Capítulo 1

Back to Virginia

O Vôo de Washington até Virginia durou 4 horas e meia, eu não consegui dormir, sequer tirar uma soneca. Tinha medo de ter um daqueles pesadelos em que eu acordava gritando. Charlie poderia estar acostumado, mas os passageiros do avião, não. Eu senti meu traseiro formigar e meu cóccix doer. Perdi-me na hora de fazer o check-in, quase perdi minhas malas, devido a minha falta de atenção. Liguei para vovó e ela disse que estariam me esperando na saída do aeroporto, então fui ao seu encontro. Imaginei que ela não poderia ir e pediria à Elena. Elena e eu éramos melhores amigas, quando crianças estudávamos juntas, éramos vizinhas, tínhamos o sonho de entrar na faculdade juntas e comprar um apartamento só nosso para morarmos juntas, mas tudo mudou quando Renée se casou com Phill e decidiu se mudar para Jacksonville. Foi quando tivemos que nos separar de vez. A última vez que nos vimos foi no enterro dos pais de Elena, há Seis meses. É irônico como o mundo dá voltas, não? Aqui estou eu, voltando para Mystic Falls.

Eu procurei Elena ou vovó, mas eu encontrei outra pessoa. Eu estava distraída procurando por Elena, quando sinto alguém tocar meu ombro esquerdo. Virei-me para trás e me deparei com lindos olhos azuis piscina e um sorriso mais do que caloroso.

– Matt?! – Exclamei surpresa. Ele sorriu maravilhosamente.

–Sou eu!- Brincou, enlaçou seus braços fortes em minha cintura e me rodou no ar, como fazíamos antes. O que mais me assustou foi que pela primeira vez em seis meses de pura tristeza, eu sorri. Não era um daqueles sorrisos que eu dava as pessoas para convencê-las de que eu estava bem ou para convencê-las de que eu prestava atenção no que diziam. Sorri verdadeiramente, de felicidade e de saudade de Matt.

Acima de Elena e Caroline, Matt era o meu melhor - melhor amigo. Elena, ela era como uma irmã pra mim, Caroline era minha melhor amiga, mas eu sempre tive por Matt minha alma gêmea. Era engraçado pensar assim, pois algumas pessoas não acreditam nesse tipo de coisa, eu também duvidada às vezes. Matt me completava de um jeito que eu não entendia, não no sentido de homem e mulher, mas sim como amigos. Ele me entendia melhor do que ninguém, assim como eu o entendia. Se realmente existisse alma- gêmeas no mundo, Matthew Donovan era a minha. É claro que até os meus onze anos de idade eu sustentava uma paixonite por ele, mas isso era antes. Coisa de Criança. Essa coisa de criança fez com que eu perdesse meu primeiro beijo pra ele. O primeiro, o segundo, o terceiro e talvez um quarto.

– Que saudades do seu abraço, pequena. – Ele murmurou com o rosto enterrado nos meus cabelos. Eu o apertei mais em meus braços.

–Idem. Desculpe-me por ser uma péssima melhor - melhor amiga e te abandonar quando minha mãe se casou de novo. – Suspirei pesarosamente. – Deus, eu não quero te soltar. – Ri envergonhada. Ele gargalhou e me soltou ainda segurando minhas mãos entre as suas mãos quentes acariciando-as com o polegar.

–Tudo bem, pelo menos eu tive algumas notícias suas nesse tempo. – Ele deu de ombros e sorriu pra mim. – Vamos, eu estava com saudades de você.

Peguei minhas duas malas e minha bolsa do carrinho e Matt tirou as malas da minha mão dizendo algo como: “Deixa que eu levo, franguinha.” Que eu respondi com um : “Ok, Mrs. Bíceps.” Revirei o olhos e olhei pra Matt, que contava alguma coisa distraído. Ele estava muito mais bonito desde a última vez que o vi, estava muito mais forte graças ao futebol americano que praticava – coisa que fiquei sabendo por Caroline em uma das nossas conversas por telefone- no colégio, pelo que eu sabia, ele era Quarterback e capitão do time. Seus cabelos agora não eram mais loiros camomila, agora eles tinham um estranho tom de loiro, era meio acobreado, meio ruivo. Era lindo. O que realmente não mudou foram seus olhos. Eram os mesmos olhos azuis e infantis de sempre, exalavam bondade e carinho.

–O que foi? O que você ta olhando? – Ele perguntou confuso. Eu só sorri.

–Eu senti saudades, Matt. – Ele sorriu radiante e passou seu braço enorme pelos meus ombros.

E naquele momento eu pensei que talvez voltar pra Mystic Falls não fosse tão ruim.

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–Eu não acredito!

–Mas é sério, Izzie. – Matt dizia enquanto dirigia em direção a Mystic Falls. - Foram uns dois anos depois que você foi embora, nós namoramos, mas não deu muito certo. Ela terminou comigo quando os pais dela morreram. – Ele confessava em um tom calmo. –Agora ela está namorando Stefan Salvatore, ele chegou esse ano na cidade.

–Ah é?

–Puxa! Ela não me disse nada nas nossas conversas pelo telefone, nem por e-mail. – Eu estava chocada. Nunca, na minha insignificante existência eu imaginaria Elena Gilbert e Matt Donovan juntos, namorando. Mais chocante ainda, Matt Donovan e Caroline Forbes! -Mas depois que o choque passou veio à curiosidade. – Mas você gostava ou gosta dela mesmo, tipo apaixonado?

Ele mordia os lábios, pensando na pergunta que eu acabara de fazer.

– Eu... - suspiro. – Eu acho que não. Bom, eu gosto dela, não me entenda mal, mas nunca estive apaixonado. É isso. Acho que é só orgulho ferido.

– Então não tem porque você estar nessa tristeza toda, Matt. Logo, logo seu ego volta ao normal. - Eu sorri passando a mão pelos seus cabelos e os bagunçando. Ele me olhou e sorriu. – Ainda mais agora, que você tem  Isabella Swan pra te consolar.

–Mas agora eu quero saber, o que diabos você foi fazer em Forks? Você sempre odiou aquela cidade. – Ele perguntava confuso.

– Eu posso te contar isso depois? – Pedi, sorrindo amarelo. Ele assentiu confuso, mas sorrindo de lado. – É que eu to tentando não pensar muito em umas coisas e te contar isso vai me fazer relembrar algo que eu não quero. – Suspirei.

– Claro Bells. Se você não quiser me contar tudo bem. Faz muito tempo que não conversamos. – Ele dizia dando de ombros. O modo como ele falou parecia como se ele acreditasse que eu perdi a confiança nele.

–Não, Matt. Não é isso. – Eu disse afobada. Suspirei. Ultimamente é só isso que eu tenho feito. – Eu só não quero relembrar agora, entende? É que eu to tão feliz por ter voltado e pensar nessas coisas vai acabar com a minha alegria.

– Ok, Relaxa Izzie. Eu entendi. –Ele sorriu.

Passamos o resto da viagem em silêncio. Vez ou outra ele comentava alguma coisa e eu respondia, mas nosso silêncio nunca era desconfortável. Depois de certo tempo de viagem nós chegamos à casa de Oda Mae, minha avó. Enquanto ele saia do carro eu ia em direção ao porta-malas pegar minhas bagagens. Ele me ajudou carregando as duas mais pesadas.

– Eu nem imaginava que você iria me buscar, sabia? – Eu disse enquanto caminhava em direção a casa. – Eu estava esperando a Oda Mae ou, sei lá, a Elena.

– Bom, elas iam te buscar, mas eu preferi fazer uma surpresa. Elena ficou meio relutante, eu até disse pra ela ir comigo, mas acho que ia ficar um clima meio estranho. Enfim, tava morrendo de saudades de você.

– Tava nada. – Provoquei. Ele me olhou com uma falsa indignação e depositou as malas na soleira da porta. –Você não vai entrar?

–Não, é melhor eu ir embora. - O Olhei com indignação. Será mesmo que ele só estava fazendo isso por...

– Elena? – Perguntei, já entendendo a situação. Ele assentiu dando de ombros como se dissesse: O que mais eu poderia fazer?

– Ok! Mas você sabe que não vai poder evitá-la pra sempre, né?- Briguei. – Vem cá me dar um abraço, Mrs. Anabolizantes.

Ele revirou os olhos e me olhou sem emoção, dizendo:

–Certo, eu faço esse sacrifício.

O Olhei indignada e dei um tapa no seu braço, que provavelmente ele nem sentiu.

–É brincadeira, amor. –E ele me puxou, me dando um daqueles abraços esmagadores até que eu implorasse pra respirar.

–Ei, tá afim sair amanhã? Eu e você? – Perguntou Matt, quando já estava com a porta do carro aberta. Eu parei pra pensar por um segundo.

Eu realmente não estava com pique algum para sair nesses últimos meses, mas era Matt. Uma pessoa importante para mim, que sempre me alegrou quando eu estava triste. Além do “Mas”, eu precisava sair dessa aura sobrenatural que pairava sobre mim, afinal, foi pra isso que eu sai de Forks, não? Pra tentar mudar e viver feliz na medida do possível.

–Claro, vai ser legal. Eu vou ficar te esperando.

–Legal! Esteja pronta às 18h30min. –Ele piscou e entrou no carro. Eu esperei que ele desse partida pra finalmente tocar a campainha. Ouvi baques no chão de madeira, como se alguém estivesse descendo a escada correndo e alguém gritou de lá de dentro: “É a Bella”

Elena.

-Menina, não corre. Você vai quebrar o pescoço!

Vovó

A porta foi aberta com violência e uma Elena sorridente me puxou pra dentro de casa com força enquanto me abraçava.

–Izzie!

–Oi, Lee! Você tá tentando arrancar meu pescoço?

Ela riu e me soltou.

–Senti saudades, Amiga.

-Eu também. Oi vovó.

–“Bem-Vinda de volta, Bella.”