Guerra Fria escrita por Joan Missing


Capítulo 18
Cap.18 - "Ela dormiu no calor dos meus braços" p.2


Notas iniciais do capítulo

Primeiro eu queria agradecer a Dani Pires pela linda recomendação, ela me deixou muito feliz! Sério, muito obrigada mesmo!
E segundo, eu sei que esse capitulo era pra ser POV do Miguel, mas ele é meio que uma continuação do anterior. Ele ficou um pouco monótono e enorme, mas eu não queria ter que dividir de novo.
Boa Leitura preciosas! Beijos de luz.



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POV VALENTINA

Eu não sei quanto tempo exatamente eu dormi, mas o céu estava começando a escurecer. Tentei sair da forma mais cuidadosa que eu consegui para não acordar o clone do Che que dormia do meu lado. Essa viagem tá mexendo de mais com o equilíbrio das coisas, como pode isso? Sorri ao olhar o biquinho que ele fazia enquanto dormia. Tão fofuxo, nem parece que é o guerrilheiro mais chato do mundo.

Fui ao banheiro lavar o rosto e escovar os dentes. Voltei ao quarto e ele ainda dormia, peguei minha bolsa e fui em direção a porta, a noite vai ser longa e eu preciso me preparar. Suspirei. Fui atrás de Paolo para ele providenciar uma nova chave para o meu quarto, mas Lennon já havia entregado a original a ele. Soube que todos tinham ido para a praia e que Jonnatan e Alexis só deram sinal de vida há poucas horas. Subi finalmente para o meu quarto, o relógio marcava seis horas. Fui ao banheiro, deixei a banheira enchendo enquanto fui até meu closet, muitas coisas minhas antigas ainda estavam lá, os vestidos que a minha mãe queria que eu vestisse e algumas outras roupas que eu não consegui me desfazer. Mas se eu vou enfrentar o estúpido do Jullian tem que ser com estilo, a nova Valentina não tem medo dele. Separei uma calça de couro preta, umas botas cano alto e de salto alto preto e uma blusa solta preta com "DIE" escrito em letras garrafais brancas. Eu sempre quis usar essas roupas do tipo espiã, pelo menos pra isso o idiota serviu. Revirei os olhos e voltei ao banheiro, desliguei a torneira da banheira, derramei alguns sais de banho e pronto. Fiquei lá até a água ficar quase sem espuma. Me vesti, passei uma maquiagem leve com olhos bem marcados e peguei meu sobretudo preto, pra variar.

Quando terminei de me vestir resolvi descer pra comer alguma coisa. No caminho liguei pra Lennon e ela disse que ia chamar os outros e descer.

– Boa noite senhorita Cooper! - Um cara jovem e bonito disse e eu sorri. - Por aqui.

Eu o segui até uma mesa redonda que ficava em um canto do salão.

– A senhorita deseja alguma coisa agora ou está esperando alguém?

– Eu quero uma vodka com limão e gelo, por favor! - Ele assentiu positivamente e saiu -

– Valentina Cooper dizendo, por favor?! - Ouvi a voz de Lennon - O que fizeram com minha amiga? - Ela disse sentando na minha frente - Luna já vem, Rob e Ian estão dormindo e Jonnatan pegou uma isolação e tá aos cuidados da loira oxigenada! - Ela disse a ultima parte revirando os olhos -

– O nome dela é Alexis, Lenn! E ela é muito legal, vocês iam se da bem se você parasse com toda essa teimosia! - O garçom trouxe a Vodka e Lennon olhou feio. -

– Tá certo! Enfim, o que tá acontecendo entre você e o guerrilheiro? - Ela perguntou com um brilho no olhar -

– Nada, é perda de tempo. A gente nunca daria certo, nós somos muito diferentes. - Disse e sua expressão murchou -

– Deixa de ser cega garota, ele combina com você, com o que você queria ser! Agora vai dizer que não lembra? - Eu revirei os olhos e dei um longo gole na vodka e baixinha continuou - Além do mais os opostos se atraem e já tá na hora de você esquecer o passado por que...

– Impossível esquecer quando ele fica te perseguindo, Jullian não vai me deixar em paz enquanto eu não der o que ele quer Lenn!

– E o que ele quer porra? Eu sou a tua melhor amiga e só sei o que eu li nos jornais, que aconteceu um incêndio e que ele foi o responsável. Fala comigo caramba!

– Eu conheci o Jullian com catorze, numa festa que o resort estava dando uma festa na praia para os adolescentes que eram hospedes ou não, ele parecia tão deslocado quanto eu no meio daqueles adolescentes prodígios. Ele era a pessoa mais incrível que eu conhecia, determinado, corajoso e leal ao que acreditava, ele era minha válvula de escape, era quem eu achava que ia me dar a tão sonhada liberdade. Nós queríamos sair de Cancun, conhecer o mundo com uma mochila nas costas e ajudar as pessoas que essa sociedade individualista e hipócrita deixa a sua margem. - Lennon tossiu de propósito e arqueou a sobrancelha -

– E você se tornou aquilo que você mais detestava Valentina! Não vê isso? - Ela suspirou - Eu sei que essa garotinha ainda tá ai em algum lugar, eu vejo isso.

– Essa garotinha estúpida morreu. Agora me deixa continuar. - Ela fez uma careta - Bem, desde esse dia nós não nos separamos, ele era tudo que eu queria e eu cedi aos seus encantos. Mas tudo mudou quando a mãe dele morreu, ele culpou a sociedade que era incapaz de parar de olhar pros próprios interesses, a mãe dele estava num hospital público, minha mãe insistiu para ajudar a pagar um particular, mas ele não aceitou, era orgulhoso de mais e hospital particular mais próximo daqui fica a alguns quilômetros, ela não iria resistir a viagem. Enfim, ele ficou distante, possessivo, não queria que eu fosse pra casa, irritado e bruto. Eu me sentia sufocada, mas eu continuei com ele, afinal eu o amava e achava que era tudo uma fase. Foi nessa época que eu parei de ir visitar você e o Rob em NY, não saia com minha família direito e viva com ele. Mas um ano passou e ele só fez piorar, começou a andar com uma galera barra pesada, foi preso diversas vezes por mexer com drogas, eu recebia ligações de madrugada dizendo que ele estava inconsciente em algum beco da cidade por ter bebido e se drogado de mais. Eu estava sofrendo com tudo isso e resolvi que era melhor terminar, eu o amava, mas não aguentava mais essa situação. Deixei meu numero com o melhor amigo dele que era uma pessoa de confiança para o caso de Jullian decidisse fazer alguma besteira, o que podia acontecer e para ele me avisar de como estavam às coisas. Jullian ficou irado com o termino. Ele culpou meus pais, me falou coisas horríveis. No mesmo dia que isso aconteceu meu pai chegava a Cancun e todos iam para a cabana, Jullian sabia disso. Quando cheguei lá, meus pais estavam deitados. Quando foi a noite ele me ligou pedindo para conversar do lado de fora, eu fui, assim que sai ele, pois fogo na cabana. Na minha frente e começou a falar que agora eu poderia ser dele, porque ninguém mais ia me corromper contra ele. Eu chorava e tentava me soltar dos seus braços para sei lá ajudar meus pais, ele se distraiu com um animal e eu taquei uma pedra na sua cabeça. Eu achei meus pais, nós tentamos sair, eles saíram, mas eu não tinha ficado presa em um degrau da escada. Minha mãe voltou e me soltou, mas quando estávamos perto da porta uma estaca de madeira caiu e ela faleceu na hora. - As lembranças vinham forte na minha mente e as lagrimas desciam queimando a minha bochecha, as limpei antes que borrasse minha maquiagem- Meu pai denunciou Jullian, ele ficou preso um tempo, mas não tinham provas suficientes. E eu fui embora desse lugar, que me lembra cada segundo de que eu fui responsável pela morte dela.

– Amiga, a culpa não foi sua! Você não podia imaginar que Jullian ia fazer uma coisa dessas, tira isso da tua cabeça. Ficar se culpando só te faz mal e Caire não ia gostar de te ver assim, triste e longe do local que ela tanto ama. – Lennon sabia muito bem como ajudar e confortar alguém, era como um dom. O garçom trouxe a vodka e eu tomei um gole – Você comeu alguma coisa hoje Valentina? Não né?! Você não tem jeito mesmo, você pode me trazer um chá gelado de limão e algumas bruschettas de tomate.

– Claro. Já eu trago senhorita. – Ele disse sorrindo –

– Obrigada – Ela disse e ele saiu –

– Buenas noches chiquitas! – Luna Falou com a voz animada e sentando entre mim e Lennon – Que pasó? É o tal de Jullian?

– É! – Lennon foi mais rápida – Ele tá atormentado Valentina.

– Si quieres voy a volver loco y dar una lección en ella, vivió un tiempo en Colombia, aprendí muchas cosas. – Eu e Lennon ficamos olhando para ela sem entender quase nada – Desculpa, se você quiser vou até ele e dou uma boa lição naquele loco, morei na Colombia e aprendi muita coisa lá.

– Você Luna? – Nós rimos – Conheceu quem?

– A Marfia. – Ela fez uma expressão meio esquisita tentando ser perigosa e nós rimos mais ainda – Por isso que voltei para Barcelona, meu Hermano és chato e não deixou me ficar lá. Eu me dava mucho bem, meu namorado da época disse que eu tinha futuro no ramo. Mas eu sempre fui uma pessoa boazinha de mais sabe.

– Com razão né. Boazinha da onde? – Disse tentando parar de rir –

– Eu não vou discutir. – Ela revirou os olhos - E aonde tu vais com essas roupas? – Ela perguntou curiosa –

– Para canto nenhum. – Disse e Lennon me olhou com suspeita –

As bruschettas chegaram, eu comi um pouco, as meninas não paravam de falar um minuto e eu ria das besteiras tentando não pensar que vou para o inferno daqui a pouco.

– E meu Hermano? – Ela perguntou. Será que todas vão me perguntar sobre isso mesmo?! –

– O seu Hermano nada! – Disse rápida – A gente nunca daria certo!

– Claro que si! – Luna disse sorrindo – Yo veo, Lennon vê, pero tu no vês! Deixa de ser teimosa garota. Alexis veio me perguntar sobre a herpes do meu irmão, se era muito forte. – Ela disse arqueando a sobrancelha e eu corei violentamente –

– É que... – As duas me olharam sorrindo – Vocês são terríveis, eu só disse aquilo pra implicar com o pangaré.

– Sei Valente! – Lennon disse revirando os olhos –

Elas ficaram falando algumas besteira, sobre eu e o guerrilheiro e eu fiquei tentando desviar o assunto. O tempo foi passando e eu tive que ir.

– Eu já vou ter que ir. – Falei levantando –

– Pra onde, eu posso saber? – Lennon levantou –

– Pra canto nenhum, vou resolver uns problemas pendentes. Fiquem ai. Volto depois. – Disse e sai com pressa –


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Notas finais do capítulo

Review?? Até o próximo, acho que segunda ou terça to postando!