Anna escrita por lettheb0dies


Capítulo 2
Capítulo 1.1


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi dividido em dois... Porque sim. AUHAUHAUHAU
E pelo amor de Deus, UMA review (e da minha melhor amiga)? Poxa! E eu sei que eu deveria ter avisado isso antes, mas eu não tô afim de postar pra ninguém ler, então se você lê, deixe uma review, nem que seja um ":)", só pra eu saber se devo postar, ok? Ok.



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Já que eu não tinha alternativas, voltei as ruas, me escondendo, e tentando esconder o mundo de mim. Era... Nojento demais. Eu, até aquele momento, não tinha reparado no quão asquerosas as coisas estavam. Não se via mais azul no céu (e sim um tom de cinza constante, que se tornava vermelho ao entardecer, e então um marrom à noite), não se viam pássaros, o ar era pesado, denso, visível.

Era óbvio que me achariam, e eu estava andando para a morte, sem rumos, sem me importar com os limites das cidades. Eu simplesmente andava, me escondendo entre entulhos, construções abandonadas, e o que um dia foram árvores (agora eram apenas um tronco, caído e sem vida). Eu sabia que me achariam, e eu não temia. Eu havia perdido tudo o que eu tinha. Até mesmo o que eu nunca tive! Eu era um nada, um pequeno ser insignificante, perambulando entre guerrilhas urbanas e suicidas. Entre corpos e destroços.

Eu sentia olhos queimando em minhas costas, sentia aquela presença maldita de quando há alguém atrás de você, eu ouvia até mesmo seus passos, e mesmo assim continuei.

Até que o cansaço físico foi maior. A sede e a fome eram fortes demais pra se continuar andando. O frio chegava e queimava a pele. Me deixei cair no chão ajoelhada, e senti suas mãos em meus braços. Era isso. Tinha acabado. Deixei meus olhos se fecharem enquanto me seguravam e arrastavam.

– Eu vou morrer, não vou? – disse fraca, com o pouco de consciência que eu tinha.

– Não... Você estava sendo procurada há muito tempo.

– Só... Não me deixe sentir dor.

– Você não sentirá nada, eu prometo. – foi o que eu ouvi antes de apagar.

Infelizmente, eu não iria de fato morrer. Teria que continuar nesse mundo horrível. Ou pelo menos era o que eu achava.

Acordei sentindo minhas costas doendo. Estava deitada no chão de um galpão, ou pelo menos era o que parecia. A temperatura, ao contrário do que eu me lembrava do lado de fora, era agradável. A claridade, apesar de suave, era branca e forte (eu sei que foi meio paradoxal, mas é possível, acreditem) o bastante para eu ver o quão vasto era o local, e ver que eu estava sozinha, completamente sozinha.

Sentei-me e abracei minhas pernas, apoiando meu queixo entre meus joelhos. O silêncio era a única coisa que me incomodava. Mas apesar de tudo, eu não sentia medo. Ali era mais seguro que o mundo inteiro, disso eu tinha certeza.

Ouvi um assobio suave, que foi ficando mais alto, conforme passei a ouvir passos. Me limitei à levantar o rosto e olhar envolta, uma porta estava abrindo, e dela surgiu um homem, com uma calça jeans de lavagem escura, e uma camiseta preta simples. Seus cabelos igualmente negros, e olhos tampados por um óculos de sol.

– Bom dia, Anna. – ele disse assim que parou, à uns dois metros de mim.

– Bom dia... E eu era tão esperada assim? – ri sem humor, enquanto me levantava e me esticava, ficando nas pontas dos pés, e ouvia o estalar de todas as articulações, junto com a sensação boa e finalmente mudar de posição.

– Mais do que você imagina... Com medo? Ansiosa? Assustada? – ele perguntou casualmente, enquanto tirava o óculos e o pendurava em sua camiseta, mostrando seus olhos castanhos e calmos. Por alguma razão, me senti segura, e andei em sua direção.

– Não... Afinal, o que querem comigo? Me matar? Me submeter a tortura? Diga logo, isso ta ficando um pouco cansativo e...

– Nada vai acontecer, Anna. – ele me interrompeu, apesar de manter o mesmo tom calmo – Na verdade, você deveria ficar feliz por estar aqui. Você viu como o mundo está. Enfim... Venha comigo. Aliás, eu me chamo Brian. – ele dizia enquanto se dirigia de volta à porta de onde havia saído, me fazendo segui-lo. – Espero que se sinta confortável em tomar banho em um lugar desconhecido...

Franzi o cenho e continuei o seguindo, até a porta, que descobri ser como uma daquelas portas a prova de incêndio, onde após eu entrar, ele fechou, fazendo o corredor onde estávamos ficar um pouco mais escuro, e então se voltou à minha frente, andando para o lado direito e abrindo uma segunda porta, essa mais leve, que levava à um banheiro relativamente grande, com uma parede de um vidro opaco. Brian se apoiou de costas para ela e voltou seu olhar ao meu.

– É para que eu possa te ver, mas sem te ver nua. – ele disse como se eu tivesse perguntado algo – Bom... Sinta-se à vontade, Anna. Ali tem um armário, com todos os produtos que você precisa, toalhas e um Box. Pode demorar o tempo que precisar, eu já passei por isso também. – então ele sorriu, e eu senti meu coração se aquecer levemente. Brian me passava uma segurança que eu não sentia fazia tempo, e não, eu não estava me apaixonando, ou seja lá o que vocês estão pensando. Eu sentia o tipo de segurança que se sente com um irmão. Não pude evitar de sorrir de volta, após concluir isso, e andar para o outro lado, constatando que o que ele havia dito era verdade.

Peguei um xampu e um condicionador que me agradasse (na verdade, eu só li na embalagem quais eram os produtos para cabelos cacheados), separei duas toalhas e um sabonete qualquer. Antes que colocasse minhas mãos em minhas roupas, voltei meu olhar à parede de vidro, percebendo que o rosto de Brian estava virado na minha direção, apesar de não ver nada corretamente.

– Você tem certeza que não vai me ver? – disse baixo, ouvindo um riso baixo como resposta.

– Eu só vejo um borrão azul e branco das suas roupas e um escuro do teu cabelo, Anna. Você já esteve desse lado e sabe muito bem que não dá pra ver nada. - Respirei fundo após ouvir sua resposta e me despi rapidamente, e entrei no Box ligando o chuveiro. E então percebi o que era óbvio: eu era a única pessoa do mundo que não gostava de banho quente. Respirei fundo novamente, e tentei me manter embaixo da água, que parecia queimar minha pele, deixando-a avermelhada. Soltei um grunhido e antes mesmo que meu cabelo estivesse molhado, sai debaixo da água fechando o registro e me enrolando em uma das toalhas. E então percebi outra coisa óbvia: eu era baixa demais para mudar a temperatura do chuveiro.

– Brian... Me ajuda? Rapidinho... – disse enquanto abria o Box. Ótima ideia achar que o chuveiro estaria frio, Anna! Vi Brian colocar apenas a cabeça para o outro lado da parede de vidro, assim como eu fazia no Box. – Não consigo tomar banho com água quente... – respondi antes que ele perguntasse, assim como havia feito comigo antes.

– Sério? Acho que você é a única. – ele disse enquanto se aproximava do Box. – Ok, não se reprima, saia do Box. – o olhei confusa, apertando mais a toalha contra meu busto – Eu preciso entrar aí pra mudar a temperatura...

Sorri envergonhada enquanto saia do Box, e continuava a apertar a toalha contra meu corpo, vendo-o se esticar, ainda com os pés do lado de fora do Box e mudar a temperatura do chuveiro.

– Pronto... Baixinha. – ele riu enquanto bagunçava meus cabelos, ainda secos na raiz e se voltava ao outro lado da parede.

– Obrigada. – disse enquanto entrava no Box, e ligava o chuveiro, deixando a toalha no lugar de antes e sentindo a água levemente morna.

– De nada... Se importa se eu cantar?

– Não. Sinta-se à vontade. – e assim tomei meu banho, enquanto o ouvia cantarolar alguma música desconhecida na outra extremidade do banheiro.

Não sei quanto tempo fiquei ali, mas assim que sai me enrolei novamente na toalha, e a outra usei para o meu cabelo.

– Brian... E roupas?

– Espero que não se importe em ficar só de toalha na minha frente, novamente. – ele disse rindo, enquanto eu ouvia o barulho da porta abrir, e o seguia.



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