POV João

Annie acabou dormindo em meus ombros, eu já estava cochilando quando lembrei que ela era filha de Afrodite, e eu filho de Dionísio, ela tem que dormir no 10 e eu no 12, a peguei nos braços e abri a porta, estava uma noite agradável, as estrelas brilhavam no céu, deixando tudo claro, andei com ela no colo até a porta do chalé 10. Como eu ia por ela lá dentro sem que me vissem? A cama dela é ao lado da porta, talvez se eu abrir uma frestinha...

E foi o que fiz, mas para passar eu e mais uma garota de 15 anos no meu colo teve que abrir uma grande fresta. A coloquei na cama sem fazer barulho e quando me virei para sair do chalé vi um par de olhos me encarando: Piper.

Ela levantou as sobrancelhas e me encarou, levantei as mãos num gesto de rendição e fiz um não com a cabeça, ei, eu não fiz nada. Ela sorriu e assentiu com a cabeça, se virou pro lado e voltou a dormir, saí do chalé e voltei ao meu, deitei na cama e dormi e tive um dos meus piores sonhos: Eu estava em um lugar aberto, estava ventando muito, eu vi Annie acorrentada, mas não era com correntes, algo invisível a prendia no ar, ela gritava de dor, lá tinha mais Piper e Leo, do mesmo jeito, mas inconsciente. Uma risada fria ecoava atrás de mim, tentei me mover, não conseguia:

-Quem está aí? – gritei – me solte!

- Pra que João, essa é a melhor parte – uma voz conhecida me dizia isso, mas quem era?

- SOLTE-ME AGORA! – gritei com toda a força que tinha.

E BAM, bati a cabeça no beliche de cima, olhei para os lados, o chalé estava vazio, alguns raios de sol passavam pela cortina púrpura, levantei-me esfregando a cabeça onde havia tomado a pancada, peguei meu relógio, 7:00 da manhã, fui ao banheiro e tomei uma ducha, coloquei outra roupa e saí do chalé, mal sabendo o que me aguardava.

POV Annie

Acordei em minha cama, como eu havia parado lá? Não sei, todos ainda dormiam, daqui a alguns minutos o despertador tocaria e seria uma guerra para ver quem chegava ao banheiro primeiro, enquanto eles estariam guerreando, eu já estaria lá.

Peguei uma muda de roupa qualquer e me tranquei no banheiro. Dito e feito, alguns minutos depois, eu  já escutava batidas na porta:

- ANNIE, SAIA DAÍ AGORA – era Drew.

- Deixe a menina tomar banho em paz Drew – era Piper.

Sua vozes eram abafadas por conta da porta trancada, desliguei o chuveiro, me troquei a abri a porta com um sorriso:

- Drew querida, pode ir lá já.

- Pff, pra que ficar tanto tempo assim lá dentro? Você não tem beleza, não é digna de ser uma filha de Afrodite. – ela deu uma risadinha e entrou.

Abaixei a cabeça triste, Piper veio perguntar se estava tudo bem, apenas assenti e saí do chalé, dando de cara com quem eu menos queria ver. Se você pensou que era o Jake, errado. Era Leo Valdez, conselheiro chefe do chalé de Hefesto, e a parte do quem eu menos queria ver era mentira, Leo era um dos meus melhores amigos, juntamente com João e Percy.

- Hey, foguinho – chamei.

- Olá Annie – ele parou ao meu lado – fiquei sabendo do que aconteceu ontem.

Meu sorriso se desfez, apenas assenti e cochichei:

- Eu vou fugir.

- O QUE? Ta louca? – ele perguntou fazendo cara de espanto, estávamos indo até o pavilhão, onde seria servido o café da manhã.

- É, vem com agente – retruquei.

- Eu... eu não posso Annie, acabei de arranjar uma namorada e você já quer me tirar dela? Tem Valdez pra todo mundo.

- Namorada? Que história é essa?  - perguntei espantada.

Ele sorriu e disse:

- Surpresa! Mas não vou contar quem é.

- Aff Leo, me conta vai. – eu implorei, ele era mais alto que eu, agora já tinha 17 e eu só 15, já fazia dois anos desde a guerra contra Gaia. Jason cuidava do outro acampamento, Percy e Annabeth viviam aqui, Hazel e Frank lá no acampamento Júpiter.

- Não senhorita, agora vá pra sua mesa, CHALÉ DE HEFESTO, COMIGO! – ele gritou, uma fila se formou, ele acenou e entrou no pavilhão.

O resto do dia não foi tão interessante, tivemos aula, João me contou o sonho dele que me apavorou de verdade, eu não queria morrer, reforcei a ideia de fugir e ele só continuava negando:

- Então eu vou sozinha, vou hoje a noite. Você não irá me ver nunca mais. – eu disse enquanto íamos a fogueira.

- Vai me deixar? Quero ver, não duraria um dia sem mim – ele sorriu, mas mantive a carranca – está levando tudo isso a sério mesmo?

Assenti e disse:

- É, to indo falar com o Percy agora, quero pegar umas dicas de como sair, se quiser ir comigo, me acompanhe.

Saí andando e fui em direção ao casal mais fofo do acampamento, Percy e Annabeth, que agora se encontravam aos beijos em um canto, pigarreei.

-  Ér, Percy, posso falar com você um instante? É rapidinho Annabeth.

Ela assentiu e eu puxei Percy até onde estava João:

- O que foi Annie? João? – ele perguntou.

- É o seguinte Percy, quero que você me ajude a fugir, sei que não deve ser tão difícil se você fugiu, me ajude por favor. – eu disse.

- Ta louca? Quer fugir? Seu pai João, vai pegar vocês no flagra. – ele respondeu coçando a cabeça.

- Só quero que você me diga como foi que fugiu, nada mais.  – repeti.

Ele me explicou que fugiu com a ajuda de Blackjack, e se queríamos mesmo fugir precisaríamos de um transporte, dinheiro e dracmas, comida e roupa. Ótimo, eu tinha  quase tudo da lista anterior, menos o transporte.

João finalmente concordou em ir embora comigo, fiz Percy jurar que não contaria nada a ninguém e voltamos ao chalé. Meia noite nos encontraríamos no pinheiro de Thalia.

Finalmente era hora de ir embora, peguei minha mochila e saí do chalé, correndo até o pinheiro, João estava lá, nervoso, andava de um lado para o outro, quando me viu disse:

- Finalmente, pensei que tinha desistido.

- Nunca – sorri – pronto?

- E eu tenho escolha?

Ultrapassamos os limites mágicos e demos alguns passos:

- Onde os moçinhos vão? – uma voz grossa disse atrás de nós. Me virei e empalideci.

- Ahn, oi pai. – João disse.