The Girl Next Door escrita por Fernanda Meinert


Capítulo 6
What was Rachel doing in my shower?


Notas iniciais do capítulo

Olá! Muito muito muito obrigada pelas reviews! Aqui está mais um capítulo e acho que até agora é um dos meus favoritos. Espero que gostem. Boa leitura. xx



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Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove... nove vírgula três... nove e meio... nove vírgula sete... Ok. Ela não ia levantar no dez. Ela já havia contado até dez três vezes para então se levantar. Mas ela não iria. Era suicídio.


Um filete de luz passava pela janela e coincidia bem no olho dela. Maldita luz. Porém se mexer estava fora de cogitação. Deixe a luz. Ela manteria os olhos fechados.


Seu corpo inteiro doía. No entando, sua cabeça parecia estar sendo perfurada por mil lanças de um gladiador espartano. Sim, isso mesmo. E enquanto ela aproveitava seu estado semi-letal, flashes da noite passada passavam por sua mente.


Bar 169... Josh... dança... Chasing The Sun... festa no carro... escadas duplas... Rachel... box... Rachel no seu box... MEU DEUS! RACHEL NO MEU BOX! Seus olhos se arregalaram e a luz coincidiu direto contra eles. Um pequeno grito saiu de sua garganta e mais uma lança foi enfiada em sua cabeça. Maldito gladiador.


No entanto ela não conseguia parar de pensar. O que Rachel estava fazendo no seu box? Elas não tinham feito nada inapropriado, certo? Não! Claro que não! Rachel não faria isso. Mas ela estava bêbada. E se a morena estivesse bêbada também? Ai. Meu. Deus.


Mas... ela se sentia atraída por Rachel dessa maneira? Quer dizer, para ter interesse em algo assim? Ela estava bêbada, tudo bem. Porém dizem que quando a bebida entra, a verdade sai. Essa verdade que Quinn estava pensando existia?


Quinn Fabray, cale esses pensamentos. Eles não tem fundamento algum. Certo. Sem fundamento. Decidiu se levantar. Ela precisava de um café. Ou qualquer coisa que aliviasse aquela maldita dor de cabeça.


Ela se levantou. E agora ela se sentia um espartano na Batalha das Termópilas, sendo perfurado pelas milhares de flechas que Xerxes ordenou que o exército Persa lançasse. Cara, ela tinha que parar de assistir o History Channel.


Lavou o rosto em busca de algum alívio. A cada passo que dava, ela sentia que estava morrendo. Talvez parar de beber fosse uma boa opção para melhorar sua vida. Mentira. Não era.


Foi até a cozinha com os olhos semi abertos. O cabelo amassado juntamente com seu rosto. Café. Ela precisava de café. Abriu os armários de sua cozinha e não achou nada. Droga.


Com passos arrastados ia em direção ao sofá. Mas algo lhe chamou a atenção. Uma fita vermelha estava passando por debaixo da fresta entre sua porta e o chão. Andou com dificuldade até o objeto e abriu a porta. Um pacote de café estava amarrado a fita vermelha e junto dele tinha um bilhete.


Da próxima vez que for arruinar seu fígado em algum bar, lembre-se de ter café em casa.

Não tinha assinatura. Mas Quinn sabia que era Rachel. Ela tinha uma caligrafia única. Porém aquela frase não parecia coisa de Rachel. Podia jurar que era invensão de Santana.


Com um sorriso no rosto, levou o café até a cozinha e preparou-o bem forte. Um único pensamento rondava a sua mente: Rachel ainda se preocupava com ela.


xxxxx


Ela já se sentia bem mais disposta. A cabeça já não doía e o corpo estava começando a relaxar. Agora ela estava arfante no sofá. Porque há exatos cinco minutos ela lembrou que ainda não tinha alimentado George. Então ela correu por todo o apartamento procurando o alimento do peixe. Foi um alívio quando ela não o encontrou virado de cabeça para baixo boiando na superfície.


Agora George a olhava. Olhar de assassino. Se o peixe pudesse, certamente teria deixado Quinn sem comer para ela ver como é. A loira já se descupara milhares de vezes. Mas George estava sempre lá. A olhando. Fixamente. Para sempre.


Ela tentava desviar o olhar, mas aquelas órbitas gigantes do seu mascote a atraíam. Ela começava a pensar que estava num filme de terror. Existia algum que falasse de um peixe assassino? Porque ela poderia vender essa ideia.


O toque do seu celular a tirou de seus pensamento. O que foi bom, porque ela estava começando a ficar paranóica. Olhou a tela e percebeu que não tinha o número, mas atendeu mesmo assim.


"Alô."


"Hey, loira! Aceita que seu guia turístico te leve para almoçar?" A voz tinha um tom brincalhão.


"Josh!" Quinn exclamou. A felicidade presente em sua voz. Aproveitou para gravar o número.


"Pensei que ia me chamar de J."


"J? Isso é rídiculo. Por que eu faria isso?"


"Esquece." Ele riu. "Mas então, aceita meu convite?"


"Vejamos... eu estava pensando em fazer companhia para o meu peixe." Mentiu. Ela realmente queria sair e ficar mais longe daquele animal.


"E perder a chance de sair comigo? Não, você não faria isso."


"Você é muito convencido, sabia?" Ele riu. "Mas eu aceito."


"Passo aí daqui a uma hora."


"Certo. Tchau Josh."


"Tchau loira."


Quinn apreciava a companhia de Josh. Ele era um bom garoto. Uma pessoa diferente das que ela estava acostumada a ter por perto. E isso a deixava animada. Mudanças estavam a deixando feliz ultimamente.


Correu para seu quarto e arrumou algo para vestir. Uma calça jeans azul escura e uma blusa gola V amarela. Não era como se ela tivesse que se arrumar para sair com Josh, ele não se importaria com isso. E ela não se importaria se ele se importasse. Que?


Escovou os cabelos curtos, arrumou a franja, passou o delineador e aplicou o gloss nos lábios. Perfeito. Quinn não precisava de muito para ficar elegante.


Ela esperou mais um pouco. Decidiu por aguardar lá em baixo. Era uma boa maneira de ficar longe de George. Ele a seguiu com os olhos até a porta. Deus! Ela estava com medo.


Enquanto trancava a porta de seu apartamento, reparou em Rachel abrindo a dela. A morena notou sua presença e deu um sorriso breve. Mas Quinn precisava falar. Ela não sabia porquê, porém qualquer troca de palavras no momento eram bem vindas.


"Rachel..." Ela falou hesistante. A morena a olhou. "Obrigada pelo café." Disse, tendo dificuldade em segurar os olhos nos de Rachel.


"De nada." Ela foi breve.


"Espera!" Disse antes que a morena fechasse a porta. A diva novamente poupou as palavras e se limitou a olhá-la. Essa era mesmo Rachel Berry? "Eu... eu meio que não me lembro do que aconteceu ontem a noite, mas... bem... eu lembro de você e eu... no chuveiro..." Quinn se enrolava nas palavras e Rachel a olhava confusa. "... e bem... você sabe... nós.... você sabe..." A loira já estava completamente corada.


"Espera... Quinn, o que você está tentando dizer?" A morena portava um pequeno sorriso no rosto.


"Você sabe... eu queria saber se nós... você sabe..." Deus! Era tão difícil assim dizer em voz alta? "Eu queria saber se nós... brincamos no chuveiro..." Isso foi péssimo Fabray!


Ela estava muito envergonhada. E se sentia uma idiota também. Quem diabos diria uma coisa dessas? Mas o som da risada estrondosa de Rachel a tirou de seus pensamentos.


"Deus Quinn! Não! É claro que não!" A morena se curvava para frente e apoiava as mãos no joelho, tentando conter a gargalhada. "Não acredito que você pensou em uma coisas dessas! Rachel respirava fundo com a mão no peito."


"Eu..." Droga, droga, droga.


"Não diga nada, Quinn. Não diga nada." A morena ainda ria de vez enquanto. Quinn desviou o olhar e colocou a mão nos bolsos traseiros da calça.


Rachel finalmente conseguiu conter a gargalhada e aproveitou para examinar Quinn. Ela esta linda, como sempre. Não é como se a morena estivesse surpreendida. Mas ela via mudanças em Quinn. Mudanças que a deixavam ainda mais bela e aumentavam ainda mais a vontade de perdoá-la. Porém ela não podia. Não agora.


"Rachel... você quer jantar comigo hoje a noite?" A loira perguntou sem olhar nos olhos da morena.


"Quinn..." A expressão da diva ficou séria. "Não force as coisas..." Quinn levou os olhos até ela. Olhos entristecidos.


"Por favor." Suplicou. "Eu quero seu perdão, Rachel. Eu quero voltar a ter o que nós tínhamos. Eu quero a sua amizade. Você ainda se importa comigo, Rachel. Eu sei disso. Se não, não teria feito o que fez."


"Quinn... Você não entende. Você foi a minha única melhor amiga. Eu confiava muito em você. Você se tornou uma das pessoas mais especiais da minha vida em tão pouco tempo e eu... eu acreditava que você tinha mudado. E eu estava tão feliz, Quinn. Porque eu sempre quis sua amizade. Eu sempre te admirei apesar de tudo. "Uma lágrima solitária escorreu do olho de Rachel. "Mas então você sumiu. Desapareceu. Não mandou notícias. Me ignorou totalmente. E eu me senti traída. O que você faria se a pessoa que você mais queria por perto te quisesse longe?


"Rachel... não é isso. Eu não te queria longe." Quinn tentava se explicar de forma quase desesperada.


"Queria sim, Quinn. Eu percebi. Não precisa se explicar. Olha, eu não estou dizendo que não vamos voltar a ser amigas. Mas eu preciso de tempo, Quinn. Não vai acontecer de uma hora para outra. Não vou voltar a confiar em você da noite para o dia. E eu peço que respeite isso. Peço que me respeite. Assim como eu fiz com você." Rachel terminou com as bochechas mais úmidas que antes. Quinn não sabia o que dizer, mas ela entendia.


"Eu te respeito, Rachel. E eu vou fazer o que você quiser." A loira disse um tempo depois.


"Obrigada." A morena sussurrou e entrou no seu apartamento.


Quinn só então percebera que também havia chorado. Deus, ela estava cansada de lágrimas. Desde quando sua vida tinha se tornado um livro de Nicholas Sparks?


Tentou ao menos se tornar apresentável para Josh. Ela não estava com muita vontade de explicar tudo o que estava acontecendo para o moreno. Não agora. Desceu as escadas pensativas e quando saiu do prédio, viu Josh abanando para ela de dentro do carro. Um sorriso sincero tomou conta de seus lábios e ela adentrou o veículo.


"Oi, Quinn." Ele disse sorridente.


"Oi, Josh." Ela retribuiu no mesmo tom. "Então, quais são seus planos?"


"Espere e verá."


Eles conversaram o caminho inteiro. E isso fez Quinn se sentir melhor. Esquecer da conversa com Rachel e do peixe assassino que a esperava em casa. Quando se deram conta já estavam na frente do restaurante.


O lugar se chamava Carmines e ficava na Times Square. Era legal e barato. Eles pediram uma porção de ravioli ao queijo. A comida era realmente farta.


"Então Quinn, o que conta?" Josh perguntou enquato levava um pedaço de ravioli a boca.


"Nada que não seja entediante." Ela deu de ombros.


"Oh! Vamos lá! Me conte!" Ele insistia. "Prometo ser uma boa amiga. Só que com um pênis." Quinn riu.


"Você é um idiota." Espirrou um pouco de água nele com os dedos. "É só... está tudo ligado ao meu passado, então é uma história, muito, muito longa."


"Não me importo. Conte." Quinn concordou relutante.


Quinn contou tudo o que tinha acontecido. Desde o primeiro ano de ensino médio. Não deixou passar um detalhe sequer. E para sua surpresa, Josh a ouvia atentamente. Ela já estava a mais de duas horas falando. Ela já havia chorado e até rido da sua própria história. Sua vida daria um livro.


Ela não era um livro aberto. Mas era fácil conversar com Josh. E agora ele sabia de tudo. De sua atitude no ensino médio. De sua gravidez. De Rachel. Ela estava feliz de ter se aberto.


"Viu? Não foi tão difícil." Ele disse acariciando a mão dela.


"Não sei como você não dormiu." Ela riu sem humor.


"Pare com isso! Sua história é interessante. Posso roubá-la e escrever um livro?"


"Você é escritor?"


"Nas horas vagas." Ele deu de ombros.


Josh queria explorar mais o assunto Rachel. Porém ele notou como tudo que envolvia a garota e seu passado a deixavam um tanto atormentada. E ele não queria forçar nada. Resolveu mudar de assunto e oferecer um novo programa.


"Que tal darmos uma caminhada?" Sugeriu enquanto pagava a conta. Quinn insistiu em dividir, mas Josh a proibiu de pagar.


"Perfeito." Eles foram até o Central Park de carro e então adentraram o Parque.


Já estavam a meia hora caminhando. Tinham comprado balões de gás e agora caminhavam como duas crianças pelo parque. Esse era mais um motivo pelo qual Quinn amava Josh: ele não tinha medo de pagar mico com ela.


Ambos riam das histórias que o moreno estava contando. O estômago de Quinn doia de tanto rir então eles tiveram que fazer uma pausa. Optaram por sentar em um dos bancos que estava voltado para o lago.


"Então senhorita Fabray, me diga, como você ainda está solteira?" Josh soltou aleatóriamente e Quinn o olhou confusa.


"Não achei a pessoa certa...?" Disse procurando sua aprovação.


"Pessoa certa? Então você..." Ele não terminou, mas Quinn logo entendeu o que ele queria dizer. Deus! Isso a pegou de surpresa.


"Sim." Ela suspirou. Admitir isso em voz alta ainda era assustador. Embora ela tivesse pensado muito desde a festa e percebido que de fato sentia um pouco de atração por mulheres.


"Oh... tudo bem. Eu não me importo."


"É só que... eu percebi faz pouco tempo e bem... é que confuso e... assustador." Ela olhava para seus sapatos.


"Relaxa. Eu vou te ajudar. Já passei por isso." Quinn arregalou os olhos.


"Não me diga que você é gay? Ou fez mudança de sexo? Ai meu Deus!" Ela quase gritava. Josh colocou a mão na sua boca.


"Dá pra você calar a boca!" Ele retirou a mão de Quinn. "Obrigado Quinn. Acabou de expulsar a gostosa que estava caminhando com o cachorro. Ela estava me olhando desde que chegamos!" Ele parecia arrasado.


"Desculpa." Ela murmurou.


"Tudo bem. Ele sorriu, despertando um alívio em Quinn. "O que eu queria dizer é que minha irmã é lésbica. Eu sei o que você está passando, porque acompanhei todo o processo dela. Ela me contava tudo e creio que posso te ajudar se precisar de algo." Sorriu amigável.


"Mas eu não sou lésbica." Ela murmurou envolvendo os braços em torno do estômago.


"Relaxa, Quinn. Não precisa saber de nada agora." Ele sorriu e passou o braço em torno dos ombros de Quinn. "Daqui a pouco vamos estar saindo para pegar algumas gostosas." Ela riu e se aconchegou mais a Josh.


"Você é um bobo."


"Quinn, uma coisa eu digo: mulheres são bem melhores que homens." Ele disse sorrindo travesso.


"Você é suspeito para falar. É homem E HÉTERO." Ela gritou a última parte chamando a atenção de algumas pessoas no parque. Ambos riram.


"Eu sou apenas sábio, Quinn. Apenas sábio..."



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