Capítulo 1.

Comemoração

 Eu não estava nem um pouco a fim de descer. Claro, estava rolando uma mega festa lá em baixo com os amigos da minha irmã, mas nesse caso eu passo. Minha irmã havia conseguido entrar – não sei sinceramente qual a surpresa disso, mas tudo bem, ela é simplesmente um prodígio na dança – para a Academia de dança Begum. Eu sei que isso é muita coisa, mas claro, todos sabiam que ela iria conseguir. Acho que só não tinha tentado antes por frescura mesmo.

Minha irmã é a queridinha da minha mãe e eu simplesmente ficava à margem. Tanto que ela organizou tudo sozinha, fiz só observar. Nem sequer me pediu ajuda. Mamãe não sabia que eu gostava de dançar também, e eu fazia questão de esconder isso. E como. Eu adorava fazer novas coreografias, cada uma mais fofa que a outra. Adoraria treinar em uma academia, mas pra mim, isso seria muito impossível. Toda a verba que tínhamos para esse tipo de lazer minha mãe investia em minha irmã. Algo como ela sempre fala “um bom investimento”. Poderia até ser, mas mamãe nunca havia me perguntado sobre o que eu gostava de fazer. Mas do jeito que sou, provável que quando ela perguntasse, eu mentiria.

– Megan! – Ouvi umas batidas na porta logo após. A festa não deve estar tão cheia por eu ter ouvido minha mãe claramente.

– Oi... – Disse ainda deitada de barriga pra cima na cama.  

– Desça, a festa já começou faz uma hora! – Ela disse. E está tão monótona assim? – Quero que desça e olhe as coisas, eu vou ter que dar uma saída.

– O quê? – Falei enjoada. – Preciso ficar sozinha.

– Filha, por favor, olhe as coisas. Volto em uma hora no máximo. – Ela disse e me levantei.

– Tudo bem. – Falei cansada.

Eu gostava de festas, inclusive dançar, porém uma festa sobre minha irmã? Sei não viu. Me olhei no espelho e terminei de arrumar minha maquiagem de leve. Estava com um vestido simpático – eu vivia de vestido pra cima e pra baixo – com vários tons de lilás e uma sapatilha preta. A minha predileta! Meu cabelo negro e liso estava preso em um rabo de cavalo mal feito. E assim eu desci. Ninguém olhou pra mim, claro, mas isso eu já não me importava. Pelo menos não com esse povo idiota que está na minha sala.

Fui pra cozinha e vi minha irmã com dois garotos e uma garota que de longe eu poderia ver que era Molly Green. A seguidora mais fiel da minha irmã. Elas sempre faziam os números de dança em dupla juntas. Mas Molly era legal, pelo menos isso.

– Oi pequena! – Molly veio falar comigo e me abraçou.

– Oi Molly. – Sorri. – Como vão as coisas?

– Perfeitas! Agora finalmente tenho minha gata comigo naquela academia. – Ela disse. Molly já estava lá há dois anos. Rumores dizem que ela havia entrado por causa de um caso que teve um dos professores bailarinos que por acaso, ninguém sabe se ainda está lá.

– Que bom, faça bom proveito da Charlie. – Falei olhando pra minha irmã que só me olhou rapidamente séria, mas logo dispersou, rindo pros rapazes que riam junto com ela. Ai, ai. Nós não nos dávamos muito bem, como já devem ter percebido.

Eu ainda ajudei a servir bebidas e salgados que minha mãe havia encomendado, mas claro, já estava saindo do controle. Alguns amigos da Charlie trouxeram bebida alcoólica e começaram a ficar bêbados. E nada da minha mãe voltar. Eu estava sentada no balcão da cozinha vendo uns casais já alterados praticamente se comendo no meio dela, revirei os olhos. Eu não estava com ânimo nem pra dançar com a música. Não quando pessoas à sua volta ameaçam a vomitar em cima de você. Eu bebia um refrigerante e estava caindo de sono em cima do balcão, quando alguém me cutucou.

– Mãe?! – Falei sonolenta, mas não era ela. Suspirei.

– Com licença, aqui é casa dos Clarke? – Como uma pessoa entra na minha casa, no meio de uma festa e pergunta se aqui é a casa dos Clarke! Poderia muito bem ser um ladrão/estuprador/sei lá mais o quê e eu aqui desprevenida! Ok chega Megan, para o drama.

– É... – Falei sem entender porque eu confirmei! Um estranho! Se bem que ele podia ser amigo da minha irmã. Digamos que a Charlie era bem popular. – Quem é você?! – Falei me levantando e me afastando.

– Calma! – Ele riu um pouco. – Sou John Mason. Você é a Charlie? – Eu não disse?! Mas espera aí...

O cara de cabelos negros e espetados sorriu enquanto eu suspirava cansada.

– Não, eu sou a Megan, irmã dela. – Falei cansada e ele murmurou um “ah”. Tão decepcionante assim? Mas aí olhei pra ele de novo. – Espera aí, se você não conhece minha irmã, já que me confundiu com ela, por que está aqui?! – Minha irmã já estava loira fazia quase dois anos.

– Se acalme, Megan, sua mãe me pediu pra ir à frente. Disse que eu tinha que olhar você e ela.

– Ir à frente? Olhar a mim e a Charlie? Quem é você? – Falei confusa, mas o que tava acontecendo?

– Tantas perguntas! Lauren não falou nada pra você? Nós vamos morar juntos... – Ele disse essa frase mais baixo.

Quê?

– Morar juntos? O que está acontecendo nessa casa?

– Pensei que ela havia dito pra você sobre meu pai... Eles vão se casar... – Ele disse cauteloso, já que eu aparentava raivosa. E eu estava com raiva mesmo! Mas que diabos estava acontecendo?!