Cemetery Drive escrita por Cross Killjoy


Capítulo 4
And Crash The Cemetery Gates




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[…]

23h52min

Cruzamos aquele apertado e sombrio caminho arborizado, que, muito provavelmente, servia como algum tipo de proteção para o acesso ao cemitério, com bastante cuidado e atenção. Não por causa de medo de fantasmas, vampiros e lobisomens; Antes fossem essas criaturas folclóricas, o motivo de nosso receio. Mas, lamentavelmente ou não, era uma insegurança mais real. Porque, houveram tempos realmente difíceis para New Jersey, em que assassinatos simplesmente aconteciam, sem quaisquer explicações. Coisa de um ano, um ano e meio atrás. Muitos corpos foram encontrados, boiando, no famigerado rio Hudson. E absolutamente ninguém sabia como foi que aquelas pessoas vieram a falecer, ainda mais daquele jeito tão... Esquisito. Algumas escoriações ali. Outras escoriações aqui. E mais nada. Nada que fosse relevante aos olhos dos policiais. Nada que fizesse com que os médicos-legistas chegassem a alguma conclusão, para que pudessem dissolver a grande incidência daqueles casos, e, posteriormente, apanhassem o suposto serial killer. Desde então, como uma consequência para esses eventos macabros, conhecemos a região correspondente a ponte acima do rio Hudson e suas demais vinculações, como “The Murder Scene”.

Estranhamente, o cemitério fica logo além da ponte.

Gerard: – O que faremos? – o meu mais querido amigo perguntou-me, um tanto chocado, assim que chegamos em frente aos portões feitos de um metal enferrujado, que restringiam o acesso ao covil dos mortos. Olhei-o por um momento, e logo depois fui recostando a minha bicicleta em uma parede manchada. Cuidei para que minhas mãos ficassem bem longe das paredes, e das manchas, principalmente, afinal de contas, conhecia muito bem a origem delas. Além de mortos, cemitérios são repletos de baratas e outros insetos. Não tenho medo, mas, confesso-lhes, que certo nojinho, hei de ter.

Gerard: – Passaram cadeados e tudo mais! – alertou-me, revoltado, cruzando seus braços. Aproximei-me dele, e analisei as correntes presas aos cadeados. – Com certeza, eles não querem ninguém aqui, Frank... Pelo menos, não há essa hora!

Eu: – Acalme-se, Gege. Daremos um jeito. Eu pensei nisso... Então, não se preocupe. – respondi-o, com um sorriso simpático, querendo confortar-lhe um pouco que fosse. Era verdade, eu realmente havia planejado tudo: Saquei um alicate de alvenaria de dentro de um dos bolsos do meu agasalho, e mostrei-o a Gerard.

Gerard: – Só pode ter enlouquecido mesmo! – afastou-se, dando alguns passos, ressentido com o meu plano. – Quer ir pra cadeia? Uh? É isso? – questionou-me, furioso, somente controlando-se, em seu tom de voz, porque, talvez, reconhecesse que, acaso gritasse comigo, algum zelador poderia ouvi-lo em seu chilique desnecessário, e suas palavras seriam verdadeiras: Consequentemente, acabaríamos, os dois, esquecidos no xadrez.

(Risos.)

De qualquer modo, Gerard tinha alguma razão. Porque, além de todos aqueles problemas correlacionados aos acontecimentos da The Murder Scene, também haviam aqueles assaltos... Sim, assaltos. E mais engraçado que assaltos, são aqueles que acontecem dentro de cemitérios.

Juro, por Deus, que estou falando a verdade!

(De coração, de dedos cruzados.)

Alguns malucos roubam as lápides mais trabalhadas, para conseguirem extrair-lhe os metais e as pedras preciosas. Inclusive, chegam a furtarem os vasos artesanais, que, em geral, são presentes dos familiares vivos, para seus familiares mortos, com arranjos e tudo mais.

Juro, por Cristo, que estou dizendo a verdade!

(De coração, de dedos cruzados.)

Enfim... Por conta dessas coisinhas que andam acontecendo, em Jersey, eles resolveram trancar o cemitério, pelo menos, quando for noite e enquanto a vigilância for escassa. Imagino que, tomaram essas medidas drásticas, certos de que seria o melhor a se fazer, pelo bem de um patrimônio público. Eles apenas querem proteger-nos de todo e qualquer assalto, que, sem sombras de dúvidas, alimenta as bocas de fumo, de Newark. Em geral, maconha e cocaína. Os cadeados protegem os que estão mortos dos que estão vivos. As correntes protegem os que estão vivos de ficarem mortos. Ou seja: A segurança do cemitério representa todo e qualquer esforço do governo, da sociedade, para manter garotos estupidamente desocupados, assim, como Gerard e eu, longe da verdade que esses portões antigos escondem. Ok, sem problemas! Somente precisamos derrubar esses portões, a qualquer custo. Eu não sei enquanto aos outros adolescentes, sejam viciados ou não; Mas eu realmente quero aprofundar-me nessas descobertas que cheiram a cadáveres.

(Alicate em mãos.)

Eu: – Só... Assista. – aconselhei Gerard e aproximei-me dos portões. – Isso vai doer bem mais neles, que em você, Gege. – pisquei-lhe, zombeiro, e dirigi-me, com dedos firmes, para os cadeados que adornavam as correias dos portões. Pude escutar um gemidinho, medroso, em resposta a minha decisão, escapar dos lábios de Gerard. Ri daquilo. Entretanto, permaneci convicto de minhas ações; Relaxei o alicate, abrindo-lhe o bico, e, cuidando de direcionar o fio de corte nas localidades que deveriam serem rompidas, apertei-o, com precisão, sem qualquer dor, sem qualquer piedade, libertando os portões do inferno. As correntes simplesmente caíram. Os cadeados pareceram um pouco menos conformados, esbarrando, ruidosos, e de modo irritante, nas barras enferrujadas, querendo chamar a atenção, como se fossem pequenas vítimas de algum estripador. – Eu disse, não disse? – questionei Gerard, olhando-o por cima do ombro.

Gerard: – Uhummm... Disse. Eu acho. – respondeu-me, praticamente num choramingo, roendo as unhas, em tom de apreensão.

Eu: – Seja muito bem-vindo ao inferno, Mr. Way. – arqueei uma de minhas sobrancelhas, sorrindo, no tempo em que guardava o alicate dentro do bolso, novamente. Empurrei os portões e ofereci-lhe o pequeno espaço, que abriu-se com a queda dos cadeados. – Primeiro as damas! – brinquei. Gerard olhou-me fuzilante, porém não disse nada. Peguei a minha bicicleta e adentrei o cemitério, logo depois dele.

Gerard: – Frank...?

Eu: – O que foi agora, gafanhoto? – selei os portões, com a minha bicicleta barrando-lhes o caminho, do lado de dentro, e virei-me para Gerard: Ele apontava a densa neblina que ornamentava aquele cenário bizarro. – Oh God! Simplesmente... Perfeito!

Gerard: – Realmente... É tão perfeito, que eu sinto vontade de morrer.



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