Taylor’s POV

Acordei me sentindo desconfortável.
Abri meus olhos, tentando raciocinar, mas tudo á minha volta não fazia sentido.
Maioria das coisas eram brancas. Quadrículos. Chão frio. Eu estava apoiada em alguma coisa gelada que tinha água dentro.
Tá, era uma privada. Mas por quê raios eu estava apoiada numa porra de uma privada?!

Acho que o vômito dentro dela explica.

Okay,eu estava em um banheiro, que por sinal, estava fedendo pra cacete.

Pensei em voltar a dormir apoiada na privada, porém uma voz conhecida me chamou atenção.

— Calma seus filhos da puta, ela está em algum lugar por aqui. – Dito isso, a porta bege abriu-se, e a silhueta alta estreita de Duff apareceu, seguida por outras duas. – E aí, Blonde? Se divertiu com o cara estranho? – Perguntou, apontado para o cara deitado no chão, momento no qual eu percebi que tinha alguém ali. Ele tinha o cabelo azul extremamente repicado, vários piercings pelo rosto, e usava as roupas mais estranhas que eu já vira na minha vida. Mostrei meu dedo do meio para o loiro, que riu.

— Acho melhor irmos embora. – Axl falou entrando no banheiro.

— Não quero. – Murmurei deitando minha cabeça sobre o braço escorado na querida privada.

— Não tem essa de “não quero”, garota. Levanta daí. – Ele parecia estressado.

— Cala a boca. – Murmurei novamente. Me sentia um tanto lesada.

— Taylor, vamos, eu quero ir embora. – Ouvi a voz de Susan. Não respondi. – Alguém pegue ela, por favor.

Logo senti braços aos meu redor, e pela segunda vez na noite – ou dia, Axl me carregava.

Eu estava à beira da inconsciência, mal ouvia o que os outros falavam, mas despertei quando senti o vento gélido que chocou-se contra mim, fazendo meus cabelos esvoaçarem.

Abri os olhos de novo. Podia ver o pescoço do ruivo.

— Me solta. – Falei. Ele virou o rosto, me olhando, de maneira que nossos lábios ficaram extremamente próximos.

— Fica quieta aí, Momsen. – Ele disse, não parecendo mais irritadinho, e afastou nossos rostos.

— Não estou aleijada, Rose. Pode me largar. – Reclamei.

— Você que sabe. – Ele me soltou de modo brusco, quase fazendo com que eu caísse. O chão parecia estar tremendo e meu estômago embrulhou.

— Cretino. – Eu falei, enquanto caminhava com certa dificuldade, já que minhas pernas decidiram não obedecer ao meu cérebro.

Até estarmos próximos do meu carro, eu já havia me estabilizado sobre o solo, e meu estômago já havia melhorado.

— Por que tem uma garota em cima do seu carro? – Steven me perguntou. Olhei em direção ao veículo, o qual uma morena estava deitada sobre o capô.

Quase corri até lá.

— Hey, o que pensa que está fazendo?! – Indaguei ao me aproximar. Ela me olhou com descaso.

— Estou deitada, não está vendo?

— Stephanie? – Axl perguntou olhando para a garota quando chegou perto.

— Axl. – Ela respondeu com a voz arrastada. Desceu do meu Mustang, e se atirou nos braços dele.

Ah, que cena linda. Ficaria ainda melhor se eu arrancasse os dentes da biscate.

— Ahh, que ótimo. Agora diga para a sua namoradinha dar o fora daqui. – Eu falei, irritada.

— Cala a boca, loira aguada. – A tal Stephanie disse. Eu ia me avançar nela, mas Duff me segurou.

— Olha aqui minha filha, eu não sei quem você pensa que é, mas acho melhor calar essa boca antes que eu desfigure a sua cara. – Eu disse entre dentes. Ela pareceu meio assustada. Mas logo sua expressão mudou, e ignorando-me, ela se virou para Axl.

— Sua amiga é muuuuito chata. – Ela sorriu. Ele parecia desconfortável com a situação.

— Stephanie, acho melhor você ir para casa. Vamos, eu te ajudo. – E com ela se apoiando nele, eles começaram a se afastar.

Bufei alto.

Recém estava amanhecendo e meu dia já estava horrível.

— Ótimo. – Bufei pela segunda vez, e entrei no carro, batendo a porta com força. Os outros também entraram.

Deixei Susan em casa, onde ela se despediu de maneira melosa de Duff, e segui meu caminho para casa, acompanhada por ele e Steven. Só então percebi que Jack não estava entre nós. Dei de ombros, ele não era nenhuma criança.

Assim que estacionei em frente á minha casa, o Steven desceu do carro dizendo um “tchauzinho”. Já Duff, que estava com a expressão cansada ao meu lado, me olhou com curiosidade.

— Que foi?! – Perguntei.

— Estava com ciúmes do Axl? – Ele questionou, cauteloso.

— Mas que pergunta idiota, claro que não. – Respondi sem pensar.

— Mas você parecia. Sabe, ele estava com ciúmes de nós.

— Sério? – Fiquei surpresa. E isso era bom, não teria que me esforçar tanto assim para enlouquecer o cabeça laranja.

— Sim. Sabe, o Axl é o tipo de cara que tem tudo o quer, e no quesito mulheres não é diferente. E ele quer você.

— E eu meu caro, sou do tipo que deixa os homens perturbados. Sei como lidar com ele.

— Mas eu acho que ele gosta de você.

— O quê?!? - Agora eu estava pasma. Aquele idiota não podia gostar de mim.

— Ele foi traído pela última namorada-quase-esposa dele. E ele é um cara carente. Pode ser mulherengo, mas é bem romântico e gosta de ter alguém a quem se prender.

— O que você quer dizer com isso?

— Que não sei se é legal o que está fazendo, ou pretende fazer. Eu sei que ele vai acabar se apaixonando por você. – Ele balançou a cabeça, como se não gostasse da ideia.

— Como você sabe disso tudo?

— Sou observador. – Deu ombros. – Enfim, até mais. – Ele deu um beijo no meu rosto e saiu do carro, indo em direção á sua casa.

Já eu, fiquei ali, bestificada.

Axl Rose? Apaixonado? Por mim?!

Aquela ideia soava realmente ridícula, e eu torci para que aquilo jamais se concretizasse.

Axl’s POV

Ajudei Stephanie a caminhar até a sua casa, que ficava perto de onde estávamos.
Ela não calava a boca, e aquilo realmente estava me irritando.

Quando finalmente chegamos, ela me convidou para entrar. Fiquei tentado, já que provavelmente acabaria comendo ela, mas não estava com paciência para aturá-la. Me despedi friamente, e então percebi que não tinha como ir para casa. Eu tinha de ir logo, pois nosso agente disse que tínhamos que acertar algumas coisas na gravadora, e eu tinha que estar presente para assinar papéis e todo aquele bla bla blá chato.

Enfiei a mão no bolso e tirei de lá a pulseira de Taylor, que eu achara ao seu lado no banheiro enquanto ela dormia. Era uma boa desculpa para vê-la.

Porra. Desculpa para vê-la?

Mandei tudo para o inferno e entrei no primeiro bar que encontrei.

Taylor’s POV

Eu pensava em Axl enquanto sentia a água quente do chuveiro caindo sobre minha cabeça e ombros.

Aposto que a tal ex-namorada dele havia o traído com Jack, julgando pelo modo que se tratam e por aquela conversa no porão.

Isso não fazia muito sentido, já que pelo o que Duff disse, Axl era um cara romântico. Devia gostar muito dele, e convenhamos, Jack é sexy, mas Axl...Além de ter rosto e corpo perfeitos ele tem...uma coisa.

Suspirei, deixando que a água levasse aqueles pensamentos direto para o ralo.

Sorri ao me lembrar da conversa que tive no telefone com Susan alguns minutos antes. Ela realmente estava feliz por causa do Duff. Foi meio difícil de acreditar que ele fora um fofo com ela. Tomara que aqueles dois se acertem.

Terminei meu banho, e me enrolei numa toalha azul.
Olhei no espelho minha expressão vazia, os olhos cansados e borrados de maquiagem preta e a pele que estava mais branca que o normal.

Bufei para a imagem, e saí de lá.

A pouca luz vinda da janela indicada que já estava anoitecendo. O dia havia realmente passado rápido para mim, já que eu dormi na maior parte dele.

Ainda olhando para a janela vi a luz do quarto vizinho ser acesa. Axl entrou batendo a porta com fúria. Izzy entrou logo em seguida, e os dois pareciam discutir.

O ruivo gesticulava como um louco, e dava socos no ar, enquanto o moreno rolava os olhos enquanto esperava o amigo calar a boca. Quando Axl finalmente o fez, Izzy disse poucas palavras e saiu do quarto e do meu campo de visão.

Axl fechou sua porta tão raivosamente que eu consegui ouvir o barulho.

Ele virou, e deu de cara comigo.

Pode ser idiotice da minha cabeça, mas juro que pude ver seus ombros relaxarem, e um suspiro sair de seus pulmões.

Ele se aproximou de sua janela, e apoiou as mãos na mesma, me olhando, com um semblante sério, concentrado.

Dei um sorriso malicioso, o qual ele não correspondeu. Ele permanecia imóvel, apenas olhando.

Bem, vamos tirar alguma reação dele.

Afrouxei um pouco a toalha enrolada em meu corpo, revelando parte dos meus seios, e me aproximei da janela mordendo o lábio inferior.

Ele me olhava nos olhos, mas aquilo não me intimidou.

Lhe lancei mais um sorriso, e deixei a toalha cair, revelando meu corpo nu, o qual ele poderia ver até um pouco acima do joelho.

Mal deu tempo de ele arregalar os olhos com uma expressão de desejo e susto, pois eu fechei as cortinas, dando-lhe poucos segundos para me apreciar.

Ri alto , imaginando a frustração do vizinho gostoso.