PVO João

NÃO É POSSÍVEL! Esse cara é igual barata, sempre surge do nada, fugimos dele e o que acontece? Ele aparece de novo. Levantei-me correndo e parei ao lado de Annie, passando minha mão pela sua cintura, ela ainda estava em estado de choque e eu me apressei em dizer:

- Jake, o que lhe traz aqui? Como descobriu nosso endereço?

- Posso entrar João? Está frio aqui fora. – ele respondeu.

- Claro, claro, entra Jake, fique a vontade, eu vou preparar alguma coisa para você comer – Annie parecia estar voltando a realidade.

Ele entrou, estava mancando de uma perna, tinha algumas queimaduras, ele se sentou no sofá e eu e Annie seguimos para a cozinha, ela abriu a geladeira e tirou alguns ingredientes para fazer um sanduiche:

- Quer dar abrigo para ele mesmo Annie? – perguntei.

Ela me olhou, um olhar desconfiado:

- Que mal há João?

- Que mal há? Simplesmente porque esse cara, esse mesmo que você esta dando abrigo agora te humilhou na frente de todo o acampamento alguns meses atrás, você disse o que sentia e o que ele fez? Pisou em cima dos seus sentimentos, fugimos por causa dele e agora você vai dar casa e comida? – eu disse, furioso.

Uma lágrima brotou em seus olhos e senti uma pontada no coração, eu detestava fazer garotas chorarem, mas ela rapidamente secou a lágrima e disse:

- Ele pode estar arrependido, já pensou nisso? Porque ele fugiria?

Ela pegou o sanduiche e foi até a sala, onde Jake limpava um de seus ferimentos. Ela o entregou o sanduiche e sentou ao seu lado, eles começaram a conversar e eu não aguentei:

- Vou para o meu quarto, boa noite para vocês.

Eles nem se quer me olharam, continuaram a conversar e eu suspirei. Caminhei pesadamente até a primeira porta, peguei meu pijama, escova de dentes e uma muda de roupa e me instalei no segundo quarto. Eu não iria dormir com Annie hoje, ela que dormisse com o Jake.

PVO Annie

- Jake, como veio parar aqui? – perguntei enquanto ia até o armário da cozinha pegar um pouco de ambrosia para os ferimentos de Jake.

- Eu não sei, sinceramente eu não sei Annie, eu precisava te pedir desculpas, eu não aguentei o peso na consciência do que eu te falei aquele dia, me desculpa por favor – eu sentei ao seu lado no sofá e olhei para o relógio, que marcava 22:00.

Olhei o estado de Jake, a camisa perfurada, a perna machucada, os arranhões, tudo aquilo me deu um aperto em meu coração, me aproximei dele e lhe dei um abraço, dizendo em seu ouvido:

- É claro que desculpo.

- Eu pensei que te perderia – ele sussurrou de volta, senti meu estômago dar uma volta, aquela voz rouca e sexy falando em meus ouvido fez meu mundo dar uma volta.

Não duvide do que eu sinto por João, mas não tenho certeza do que eu sinto por Jake, é meio confuso sabe? Me soltei dele e sorri, ele sorriu de volta, mas depois sua expressão ficou séria:

- O que foi Jake? – perguntei.

- Nada Annie, não se preocupe – ele respondeu, desviando o olhar.

- Me conta – supliquei.

- É que... eu não tenho casa Annie, eu vivi de esmolas até agora, batia de porta em porta pedindo um prato de comida, fui atacado por inúmeros monstros, não tenho uma boa noite de sono a meses, eu... eu sinto falta de companhia, sinto falta de você.

Acho que levar uma facada doeria menos do que eu senti ao escutar essas palavras, de repente, a torradeira da cozinha ficou a coisa mais interessante do mundo, respirei, uma, duas, três vezes e tomei uma decisão:

- Vem morar aqui com agente, tem um quarto sobrando, você arranja um emprego por aí.

- O que? Eu não quero atrapalhar, agora que você e o João estão... namorando não? – ele respondeu, um sorriso brotou em seus lábios.

- Para falar a verdade, eu não recebi um pedido concreto até agora, foram só beijos pra cá e beijos para lá, nada de um pedido de verdade – confessei.

- Mas que falta de atitude do João! Se fosse eu teria te pedido no primeiro beijo – uma longa pausa ocorreu – eu não quero atrapalhar Annie, acho que já está na hora de eu ir embora daqui, adeus.

Ele se levantou e deu um gemido, sua perna não estava em condições para sair da minha casa, quanto mais de ficar vagando pelas ruas:

- Não vai incomodar, pelo menos fique até sua perna melhorar, você deve estar cansado, na última porta, a esquerda tem um banheiro, se quiser se lavar eu pego uma toalha para você.

Ele pareceu protestar, mas eu lhe mandei um olhar maligno e ele se calou, apenas assentiu e sorriu, um sorriso caloroso e eu vi a vida daquele garoto colorindo de novo.

Eu o acompanhei até o banheiro e busquei uma toalha nova.

PVO Jake

Eu já falei que a Annie é um anjo? Ela me acolher assim, depois de tudo o que eu falei para ela, depois de pisar em seus sentimentos, ela me acolheu de braços abertos.

Fiquei enjoado só de olhar o estado de minha perna, um talho havia se aberto na altura da minha coxa esquerda, um corte não muito fundo, com sangue seco, eu teria que por uma faixa em volta. Deixei a água quente correr entre meus cabelos loiros, aos poucos, meus músculos iam relaxando e eu ia sentindo uma sensação de paz entrar em mim.

Alguns minutos depois eu sai do banheiro, eu vestia um calção e uma camiseta qualquer, uma das poucas roupas que eu tinha dentro da minha mochila.

- Jake – Annie vinha em minha direção, seus olhos pousaram sobre a minha perna – Deuses Jake, olha o estado de sua perna, venha cá, deixe-me fazer um curativo.

Eu a segui, mancando em direção a cozinha, ela me ajudou a sentar na bancada, de modo que eu ficava um pouco mais alto que ela:

- Acho que devo ter um pouco de néctar aqui, só pingar um pouquinho e enfaixar – ela disse, analisando algumas gavetas.

- Que irônico – comentei – eu que sou um curandeiro de Apolo e você que está cuidando de mim.

Ela apenas sorriu e chegou a minha frente, afastei as pernas e ela disse:

- Pode doer um pouco – ela pingou um pouco de néctar em minha perna, eu sentia minha carne fumegar, mas aos poucos a dor foi diminuindo, até que o corte estava quase fechado, ela pegou umas fixas e enrolou em minha perna.

- Você podia ser filha de Apolo sabia? – eu disse.

- Pff – ela disse – a maioria das filhas de Apolo são bonitas, eu nem para isso serviria.

Ela abaixou o olhar, como se algo a incomodasse, eu ainda estava sentado na bancada, toquei seu rosto gentilmente e a fiz me olhar:

- Não se preocupe com isso – eu disse sorrindo – para mim, você é linda.

Eu não resisti a tentação, eu a beijei, colei nossos lábios, eu achei que ela iria me bater, mas correspondeu com a mesma intensidade, o beijo foi ficando mais quente, sua mão subiu até os meus cabelos e eu pousei minhas mãos em sua cintura:

- Annie, você viu o... Estou atrapalhando alguma coisa aqui? – ouvi a voz de João.