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Eu chorava, chorava por todos esses anos em que ele e eu estivemos separados. Chorava pela traição, pelo nosso filho, chorava porque nosso reencontro nos marcou mais uma vez, chorava pelo nosso filho que estava em risco em meu ventre, pelos meses que passei sozinha, pela falta de coragem em contar para ele e porque eu tinha medo. Medo de Edward me machucar de novo, mede dele aparecer com uma nova mulher na cama, na nossa cama. Medo de não conseguir perdoar e ficar sempre marcada. Eu chorava um choro intenso e libertador, porque ele estava preso a anos. Porque eu sabia que nunca chorei como eu estava chorando porque ele não estava ali para me ver chorar. Chorei até cessarem as lágrimas e o cansaço me tomar e adormeci em seus braços, com seu cheiro, com seu amor. Porque eu hoje tinha certeza de uma coisa, Edward me amava.Senti o bebê mexer e ainda de olhos fechados eu coloquei minhas mãos na barriga. O bebê chutava e se mexia forte. Abri os olhos e vi Edward em pé do meu lado observando a cena.

- Acordou com a agitação dele? – ele disse sorrindo.

- Acho que sim. Está inquieto. – olhei ao redor para me situar. Estava de noite. – Dormi muito?

- Umas cinco horas.

- Hum... acho que deve ser fome então.

- Vou pedir seu jantar.

E ele saiu e demorou para voltar. Edward estava aqui, eu não o chamei, ele não estava surpreso em me ver grávida, ele tinha certeza que era dele. Depois de alguns minutos considerando as possibilidades ele voltou com uma bandeja. O cheiro me fez querer devorar tudo. E assim que ele colocou a bandeja e abriu os potes eu fui comendo e olhando para ele que estava confortavelmente sentado numa poltrona ao meu lado.

- Como você ficou sabendo?

- Alice foi em minha casa.

Aquilo me irritou, Alice estava realmente a meses insistindo nisso, mas ela não tinha esse direito. Precisávamos conversar sobre isso. Não queria ela se metendo na minha vida desse jeito, mas ao olhar para ele ali do meu lado eu também precisava agradecer. Eu não teria coragem e ela sabia.

- Edward eu não te contei porque...

- Porque teve medo. – ele disse. – E eu entendo. Bella temos muitas coisas para conversar.

- Você foi embora. – disse comendo.

- Porque eu te amo e eu não poderia mais ficar perto de você sem a ter. Isso estava me machucando e pelo que aconteceu da última vez a você também. Achei que se me afastasse você estaria melhor e eu também.

- E você.... conseguiu?

- Não. E sei que você também não.

- Como sabe disso?

- Você não tem histórico de pressão alta na família, sempre foi muito saudável e isso só me leva a crer que isso foi um stress emocional muito forte. Tirando isso eu olho para suas olheiras e seu peso, consideravelmente menor.Eu abaixei a cabeça.

- Tem sido complicado.

- Eu imagino. – ele disse como se me entendesse. E nos seus olhos eu via a compreensão. Nós dois sofremos.

- O que... o que você fez depois que nos separamos? –era algo que eu sempre quis saber, mas eu sabia que não valia a pena perguntar a ninguém.

- Eu fiquei muito mal. Eu sei que não se compara a como você ficou, mas eu também não fiquei bem depois de tudo. Tentei falar com você, mas ninguém permitiu e isso só me deixou pior porque eles tinham razão. Eu só te machucaria mais. Foi então que meu pai me mandou para uma especialização no Canadá e fiquei lá durante todo esse tempo.

- Por que voltou?

- Esme. Ficou doente e eu queria estar perto para ver como o quadro dela iria seguir.

- Ficamos no mesmo hospital... – eu disse pensativa. Como as coisas poderiam acontecer desse jeito?

- Eu não sabia que trabalhava aqui, e ninguém nem imaginou que isso aconteceria. Alice não falava muito de você e depois era um assunto meio que evitado por toda a família. Não foi algo premeditado.

- Eu sei que não, seus olhos quando me viram a primeira vez... você nunca fingiria tão bem.E ele sorriu o sorriso torto mais lindo do mundo. O que eu amava.

- E você Bella? O que aconteceu?Era a hora de ser honesta.

Não tinha mais nada a ser perdido ali, não havia jogos ou mentiras.

- Quer mesmo saber Edward? Está preparado para a verdade?

- Bella teremos um filho daqui a uns meses, precisamos conversar para criar nosso filho da melhor maneira possível. Eu preciso ouvir a verdade e eu imagino que você precisa me contar.

- Eu fiquei num estado muito ruim. Não levantava da cama, não falava com ninguém e acho que até ficar sem tomar banho eu fiquei. Foi um período difícil. Foi então que Jacob voltou de uma viagem e ficamos um mês fora.

Senti ele gelar. Ele iria querer saber mesmo o que aconteceu naquele um mês?

- E então... o que aconteceu?

- Bom, eu estava destruída Edward e sair de Forks foi muito bom. Tudo ali me lembrava você. Ele me levou para uma casa afastada de tudo e foi ali que eu consegui me reerguer.

- Vocês....

- Se houve sexo? Houve sim, mas ele só fez isso porque ele sabia que era disso que eu precisava.

- Você precisava de sexo? – ele falou realmente não conseguindo entender.

- Eu tinha visto você na cama com uma mulher, fazendo tudo que nunca fez comigo. Você transava com ela exatamente como eu queria que fizesse comigo. – ele fez uma expressão de surpresa – Surpreso?  - eu soltei um riso daquilo. – Eu queria, mas temia que se falasse alguma coisa você me achasse uma vadia. Foi erro meu, imaturidade, eu deveria ter sido mais aberta com você. Só que tudo que eu conhecia foi você que me ensinou e na minha mente uma hora iríamos avançar nisso. Minha auto-estima foi para o inferno Edward, eu achei que o problema era comigo. Eu não fui suficiente, eu não fui boa o bastante. Jacob me mostrou que poderia ser uma mulher que além de desejada podia ser excelente na cama. Se ele não tivesse feito isso talvez hoje eu ainda estaria destruída Edward e muito pior do que estou hoje em relação a crianças. Ele me ajudou com isso, foi importante.

- Eu imagino... ele... te amava... ele...

- Não foi nada disso. Ele sempre foi meu amigo e amigos ajudam o outro quando precisam. Foi o que ele fez, depois daquele mês nada aconteceu e ele conheceu Nessie e foi sincero com ela em relação a mim. Ela nunca teve ciúmes de mim. Ela sabia que ele a amava e somente a ela. Tinha confiança.

Eu sabia que a palavra confiança machucaria ele, porque isso era algo a ser trabalhado em nós. Tínhamos amor, mas confiança era algo definitivamente longe de nós. Eu não conhecia esse Edward na minha frente assim como ele não conhecia a Bella na sua frente.

- E você foi morar com ele?

- Sim, ele conseguiu uma entrevista com o diretor de enfermagem e eu passei. Trabalho aqui desde então e morar com Jacob me deu uma liberdade financeira grande já que ele pagava tudo. Fazia questão que fosse assim. Pude fazer cursos, viajar e comprar meu carro.

- Modelo bonito. Você fica linda nele.-

Eu sorri com aquilo, ele me elogiou e como uma apaixonada boba eu corei.

- Ele foi uma conquista importante. Comprei com meu dinheiro e economias. Depois disso tudo ficou mais fácil digamos assim, eu confiava em mim e na minha capacidade. Sabia que por mais que fosse difícil, não seria impossível.

- Eu gosto dessa Bella. – ele confessou – Ela me dá medo, mas eu gosto dela.

- Indomável, insubmissa, determinada e muito mais desconfiada.

- Mesmo assim, ela é uma versão madura da menina que namorei.

- E esse Edward na minha frente... quem é?

- Um homem que errou e que reconhece seus erros e burradas. Que sofreu e sofre pela sua insegurança e imaturidade. Um homem que ama uma Bella. Um Edward que hoje quer uma Bella, mas sabe que vai precisar reconquistá-la.

E eu sabia que cada palavra era verdade. Eu precisava ser reconquistada.