“Sai daqui.” –Eu disse, empurrando Camilla para fora do quarto.

Fechei a porta e comecei a chorar. Senti as mãos de Teddy tocar meus braços por trás e me desprendi deles. Caminhei até a varanda e limpei minhas lágrimas.

“Não quer mesmo casar?”

“Cala a boca.” –Respondi, sem pensar.

Parecia que algo martelava por dentro de minha cabeça e queria sair. Estava insuportável. Gentilmente, Teddy colocou sua mão direita sobre meu ombro esquerdo e sussurrou para que eu me sentasse. Tampei meus olhos com minhas mãos e somente as retirei quando Teddy me ofereceu um copo com água.

“Eu não queria ter dito aquilo. Eu estava nervosa, porque você não estava acreditando em mim.”

Teddy na disse e apenas ficou me observando terminar de beber a água. Entreguei o copo a ele e Teddy permaneceu segurando o copo em suas mãos. Ele perguntou se eu já me sentia melhor, mas neguei com a cabeça.

“Não quero ir embora, mas talvez seja o correto a se fazer agora.”

Me levantei e peguei minhas coisas sobre o sofá. O caderno não cabia na minha bolsa, então o carreguei na mão. Teddy abriu a porta e Camilla e Stuart estavam disfarçando, fingindo que nada estavam ouvindo.

“Vamos, Camilla.”

Não abracei Teddy e apenas segurei Camilla pelo braço e a levei até o elevador. Demorou muito e toda vez que eu olhava para trás, Teddy ainda estava na porta. Empurrei Camilla para dentro do elevador e entrei em seguida.

“Por que entrou no quarto?”

“Era meu momento.” –Camilla respondeu rindo.

“Minha vontade é de acertar um tapa na sua cara.”

“Por quê? Por saber da verdade? Para, Yolanda.”

Passamos pelas fãs do Teddy e de alguma forma, elas souberam que estávamos lá e nos cercaram. Perguntaram como conseguimos e se éramos conhecida dele. Camilla abriu sua boca para dizer que eu era a ex dele, mas puxei a tempo. Entramos em um taxi e não puxei assunto com ela o caminho inteiro.

Pedro estava deitado no sofá, dormindo com o controle repousado em seu peito. Fui direto para o quarto e me deitei na cama. Comecei a ler o caderno desde a primeira página. Algumas eu pulava, pois ainda sabia tudo o que tava escrito nela.

“Você não quer se casar?”

Pedro entrou no quarto e trancou a porta. Eu não tinha pra onde fugir. Larguei o caderno de lado e Pedro o pegou.

“Ele te deu isso?”

“Isso é meu!”

Tomei o caderno de sua mão e o guardei em uma gaveta do guarda roupa. Pedro andava de um lado para o outro, mas seus olhos estavam fixados a mim. Eu nunca o tinha visto daquele jeito. Parecia que ele seria capaz de bater em mim a qualquer momento.

“Eu não quis dizer exatamente isso.”

“Ah não? Então queria dizer o que?”

Me aproximei de Pedro lentamente e fiz com que ele se sentasse na cama. Fiquei em pé na sua frente e disse o que tinha que dizer. Confessei que sempre amei Teddy, mas não era isso que me impedia de casar com ele. Disse o que Camilla vem insistindo sempre, talvez eu apenas estivesse com ele porque ele me salvou. No final, eu disse que o amava, de alguma maneira. Eu realmente o amava, só não sabia se era no mesmo sentido que eu amava Teddy ou como um dia eu amei o Ethan. Não gosto dessa palavra “amor”. Dizem que ela move o mundo, mas de alguma forma, ela está fazendo o meu mover cada vez mais devagar.

“Se eu mudasse o nosso casamento para amanhã, você toparia?

Fiquei em silêncio. Tinha medo da minha resposta. Quer era “não”. Eu não sei se estava com medo de me casar, pelo fato de ser jovem demais ou pelo fato de ainda amar o Teddy. Eu me senti tão feliz, tão amada quando ele me pediu. O clima que eu sentia naquele dia, era mágico que talvez eu tivesse me casado. Não agora. Pedro e eu parecíamos estranhos. Ele desconfiava muito de mim, mesmo Teddy estando sempre longe. Agora que o encontrei, sei que nossa vida ficaria cada vez mais difícil.

Pedro pegou minha mão direita e tentou tirar o anel. Puxei a minha mão, antes que ele fizesse algo. O abracei, mas seus braços não me envolviam. Se Pedro me largasse, eu ficaria sozinha. Acho que esse também era meu outro medo. Eu teria que sair do apartamento e Camilla iria ficar.

“Você vai me deixar?” –Perguntei.

Pedro colocou meu cabelo atrás da minha orelha esquerda e deu um leve sorriso.

“Por mais que eu quisesse ou queira, eu não conseguiria. Nossa vida depende unicamente de suas decisões.”

Pedro deu um beijo na minha testa e saiu do quarto. Pude ouvir Camilla perguntando se tínhamos terminado. Se ele tinha me batido. Se eu tinha xingado ele ou declarado o meu amor pelo Teddy. Sai do quarto e vi Pedro dando um dinheiro para Camilla.

“Vai no cinema com sua amiga e me deixa em paz.”

Camilla foi para o seu quarto. Parecia confusa e nem olhou para mim. Fui até a sala e me sentei no sofá. Ao contrário do que eu imaginei, Pedro permaneceu sentado, assistindo a um jogo de futebol. Era domingo. Camilla passou para a cozinha e falava no celular.

“É... menina, ela disse que não queria casar... Eu sei!”

Quando voltou da cozinha, acenou para a gente e saiu. Pedro não se importava mais com o fato de andarmos sozinhas por ai. O que aumentava mais a minha certeza de que nós éramos estranhas para ele. O meu celular começou a tocar no quarto e corri para atendê-lo. Teddy piscava na tela.

“Alô?”

“Como estão as coisas ai?”

“Péssimas.” –Eu disse, sussurrando.

Me sentei na cama e ouvi Teddy perguntar o que eu tinha para fazer a noite.  Demorei para responder, mas acabei dizendo que tinha nada marcado. Ele disse, rindo, que o restaurante do hotel era ótimo e Stu não sai de lá. Acabei rindo. Aceitei o encontro e confirmei minha presença. Sem Camilla. Fui até o inicio da sala e final do corredor.

“Eu...eu vou jantar com o Teddy, Ed, hoje. Tudo bem?”

“Claro. Apesar de tudo, ele continua sendo seu amigo.”

Sorri e fui até Pedro. Eu não sabia o que era o certo a se fazer, então dei apenas um beijo em sua bochecha. Assisti ao jogo de futebol com ele, que passava no canal aberto e nenhum dos times era o que Pedro torcia, mas mesmo assim, ele via. Fui deitar minha cabeça sobre o ombro esquerdo dele e Pedro chegou para o lado.

“Não devemos fingir que somos um casal perfeito.” –Disse Pedro.