The Girl Next Door escrita por Fernanda Meinert


Capítulo 12
The L Word


Notas iniciais do capítulo

Olá! Eu queria agradecer as reviews e esclarecer algumas coisas. Se vocês prestarem atenção na fic, vão perceber que o comportamento da Rachel tem muita mais da old Rachel do que da nova. E por isso vocês devem levar em conta que Rach não tem muitos amigos, vive sozinha, e somado ao fato de que Quinn a deixou sem mais nem menos, contribuiu para essa Rachel. Mas isso não exclui o fato de que isso pode mudar no decorrer da história. Enfim, boa leitura!



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Rachel e Quinn estavam esparramadas no sofá da casa da loira. Cada uma em um canto.


A morena havia realizado um quase enterro judaico para George. Elas enrolaram o animal em um pedaço de pano branco. Em seguida, Rachel recitou algumas palavras do alcorão. Para então fingir algumas lágrimas, que de acordo com a diva, davam mais emoção ao momento. E depois disso, elas comeram muitas balas de goma para aliviar a tristeza que Quinn não sentia.


A loira zapeava os canais sem realmente prestar atenção neles. Até que ela percebeu que deveria ceder atenção a Rachel.


“Rach?” Ela disse olhando para a outra extremidade do sofá onde a morena estava deitada.


“Sim?” Rachel devolveu o olhar.


“Por que você mora com a Santana e não com o Kurt?” Essa dúvida rondava a cabeça da loira.


“Bem...” A morena pareceu considerar a pergunta. “Eu cheguei à Nova York antes dele. E quando ele veio para cá, eu já estava com Santana. Então eu não poderia simplesmente mandá-la embora.” Quinn ainda não estava totalmente convencida com a resposta.


“Certo, agora me conte toda a verdade.” A loira se endireitou no sofá. Rachel fez o mesmo.


Suspirou antes de retornar a falar. “Ele tentou novamente entrar para NYADA, mas não conseguiu. E quando nós estávamos juntos, eu contava para ele sobre como era lá. E como eu estava feliz. E tudo que estava conquistando. Mas eu não imaginava que ele não gostava de me ouvir. Até que um dia ele explodiu e nós brigamos feio. Aparentemente Kurt se sentia mal por não conseguir alcançar o que eu estava alcançando. Afinal, era um sonho que nós dividíamos.” Quinn percebeu os olhos marejados da morena. E sentiu uma vontade imensa de abraçá-la. No entanto, ela apenas se aproximou da diva e deslizou a mão pelo braço moreno. Recebendo um sorriso em troca. “Eu juro que eu não fazia por mal.” A morena admitiu cabisbaixa.


“Eu sei, Rach.” Quinn suspirou e finalmente trouxe Rachel mais para perto. Abraçando-a e descansando seu queixo no topo da cabeça da diva.


A loira acariciava as costas morenas enquanto absorvia o cheiro de baunilha dos cabelos castanhos. Esse estava se tornado um de seus aromados favoritos.


Ela tirou o queixo da cabeça de Rachel e observou a posição em que elas se encontravam. A morena parecia tão pequena. E isso gerava tanto carinho e ternura em Quinn. Porque algo dentro dela gritava para proteger Rachel. E ela o faria.


Já a morena não acreditava que fosse possível se sentir tão segura nos braços de alguém. Não como agora.


“Você me disse que vocês ainda se falavam...” Quinn murmurou, quebrando o silêncio.


“Depois que ele conseguiu o trabalho na Vogue nós retomamos a amizade. Ele pediu desculpas e eu também, mas não é mais a mesma coisa.” Suspirou enquanto sentia que Quinn lhe trazer mais para perto. “Mas nós estamos trabalhando nisso.” Admitiu com um pequeno sorriso se formando em seus lábios.


Elas continuaram assim por mais alguns minutos. Nenhuma das duas fazia questão em se separar. O abraço era confortável. Íntimo. E trazia um calor que ambas não sentiam há muito tempo. Era... diferente.


Rachel observou o relógio que descansava na mesa da TV e se afastou de Quinn sentindo seu coração se apertar pelo ato. A loira soltou um grunhido quando percebeu a ausência do calor do corpo da morena contra o seu.


“Eu tenho que passar no teatro para os últimos ajustes. Nossa peça estreia em dois dias.” Ela se explicou.


Quinn se limitou a assentir e quando ia guiar a morena até a porta, percebeu que essa tinha os olhos fixados na televisão. Virou-se para ver o que chamava a atenção de Rachel.


“Oh, é só a propaganda.” A morena comentou.


“Propaganda de quê?” Quinn perguntou ao pousar a mãos nas costas de Rachel e levá-la até a porta. A morena sorriu com o gesto.


“The L Word.” Rachel comentou com a sobrancelha sedutoramente arqueada enquanto se encostava a soleira da porta.


Quinn sentiu-se arrepiar com aquele simples gesto. Mas preferiu ignorar.


“O-o que é isso?” A loira se maldizia mentalmente por ter gaguejado.


“Oh, Quinn! Você não conhece?” Rachel parecia chocada e animada ao mesmo tempo.


A loira mexeu a cabeça de um lado para o outro, negando.


“É uma série muito boa. Você deveria assistir. Passa à meia noite no Showtime Channel.” Quinn ia perguntar sobre o que se tratava. Mas se viu surpreendida com Rachel depositando um beijo molhado em sua bochecha. E em seguida, indo até seu apartamento.


Quinn olhava para a porta fechada enquanto levava a mão até o lugar onde os lábios de Rachel haviam tocado. Um sorriso bobo apareceu em seu rosto quando ela constatou que o local estava quente.


Assim que a morena fechou a porta, um sorriso relativamente grande tomou conta de seus lábios. Porque ela finalmente comprovou sua teoria de que os abraços de Quinn eram os melhores do mundo.


A loira tinha um toque delicado. A pele era macia. Mas ao mesmo tempo, Rachel era capaz de sentir os músculos que Quinn carregava desde a época que era líder de torcida.


No entanto, a morena tratou de dissimular esses pensamentos. Não seria nada bom para ela se não fosse capaz de se concentrar em seu ensaio.


Enquanto fechava a porta, sentiu a vibração do celular dentro da bolsa. Sorriu ao ver quem era.


“Oi, Kate! Sim... Oh, obrigada... Estou aí em quinze minutos. Até logo!”


xxxxx


Quinn se encontrava na mesma posição por mais de dez minutos. Ela estava em seu sofá, virada para o canto que Rachel sentara mais cedo.


Não sabia exatamente pelo que procurava. Mas algo a dizia que se continuasse olhando, ela talvez achasse a resposta.


A loira sentia-se estranha. O seu estômago guardava uma mistura engraçada de ansiedade e alegria. E ela só não podia esperar para ver Rachel novamente.


Quinn se perguntava como ela foi capaz de ficar longe da morena por tanto tempo. Afinal, da onde ela tirou forças para isso? Porque, no momento, ela estava pensando seriamente em descobrir onde é o teatro de Rachel. Para então sequestrá-la. Assim elas poderiam viajar pelo mundo fazendo funerais de peixes judaicos. Quinn, foco.


A loira bufou, finamente, desviando o olhar do sofá.


Ela sentia-se entediada e sozinha. E isso era completamente errado, considerando que ela morava em uma cidade como Nova York.


Alcançou seu celular na mesinha de centro e discou o tão conhecido número que ela ignorou por anos.


“San?”


“Fabray? Você ainda tem meu número?”


“Óbvio que eu tenho seu número.”


“Certo... Mas o que você quer? Eu estou trabalhando agora.”


“Sempre tão gentil...” Quinn comentou brincalhona.


“Não enche.” Santana devolveu no mesmo tom.


“Posso te pedir um favor?” A loira mordeu o lábio.


“Vá em frente.”


“Você sabe em que teatro a Rachel está?” Quinn perguntou tentando dissimular a ansiedade.


George Gershwin Theatre.” Respondeu rapidamente.


“E onde fica exatamente...?”


“Fabray, você está tão perdida.” Santana comentou soltando uma risada.


“San... é sério...”.


“Na rua entre a Broadway e a oitava avenida. Mas escuta...” Fez uma pausa. “Por que você quer saber?”


“Eu...” Quinn brincava com os próprios dedos. “Eu quero fazer uma surpresa para Rachel.” Mordeu o interior da bochecha.


Santana sorriu do outro lado da linha.


“E por que exatamente?”


“Porque eu...” Quinn se enrolava nas palavras e os batuques de seus dedos ficaram mais rápidos. “Eu...” Suspirou alto. Céus! Por que era tão difícil dizer ‘Eu quero passar mais tempo com ela, porque simplesmente não consigo ficar longe. ’?


“Quinn...?” Santana chamou tentando suprir a risada.


“Sim...?” Deus, ela estava tão idiota. Levou as mãos às têmporas e apertou.


“Por que você vai fazer uma surpresa para Rachel?”


“Porque eu quero vê-la.” Disse por fim. Até que não foi tão mal.


Santana sorriu ainda mais do outro lado da linha.


“Quinn, eu posso te fazer uma pergunta?” A latina sabia que precisava jogar uma bomba. Fazer Quinn pensar.


“Sim.”


“Você gosta da Rachel?”


“É claro que eu gosto da Rachel. Porque eu não gostaria?” Respondeu indignada. Ouviu Santana bufar do outro lado da linha.


“Eu não digo ‘gostar’ nesse sentido. Eu digo ´gostar´no sentido paixão.” A latina procurou escolher bem as palavras.


“O QUE?” A voz de Quinn saiu tão aguda que fez Santana se encolher e proteger seus ouvidos. “Isso é... isso é...” Gesticulava freneticamente com os braços mesmo sabendo que a latina não podia vê-los. “Isso é um absurdo!” Acusou e em seguida desligou o telefone.


Quinn se encontrava completamente corada. Ela não sabia da onde Santana havia tirado aquela maldita ideia.


No entanto, ela se amaldiçoava por não ter apenas dito “Não.”. Porque essa era a resposta. Certo? Sim. Quinn Fabray não estava apaixonada por Rachel Berry. Era ridículo e sem nexo. Você não está apaixonada por ela, Quinn. Você não está. Santana é maluca.


Depois de tentar convencer a si mesma que não estava apaixonada por Rachel, Quinn alcançou sua bolsa e se apressou em chamar um taxi.


E agora ela estava dentro do automóvel. Nova York passava diante de seus olhos enquanto ela considerava o que Santana havia perguntado mais cedo. Parecia errado pensar em estar apaixonada por Rachel. Porque era... Rachel.


A garota que esteve presente em grande parte da sua vida. A garota a qual Quinn dedicou o tempo para maltratar. E isso era o que a loira nunca ia entender. Porque fez tanto mal à Rachel sendo que tudo o que mais queria era que ela estivesse por perto?


Talvez fosse porque Quinn não entendesse o motivo de Rachel estar sempre lá. Lá por ela independente de tudo. Sendo que a maioria das pessoas não se importavam. Mas Rachel... Rachel continuava lá. E isso era intrigante e irritante ao mesmo tempo. E a loira precisava testá-la. Precisava ter certeza de que ela não iria. E então a maltratava.


É uma forma doentia de pensar. Mas é a verdade.


E agora, pensar na possibilidade de se apaixonar por Rachel era um tanto perturbadora.


E Quinn continuava se maldizendo por considerar essa hipótese. Mas ela não conseguia não fazê-lo.


Porque ela sentiu falta de Rachel. Muita falta. Como pensou que nunca fosse capaz de sentir. E então ela veio para Nova York e encontrou a morena. Prometendo para si mesma que a conquistaria novamente.


Afinal ela batalhou para construir aquela amizade. E depois ela a destruiu.


Mas paixão... Isso era diferente. Era um novo patamar. Um novo nível.


Se alguém analisasse a situação de fora, poderia facilmente dizer “Quinn Fabray está apaixonada por Rachel Berry.”. Afinal a loira tem essa necessidade de estar perto da morena. De vê-la feliz. Sem falar no encanto que Rachel tem sobre Quinn. Nos efeitos físicos que a diva causa na artista.


Mas Quinn não via isso. Ela não tinha a mente aberta.


Ela não sabia. Mas ela sentia.


Sentia esse sentimento forte e avassalador dentro dela. Mas não conseguia enxergar como paixão.


E isso chegava a ser frustrante.


Desligou-se dos pensamentos quando ouviu a voz do taxista indicando que tinham chegado ao destino. A loira, gentilmente, pagou o que devia e desceu do taxi.


Seus olhos rodearam todo o lugar e pararam no teatro a sua frente. E quando ela pensou em entrar, avistou Rachel saindo com outra mulher ao seu lado.


O coração de Quinn se apertou por um momento. Mas essa sensação se foi quando a morena encontrou seus olhos e lançou-lhe o mais lindo de todos os sorrisos.


E a loira não foi capaz de fazer nada mais do que sorrir de volta e acenar pateticamente.


Ela é linda... E eu sou uma idiota.


“Quinn! O que faz a aqui?” A morena exclamou alegremente enquanto Quinn sentia o pequeno corpo abraçar-se ao seu e seu coração se encher de um calor reconfortante.


“Eu vim te fazer uma surpresa. Pensei que nós poderíamos sair e... passear.” A loira continuava com os braços ao redor de Rachel e essa apenas levantou a cabeça para olhá-la sem soltá-la.


Ficarem em silêncio enquanto lançavam sorrisos uma em direção à outra. No entanto, um pigarro foi ouvido, fazendo Rachel se afastar.


Os olhos de Quinn foram direto para a mulher que acompanhava a morena, lançando-lhe um olhar nada amigável.


“Oh! Me desculpem. Eu não apresentei vocês. Kate...” Rachel apontou para a mulher de cabelos negros e olhos azuis ao lado dela. “Essa é Quinn. E Quinn, essa é Kate.”


“Prazer.” A loira estendeu a mão em direção à mulher. No entanto, essa apenas assentiu com um pequeno sorriso nos lábios, ignorando completamente o gesto de Quinn.


“Rach.” Kate desviou o olhar para a morena. “Eu estou indo.” Então ela abraçou Rachel de uma forma extremamente íntima. Para depois, depositar um beijo no canto dos lábios da morena.


E essa cena fez o estômago de Quinn se revirar. Ela desviou os olhos e se concentrou em algum ponto enquanto lutava contra o aperto que surgia em seu peito.


“Certo... Ahn, tchau Kate.” Rachel estava surpresa pelo gesto da amiga.


Quando Kate saiu de cena, ambas as garotas estavam em silêncio. Um silêncio de constrangimento. No entanto, Rachel Berry sendo Rachel Berry, decidiu quebrá-lo.


“Então... quais são seus planos?” Perguntou com os olhinhos brilhando em expectativa, o que fez Quinn relaxar e sorrir abertamente.


“Eu pensei em um passeio no Central Park com direito a um Starbucks.” Quinn lançou um sorriso sedutor brincalhão em direção à morena, que teve o coração batendo mais forte.


“Perfeito.” Elas chamaram um taxi e seguiram até o lugar proposto.


xxxxx


“Você está brincando!” Quinn exclamou enquanto elas caminhavam com os braços enganchados pelo Central Park.


Rachel deu um gole em seu café antes de responder.


“Não! Eu juro! Ele veio até Nova York depois de desaparecer por meses querendo que nós voltássemos. Como se fosse algo fácil. Como se ele pudesse simplesmente aparecer e achar que eu vou esperar por ele para sempre.” Rachel odiava falar sobre isso. Mas Quinn parecia ser uma exceção para tudo.


“Finn é retardado. Eu digo... às vezes.”


“Às vezes? Pois eu acho que ele é com muita frequência. Ainda não entendo o porquê de termos brigado tantas vezes por ele.” Eu devia era ter brigado por você. Acrescentou no pensamento.


“Mas você disse que voltou com ele no segundo ano de faculdade.” Bebericou seu café.


“E eu fiz. Mas Deus, eu não conseguia aguentar aquilo. Era sufocante. E acho que se não tivesse terminado com ele, eu o odiaria agora.”


“Sabe... eu não vou muito com a cara dele. E eu sempre achei que vocês não combinavam. Quer dizer, você é tão pequena e delicada.” Rachel sorriu e Quinn corou. “E ele é tão... grande e desastrado. E depois de tudo... eu simplesmente não... não vou com a cara dele.” A loira terminou seu discurso voltando à atenção para seu café.


“Talvez você tenha razão.” Rachel comentou, levando seu olhar até Quinn e constatando mais uma vez o quanto ela era linda.


Um silêncio confortável, ao menos para a morena, se instalou. Mas a loira ainda tinha uma pergunta. Uma dúvida que rondava sua mente e estava engatada em sua garganta. E se ela não perguntasse logo, acabaria engasgando.


“Rach...” Sua voz saiu quase como um sussurro. Isso costumava acontecer quando a timidez tomava conta de si. “Quem é Kate?”


“Ela faz parte da produção de Wicked.”


“E vocês estão... juntas?” Rachel ficou surpresa com a pergunta. E Quinn apenas manteve a atenção em seu café. As coisas ficavam mais fáceis.


“Não!”


“Desculpa, eu pensei que... Droga, eu... eu... eu sei que você é hétero, eu só... –“


“Eu não disse isso.” Rachel a cortou.


“O que?” Quinn encontrou os olhos castanhos.


“Eu não tenho objeção alguma quando se trata de ter uma relação com mulheres. Visto que meus pais são gays e eu tenho a mente totalmente aberta.”


“Hmm.” Foi tudo o que a loira conseguiu dizer enquanto processava a afirmação.


“Eu e Kate nos envolvemos um tempo atrás.” Quinn tentou novamente se livrar do nó que se formava em sua garganta.


“Você não a listou quando eu te perguntei.”


“Eu só... É que não foi nada importante.” Deu de ombros.


Quinn assentiu enquanto pensava em uma maneira de mudar de assunto. Elas deram mais alguns passos até que a ideia perfeita apareceu.


“Preparada para ser famosa?” A loira viu os olhos castanhos brilharem e o sorriso de 1000 watts aparecer no rosto de Rachel.


“Eu esperei por essa grande chance a vida toda. Quer dizer... É Wicked! Meu Deus, eu vou estrelar Wicked. É inacreditável, não é?” Rachel disse enquanto seus passos se transformavam em pulinhos.


“Na verdade, não é inacreditável. Eu sempre soube que você conseguiria.” Quinn olhou para a morena com extrema adoração enquanto essa corava.


“Obrigada.” Respondeu encabulada.


“É sério. Rach, você é a melhor. Você nasceu para isso. Mas eu acredito que você consiga ainda mais.” Quinn proferia cada palavra com um sorriso no rosto.


“Para, Q. Santana diz que quando as pessoas me elogiam demais eu fico insuportável.” Comentou brincalhona, fazendo Quinn sorrir também.


Elas caminharam por mais uma hora. Para então seguirem para o prédio.


Quinn estava exausta. Mas nada poderia tirar o sorriso de seu rosto.


Ela caminhou até o banheiro e deixou que a água morna escorresse pelo seu corpo. Um suspirou aliviado saiu de seus lábios quando sentiu o corpo relaxar.


E enquanto enxaguava os cabelos, ela teve um daqueles momentos. Aqueles momentos quando a inspiração simplesmente surge e ela precisa de um pincel em mãos.


Saiu do chuveiro apressadamente. Vestiu seu roupão e não ligou para os resíduos de shampoo que jaziam nos fios loiros.


Colocou uma tela branca no cavalete, sacou as tintas e molhou os pinceis.


As linhas fluíam de um jeito que ainda deixava Quinn impressionada. Ela não precisava pensar. Sua mão adquiria vida própria e fazia todo o trabalho. Era algo quase mágico.


E depois de três horas pintando sem nenhuma pausa, ela deu seu trabalho como terminado.


Voltou ao chuveiro procurando terminar seu banho.


E ela se pegou pensando em Rachel. E como toda vez que elas passavam algum tempo juntas, a sua inspiração fluía.


xxxxx


Quinn preparou um sanduíche para si. E então se dirigiu até o sofá.


Seus olhos pararam no relógio, que indicava 12:07PM. E então recordou sobre a série que Rachel comentara hoje mais cedo.


Seus dedos dançaram pelos números do controle remoto, selecionando o Showtime Channel.


Ela perdeu os primeiros minutos da série. Visto que a abertura já era exibida, mostrando as palavras como “Lust”, “L.A”, “Love” e outras. Mas uma que chamou a atenção de Quinn foi “Lesbian”. Seus olhos se arregalaram. Essa era a mesmo a série que Rachel recomendara?


Sua dúvida se esclareceu quando o nome “The L Word” preencheu a tela em letras brancas.


Ela se concentrou nas cenas e as coisas iam relativamente bem. A série era interessante. Tratava-se de um grupo de amigas incluindo lésbicas e bissexuais, que tinham o costume de se encontrar em um café chamado The Planet.


xxxxx


Oh meu Deus! De novo! Quinn levou a almofada ao rosto, cobrindo os olhos. Visto que essa era a terceira vez que aparecia uma mulher de topless e ela estava um pouco assustada.


Abaixou a peça vagarosamente, constatando que a cena já passara.


Ela se sentia idiota por agir assim. Vamos lá, ela já era adulta. Mas todo esse negócio era novo para ela e isso a deixava muito assustada.


Quinn, nós temos que assistir isso. Afinal nós somos abertas para tudo agora. Encare isso como um desafio. Uma forma de aprendizagem.


Eu sei, mas é assustador. Quer dizer, porque essas mulheres não podem simplesmente ficar de blusa.


Você está sendo infantil.


Eu estou com medo.


Não tem porque ter medo.


Como não? Você viu aquilo?


Vi. E vai me dizer que você não gostou?


Não gostei.


Mentirosa.


É verdade!


Mentirosa!


Tudo bem, talvez eu tenha achado um pouquinho sexy.


Viu. Eu sabia.


Quinn revirou os olhos para sua própria consciência. E depois o fez para si mesma por estar conversando com sua consciência.


E então ela se pegou com os olhos presos na tela novamente. Ela sabia o que estava por vir. Ela sabia o que aquelas mulheres estavam prestes a fazer. Mas ela simplesmente não conseguia desviar a atenção. A curiosidade que tomava conta dela naquele momento era mais forte.


Os gemidos começaram e ela abaixou o volume da TV consideravelmente. Seu rosto estava totalmente corado mesmo sabendo que ninguém poderia vê-la agora.


E o que você está achando?


Oh, saia daqui! Eu estou tentando assistir.


E isso significa que você está gostando. E novamente, eu ganhei.


Você sou eu. Então nós ganhamos.


Nós somos tão gays.


Não somos não.


Pelo amor de Deus, olhe para nós agora!


O que? A série é interessante.


Eu sei bem o que você acha interessante, Fabray.


Quieta.


O capítulo terminou e Quinn ainda mantinha o olhar na TV. Ela sentia uma mistura de emoções. No entanto, o que mais predominava era medo. Medo porque ela descobriu que ela queria aquilo. Quinn queria o que viu na série.


Ela tinha curiosidade.


Ela não se importaria em ter um relacionamento como o de Bette e Tina. E ela também não se importaria em experimentar os toques suaves de uma mulher durante o sexo ao invés dos toques mais bruscos de um homem.


Quinn só não sabia como lidar com isso.


Era tudo tão assustador. E ela não tinha nem o mínimo de experiência.


E então ela chegou a duas conclusões. Primeira: ela precisava de ajuda. Segunda: ela nunca mais conversaria com a sua consciência novamente.


Ao menos era o que ela esperava.



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Notas finais do capítulo

Showtime é um canal pago da TV americana.