– Mãmãe!!! Mãmãe!!! Mã-mãe!!! - soluçava ela entre os gritos e prantos

– Filha!!! Filhinha!!! Mãmãe já vai te buscar!!! - gritava minha mamãe na tentativa de acalma-la enquanto fechavam a porta de madeira entre mamãe e ela - VOCE NÃO PODE FAZER ISSO COM ELA! - minha mãe gritava - Não, por favor! POR FAVOR kEITH! - minha mãe soluçava - por favor...- suplicou ela como um sussurro enquanto me apertava mais perto de si em seu colo, meus dedos estavam em seu pescoço já brancos de tanta força que usava para segurar e eu estava chorando silenciosamente enquanto enterrava meu rosto em seus lisos e negros cabelos de onix, me lembro muito bem que sei cheio de sândalo não mudou até hoje, e que é o unico perfume que nos acalmava, e que ainda me conforta.

– Eu tenho direito dela como pai! E VOCE NÃO PODE TIRAR ISSO DE MIM! VEJA OS SEUS CABELOS! - ele esbravejava - VEJA SEUS OLHOS! ELA É MINHA FILHA! - gritou como uma faca que corta gelo e depois deu um tapa na cara da minha mãe que quase derrubou nós duas ao chão. foi então que minha mãe me colocou ao seu lado e pegou as facas que me dera e foi para cima de Keith tão rápida que ele foi pego de surpresa.

Ela lutava bravamente, era ágil e rápida como uma cobra, mas seu corpo era muito menos que o cara loiro musculoso com quem lutava., conseguiu ferir um de seus braços com a faca mas foi imobilizada pelos braços enormes de Keith que seguravam seus braços como duas correntes duras de ferro.

– fale mais uma palavra que eu levo a outra - sussurrou em seu ouvido enquanto eu observava com pavor - querida... - falou sedutoramente calmo enquanto uma gota de suor deslizava na testa de minha mãe. Então Keith a jogou violentamente para o lado e nos deixou sozinhas na torre leste onde ficava o nosso quarto. minha mãe correu para mim e me abraçou forte como se nunca mais fosse me ver, beijou meu rosto e acariciou meus cabelos negros como os dela, e sussurrava para mim com tal suavidade que me marcou até hoje.

– eu nunca vou te deixar....

Então o balanço da charrete me acorda. Eu não quero ir para lá!Não mesmo, minha mãe não tem sanidade mental para me mandar para lá, para ver aquela idiota cabeça de vento, poderia minha mãe muito bem ter me enviado para Norgate, mas como estou submissa a uma rainha incrivelmente imprevisível, eu vou para Aspienne com um arqueiro já a beira da aposentadoria, não tenho nada contra o bom e velho Homer mas já está em seus cabelos brancos e cansaço de tanto trabalho que o nosso problemático e frequentemente invadido feudo já deu para ele,e tira-lo de lá foi a pior ideia que minha mãe já teve, já que é um arqueiro habilidoso com facas.

provavelmente se pararmos para acampar estaremos em perigo e eu não conseguirei dormir em pleno inverno com essa nevasca nos maltratando (outro motivo para falar que minha mãe é louca de me enviar para Aspienne em pleno inverno) então me resta esperar até o amanhecer dividindo a calor dos nossos corpos sob a capa de arqueiro de Homer. Mesmo sendo velho para um arqueiro, agradeço a Deus por estar comigo e por ser mais que um protetor, e sim um amigo.

– Homer, em quanto tempo chegaremos lá com esse tempo? - falo entre dentes enquanto aconchego para mais perto de nós a lamparina de óleo.

Homer me dá um sorriso tranquilisador e meio duro por causa do frio - chegaremos em prováveis 3 horas, minha princesa, já estamos na metade do caminho, durma mais um pouco que o tempo passa mais rápido - eu me aconchego em seu ombro enquanto cavalgamos pela neve.