A Luz no Coração de Gelo escrita por Hika-chan_16, Phinderblast


Capítulo 3
O poder desperto: Acreditando em você


Notas iniciais do capítulo

Hikari: Bom, podem me xingar, eu mereço u.u" Por minha culpa, essa fic ficou parada quase um ano ç.ç' Eu voltei, e prometo que de agora em diante não haverá mais atrasos, ok? (pelo menos por minha parte XD) Espero que gostem deste capítulo! Elogios, críticas, quaisquer comentários são muito bem-vindos!



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~ Capítulo 3 ~ O poder desperto: Acreditando em você

 

A luz que irradiava de suas costas era tão morna e palpável, que por um instante eu acreditei que aquelas misteriosas asas a levariam para longe de mim.”

 

Abriu os olhos com certa dificuldade, como se alguma estranha força teimasse em deixá-los fechados. Podia ouvir o som das águas agitadas de um rio, de alguns monstros correndo para fora de seus esconderijos agora que a chuva tinha passado, de algum pássaro cantando ao longe... e o som de um choro baixinho. Quando finalmente conseguiu focar sua visão direito, avistou Akira sentada a uns trinta centímetros dele, toda encolhida e abraçada às pernas, escondendo o rosto entre os joelhos. Ela tremia bastante, devia estar com muito frio, mas parecia estar se esforçando para sufocar o choro.

Hey... Eu ainda não morri para você ficar desse jeito. Deixe de ser chorona. disse de maneira ríspida, tentando se levantar, porém logo se arrependeu por isso. Sua cabeça doía muito, e só agora reparava no quanto estava tonto. Tentou ignorar a dor e sentou do mesmo jeito, cobrindo parcialmente o rosto com uma mão e fechando os olhos, concentrando-se para organizar as idéias. Haviam caído de uma grande altura, e levando em conta o quanto estavam ensopados sendo que a chuva já tinha parado, deviam ter caído no rio à frente também. Lembrava-se de que, no momento que percebeu a terra sob os dois cedendo, tratou de abraçar a garota bem forte e inverter as posições para protegê-la.

N-Não se mexa... Você está ferido...” o tom de voz da Sumo era bem assustado, o que fez com que Akihiko a olhasse um tanto admirado. Levou uma mão até a nuca, sentindo um líquido quente ainda brotando de um corte. Maravilha, devia ter batido a cabeça na queda.

Ao invés de ficar aí se lamentando, por que não me cura logo?” indagou casualmente, testando-a. Claro que um cortezinho daquele não era incômodo algum, mas estava curioso quanto aos poderes dela. Para o próprio rei a ter convocado, certamente fraca ela não era.

No entanto, a reação dela o pegou de surpresa. Akira o encarava com os olhos trêmulos, tristes, até que finalmente desviou o olhar e suspirou resignada.

Eu não... sei curar. Ao menos nunca consegui curar ninguém. Só consigo ajudar como suporte para aumentar a força de alguns atributos, mas... curar mesmo é impossível para mim. Sinto mui--

Você quem nos tirou da água?” cortou-a abruptamente, mudando de assunto. Sinceramente, não era da conta dele as explicações que ela tinha para dar, e também não estava nem um pouco a fim de ouvir sobre suas fraquezas. Era verdade que o fato de uma Sumo-Sacerdotisa tão... impotente – por falta de uma palavra melhor – pudesse ter sido escolhida para uma missão importante como aquela.

Akira abriu a boca para falar algo, mas logo a fechou e apenas afirmou com um simples gesto de cabeça. Akihiko olhou em volta, percebendo que estavam bem distantes do local da queda. Certamente a correnteza do rio os arrastou para bem longe, e talvez teria continuado se Akira não os tivesse tirado de lá a tempo. Agora que parava para pensar bem, era patético ele ter desmaiado em um momento como aquele e deixado uma simples garotinha que tinha praticamente metade do seu peso fazer todo o trabalho sozinha. Suspirou, aborrecido, e se levantou. Cambaleou um pouco a princípio, mas logo recobrou o equilíbrio e já andava normalmente. Pegou sua Muramasa que estava ao seu lado no chão e deu alguns passos em direção ao rio. A julgar pela força da correnteza e a sutil mudança na paisagem, deviam estar mais perto de Geffen. Conseguiriam chegar lá bem antes de seus companheiros. O que não o preocupava, pois sabia que todos aqueles homens eram capazes o suficiente de chegarem à cidade e aguardar por novas instruções.

Não está ferida? Teremos que ir andando a partir de agora.” virou-se para a garota, oferecendo a mão para que ela se levantasse. A garota balançou a cabeça e prontamente se colocou de pé com a ajuda do lorde. Porém, os dois mal deram alguns passos, foram obrigados a parar.

Um zumbido. Ou melhor, vários zumbidos, um mais perturbador do que o outro, começou a ecoar por toda a área. O casal foi obrigado a tapar os ouvidos, mas logo perceberam que era inútil uma vez que aquele barulho incômodo aumentava gradativamente de volume.

O que é isso?!” Akira exclamou, mas antes de receber uma resposta, foi puxada por Akihiko para mais perto do corpo do rapaz. Ela o encarou, envergonhada, mas ele não retribuiu seu olhar. O lorde estava mais preocupado com as criaturas que os cercavam pouco a pouco, ameaçadoramente. Para ter tantos zangões gigantes por ali, só significava uma coisa: a Abelha-Rainha estava por perto.

E infelizmente, o lorde estava certo.

Pequena, e à primeira vista fraca, contudo apenas um tolo subestimaria o poder de um dos monstros “chefões” de Rune-Midgard. As finas asas escarlates batiam numa velocidade alta demais para que meros olhos humanos pudessem acompanhar. Parecia bem irritada, como se aqueles dois tivessem cometido um crime muito grave. Em outra ocasião, a aparição daquele grupo de monstros não teria causado alarde algum a Akihiko, mas agora... Além de ter que ficar de olho em uma Sumo-Sacerdotisa que não sabia usar direito seus poderes, ainda estava sem sua armadura. Um grave descuido, tinha que admitir. Quando saiu da tenda para buscar Akira, não pensou em algum imprevisto, por isso deixou todas as suas coisas, exceto sua espada, na barraca.

Então, tudo aconteceu muito rápido. No exato instante em que os zangões partiram para cima do casal, Akihiko pegou Akira e a jogou para dentro do rio. A garota mal teve tempo de reagir. A última coisa que conseguiu ver antes de afundar foi aquele enorme enxame atacando o lorde impiedosamente.

 

~*~

 

Para sua grande sorte, a correnteza naquele ponto do rio estava bem fraca. Talvez por isso tenha conseguido tirar Akihiko da água antes, e talvez por isso tenha conseguido se segurar em um galho próximo à margem antes de ser levada para longe de seu salvador. Com muito esforço, conseguiu voltar à terra firme, completamente ensopada – de novo. Não tinha nenhuma arma, e tremia tanto devido ao frio que mal conseguia pronunciar as palavras certas para aumentar as forças de Akihiko. Assim que conseguiu ao menos criar uma significativa barreira em torno dele com a Kyrie Eleison, acabou por chamar sua atenção para alguns zangões, que prontamente foram atacá-la. Porém, antes que sequer chegassem a dois metros dela, Akihiko os cortou ao meio. Mesmo tendo apenas sua espada como auxílio, o lorde real foi capaz de matar um por um dos subordinados da Abelha-Rainha. Motivo de comemoração? Nem um pouco. Habilmente, ela invocou dezenas de Petites Voadores no lugar. O que era anormal, pois não se lembrava de um monstro como ela ser capaz de conjurar um número absurdo de ajudantes como agora. E, para completar, a Abelha-Rainha também estava tomando partido da luta, atrapalhando demais o lorde. Sem nenhum tipo de vestimenta adequada, o corpo dele estava sendo facilmente ferido com tantos ataques consecutivos.

Não...” Akira observava com horror aquela cena. “Pare, por favor...” mais e mais cortes eram feitos no corpo de Akihiko. Por mais que ele matasse alguns Petites, o dobro aparecia no lugar. “Vocês vão matá-lo assim...!!” exclamou, desesperada, mas logicamente nenhum monstro lhe deu atenção.

Até que, após uma forte ferroada no peito, ele tombou.

AKIHIKO!!!” sem pensar nas consequências, Akira correu até o lorde, metendo-se dentro do amontoado de Petites e colocando-se sobre o corpo do rapaz. Agora ela quem virara o alvo, tendo seu corpo castigado pelos ataques constantes das criaturas selvagens.

Vai... Vai embora... Eles vão te matar assim. Você tem que... se salvar... É a única que pode... deter Yami...” ele ofegava, fraco. Um filete de sangue escorria de sua boca. Estava difícil respirar. Suas roupas, especialmente a camisa, estavam rasgadas ou manchadas de sangue. Em seu peito, inclusive, havia um corte muito profundo provocado pela Abelha-Rainha. Era patético estar naquele estado...

Não!! Não vou te deixar!! Você... Você foi o único que acreditou em mim! Mesmo... Mesmo eu sendo uma inútil!!” Akira apertava os olhos com força, chorando, sem saber se de dor por causa dos golpes que estava sofrendo ou se de medo por estar vendo seu colega naquele estado. Não queria ver mais ninguém morrendo em seus braços. Não queria... ver a mesma cena se repetindo de novo.

 

~*~

 

Uma arquimaga jazia no chão, no limiar entre a vida e a morte. Sob ela, uma poça de sangue aumentava gradativamente de tamanho, tingindo de vermelho a neve branca e pura. Explosões, gritos e os sons emitidos pelo choque entre várias espadas: uma guerra entre clãs acontecia nos campos gelados da região de Lutie.

Lira... Lira, aguente firme! Eu vou buscar alguém. Você vai ficar bem, vai sim! Não feche os olhos, tá?” uma Akira seis anos mais nova chorava e soluçava ao lado da arquimaga. Esta, dona de longos cabelos negros e olhos azuis já sem vida.

Sempre... chorando... Akira...” a voz de Lira era baixa e sufocada, e sua dificuldade de respirar era visível. “Desde pequena você é... assim... minha ir...mã. Deveria confi...ar... mais em... si mesma....

Pare de falar, poupe sua energia! Você não pode morrer, não pode me deixar sozinha também.” segurou a mão de sua irmã com força, desesperada. Era apenas uma noviça ainda, e mal tinha começado seu treinamento. Perdeu seus pais em uma Guerra do Emperium, e sua única parente viva estava tendo o mesmo destino.

Akira... Uma última... vez... Faça algo por mim... Algo que... sempre... amei em... vo...cê...

 

~*~

 

E principalmente não queria que ele, justo ELE morresse. Akihiko... Akihiko...

 

~*~

 

Cante

 

~*~

 

BASÍLICA!” a Sumo gritou e uma forte barreira de luz envolveu os dois, afastando todos os monstros. Nem os Petites e nem a Abelha-Rainha conseguiam mais atacar os dois humanos, estavam completamente fora de alcance. No entanto, como consequência, Akira não podia mais mover seu corpo, permanecendo assim sobre Akihiko.

Você dá tanto trabalho...” Akihiko murmurou, permitindo-se um pequeno sorriso. Akira estava cantando, e embora o corpo da pequena estivesse doendo muito com tantos machucados, seu semblante era bem sereno. O que tornava sua música tão diferente era o fato daquela melodia estar numa língua totalmente desconhecida, ressoando como se fizesse parte de uma composição de piano. Uma luz quente parecia irradiar das costas da garota, tomando alguma forma que o lorde não conseguia distinguir muito bem. Seus olhos foram se fechando, e por alguns segundos, sua consciência o deixou.

 

~*~

 

Embora Akira estivesse cantando, podia ouvir com perfeição as batidas de seu coração. Do seu e do dela. E de repente, algo aconteceu.

Cura, Assumptio, Impositio Manus, Graça Divina, Escudo Mágico, Magnificat, Glória, Lex Aeterna, Aumento de Velocidade, Angelus, Benção... Essas e mais algumas outras magias comumente utilizadas por Sumo-Sacerdotes, irromperam juntamente, fortalecendo Akihiko e enfraquecendo todos os monstros ao redor. O lorde abriu os olhos, sentindo uma energia crescente e sem igual apoderar-se de seu corpo.

E sabia que era o momento certo de contra-atacar.

Segurou com força o cabo de sua espada e se levantou no exato momento em que a barreira mágica de Akira se desfazia e a garota caía inconsciente no chão, silenciando junto com sua melodia. Com movimentos precisos e muito rápidos, cortou meticulosamente ao meio cada Petite, indiferente se mais deles apareciam para atacar. Tudo o que precisava fazer era abrir caminho até a chefe deles.

O Golpe Traumático aumentado em 5 vezes graças à contribuição de Akira. Aquele único golpe bastou para estraçalhar o corpo da Abelha-Rainha e matá-la de vez. E junto com ela, seus subordinados. A luta havia terminado.

 

~*~

 

Despertou lentamente, sentindo como se estivesse dormindo há dias. Não sentia dor e nem cansaço. Entretanto... Onde estava? Era um quarto bem pequeno, porém aconchegante. Julgando pela fraca luminosidade que irradiava da janela, o sol já devia estar se pondo. As paredes brancas com alguns toques azuis e arroxeados bem claros pareciam dar um ar mais calmo e fresco naquele cômodo. Duas camas estavam dispostas nos cantos, além da que estava deitada, e à sua frente havia uma mesinha redonda e quatro banquinhos, tudo contrastando com o azul e o roxo da decoração.

Está melhor?” uma voz calma perguntou, vinda de um canto que não havia reparado antes. Era Akihiko, de braços cruzados e com as costas apoiadas em uma armário. Ele estava tão bem, que nem parecia que há horas atrás estava à beira da morte. Usava roupas novas e limpas, sem uma única gota de sangue. Estava com uma calça preta e uma camisa branca um pouco aberta na parte de cima, deixando seu tórax parcialmente à mostra. “O que foi?” ele arqueou uma sobrancelha, e só então ela percebeu que o encarava sem nem piscar.

A-Ah, nada...” sacudiu a cabeça, logo a abaixando, reparando que também usava roupas limpas e secas.

A dona da estalagem nos deu. E não se preocupe, foi ela que te trocou.” desviou o olhar, um pouco desconfortável com o olhar que a Sumo lhe lançou a seguir.

Então nós estamos em...

Geffen.” concluiu, descruzando os braços e dirigindo-se até a cama dela, sentando-se na beirada. “Depois que você desmaiou, coloquei-a em minhas costas e vim te carregando até então. Conseguimos facilmente nos passar por simples viajantes, e nos deixaram ficar aqui sem problemas. Agora só temos que esperar o restante dos guerreiros chegarem para procurarmos por Kalline Hoshi.

 

~*~

 

Quem é Kalline?” Akira perguntou, enquanto descia com o Lorde para o bar no andar de baixo. Teria feito essa pergunta antes, se sua barriga não tivesse roncado num momento tão sério e Akihiko mandado-a se arrumar para que eles pudessem ir comer.

A garota que estamos procurando. Eu andei investigando enquanto você dormia. Só precisamos pegá-la e...” algo o atingiu com tanta força, que ele acabou rolando escada abaixo. Porém, não foi sozinho. Algum tipo de animal, da mesma altura que ele, pulara em suas costas. Julgando pela maneira que ele resmungava e rosnava, devia estar bem furioso.

Entretanto, não era um animal. E Akira, que desceu a escada correndo para ver se Akihiko estava bem, pôde ver com clareza de quem se tratava.

Um professor...!


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Notas finais do capítulo

Reviews, plz? ç.ç