Páginas Do Diário Empoeirado De Arthur escrita por Thaís Milena


Capítulo 1
Mudança de Rotina


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem da história. Boa leitura.



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Quando abri os olhos para o novo dia, não imaginava o que aconteceria. Todas as manhãs eu fazia a mesma coisa: abria os olhos, fitava o teto, respirava fundo, me espreguiçava e me preparava para o que me aguardava. Em apenas 60 segundos acordado eu tinha consciência de que cada parte do meu corpo gritava que era mais seguro continuar a dormir. Eu não esperava nada de especial para hoje, muito menos em uma segunda-feira. Acordar, caminhar, comer, trabalhar, voltar, jantar, ler, escrever, dormir e tudo voltava a se repetir. 

Em meus dez anos morando sozinho, eu nunca tomei café da manhã em casa. Meu pequeno apartamento exalava solidão e esse clima deprimente no café da manhã me dava indigestão. Então toda manhã eu ia tomar café no mesmo lugar, na mesma hora e fazia sempre o mesmo pedido. Naquela lanchonete, cercado de pessoas desconhecidas, eu não tomava café sozinho, mesmo que elas não tivessem consciência da minha companhia. Eu não sabia o nome de todas aquelas pessoas, mas eu conhecia todos os rostos que frequentavam o lugar, e tinha consciência de que todos sabiam o meu nome, mesmo que nunca vieram me perguntar.
Passei pela porta e me encaminhei para a mesa vazia no fundo do lugar. A minha mesa. A garçonete não me trazia o cardápio como fazia com as outras mesas, para mim ela trazia direto o pedido: a habitual omelete e uma xícara de café. Sentado ali, desatento, perdido em pensamentos, foi a primeira vez que a vi.
Se alguma vez eu a tivesse visto em algum lugar, eu iria me lembrar. O rosto dela não é algo que se possa ver e simplesmente esquecer. Os longos cabelos claros caindo sobre os ombros, uma mecha oscilava em seu rosto, me fazendo querer estender a mão e coloca-la no lugar. A luz que emanava da janela cintilava sobre a pele dela. Ela segurava um livro na mão, e o olhar dela estava perdido nas páginas do livro. Não consegui ler o título… E se estivesse lendo um livro que eu gostava?
Eu poderia ir até lá, iríamos conversar discutir sobre o livro, ela ia falar sobre ela e eu ia digerir cada palavra que ela emitisse. Passaríamos a nos ver todos os dias, naquele mesmo horário, e pela primeira vez alguém estaria ciente da minha companhia no café da manhã. Nós trocaríamos o número do telefone, e pela primeira vez eu teria um número gravado na agenda do meu celular, teria um motivo para usá-lo. Conversaríamos até tarde, ela iria me fazer rir, e pela primeira vez em muito tempo eu teria motivos para sorrir. As minhas tardes de domingo não seriam mais vazias e tediosas, a minha casa não seria mais tão silenciosa… Ela podia se mudar. Nós poderíamos nos casar. Ela iria redecorar meu apartamento, abrir as cortinas e deixar a luz entrar, adicionar seus livros a minha estante, a sua escova de dente faria companhia a minha e tomar café em casa não seria tão ruim assim. Pintaríamos as paredes de azul, trocaríamos os móveis, compraríamos um cachorro… E se ela lesse um livro que eu gostasse?



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Notas finais do capítulo

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