A Luz no Coração de Gelo escrita por Hika-chan_16, Phinderblast


Capítulo 1
O início de uma missão: O lorde e a sacerdotisa




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~ Capítulo 1 ~ O início de uma missão: O lorde real e a sumo sacerdotisa

 

Em Rune-midgard há dois tipos de exército: o real e o feudal. O exército feudal era composto por companhias de pessoas das mais variadas classes, embora em sua grande maioria fossem espadachins e suas evoluções. Tais exércitos são comandados por um lorde feudal, um título passado de geração em geração, mas que podia ser revogado por qualquer um que se julgasse mais forte que o lorde, embora essa regra fosse duramente questionada pelo conselho real. Existem diversos feudos por Rune-midgard, cada um com seu próprio exército, no entanto existia apenas um exército real, trabalhando, obviamente, para o rei Tristan III. Composto unicamente pelos lordes mais bravos e destemidos do reinado, tal exército era pequeno e seleto, embora mais poderoso que muitos exércitos feudais.

Akihiko era um lorde real. Sua ascensão ao posto foi sugerida pelo lorde das Valquírias em pessoa ao rei. Um guerreiro estratégico e que não deixa que as emoções o dominem em momento algum, mesmo durante o ardor da batalha. Akihiko do Coração de Gelo, assim seus antigos colegas de armas o chamavam. Diziam que seu coração rejeitava qualquer emoção, seja ela amizade, rancor, ódio ou amor. Diferente dos cavaleiros rudes e broncos que assomavam as fileiras de batalha, Akihiko era educado e não deixava de prestar ajuda a quem precisasse. Some isso à sua beleza singular e verá quantos corações apaixonados ele já rejeitou.

Quem é Yami?”. Akihiko nunca ouvira falar de tal nome. Seus colegas diziam se tratar de uma arquimaga negra que cedeu aos poderes negros e, com um pacto com o Senhor dos Mortos de Niflheim, ganhou poderes além de qualquer outra. Agora, liderando um exército de dullahans, lori ruris e mais demônios, avança sobre a cidade fantasma. “E o que há de errado nisso? Os próprios aventureiros do local podem vencê-la, como sempre fazem com episódios semelhantes.”. O lorde não parecia preocupado com aquilo e isso não era surpresa para nenhum de seus colegas; Akihiko nunca demonstrava preocupação com nada, embora estivesse sempre em alerta.

~*~

Ah... Desculpa, desculpa, opa, estou passando...” dizia aquela figura de estatura um tanto baixa para sua idade. Vestia uma vistosa batina de sumo sacerdotisa e tinha dificuldades em passar no meio do caos de mercadores e guerreiros que era Prontera. Parecia com pressa, fazendo com que acabasse tropeçando uma vez ou outra nos próprios pés para que pudesse chegar mais rápido ao seu destino. Os longos cabelos escuros pareciam dançar em suas costas, estimulados pela brisa e os movimentos rápidos da garota, e os olhos – de um azul tão profundo como um dia de céu sem nuvens – fitavam a imponente construção à frente. Havia chegado.

Eu sou Akira e vim responder ao chamado do rei.” foi o que disse para poder entrar no castelo. Normalmente qualquer um poderia entrar no castelo de Prontera, até porque era o caminho mais rápido até os castelos feudais, porém ultimamente com a ameaça que Yami fizera ao rei, a vigilância havia reforçado e a guarda real perambulava pelos corredores de pedra. Andou por longos minutos, completamente perdida naquele lugar estranho.

Senhorita... Por favor, onde fica o salão real?” perguntou ela para uma lady jovem de cabelos roxos.

Segue em frente, vira a direita, sobe a escada do lado do pilar central e continue até a grande porta.” Respondeu a lady, sem nem olhar para a garota.

Obrigada, senhorita...” mas antes que Akira pudesse agradecer a jovem, ela já caminhava para longe. No entanto, a sumo ainda pôde escutar uma voz ao longe chamando por aquela lady

Haineko! Sophie Haineko!”.

A pequena sumo tremeu ao escutar aquilo. Sua madre superiora contara sobre o monstro em forma humana que freqüentava as muralhas reais e feudais, andando sem rumo e desobedecendo ordens de todos, agindo pela própria vontade e matando qualquer um que queria sem piedade ou remorso. Seu nome era Sophie Haineko, a espadachim monstro.

O que está fazendo aqui?” e esse som, alto e claro ecoou na mente da pequena. Esqueceu-se completamente o que estava pensando na hora, como se aquelas poucas palavras tivessem um efeito paralisante. “Esta é uma área restrita e preciso que se retire, agora.” Fora agarrada pelo braço por uma mão forte e fria - era o toque do metal de uma manopla.

Eu preciso falar com o rei, sou Akira, ele me... Chamou aqui...” e as palavras foram se perdendo em sua boca antes que pudessem encontrar saída. Suas bochechas coraram ao ver a visão do alto lorde que a segurava. Alto, forte e de curtos cabelos grisalhos, que beiravam ao branco total. Claro que não de velhice, afinal ele não aparentava mais do que vinte e cinco anos. Os olhos azuis dela encontraram-se com os olhos dourados dele, e uma sensação estranha tomou seu pequeno corpo.

Chacoalhou a cabeça para voltar a si, estava hipnotizada com aquilo. “Espere! Eu preciso que me escute!”. Não foi fácil convencer que o rei a tinha chamado, e isso só aconteceu quando o próprio rei, ouvindo o burburinho dos dois de seu trono, foi até onde estavam. Este repreendeu o lorde por tratar sua convidada de maneira rude. Akihiko apenas se desculpou, meio mal-humorado, enquanto soltava o braço de Akira.

~*~

Ela se sentia extremamente desconfortável ali. Em sua frente estava sentado no trono o rei, em toda sua magnanimidade e realeza; ao olhar em seus olhos a garota se sentia nua e desprotegida, como se ele pudesse ver até o fundo de sua alma em busca dos mais profundos segredos. Atrás dela estavam uma vintena de lordes bem equipados, dentre eles aquele que a segurou pelo braço. Em seu lado direito, sentados, estavam mais três ladys e um lorde. Para o desespero de Akira, uma das ladys era Sophie Haineko. O rei discutia situações que a pobre garota não fazia idéia do que eram. Sentia-se deslocada e sem utilidade ali no meio, se não fosse tão tímida e aquelas pessoas não parecessem tão ameaçadoras já teria perguntado o porquê de estar ali.

Eu poderia muito bem ir até lá e dar um jeito nessa metidinha em dois tempos.”. Aquela lady de cabelos lilases parecia ser a única que tratava o rei sem o menor respeito e este não a repreendia. A conversa ficara acalorada ao ponto dos olhos da garota brilharem em uma chama insana.

Acalme-se Sophie, você sabe que se deixar o feudo, Geffen nos atacará com todas as forças.” Tentou apaziguar a situação um lorde loiro e jovem, sentado ao lado dela. Akira arregalou os olhos ao ver claramente a lady morder o braço direito do lorde, como uma criança birrenta.

Já está decidido, Akira e o exército real vão combater Yami, e os lordes de Prontera defenderão o feudo. Não podemos nos dar ao luxo de dispensar guerreiros importantes como Sophie, Dratinor ou Mirana, vocês ficam”. Houve burburinhos. Muitos não entendiam o porquê do rei insistir tanto para que aquela frágil sacerdotisa fosse com a guarda real enfrentar a vilã. Ele dispensou a todos, mas pediu que Akira e Akihiko ficassem.

Primeiro vocês terão que procurar por algo.” disse o rei. Tristan Gaebolg III era um rei sábio. Seu domínio se estendia das praias noturnas de Comodo até o norte de Aldebaran e ele não poderia admitir uma guerra entre feudos em uma hora tão inoportuna. “Pode ser que percamos guerreiros valorosos na luta contra Yami, mas são sacrifícios necessários para conter uma guerra maior.” foi o que disse ao lorde e à sumo. Contou aos dois sobre uma arma lendária: uma espada de nome esquecido e poder idem. Apenas uma pessoa em todo o continente e quem sabe em todo mundo sabia de sua localização, entretanto havia um problema, tal homem estava morto há duzentos anos. “Ele foi o único que a empunhou, agora ela jaz ao seu lado em seu túmulo. Túmulo que ele próprio cavou e apenas ele sabe a localização”. Akihiko disse que encontrar tal arma era fácil se pudessem ir para Niflheim e encontrar o tal morto, mas agora a arquimaga negra dominava os campos gélidos e tal feito era impossível. “Há alguém que pode conversar com os mortos sem ir ao reino de Hell”. Akira escutou com apreensão as palavras do rei. Ele contou sobre uma jovem de cabelos de neve que diziam morar nos arredores de Geffen. Os bardos cantavam sobre a garota que conversava com os espíritos, mas a canção que muitos acreditavam ser crendices era de fato real, ao menos era isso que o monarca dissera para os dois.

~*~

Os guardas reais não tinham hierarquia, mas Akihiko dava as ordens e os outros obedeciam por livre e espontânea vontade, pois sabiam que ele era o melhor estrategista do grupo. Estavam no estábulo do castelo. Peco pecos bem treinados e armados estavam sendo retirados de suas celas pelos legítimos montadores.

Eu não quero ser um incômodo, posso ir andando”. Nem Akira e nem nenhum dos lordes forram autorizados a usar as Kafras para irem até Geffen, para evitar mal entendidos com o exército da cidade eles deveriam ir andando e evitar penetrar as muralhas. Devidamente montados eles chegariam a capital da magia em poucas horas, não fosse o inconveniente da garota a pé. Os colegas de Akihiko reclamavam que levar uma garota frágil e pequena como aquela era muito perigoso. As armaduras do mais frio metal, tanto dos cavaleiros quanto de suas montarias, certamente iam ferir a garota durante a viagem, mas eles deveriam ser rápidos.

Alguém tem que levá-la, se ninguém quer então ela virá comigo”. Não havia outro jeito, o Coração de Gelo se livrou da pesada armadura e também livrou seu peco peco dela. “Venha, você vai comigo” e estendeu a mão para ajudar a garota a subir.

E assim, uma nova jornada para aquela sumo e os lordes começou.

 

~*~


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Notas finais do capítulo

Uma pequena explicaçãozinha:
~ Akihiko significa "Príncipe do Outono" ou "Príncipe brilhante"
~ Akira significa "Brilho"

Entenderam? ;D

Reviews? *-*