POV Miguel

O dia já amanheceu e eu não consegui pregar os olhos. Eu não sei o porque fiz aquilo, acho que foi para não mata-la, ela estava me tirando do sério desde que a conheci e ontem ela bateu o Record, principalmente quando ela disse que havia chamado o filho da puta do Jonnatan para viajar com a gente. Era só o que me faltava? Ela tinha esquecido o que esse desgraçado quase fez? Depois ficou com ciúmes de mim no restaurante, o que foi impagável, eu só continuei com as ceninhas pra vê-la irritada e depois, foi a gota d’água, ela pode me esculhambar até a morte, mas não fale da minha Poderosa, ela é a melhor companheira que um cara pode ter!

Olhei para o relógio e os números em laranja neon em tamanho garrafal marcavam seis horas. Levantei-me em um pulo, tomei um banho, vesti uma calça velha qualquer e uma camisa cinza e coloquei meus tênis. E me lembrei de que minha jaqueta ainda estava com a monstrinha, eu não podia viajar sem ela. O relógio marcava seis e quarenta, ela ainda devia estar em casa! Peguei minha bagagem e fui de taxi pra casa da maldita.

Cheguei lá em poucos minutos, NY ainda estava acordando. Dispensei o taxi, depois resolveria como iria para o aeroporto com a patricinha e toquei a campainha, uma senhora atendeu.

– Pois não? – Ela disse sorrindo –

– Ér, oi! – Eu disse – Sou amigo da Patri... Valentina. Ela está?

– Oh, claro! O senhor esteve aqui ontem com o menino Robert e a menina Lennon! Entre! – Ela disse sorrindo e eu entrei na casa – Pode deixar suas malas ali junto com as da menina. – Ela disse apontando pra um conjunto de quatro malas Louis Vuitton – Pode subir, ela esta terminando de arrumar a bolsa. – Mais uma? Isso é sério? –

– Muito obrigada. – Disse e subi as escadas –

A porta do quarto da patricinha estava um pouco aberta, a monstrinha estava linda, como sempre, e usava a minha jaqueta. Eu não sei bem o porquê, mas ela ficou muito melhor nela do que eu. Passei um tempo observando a patricinha ir de um lado para outro colocando umas coisas dentro de uma versão menor das malas que estavam no andar de baixo.

Ela ficou assustada quando me viu. Fiquei um tempo perdido naqueles malditos olhos, que como diz um escritor brasileiro, olhos de cigana obliqua e dissimulada, que insistem em ficar na minha mente. Porra Miguel, você tá fodido. O que você tá pensando? Foco, cara!

– Minha jaqueta patricinha? – Perguntei sorrindo. Eu estava feliz. Porra, eu estava. –

– Ér... Bom... – Ela desviou o olhar – Ah, é a sua? Bem que eu estava estranhando, eu não compraria essa coisa nem morta. – Ela olhou com desprezo a jaqueta – Isso parece que é de uma loja de departamento, eca! – Ela tirou e a jogou em mim – Pode ficar.

– Ótimo. Ela fica muito melhor em mim! – Disse entrando no quarto – Já terminou?

– Claro que fica, eu não combino com coisas de segunda mão, meu querido! – Revirou os olhos e pegou a mala – Por quê?

– Eu vou com você. – Disse obvio –

– Só porque eu to com um ótimo humor! – Disse fechando a mala e saindo do quarto, eu apenas a segui. –

Ela desceu rebolando as escadas, o que me deixou louco. Falou de forma carinhosa com a senhora que trabalhava em sua casa, o que me surpreendeu e chamou o motorista. O cara era loiro e baixo, ele a olhava com uma devoção e desejo que me fez querer tira-la do seu campo de visão. Nós colocamos as coisas no carro e seguimos para o aeroporto. Não trocamos uma palavra, a patricinha colocou os hadfones assim que entrou no carro e encostou a cabeça no banco, fechando os olhos.

Luna, Rob, Ian, Lennon e o desgraçado do Jonnatan já estavam lá. Bufei. A patricinha foi correndo falar com ele.

– Oi! – Ela disse o abraçando - E ai? Fizeram o check-in?

– Sim! Lennon falou animada e piscou para Luna. As duas tão armando certeza. Passaram a semana inteira cochichando por todo canto. - Eu vou com Luna e Rob em uma daquelas cadeiras triplas, bem no meio, pra impedir os dois de se comerem ali na frente de todo mundo! – Ela disse revirando os olhos – E os dois ali, vão um do lado do outro. Sabia que eles são amigos de infância? – Ela perguntou toda ingênua – Faltam só vocês dois.

– Ótimo! – Falei revirando os olhos –

– Por acaso vocês vieram juntos? – Luna perguntou sorrindo – Achou sua jaqueta hermano?

– Não! – Ela respondeu me olhando – Achei esse pangaré maldito lá fora.

– Vamos, monstrinha, fazer logo esse maldito check-in! – Disse a puxando pelo braço –

Ela ficou me chamando de grosso e me xingando por um bom tempo até chegar no local, nós pegamos duas poltronas uma do lado do outro. Ótimo, pelo menos a cadeira da janela é minha. Enquanto esperávamos, ela e o imbecil ficaram só de conversinha, o que me irritou. Luna e Lennon não paravam de cochichar e Rob e Ian brincavam no fliperama, pareciam dias crianças. Fui até as meninas perguntar se já podíamos ir pra sala de embarque...

– O plano tá dando certo Lenn, agora é conseguir deixar... – Luna me viu se aproximar e parou –

– Que plano hermana? – Perguntei sério –

– Nenhum Miguel. – Ela disse revirando os olhos – Não está na hora do embarque não?

– É isso que vim dizer. – Bufei –

– Vá chamar as crianças, nós vamos chamar os dois ali e ir à frente. – Lennon disse mandona –

– Porque eu que...

– Pare de reclamar e vá! – A baixinha mandou e Luna riu. –

Eu não tive escolha e fui chamar os dois. Cheguei lá e eles estavam brigando por um urso de pelúcia. Rob estava quase chorando e Ian vermelho de raiva. Tomei o coelho cor de rosa e mandei pararem com aquela loucura, demoraram uns 20 minutos pra acalmar a situação. O coelho agora é meu, oras. Fluffy, meu novo amigo.

Nos fomos para sala de embarque e vimos que os outros já tinham entrado no avião. Quando entrei vi que a patricinha estava lá, sentada na minha poltrona, NA JANELA. Estava já para mandá-la levantar aquela bunda linda dali, quando ela se ajeitou na cadeira e eu pude ver seus olhinhos fechados. Eu tinha demorado tanto assim? Ela dorme rápido ein. Bom, eu sou um frouxo e não tive coragem acorda-la. Burro, burro, burro!

O avião decolou logo. Jonnatan e Ian conversavam animadamente, Lennon dormia tranquila, e Rob e Luna tentavam se beijar sem acordar a pequena, foi uma cena engraçada. Levantei a coisa que separava nossas poltronas e coloquei o Fluffy no lugar. Com o tempo tudo se apagou para mim.

Acordei com a aeromoça tocando o meu ombro. Estava meio atordoado. A patricinha dormia praticamente em cima de mim e meus braços estavam em sua volta. Como chegamos nessa posição? Voltei a atenção a aeromoça, que disse que já íamos pousar e que era para colocarmos os cintos. Acordei a patricinha, que me olhou com raiva quando viu como estávamos, ela resmungou algumas palavras que eu não entendi e colocou o cinto e o hadfone. O avião inteiro escutava a musica do Red Hot que tocava. Coloquei o meu coelho no colo e fiquei esperando o avião parar, finalmente férias!