Eu E Severus escrita por Manih


Capítulo 15
Margaridas e Cravos


Notas iniciais do capítulo

o Segundo no mesmo dia! o/



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Abri os olhos, me sentindo extremamente cansada. Levantei da cama e me espreguicei, lembrando do dia anterior. Fui direto para meu dormitório, coloquei minhas roupas de dormir e fiquei deitada, pensando em quem poderia ser a pessoa que fizera aquilo. Meu primeiro pensamento foi em meu tio, Dámário. Porém, ele está preso em Azkaban. E não houve nenhuma noticia de fuga. Minha mente fervilhou até umas 3h da matina procurando qualquer pessoa que pudesse me tomar como inimiga, mas não consegui imaginar ninguém...

Olhei em volta e vi um papel dobrado ao lado de meu travesseiro. Sorri e o peguei para reler. No meio da noite uma coruja bateu na janela me entregando o papel.


“Pequena Lily,

Gostaria de ter estado ao seu lado naquele momento, porém não a achei. Sinto muito pelo que aconteceu e sabe que estou sempre aqui por você, para qualquer coisa. Vamos pegar quem fez essa atrocidade contra você, nem que custe minha vida.

Amanhã eu teria treino, mas não importa! Estarei lá com você, para lhe ajudar nesse momento difícil minha amiga!.

“Com amor, Detric.”


Ele é um amor...pena que não sinto nada por ele. Me levantei e me aprontei, pensando no longo dia que teria pela frente. Coloquei uma calça jeans e uma blusa de mangas comprimas preta. Prendi meu cabelos num rabo de cavalo e guardei minha varinha num bolso da calça. Desci direto para o salão, para beliscar um pouco do café da manhã. Afinal, na noite anterior não tinha comido nada e não consigo ficar muito tempo sem comer...Já foi uma grande surpresa eu não ter tido fome ontem. Como era sábado, a maioria dos alunos ainda estavam dormindo.

Meu plano de comer foi frustado quando encontrei quase todos os grifinórios do sétimo no saguão, entre eles Renata que agarrou meu braço e ficou assim. Ali também estava Tonks, o menino que Mariana ficava, e mais algumas pessoas que não conhecia. Um nó formou em minha garganta e não pensei mais em comida.

A professora McGonagall chegou acompanhada pela Professora Sprout e por Severus. Perae, já estou o chamando pelo primeiro nome em meus pensamentos? Desviei meu olhar dele para não corar.

– Muito bem. - disse McGonagall, visivelmente desgostosa por ter tantos alunos ali. - Quero que saibam que estarão em um lugar de trouxas, então estão proibidos de usar magia, a menos que seja extremamente necessário. - Enquanto ela falava, Detric chegou ao meu lado com um sorriso tímido. Renata arregalou os olhos e saiu de perto, não antes de me lançar um sorrisinho cínico. Safada. - Quero que permaneçam juntos, todos os – ela parou para contar mentalmente – 19 alunos. Agora vamos.

– Como está? - Detric perguntou.

Saimos do saguão e nos encaminhamos para Hogsmeade. Podia avistar Renata conversando com algumas meninas e Tonks ia um pouco afastada de todos, olhando pro céu. Detric andava ao meu lado.

– Estou melhor do que ontem.

– Eu demorei para arrumar nosso material e quando cheguei lá todos já tinham sumido... Te procurei na enfermaria, e em outros lugares mas não achei.

– Hã... - não poderia falar que estava com Severus, não mesmo! Pensa pensa! - Eu estava escondida... Não queria ser vista por ninguém, estava mal e...

– Ei pequena, eu não me importaria de lhe ver chorando... Você é linda de qualquer forma! - e lá vem aqueles momentos em que não sei se agradeço ou reviro os olhos. Agradeço pelo elogio, e reviro os olhos pelo fato de que quando ele não sabe o que falar, sempre diz a mesma coisa. Ele deveria dizer algo reconfortante, não? Preferi sorrir e olhar pra frente. Então ele mudou de assunto, começando a falar sobre o jogo de Quadribol que seria sábado que vem.

Minha relação com Detric começou muito do nada...Naquele dia que estava triste ficamos um bom tempo conversando bobagens – o que me ajudou a me distrair um pouco – e depois disso ele praticamente grudou em mim. Não que seja má companhia. Mas não estou acostumada a ficar o tempo todo com alguém...Geralmente eu passava algumas horas com as meninas, estudando ou sentada fazendo nada...Com o Lino nossa relação era meio distante...aliás não falo com ele faz um tempo.

Chegamos em Hogsmeade e não passou 15 segundos e o onibus mais famoso de Londres apareceu: Nôitibus Andante. Fomos entrando e sentamos onde pudemos. Logo a porta fechou e aquela adorável sensação de estar dentro de um chocalho nas mãos de uma criança começou. Ninguém falava. Não que não quiséssemos, mas quem abrisse a boca colocaria tudo o que não comeu pra fora.

Depois de um longo período que durou cerca de 10 minutos – segundo o relógio, para meu estomago foram cerca de 2 horas, no mínimo – o ônibus parou e desembarcamos. Demorou um pouco para minha vista deixar de ficar meio turva, mas então pude ver que estávamos numa rua qualquer, em frente a um portão grande.

Cemitério.

Os professores – era até estranho vê-los sem as capas e vestidos de forma simples e sem as cores berrantes – nos guiaram para dentro do lugar e fomos andando pelas lápides – era um lugar bem grande – até avistarmos três pessoas e um caixão pousado no chão.

– Os pais e a irmã dela estão sozinhos, é verdade. - ouvi Renata dizer. Olhei para ela com uma expressão indagadora e ela completou – Eles não conhecem muitas pessoas pela região, se mudaram faz pouco tempo.

Vi que a professora McGonagall já estava falando com os pais da menina, e os alunos rodearam o caixão de Mariana, junto com sua família. Quando olhei para Mariana ali deitada, como se estivesse dormindo, não senti o nó na garganta que pensei que fosse sentir ao vê-la. Estava muito triste, verdade. Mas também me deu uma determinação que nunca tive antes.

EU IA DESCOBRIR QUEM FIZERA ISSO E ELE IRIA PAGAR!!!!

– Sabem o que estou pensando? - uma voz me tirou de meus pensamentos determinados e eu olhei para a origem dela. Percebia-se de longe a semelhança entre Mariana e sua irmã. - Pode parecer clichê, mas se minha irmã estivesse aqui não iria gostar de todas essas caras tristes. Ela iria dizer: Que caras são essas? Até parece...

– Que alguém morreu. Deveriam tomar uma poção da Lily. - Eu, Renata e as companheiras de quarto delas disseram em unissoro. Ela sempre dizia isso.

Todos me olharam e eu corei, principalmente porque os professores deviam estar me olhando com uma cara bem feia. OPS. Espiei McGonagall e está estava conversando baixo com Sprout, então nem havia percebido o que falamos. Esgueirei meus olhos pelo local tentando achar Severus. Renata estava de braço dado com uma garota de seu dormitório, Tonks estava falando baixinho com a irmã de Mariana - seus cabelos estavam num loiro escuro - , Detric estava conversando sorrateiramente com agluns garotos, provavelmente sobre quadribol. Havia alguns alunos conversando com os pais dela, provavelmente contando como ela era uma boa pessoa e amiga de todos. Mas ele não estava lá.

Ué?

Me distanciei um pouco para olhar para o resto do lugar e pude ver ao longe uma pessoa – considerando que o cemitério estava vazio e as poucas pessoas que ali estavam eram o nosso grupo e algumas outras visitando lápides, porém sempre em dupla ou trio. Bom, só podia ser ele...Dei uma olhada para o caixão considerando as opções. Não iria aguentar ficar mais tempo por lá, para olhar ela ser...argh, enterrada. Abaixei e tirando minha varinha da calça, fiz nasceu um punhado de margaridas amarelas. Colhi-as e depositei no peito de Mariana. Depois saí dali.

Certo...um aluno normal nem pensaria em chegar perto dele. Na verdade, ficaria até feliz por ele estar longe. Realmente, Severus não é o tipo professor querido dos alunos. Mas...Eu sinto que ele é tão solitário...sinto vontade de abraçar e colocá-lo no colo, dizendo que ele não está sozinho. Mas também sinto vontade de provocá-lo e ver ele se enraivecer...Bom, o que posso fazer se aquele homem de 29 anos me enlouquece?

Sim, enlouquece.

OK, ele não é do tipo galã e nem quer ser. Ele não tá nem aí pra se a maneira que se veste agrada alguém ou deixa de agradar. Bom, eu acho que essa mania dele de se vestir somente de preto o torna misterioso e até charmoso...É, ele está certo em me chamar de louca. Só eu pra achar um professor charmoso...E beijar um então...

Cheguei onde ele estava – em frente a uma lápide. Pensava que iria conhecer o local onde jazia o corpo da amada dele, porém ali estava escrito outro nome:


Eileen Prince Snape


Olhei para Severus e ele continuava olhando para a lápide, parado. Bom, ele não me expulsou nem me azarou, acho que eu não incomodo – tanto. OK LILITH. Fale algo...Pra quê veio aqui mesmo? Ah sim, professor Snape vejo que o senhor está sozinho, quer sentar no meu colo enquanto afago sua cabeça?

Errrr melhor não...

– Um príncipe deveria usar um coroa, não? Apesar que ela provavelmente escorregaria de sua cabeça... - falei.

Pera, de onde tirei essa zoação sem graça? To ruim mesmo...Pelo menos foi mais segura que perguntar se queria sentar em meu colo...

Ele me olhou com a testa franzida.

– Será que um dia irei entender essa sua mania de dizer coisas loucas? - ele perguntou.

– Se conseguir, me explica? - pedi com um sorriso fraco. Me virei para a lápide. - Você sente falta de sua mãe?

– Ela não era bem uma mãe calorosa. Mas, as vezes eu sinto falta dos raros momentos que passávamos juntos.

Eu abaixei e peguei novamente minha varinha, fazendo nascerem desta vez cravos vermelhos e cravos cor de rosa. Guardei a varinha e peguei os cravos, separados por cor. Me aproximei de Severus, que por incrível que pareça não brigou por eu ter usado magia. Estendi os cravos cor de rosa para ele.

– Sabe, as flores têm significado. Cravos vermelhos significam admiração. E cravos cor de rosa significam gratidão.

Como quase sempre, Severus permaneceu me encarando por alguns instantes antes de aceitar os cravos que eu oferecia. Ele depositou os mesmos sobre o Túmulo e eu fiz o mesmo com os que estavam em minhas mãos.

– Por que admiraria minha mãe? - ele perguntou.

– Porque ela deve ter sido uma mulher forte e corajosa, além de ter sido uma mulher muito bonita provavelmente. Afinal, você é filho dela.

Depois de falar rapidamente baixei os olhos para as flores, com receio de olhar para ele.

– Por que veio aqui? - ele perguntou e eu o olhei novamente.

– Porque estava sozinho. Sou uma pessoa que preza estar sozinha em minha sala fazendo poções e acredito que você sinta o mesmo. Mas solidão é algo muito triste. Não é bom ficar muito tempo longe das pessoas, principalmente em momentos tristes.

– Acho melhor voltarmos, o velório deve estar acabando. - ele disse rapidamente. Será que ficou desconcertado?

Concordei com a cabeça e fomos andando de volta. Por que será que me sinto tão bem perto dele? Chego até a esquecer os problemas...


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Notas da autora: A margarida representa a pureza, o amor inocente, a juventude e a sensibilidade. Também transmite jovialidade e alegria, e é o símbolo da bondade e do afeto.


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