direita em seu rosto.

“É, mas você deveria ir.” –Ele disse.

“Teddy, eu não gosto delas, o que eu faria lá? Seria hipocrisia, só iria para te apoiar, mas como não posso, você deve continuar mesmo assim.” –Eu disse.

“Tudo bem...” –Ele disse.

Queria passar tranquilidade, mas de fato, eu estava preocupada, não consigo confiar nesse grupo de patricinhas de Beverly Hills. Acho que Lori não seja a pior do grupo, só acho que ela é levada por Susan, que pra mim, é a raiz podre. Sei o quanto Susan é exigente e o quanto ela sonha que sua festa seja a mais comentada da escola, não contrataria Teddy se ele fosse ruim. Ela não estava presente na sessão de autógrafos, mas deve ter comprado o CD, e isso me deixava feliz. Acho que esse era um grande passo para a carreira do Teddy, mesmo sendo graças a Susan.