POVS JIRAYA

Ali de frente para o espelho eu via-me irreconhecível dentro daquele terno branco. Meus cabelos estavam bem penteados demais para o meu gosto às roupas se ajustavam a ponto de me fazer sentir-me um hipopótamo ali dentro. Enquanto eu arrumava os últimos detalhes da minha “fantasia”, via Minato entrar com um sorriso franco no rosto.

Nós compartilhávamos a mesma alegria, ela não tinha nada haver com o casamento e sim com o fato de que junto à cerimônia aconteceria a posse do 4º Hokage. Mesmo sabendo o quanto Orochimaru desejava aquela posição, o sannin dos sapos sabia que Minato tinha muito mais competência, pra o cargo.

Não se tratava de uma questão de poder, mas também uma questão de caráter, de princípios do modo como se da vazão ao que significa ser um shinobi. E disto, Minato entendia melhor do que ninguém, por trás daquele rosto angelical, tinha um homem de caráter, poder e sensibilidade inegáveis.

–Feliz sensei? – Jiraiya terminava de colocar uma pequena corrente presa no peito, presente de seu avô, através dela ele teria a presença de sua família há muito tempo exterminada por causa das guerras.

–Estou cumprindo o meu dever apenas. – Disse fingindo estar distraído.

–Ora, vamos não precisa mentir pra mim. Esta fazendo isto por que também gosta dela, sempre gostou. - Eu o encarei com seriedade, mesmo sabendo que o que falava não era de tudo mentira, não daria o braço a torcer.

–Não pense que este casamento me fará um novo homem, por que isto não vai acontecer, disto tenha certeza.

–Você não mudou tanto assim... – Minato falou divertido. – Você a olha do mesmo jeito que olhava, quando o senhor começou a me treinar, lembra?

–Isto já foi há muito tempo, Minato. – Disse tocando o ombro do homem que eu vi crescer e ensinei tudo o que sabia e agora ele estava maior do que eu em todos os sentidos. Não é que eu não quisesse lhe falar, no entanto aquilo tocava em um sentimento que eu jurei a mim mesmo nunca mais deixar vir à tona, e estava determinado a cumprir isto.

–Agora, vamos deixe que Tsunade chegue atrasada. Tsunade atrasou-se por apenas cinco minutos. Ao vê-la ali ao pé da estrada eu nunca poderia tê-la visto mais linda. Não apenas pelo traje que simplesmente deixou o melhor de seu corpo bem a vista. E não eram os seios, era todo o contorno de sua silhueta muito bem torneada para a idade. A maquiagem leve realçava seus belos olhos cor de mel. O sorriso era pequeno, quase tímido. Se não a conhecesse tão bem diria que estava nervosa. Os cabelos soltos, com uma presilha prendendo uma pequena mexa, davam-lhe um charme que no dia-a-dia não mostrava.

Ao seu lado, Sarutobi sensei, impecável como sempre quando o assunto era o bem estar da Vila da Folha.

–Se tem alguém que é contra esta união fale agora ou cale-se para sempre. – Vi duas ou três amantes irem embora de fininho. Não sei por que se fosse qualquer outra mulher tinha certeza que elas teriam dado um escândalo. Entretanto ao meu lado estava a Kunoichi mais poderosa da Vila, o que tornava no mínimo perigoso a menor afronta que fosse.

Fria. Esta era sua temperatura, mas tornou-se quente no momento que eu começava a suar frio, depois aquele falatório do Minato que realizava o primeiro compromisso enquanto Hokage da Vila estava me deixando apreensivo.Até aquele momento juro que não estava nervoso, mas tudo mudou quando o sensei deu-me a mão de Tsunade e disse-me pra que cuidasse dela, como o primeiro e o segundo Hokage, desejariam se estivessem ali.

A mão dela, naquele momento pareceu-me tão pequena, estava um pouco ressecado por ela ser uma médica, mas isto não tirava a beleza do trato de suas unhas.– Mesmo dizendo um sim, em meu juramento haveria um único parêntese, a questão da fidelidade, eu sou um homem sexualmente ativo, então fidelidade não é uma opção “inteligente”, para alguém que vai viver um casamento de aparências.

Depois foi a vez de Tsunade, que disse um “sim” tão rápido que quase ninguém percebeu. Então, a sentença imediatamente foi dada:

Em uma fração de segundos eu decidi, que uma vez na vida iria me divertir pra que Tsunade aprendesse com quem ela estava lidando. Entretanto, ali não poderia em momento algum deixar de fazer meu número de marido apaixonado.Foi estranho no primeiríssimo momento tudo o que eu queria era um selinho, pra saciar todos aqueles olhares curiosos.

Mas algo na boca dela, talvez o gosto, ou um antigo desejo de simplesmente beijá-la não permitiu que eu parasse, e quando dei por mim, nossas línguas já haviam se entrelaçado fazendo uma dança tão intensa, que demorei alguns segundos a retornar o meu estado “normal”. Sentamos na “Carruagem”, improvisada por Sarutobi. Ajudei Tsunade a subir nela, mesmo sabendo que não precisava, sentamos lado a lado.

–Então, feliz? – Droga, pergunta errada. Deveria ter falado qualquer coisa menos aquilo.

Respondi olhando-a no fundo de seus olhos.

–E por que não? -E pra você essa deverá ser uma difícil missão não? – Eu não poderia mentir. Realmente, não foi uma decisão tão fácil quanto parecia. Estar ali, naquela carruagem, dividindo uma mesma aliança no dedo, e fingir uma vida comum, era um risco maior do que lutar de olhos vendados com um exército de Nukenins Rank-S. Acontecesse o que acontecesse, eu procuraria ser o mais prático possível. A minha vida não se alteraria em quase nada, o mesmo serve pra Tsunade. Mas, também não era o mesmo que ir pra guilhotina, como provavelmente estava sendo pra ela.

Fim?