Bavarois escrita por Petit Ange


Capítulo 42
Capítulo L / Capítulo LI




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L

Um homem nunca esquece a primeira vez em que aceita a esmola do amor teatrado como num sonho de literatura em troca de um pouco do doce veneno da vaidade percorrendo os vasos sangüíneos. Depois que esse veneno agrega-se à substância, como o açúcar na água, nada mais é como antes. O sonho dessa esmola é tamanho que se acredita que ele pode prover o teto, a respiração, a ilusão e até mesmo o aquecimento no Inverno.

Tudo isso por um motivo miserável: ter seu nome impresso como num livro no coração de uma pessoa por alguns efêmeros segundos, enquanto durar o teatro, enquanto a vida estiver ali. E, a partir de então, um homem está condenado; ele irá recordar para sempre essa única esmola que o elevou em quinze minutos à condição de Deus. Ele está perdido porque, a partir daí, a sua alma já tem um preço.

Ela tinha a aparência de uma boneca. Tão firme e presente como aquelas tantas bonecas de porcelana que eu colecionava em meus poucos momentos de obsessão.

Entretanto, por mais que dissessem o contrário, eu sempre acreditei que aqui, neste lugar, era o local perfeito para repousar seu corpo. Um local que combinava perfeitamente com seu espírito.

Ex terra lucem. “Da terra, a luz”. Sempre acreditei também que o motto da Armada de St. Helens combinava perfeitamente com ela.

Por muito tempo, enquanto durou nosso teatro de máscaras Venezianas, eu acreditei que ela fosse a luz que penetrava a camada obscura de terra na qual eu estava soterrado, sufocando o espírito aos poucos. Uma única luz, que a qualquer momento podia apagar-se; e, mesmo assim, a única. A maior.

Uma perfeita ilusão feliz.

O Suttonshire Cementery, desde aquela época, definha sem uma réstia de sol, o mesmo coberto pelo projeto de edifício que se erguia, imponente, à frente daquele mar de túmulos, e cujas finas paredes transpiravam o mesmo ar de morte e abandono. Um local cavernoso e silencioso; feito de verdades e da paz de quem já não tem mais nada a temer ou a dever.

Um bosque de anjos e cruzes que, em meus primeiros anos de liberdade do cárcere, quando finalmente pude conhecer a cidade, eu aprendi a gostar. A silhueta deste edifício, por vezes, confundia-se com o ebúrneo dos túmulos cobrelos. Recortando-se contra um horizonte que vertia lágrimas acinzentadas da manhã, que perpetuamente estendia-se sobre a cidade, aquele lugar continuava ali, alimentando-se de morte e desolação.

- Flores brancas não combinam com você.

“Nem com você”, ela me responderia, se ainda pudesse falar e se movimentar. “E, entretanto, são suas preferidas”.

Como se fosse a única coisa realmente colorida no meio de um crepúsculo feito apenas de negro e cinza, como se até mesmo a própria grama adquirisse um tom morto, próprio para locais assim, as rosas brancas ainda frescas de orvalho coloriram o túmulo, escondendo parte das inscrições da lápide.

Victoria Barrington.

A garota dos olhos cianos e dos cabelos áureos.

Seus lábios pareciam desenhados. Uma criatura de pele pálida e aparência efêmera. Porém, com olhos dissimulados, atentos aos mínimos detalhes; olhos de uma pessoa que jamais esconderia que tem uma gula ambiciosa e não poupa esforços para negar-se o prazer que isso traz.

Tinha um porte sereno e amável, muito adquirido de suas observações das ladies que passavam pelas ruas, e pouco comum para alguém de sua laia, uma simples empregada de cozinha.

- ...Eu devia mesmo era ter pedido em casamento alguém como você, “Vic”.

(Lembra que você odiava esse apelido?).

Uma mulher de aparência e gestos amáveis, mas de olhos de víbora. Sim, essa era Victoria, a pessoa que eu havia escolhido, por puro capricho inexplicável, para figurar ao meu lado como uma “cortesã”, na falta de palavra melhor. Eu só desejava uma distração, e ela foi-me perfeita.

Quando estendia as pernas de contornos impossíveis, pálidas como os lençóis de minha cama, eu percebia em seus olhos o brilho malicioso perfilando-se por detrás de um rosário de palavras jamais ditas. Os olhos azuis dançavam pela biblioteca, aspirando cada mínimo detalhe, e rumando invariavelmente para os meus orbes; quando nos encarávamos, eu percebia a profundidade de uma mulher como ela. Complexa demais para que eu a entendesse.

Sim, eu nunca a entendi, “Vic”. E por isso você foi-me assim tão marcante.

Nunca entendi a sua preocupação e a sua indiferença, mescladas naquele andar de felino. E nunca entendi porque, quando a encarava escrevendo suas observações, silente, sentada no divã escarlate logo ao meu lado, enquanto eu cuidada de negócios da família, eu sentia que havia sobrevivido toda a minha infância enfermiça e miserável apenas para que nos encontrássemos e vivêssemos aqueles segundos.

- Você era tão diferente de mim, “Vic”. E isso me deixava intrigado. – sim. Você nunca foi uma romântica incurável, nunca teve ilusões vãs e patéticas, das quais poderia viver cem anos, como um náufrago perdido. Não. Você era como um carvalho: raízes fincadas no chão e galhos sempre almejando o topo, sempre desejando a máxima incidência solar. – Talvez por isso acredite, hoje, diferente do que achava na época, que eu devia ter escolhido alguém como você.

Um último romântico e uma mulher sem sonhos. Uma alma aguda como o fio de uma boa espada. Era por isso que eu a admirava.

Ainda era um moleque, confesso. Por isso mesmo, hoje eu a vejo muito diferente do que naquela época. Eu já não mais idealizo nossas conversas; apenas as lembro com nostalgia. O passado nunca é concreto: ele é sempre remodelado de acordo com nossas vivências. O que tinha um tom alegre, de um dia para o outro, pode adquirir um tom triste, embebido no intervalo esfumaçado das horas.

Essa é a vida.

“Não me venha dizer que não é um cético como eu!”, você me dizia, quando se esquecia por poucos instantes a pose de empregada servil. “Não pretende chegar ao leito nupcial virgem de coração e corpo, não é? Você não é uma alma pura que anseia por um momento mágico em que o amor verdadeiro vai levá-lo ao êxtase da carne e da alma, abençoados pelo Espírito Santo, e povoando o mundo de criaturas que tenham o nome de sua mãe ou avó e os olhos de sua esposa, essa santa mulher, modelo de virtude e recato, pela mão e corpo de quem cruzará as portas do céu, sob o olhar aprovador de Jesus. Poupe-me destas trivialidades ridículas, lord Sunderland!”

Você está certa, eu penso hoje em dia. Tão certa que, por muito tempo, “Vic”, você foi minha inspiração.

A vida não é feita de esperanças e amor. Não há sequer espaço para os bons sentimentos. Ela é um pântano lodoso e escuro, onde, se quiser sobreviver, deve se debater e afundar todos os outros, sem se importar.

O momento que você descreveu quando me disse para esquecer as trivialidades não chegará nunca, Victoria Barrington. Você está coberta de razão.

Ninguém irá se apaixonar e ninguém irá entregar sua vida e juventude a alguém. E, um dia, se completa 40 anos e finalmente se percebe que não é mais jovem e que não houve nenhum coro de cupidos nem leitos de rosas brancas estendido até o altar. E que a única vingança que se poderá ter na vida é roubar a firmeza da carne branca e ardente que se evapora como boas intenções; a coisa mais parecida com o céu que podemos encontrar é isso.

E, então, tudo começará a apodrecer e ser corroído, como é a regra da vida. Começando pela beleza e terminando pela memória.

“Mas você jamais aprendeu a lição”, ela me responderia, se pudesse ouvir meus pensamentos, se viva.

“Não mesmo”, eu responderia, com um dar de ombros. “Lembra aquela menininha que você disse que te dava arrepios tão logo ela chegou à mansão? Ela cresceu. E eu a conheci. E isso foi o suficiente para que suas palavras se perdessem no mesmo véu da ilusão de amor que eu tanto pensei em evitar.”

“Isso porque você é um tolo”, ela também daria de ombros.

Provavelmente, eu deixaria passar suas palavras, como numa silenciosa ovação. E, envolvida num halo de compreensão súbita, ela riria.

“...Que seja eterno enquanto dure!”, responderia, cheia de deboche.

E eu finalmente te esqueci.

- Sinto muito por ter conhecido seu corpo em um momento como aquele, “Vic”. Achei que fosse brotar o sangue virginal nesse momento, não o sangue das suas vísceras.

“Isso porque você é um tolo”, ela iria repetir.

“Espero que tenha bons sonhos. Ao menos na morte”, seria a minha nova ovação.

 

LI

 

Em meu mundo, há certas esperanças que dificilmente se realizam. Uma delas, acredito, é essa: acordar algum dia com Mitchell ao meu lado.

Bem, eu já devia estar acostumada. Era sempre a última a saber das coisas e também a última a acordar. Isso cobrava um preço; o fato de que ele nunca estava ali, mesmo quando eu pedia.

Pelo espaço de uma noite, eu esqueci que havia um mundo lá fora. Consciente de minha inabilidade, antecipando cada movimento meu, Mitchell guiava-me despudoradamente por caminhos feitos de poros que queimavam, de uma inconsciência que se assemelhava ao próprio sono, onde o nome e o próprio ego tornam-se elementos insignificantes.

Eu aprendera cada linha do corpo de Mitchell  como outros aprendem preces, e os dedos traçavam-lhe, frenéticos, numa tentativa de gravar-lhe por toda a eternidade.

E, naquela manhã friorenta onde as lágrimas levemente violáceas de uma chuva fina que caíra, possivelmente perto do amanhecer, iam derramando-se e tecendo mais uma vez aquela cortina que parcialmente cobria as chaminés e telhados da cidade que cheirava a neve, despertei apenas para tatear a cama e descobrir-me sozinha, com uma pontada quase física de dor no peito.

Seu cheiro ainda impregnava os travesseiros e meu corpo. Suspirei pesadamente, sentindo o frio deslizar pela linha que marcava minha coluna.

Possivelmente estava tarde. Como sempre, ele me deixara dormir e fora para algum lugar sem mim. Resmunguei um impropério, decidida a pedir-lhe explicação e exigir que não ficasse mais saindo sem me avisar, enquanto, aproveitando-me parcialmente da situação, me banhava naquele mesmo banheiro.

Não se sabe o que é ter sede até beber pela primeira vez. E, agora, eu sabia que já não havia mais solução: estava invariavelmente apaixonada. Passei a mão pelos cabelos, enquanto ajeitava os punhos de meu vestido de empregada.

Assim, desci, disposta a ajudar na cozinha, a empregar meus esforços em outra coisa útil que não sentar e esperar o tempo passar, como a água a correr. Definitivamente, eu jamais iria dar-me bem como uma lady (talvez seria bom avisar Mitchell sobre isso).

Procurava por mamãe Irisa ou por qualquer uma que pudesse me dar uma ordem, qualquer ordem, apenas para que eu pudesse ser útil.

Minha surpresa foi encontrar outra coisa completamente diferente.

- Cora!...

Assustada pela repentina voz que tirou-me o curso dos pensamentos, percebi-me vítima de um caloroso abraço que, por breves instantes, roubou-me a respiração.

O mesmo vestido negro de punhos e colarinho branco estava sendo trajado por ela. Entretanto, tirando esta semelhança, Angeline Fitzhugh éramos totalmente diferentes.

Seus cabelos eram acastanhados, puxando para um tom macilento de loiro, e tais cabelos, com uma leve aparência repicada, emoldurava o rosto de ângulos perfeitos e simétricos. Aquelas madeixas estavam sempre sedosas e perfumadas, um cheiro que me lembrava lavanda. Mas a verdadeira beleza estava, mais uma vez, nos olhos: havia uma certa sombra escura rodeando os olhos esverdeados, com um leve toque dourado, como se ela fosse uma vampiresa saída de algum conto ou teses cruéis sobre femme fatales.

- Angeline?! É você...?! – assustei-me, mesmo correspondendo ao abraço, sem entender aquela afobação.

- Estava tão preocupada com você! A senhorita Baker nos traz tão poucas informações sobre a sua pessoa!...

Era compreensível, afinal. Para Angeline, ela era a culpada por eu estar nas garras de uma pessoa tão assustadora e abominável como o lord Sunderland.

Além disso, desde que eu chegara àquela mansão, com meus doze anos e minha vida engolfada num mar de fogo e cruzes pregadas em paredes, não fui bem aceita no início. As empregadas faziam de tudo para dificultar-me a vida, e mesmo eu jamais reclamando para mamãe Irisa, elas me ameaçavam, caso ousasse contar. A senhora Fitzhugh, uma ameaçadora e conservadora mulher de coque alto e cabelo que começava a desbotar, não deixava que sua única “princesinha” ficasse com tal aberração.

E, contrariando todas as ordens, Angeline foi minha primeira amiga. Uma menina de idade semelhante, apenas um ano mais nova que eu, com quem eu podia contar. Ela tinha uma mente muito a frente de sua condição social, e isso sempre lhe trouxe a fama de “má influência”. Por isso, não era surpreendente às pessoas, tirando sua mãe, que nós nos déssemos bem.

Aos poucos, eu fui sendo aceita pelas empregadas (afinal, os peões há tempos já simpatizavam muito comigo, uma vez que até mesmo me levaram, à pedido de mamãe Irisa, daquele beco escuro e fétido onde eu estava metida), e minha vida deixou de ser problemática como antes.

Ainda sim, para Angeline, a fama de “má influência” continuou. Mas eu nunca deixava de apoiá-la e mostrar-lhe que, ao menos, ela podia contar comigo.

- Também sentia sua falta, Angel... – sorri, usando o apelido que só eu tinha permissão de falar.

- Está suportando bem? Não é assustador?

- Não, não. Foi muito desolador no início, mas depois... Depois, acostuma-se com as excentricidades do lord. Além disso... – inclinei-me um pouco mais, os poucos centímetros que diferiam nossas alturas, e sussurrei em seu ouvido. – ...A Emma Shelser esteve aqui por um tempinho, lembra? Fiquei livre do Sunderland por um bom tempo graças a isso!

- Ah... – os olhos dela acenderam-se, num brilho de curiosidade. – A-aconteceu alguma coisa entre eles?!

- Há! – resmunguei. – Aquela lady consegue ser tão bizarra quanto o nosso senhor! Não fizeram nada! Bem... Pelo que eu pude ver, pelo menos.

Angeline riu, enquanto eu me sentia uma víbora traiçoeira. Era como se eu estivesse dando passos desconcertados. Não era algo que eu devia alardear, uma vez que Irisa Baker, a própria governanta, sequer tocou desse assunto com qualquer um. Porém, falar mal de duas pessoas que se mostraram tão boas para mim ainda era um golpe duro em meus princípios firmemente enraizados.

...Sem contar que, invocando todas as lógicas e todas as memórias, eu estava noiva, ou pelo menos, “noiva” dessa mesma pessoa que estávamos ofendendo.

Paciência!, eu me consolava. Logo, vou poder contar para a Angeline a verdade. E aí, já me desculpo pela mentira deslavada.

Pigarreei, mudando de assunto, então. – Ei, Angel?

- Sim?

- Você sabe pra onde foi o lord Sunderland? Ele me deixou cumprindo tarefas e me avisou que delegaria algumas novas, mas... Quando fui procurá-lo, havia sumido!

- ...Não sabe que dia é hoje, Cora? – ela ergueu uma sobrancelha.

Lá vamos nós de novo..., suspirei, mentalmente maldizendo-me pela pergunta.

- Não sei. Que dia é?

- Não se lembra? Hoje é o aniversário de morte da Victoria! – ela me sussurrou, como se as paredes tivessem ouvidos.

Surpresa, deixei-me trair pela expressão facial e, provavelmente, porque minha mão rumou, sem que eu tivesse consciência, até os lábios, escondendo o entreabrir de susto que fizeram.

Eu lembrava, é claro. Quem esqueceria de uma manhã como aquela?

Tão logo a notícia se espalhou, como o fogo na pólvora, a casa inteira ficou alvoroçada. Policiais, perguntas, medo e confusão... E mamãe Irisa sumiu por muito tempo, deixando-me desamparada nos braços de Angeline, que também estava com tanto medo quanto eu.

Éramos inocentes e transitávamos entre a obediência militar e a displicência adolescente. Por isso, não resistimos em perfurar o aglomerado indiferente de adultos, empregados e policiais, que se amontoavam à frente da porta. E o que vimos demorou muito, muito tempo para sair definitivamente de nossas mentes.

O quarto de Victoria Barrington mais parecia uma cela escura. As paredes estavam enegrecidas da neblina da manhã e da ausência total de sol, deixando-as com um aspecto carbonizado que, imediatamente, lembrou-me a minha própria casa. Angeline sussurrou-me para que eu agüentasse só mais um pouco, e abriu caminho um pouco mais, suficiente para que víssemos toda a cena, enfim, sem tecido de vestidos e sons de passos e vozes temerosas, veladas, nos incomodando.

Victoria era uma moça muito gentil. Nunca erguera a voz comigo e sempre me ajudou. Talvez, ela foi a única indiferente à minha presença. Ou pelo menos, que nunca fez nada que me prejudicasse. E eu gostava disso nela. Só tinha medo de seus olhos oblíquos e claros, que tanto me pareciam ameaçadores. E, agora, ela estava lá, jogada no chão, com o corpo coberto por um tecido que parecia um lençol de cama. Devia ser branco, porque ainda restavam alguns pontos da mesma cor pura da neve; o resto estava tingido de vermelho vivo, escarlate do sangue e do pecado.

A mão pálida estava fora do alcance do pano, de palma para cima, os dedos num cerrar de punho que nunca se concretizou. Lembrei-me de meu corpo; ele também estava cheio de manchas de sangue, como ela. Talvez, por isso eu tenha me sentido tão mal observando aquele cadáver.

O chão estava coberto de sangue, e parte da parede também. Gemi e pedi para Angeline que fôssemos embora ou eu vomitaria ali mesmo. Ela estava mais preocupada em não sermos notadas naquele alvoroço de adultos, mas por sorte, conseguimos escapar ilesas.

- ...Nem parece que já faz tanto tempo que ela morreu! – comentei.

- Sim. E o pior é que não há nenhuma prova definitiva, por isso, o caso foi esquecido pela falta de um assassino. – ela resmungou. – Apesar de... Todo mundo saber que foi o nosso senhor. Deve ter dinheiro envolvido, sei lá...

Daquilo eu não gostava.

Sim, também já havia desconfiado de Mitchell, e por muito tempo acreditei piamente que ele assassinara a boneca que bailava pelos corredores da mansão. Mas...

- Acho que um assassino não se preocuparia em visitar o túmulo da sua vítima todos os anos. – finalizei, finalmente dando por encerrado o pseudo-mistério de seu sumiço (como sempre). – Digo... Ele foi visitá-la, não é?

- ...Acredito que sim. – Angeline concordou.

Só então percebi a movimentação repentina que tomou conta daquela parte da casa. Mesmo com a falta de sol, quem já está acostumado com situações assim sabe até mesmo perceber, mais ou menos, as horas por conta disto.

- Mas ainda não é meio-dia. O que aconteceu?

- Angeline! O que está fazendo aí parada?

- Senhorita Baker!...

A rígida Irisa. Para mim, ela sempre foi uma mãe gentil e afável. Porém, quando encarnava seu papel de governanta, era assustadora. E muito, muito convincente. Tanto que me retesei tão logo divisei, surpresa, sua silhueta recortando-se na porta que levava ao corredor de serviço.

- Vá terminar já seus serviços! – ela ralhou-nos. – E você, senhorita Baker, siga-me. O lord Sunderland chegou.

- Hum... – ela suspirou.

Eu apenas sorri, aproximando-me de Angeline e tocando seus ombros alvos por baixo da roupa de praxe. – Nos vemos numa outra hora, Angel.

- Sim... Boa sorte, Cora. – ela assentiu.

- ...Vou precisar. – pisquei.


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