Between Love And Hate escrita por Nancy Watson


Capítulo 2
Rain Fall Down


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo tem uma tentativa frustradíssima de hentai. No próximo vou caprichar.
Boa leitura!



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Taylor’s POV

Eu olhava meu reflexo no espelho com satisfação. O vestido bege extremamente justo, e a cinta-liga preta com as meias 7/8 realmente valorizavam meu corpo esguio e me deixavam sexy. Em minhas pálpebras, o preto se fundia com o grafite na maquiagem pesada, e a cor de meus lábios era carmim. Como acessório resolvi usar apenas rosário vinho e uma pulseira de couro, e os pés calçavam uma botina estilo coturno que ia até a metade da canela, e tinha o salto um pouco menor que dois palmos.

– Taylor, vamos logo! – Ben chamou da sala. Bufei, e sai pegando meu maço de cigarros, isqueiro e jaqueta de couro. Acendi um cigarro enquanto descia as escadas. Os rapazes já estavam prontos, e não pude deixou de reparar que a camiseta do Megadeth que Jamie usava o deixava com cara de criança. Sorri. Ele já era um crianção.

– Nós vamos com nossos queridos vizinhos? – Perguntei irônica.

– Na verdade não, - Mark respondeu. – eles já estão lá, parece que Axl ficou histérico por que queria ir logo e não queria esperar ninguém. – Ele deu de ombros, e eu rolei os olhos. Aquele Axl era um idiota mesmo.

– Então vamos logo antes que eu mude de idéia. – Falei tomando a frente, e saindo da casa. Entramos no carro e partimos.

Eu dirigia rápido, queria estar bêbada ou drogada logo, não estava muito afim de ter que aturar a mim mesma com aquele humor e sóbria.

A noite de Los Angeles estava agitada, muitas pessoas indo ou saindo de discotecas, algumas prostitutas, muitos caras bêbados, muita diversão.
Ainda prefiro NY, eu pensava enquanto estacionava em frente ao famoso e bem freqüentado Rainbow. As garotas por ali vestiam algo do mesmo estilo que eu, mas nenhuma era tão ousada ou ficava tão bem e natural naquelas roupas. Aquilo era algo que se tornara parte de minha personalidade, parte de mim.
Nós adentraram o local juntos, e chamando muito a atenção, principalmente dos homens.

Axl’s POV

Eu simplesmente não conseguia desviar os olhos de Taylor enquanto ela se aproximava da nossa mesa acompanhada pelos rapazes. O jeito que ela caminhava, o balanço de seus quadris, suas curvas...Tinha que comer essa garota logo, senão enlouqueceria.
Todos se cumprimentaram, e ela sentou ao meu lado e ao lado de Duff, o qual a comia com os olhos, assim como Slash e Izzy, que era um pouco mais discreto.

– Finalmente, a famosa Taylor, mais conhecida como “a vizinha que se veste como stripper”– Slash falou com um sorriso malicioso nos lábios.

– Oh, então Axl andou falando de mim? Isso que eu nem fiz o showzinho particular que ele pediu. – Eles riram, exceto por mim, que tinha vontade de estapear Taylor pelo jeito como ela me olhava, ou como cruzava as pernas, e ao mesmo tempo, vontade de possuí-la ali mesmo.

Passamos a falar sobre as bandas, e instrumentos. A garota estava quieta, tomando várias doses de Jack Daniel’s, mas em seguida ficou mais falante.
Contamos a eles toda a história da banda, como nos juntamos. Era uma história simples, nos conhecemos á três anos atrás, Duff, Slash e Steven estavam em uma banda juntos, mas o vocalista se mandou. Eu e Izzy tínhamos outra, mas o resto dos integrantes não aceitavam o fato de que eram um lixo como músicos, um caiu fora e o outro morreu de overdose. Nos conhecemos ali mesmo, no Rainbow, e passamos a tocar juntos.
Já a história deles, era mais interessante. Ben e Jamie eram amigos de infância, e sempre sonharam em tocar numa banda, então conheceram Mark. Começaram a tocar em bares, com Ben como vocalista. O pai de Taylor, Michael Momsen, era um conhecido deles, a após seu desaparecimento, e a morte da mãe, Taylor foi morar com eles. A garota com 14 anos de idade já era uma viciada. Eles a ajudaram, descobriram seu talento, e aos 15 ela tornou-se parte da banda. Enfrentaram muitos obstáculos, incluindo a proibição de da entrada de Taylor em locais que eles tocavam, por ser menor de idade, machismo, etc. E ainda assim, permaneciam firmes e fortes, apesar de não terem o devido reconhecimento.

– Poxa, cara. Quando precisarem de uma força, a Guns N’ Roses tá ai! – Slash apoiou.

– Obrigado! Vocês merecem onde estão, e aposto que vão crescer muito mais! – Mark falou, simpático. Gostei daqueles caras, eram simples, modestos e amigáveis. Já a vocalista, era um tanto sarcástica. E esse seu jeito me fazia desejá-la ainda mais.

Agora ela parecia alheia á tudo, apenas bebia e fumava, calada. Alguns minutos de conversa se passaram, e ela anunciou que ia ao banheiro.

– Porra, Steven, ela é muito mais gostosa do que você falou. – Duff falava num tom desesperado enquanto nós a observávamos caminhando até o banheiro. – Vocês não se ofendem, né? – Dirigiu-se á Mark, Ben e Jamie. Eles negaram. – Como vocês resistem, cara, sério, com isso na minha casa eu não sairia mais do quarto.

– Taylor é realmente linda, mas nós somos tipo uma família...Ela é como uma irmã caçula. – Ben respondeu dando de ombros.

– Ihh, Duff, parece que o redhead não está gostando muito da sua empolgação. – Slash riu apontando para mim. Meu semblante devia estar irritado, pois eu queria ser o primeiro a desfrutar da garota.

– Shut the fuck up, você realmente acha que eu estou ligando? – Bufei. – Essa eu vou traçar fácil, mas não se preocupe, são apenas essas minhas intenções, Duff. Pode ficar com ela.

– Ficar com ela? Há, Taylor não curte isso não, o lance dela é passar uma noite com a pessoa e depois nem olhar mais para a cara do pobre coitado. – Jamie falou.

– Bom. Menos uma querendo tomar café da manhã comigo. – Falei, ainda mau humorado.

Taylor’s POV

Eu olhava meu reflexo no espelho com repulsa, ódio. Sentimentos os quais eram bem familiares, eu os sentia sempre. Repulsa do meu ser, ódio de mim mesma.
Minha visão estava levemente turva por causa da bebida, mas eu precisava de mais, muito mais, então tirei do sutiã um pequeno saco plástico que continha cinco comprimidos calmantes. Coloquei dois na boca, e engoli á seco, com um pouco de dificuldade.
Três minutos se passaram, e eu continuava me encarando em frente ao espelho, porém agora ria. Ria de meus ressentimentos, arrependimentos, mágoas, dores, tudo. Ria do ser humano desprezível que era. Ria de minha mediocridade, irrelevância, inutilidade.
Assim que a crise de risos passou, eu percebeu que haviam quatro mulheres me observando, confusas.

– Qual, o problema, queridas? – Perguntei, irônica, voltando a rir.
– Procure um hospício, sua lunática. – Uma ruiva falou. Só podia ser praga.
– Talvez me mandem para um por ter arrancado os clitóris de quatro vadias no banheiro de um bar. – Falei, parecendo agressiva. Elas saíram de lá, resmungando.
Voltei a me encarar, porém agora, um vazio me dominara. Sem raiva, sem dor, sem nada,
Isso acontecia frequentemente. Eu variava de humor de repente. Um instante eu estava triste, e então estava sorrindo e completamente vazia; com raiva, depois fazendo piada; irritada, e então estava cantarolando, alegre.
Isso ás vezes me assustava, mas aprendi a lidar. Ou não.
Whatever.
Decidi que era hora de voltar para a mesa, e fingir que estava tudo bem. Talvez conversasse com Ben sobre isso mais tarde.

Sai do banheiro meio tonta, mas no caminho para a mesa, me estabilizei em cima dos saltos.

– Demorou. – Duff falou perto do meu ouvido quando me sentei. – Já estava ficando com saudades. – Lhe respondi com um sorriso malicioso, não conseguia pensar em algo para responder pois estava muito ocupada xingando Axl mentalmente por ele me atrair tanto. Mas eu não queria transar com ele por enquanto. Pelo o que conhecia dos homens orgulhosos e nada modestos como Axl, ele deveria achar que iria me comer na primeira oportunidade. Estava extremamente enganado, pois, em situações como essa, eu fazia jogos psicológicos perturbadores e que levavam a vítima á loucura. Seria divertidíssimo ver o ruivo sexy desesperado por mim.
Mas enquanto isso, eu poderia me divertir com Duff, que não ficava para trás no quesito sex appeal. Ele era um homem e tanto, muito divertido, bonito, e o que mais me interessava: abusado e com atitude.
Ele colocou a mão em minha coxa, e falou algo que eu não pude ouvir claramente pois estava meio grogue por causa dos calmantes, mas com certeza era algo relacionado ao instrumento que ele tocava, e habilidade com dedos. Desta vez lhe respondi com um olhar vulgar, sacana, mordendo o lábio inferior. Mas logo voltei minha atenção á conversa dos rapazes.

Vira e mexe, sentia os olhos do ruivo ao meu lado pousarem sobre mim. Não correspondi, continuei demonstrando indiferença.
Bebi mais algumas doses de whiskey, mas logo os efeitos relaxantes dos comprimidos que tomara já estavam passando, meu organismo era forte em relação á alguns tipos de drogas. Precisava de mais, então tomei os outros comprimidos ali mesmo, não me importando com o que Mark, Jamie ou Ben iriam falar. Eles jamais me apoiaram nas merdas que eu fazia, sempre se preocupando com meu bem estar.

– Não acha que é nova demais para usar essas merdas? – Axl perguntou deslizando para perto de mim no banco de couro. Pude senti seu cheiro másculo, que me deixou com vontade de pular nele ali mesmo.
– Não, e também não acho que isso seja da sua conta. – Respondi acendendo um cigarro.
– Você é sempre grossa assim?
– Te incomoda?
– Na verdade não, acho sexy. – Sorriu de uma forma que me deixou quase arrepiada.
– E na verdade eu não sou grossa. Sinceridade parece ferir as pessoas. – Soltei a fumaça no rosto dele, que sorriu novamente.
– Eu discordo. Acho que é grossa para afastar as pessoas.
– Não me importa o que você acha, Rose. – Respondi ácida.
– Viu só? Sempre com a guarda levantada. Ouvi dizer que garotas assim são ótimas na cama.
– Se tiver dúvidas pergunte para a sua mãe. – Traguei longamente, esperando que a conversa acabasse logo. Preferia que ele tomasse atitudes, não que ficasse naquela ladainha.
– Adoro as mal criadas.
– Pelo jeito você gosta de ser maltratado.
– Cada um com seu fetiche. Qual é o seu?
– Já que é tão bom desvendador, por que não descobre sozinho?
– Com prazer. Aliás, creio que já descobri.
– Ah, é?
– Yeah, você tem cara de quem gosta de bater. Acho que combinamos. – Quase ri. Ele até que tinha lábia, mas como já disse, iria torturá-lo.
– Estava enganada, você não é um bom desvendador. – Disse levantando-me. – Mark, tome cuidado. – Joguei-lhe as chaves de meu carro. Mark acenou com a cabeça.
Vesti minha jaqueta e sai em direção á saída.
– Onde você vai? – Duff perguntou antes que eu me afastasse muito.
Nowhere. – Foi a única resposta audível que ele recebeu.
– Ela é estranha. – Pude ouvir Izzy comentar.

(...)

As ruas da West Hollywood estavam iguais ao que eram anos atrás. Eu andava devagar, apreciando a noite, que não estava fria nem quente.
Mágoa e dor foram preenchendo o vazio dentro de mim. Ben, enquanto contava a história da The Pretty Reckless, trouxe á tona parte de meu passado que eu preferia esquecer. Queria esquecer o abandono, a perda, e como não significava nada para as pessoas que deviam me amar acima de tudo e todos.
Desfiz o nó que se formava em minha garganta.
O fogo do ódio acendeu-se novamente – um fogo incessante, que aumentava cada dia mais, e estava queimando tudo, principalmente meu auto-controle.
Alguns caras passavam na rua, e falavam sacanagens, tentavam me intimidar, mas no momento, eu não ligaria se fosse assaltada, estuprada, deixada nua no meio da rua, esfaqueada, ou qualquer coisa do tipo. Sentia até que merecia que algo do gênero acontecesse.
Uma voz familiar me tirou de minhas lamentações:

– Hey, Taylor! – Duff falou de dentro do carro, que andava devagar ao meu lado.
– O quê? – Perguntei fria.
– Quer uma carona? – Eu parei, e ele pisou no freio, fazendo o Cheavy preto também parar.
– Não é exatamente uma carona que eu estou querendo de você. – Eu disse, me escorando na janela, deixando-o com uma bela visão do meu decote.
– E o que exatamente você está querendo de mim? – Ele perguntou no mesmo tom sacana que eu havia usado.
– Por que não vamos para um lugar mais calmo e lá você descobre?
– Ótimo.

Embarquei no belo carro, e ele dirigiu durante uns cinco minutos, até chegarmos a uma estrada de terra, e logo, estávamos em um mirante.
Sorri ao ver a paisagem iluminada, e em questão de segundos, estava posicionada no colo de Duff, nossos rostos muito próximos.

– Você é uma garotinha muito safada. – Ele sorriu enquanto eu sentia seus lábios e língua em meu pescoço, e suas mãos apertando meu corpo.

– Estou longe de ser uma garotinha, Mckagan. – Sussurrei, mordendo o lóbulo da orelha dele, o qual tentava tirar meu vestido.
– Show me. – Ele provocou.
Tirei-lhe a camiseta com estampa de caveira e passei suas mãos e unhas por toda a extensão do peito e abdômen dele, que gemeu sentindo os arranhões arderem. Nossos lábios se chocaram, e as línguas entrelaçaram-se sensualmente, aumentando ainda mais a minha excitação. Minhas mãos foram parar no sexo do baixista, por dentro da calça, apertando e acariciando, até que ficasse completamente rijo. Logo, ele vestia apenas sua calça, que estava abaixada até os joelhos, e eu apenas de cinta-liga e meias.

Com certeza se alguém passasse por ali não deixaria de notar os movimentos frenéticos do carro, e nossos gemidos altos e descontrolados.

(...)

– Banda preferida?
– Led Zeppelin.
– Wow. Uma das minhas preferidas. Quantas músicas compostas?
– Vinte.
– Você tem certeza que tem só dezesseis anos? – Rimos. Estávamos deitados sobre o capô do carro, bebendo, fumando e conversando, como se fôssemos velhos amigos.
Duff não parava de me encher de perguntas, e surpreendentemente, aquilo não estava me incomodando.
–Tenho. Se eu fosse homem ninguém ficaria surpreso. – Comentei acendendo o sexto cigarro.
– That’s truth. Lugar favorito?
– New York, totalmente.
– Se gosta tanto de lá por que veio para Los Angeles?
– Tive meus motivos, mas principalmente pela banda.
– Sua família concordou?
–Não tenho família. – Disse num tom mais baixo.
– Sorry. – Ele falou no mesmo tom, e eu dei de ombros; fechei os olhos, e torci para que ele não fizesse mais perguntas.
– Você sabe que o que aconteceu aqui foi somente sexo, não é? – Ele perguntou receoso.
– Eu estava pensando exatamente nisso. – Menti. – E não espere que isso se repita. Odeio transar com alguém mais de uma vez, e aqui foram três.
– Ok. – Ele deu um largo sorriso. – Acho melhor irmos embora. – Ele se levantou, me esperando.
– Eu vou ficar.
– Certeza?
– Sim. Você tem alguma coisa aí?
– Deixe-me ver. – Ele abriu a porta do carro, e procurou no porta-luvas. Tirou de lá um saquinho com vários comprimidos. – Ecstasy. – Me jogou o saquinho, e eu peguei, agradecendo. – Não exagere, não quero ser o culpado pela morte de uma linda jovem loira por overdose.
– Pode deixar.

Ele se despediu buzinando enquanto se afastava na escuridão da estrada.

Me sentei na grama, e em meia hora tomei mais da metade dos comprimidos.
O vento gelado já não me afetava, sentia meu corpo todo mole, mas me mantive sentada.
Infelizmente, os efeitos das drogas já não me faziam esquecer de tudo, e estava se tornando insuportável conviver com aquele turbilhão de sentimentos ruins.
Bufei.
Essa porra toda era minha culpa, nada mais justo do que eu me sentir culpada e me odiar eternamente. Merecia sofrer.
Aquele pensamento me fez mergulhar de vez na melancolia.
Coloquei as mãos no rosto, abafando um grito. E mesmo que gritasse com todo meu fôlego, ninguém ouviria. Ninguém nunca ouviu. Nem mesmo meus companheiros de banda, pois eles não saberiam me escutar, e eu não os culpava por isso. Eles já haviam me ajudado no que puderam, e sempre estavam presentes quando eu necessitava. Eu me sentia amada por eles. Um tipo de amor que jamais pensei que pudesse existir entre homens e uma garota. Um amor puro, sem exigências, cobranças, malícia, ciúmes. Amizade verdadeira.
Suspirei. Eu não os merecia.

Agradeci – a alguém que eu não sabia se era Deus – por aqueles três estarem em minha vida.
Então minha mente me levou de volta para a vida antes deles. Prendi o choro – como sempre – ,e fiz o que aprendera muito bem: escondi toda a mágoa, tristeza, fragilidade e fraqueza que existia em mim. Me levantei. O cenário girou, e a visão escureceu-se por alguns segundos. Sentia necessidade de me ferir, sentir dor física, para que a interior aliviasse um pouco, mas decidi que não o faria. Ben ficaria muito preocupado, e de qualquer forma, eu tinha que sofrer, arcar com as conseqüências.
De repente, a chuva começou a cair fortemente sobre mim. Pude ouvir os trovões, e vento me fazia estremecer. O clima parecia estar se adaptando á mim.
Assim como as grossas gotas de água, eu me sentia caindo. E rápido.
Já tinha ficado daquele jeito antes, mas agora era diferente. Aquela cidade fora o palco de toda a minha desgraça. Eu havia enterrado ali todas as lembranças que deviam ser esquecidas, deixadas para trás. Eu não queria desenterrá-las, queria que apodrecessem e desaparecessem, mas eu sentia como se estivesse com uma pá na mão, cavando, tentando resgatá-las.
Não sei quanto tempo fiquei ali, mas foi o suficiente para as gotas perderem a intensidade, assim como os vestígios dos efeitos do ecstasy, e a minha dor.

Sai do lugar quieto e tranqüilo, e logo estava na estrada de asfalto. Avistei um pequeno bar. Meio sujo, alguns caras bebendo nas mesas, boa música e álcool. “Por quê não?” Perguntei-me, e não encontrei motivo algum que me fizesse não querer entrar, tomar uns drinks, e quem sabe arranjar um orgasmo.

(...)

Era um pouco antes do meio-dia quando adentrei o jardim, cambaleando. Usava por cima da roupa uma enorme camiseta da Black Sabbath, e minhas meias estavam completamente detonadas.
Pude ouvir música vindo de dentro da casa. “No Feelings” do Sex Pistols, para ser mais exata.
Tentei abrir a porta, mas estava trancada. Como estava sem chave, bati fortemente contra a madeira escura.

Nada.

Então comecei a bater compulsivamente, até que a maçaneta virou, e inesperadamente, uma figura alta e ruiva materializou-se em minha frente.

– Mas que raios você está fazendo aqui, Rose?! – Indaguei, já irritada.

– Calminha ai, Momsen. Jamie convidou a mim, Izzy e Steven para ouvir umas composições de vocês. – Explicou com um sorriso debochado na cara.

Vou. Matar. Lentamente. Aquele. Anão. Desgraçado.

– Fuck it, saia da minha frente. – Resmunguei atropelando-o e adentrado a sala, onde se encontravam Mark, Jamie, Izzy e Steven, bebendo vinho enquanto Ben trocava o vinil, colocando AC/DC para tocar.

– Ah, Taylor! Finalmente.Vá descansar, mais tarde temos ensaio, e nosso empresário virá nos visitar. – Bem disse enquanto se sentava. Seu semblante era alegre. Dei de ombros.

– Camiseta legal! Onde conseguiu? – Jamie perguntou.

– Roubei. – Falei tirando-a. – Pega pra você. – Joguei em direção á ele, que esboçou um enorme sorriso infantil. Estava irritada mas ainda amava aquele imbecíl.

– Podemos assistir ao ensaio? – Axl perguntou enquanto eu tirava os sapatos.

– Sim! – Mark falou. – Não! – Falei ao mesmo tempo.

– Por quê? – Steven perguntou, fazendo bico.

– Por que diabos querem assistir a porra do ensaio?

– Se não quer que ouçam sua música não devia estar numa banda. – Axl alfinetou.

– Vá a merda, Rose. Whatever. Assistam a porra do ensaio, então. Mas não esperem pela minha presença. – Falei olhando para meus companheiros de banda, e subi para o meu quarto, carrancuda.

Aquele cara estava se divertindo ás minhas custas, me provocando. Mas ele não perdia por esperar.

Tomei um banho longo e quente.Ouvi alguém bater na porta várias vezes, mas ignorei, devia ser alguém querendo me dar um sermão sobre ser educada com os vizinhos. Tirei a maquiagem borrada, pus-me dentro de uma camiseta preta e meias de malha que iam quase até a virilha. Me enfiei embaixo das cobertas, e por mais que estivesse cansada, apenas tirei um breve cochilo. O barulho vindo da sala estava me incomodando, mas logo ouvi os meninos se despedindo, e o barulho cessou.
Cochilei mais um pouco, e acordei novamente. Desisti de ficar deitada, e quando ouvi o barulho forte da chuva batendo contra telhado, coloquei um moletom, acendi um cigarro e abri as cortinas. A janela era muito grande, tinha até umas almofadas, e então me sentei confortavelmente ali. Bem em frente havia uma janela também grande, que pertencia á casa de meus vizinhos rockeiros. Torci para que fosse um cômodo inutilizado da casa.
Abri o vidro, sentindo o vento bater em meu rosto. Traguei despreocupadamente, de olhos fechados.
A chuva era uma das coisas que mais me acalmava.
Me senti melhor.

– Você fica mais bonita sem maquiagem. – Aquela voz sexy e irritante falou.

Abri os olhos, me deparando com o ruivo sorrindo cinicamente, escorado na janela á frente.

WHAT THE FUCK?!



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Notas finais do capítulo

Mereço uns reviews? Vamos lá, quero saber a opinião de vocês!