Stand By Me escrita por jooanak


Capítulo 23
Stand by me


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao final da nossa amada fanfic. Primeiramente, quero agradecer à todos que me acompanharam até aqui. "Stand by me" foi minha primeira fanfic e ela teve um retorno tão maravilhoso do público que eu nem sei como explicar a gratidão por todos vocês que fizeram ela acontecer. Quero agradecer todos os comentários, recomendações, favs, pessoal que acompanhou... Vocês são os melhores leitores do mundo inteiro, sou muito grata de um jeitinho especial por todos vocês. Espero que gostem do final da nossa história. Muito, muito obrigada. De todo o meu coração ♥ ♥ ♥



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A escuridão havia me engolido.

Um rosnado surgiu na escuridão à minha frente; eu conhecia rosnados. Nós tínhamos cachorros e lobos no Distrito 2 e eu posso afirmar com toda a certeza do mundo que aquilo não era nenhum dos dois.

— Mas que diabos... – a frase ficou pela metade.

Não tive tempo de terminar, pois fui interrompido por uma espécie de cão-lobo-monstro que com um pulo me derrubou no chão duro. Aquela coisa arranhou minha cara fazendo com que um pequeno arranhão se tornasse um buraco atacando posteriormente minha orelha. Eu gritei de dor.

Dobrei minhas pernas e as impulsionei para frente fazendo o monstrengo voar em direção a uma árvore, ganhando assim, alguns minutos de vantagem. Me levantei e saí correndo o mais rápido possível até a Cornucópia. Ao chegar lá, percebi que a coisa não estava mais atrás de mim. Aquilo ficava cada vez mais tenebroso.

Respirei fundo.

Eu não podia facilitar as coisas agora, eu tinha que conseguir ganhar. Por mim. Por Clove. 

Escalei a Cornucópia e assim que cheguei no topo, ouvi gritos oriundos de dentro da floresta. Apertei os olhos e vi Peeta e Katniss vindo em minha direção. Pela primeira vez no dia, percebi que eu tinha uma vantagem: eles não sabiam que eu estava lá. Sorri comigo mesmo. Encontrei um pedaço de madeira esquecido em cima da Cornucópia; mas que diabos aquilo fazia lá? Sem questionar, eu peguei aquilo e fiquei esperando pelos amantes desafortunados do Distrito 12. Eles continuavam correndo para a Cornucópia, desesperados, querendo sobreviver, seria legal se todos nós morrêssemos juntos, não seria?

Ao avistarem a Cornucópia, apressaram o passo, conseguindo alcançá-la rapidamente. Katniss foi a primeira a conseguir escalá-la enquanto o conquistador quase se tornou o lanchinho dos monstros. Quando eles acharam que estavam seguros, cheguei silenciosamente empurrando Katniss que, por um fio, quase caiu da Cornucópia, ficando suspensa apenas pelas pernas; em seguida dei uma rasteira em Peeta acertando um soco no meio da sua cara. Ele caiu, levantando-se em seguida e correndo em minha direção. Ambos caímos no chão.

Enquanto isso, Katniss estava com a cabeça há poucos centímetros das bocas daquelas coisas; eu torcia mais do que eu já torci por qualquer outra coisa em minha vida para ela se desequilibrar e ser devorada por eles, mas infelizmente, ela conseguiu se escapar daquela situação.

Peeta apanhava. Eu socava sua cara como se ele fosse um saco de boxe. Katniss que até agora estava apenas observando a luta, percebeu que ele estava apanhando e veio para cima de mim, eu acertei-a com o pedaço de madeira no seu estômago e percebi pelo canto de olho que Peeta vinha para mais um ataque. Acertei-o em cheio e o vi cair com falta de ar.

Katniss veio para outra investida; acertei um soco em sua cara e ela caiu para trás deixando escapar um grito de dor, me aproveitei da situação, colocando minha mão ao redor do seu pescoço, asfixiando-a e empurrei sua cabeça para fora da Cornucópia. Ao ver a cabeça de Katniss lá, os monstros pulavam cada vez mais alto. Ela olhava para mim suplicando e por uma questão de segundos, eu vi a minha Clove. Ela estava naquela mesma situação há algumas horas. Eu vi o pavor no olhar de Katniss e ao mesmo tempo eu vi o pavor no olhar da minha Clove. Eu ia matá-la. Ia matar Katniss, por Clove. Sorri ao ver seu sofrimento, ao ver sua dor, ao ver seu olhar pedindo por ajuda, pedindo por socorro. Seu olhar pedia por Peeta. Será que o olhar de Clove era igual ao de Katniss naquele momento?

Peeta apareceu do nada acertando um soco em minha boca, eu revidei dando uma rasteira que o fez cair na superfície dura da Cornucópia, e depois o levantei, prendendo minha mão em seu pescoço fazendo-o asfixiar. Katniss ao perceber que a situação não estava à seu favor, ficou imóvel apenas analisando, lentamente, tirou uma flecha e mirou em minha direção.

— Você é mesmo uma imbecil, não é? Vai, atira! Atira. – eu ri. – Ai nós dois caímos e você não ganha. Vai... – segurei as lágrimas, o gosto de sangue se espalhava em minha boca. – eu já to morto mesmo.

Fiz uma pausa dramática e vi o olhar de Katniss com pena em minha direção.

— Você realmente ama ele? Você realmente ama o conquistador? Ama de verdade? Ama mesmo? Eu duvido que você saiba o que é o amor. Eu duvido que você já tenha amado alguém além de si mesma. Eu a amava, você sabia? Eu amava ela. Eu amava o sorriso dela, os olhos delas. Eu amava o contorno da boca dela. Amava o som da sua voz... Eu amava passar tardes caçando com ela, rindo com ela, contando piadas com ela. Eu amava fazer planos para o nosso futuro e passar noites enrolados na coberta do telhado de sua casa, olhando a lua. Eu amava tudo nela. Eu amava quando ela brigava comigo, eu amava quando ela era sarcástica ou quando ela sentia ciúmes de mim. Eu odiava ver alguém fazê-la chorar e me odiava sempre, porque quem a fazia chorar, era eu. Eu amava o som da sua respiração e amava o jeito que ela enxergava o mundo. Sempre tão cheia de vida, ela não deixava que ninguém a contrariasse. Se você a contrariava, era um homem morto. Eu amava tudo nela, todo detalhe. Eu amava o jeito que ela ficava quando estava comigo, eu amava ela mais do que jamais amei qualquer pessoa na minha vida. E onde ela está agora? – eu fiz uma pausa e engoli o nó que se formava em minha garganta. – Ela está morta, Katniss. Ela morreu... Ela se foi e a culpa é sua.

— Não.. ahn... eu...? – Katniss gaguejava.

— Nós fizemos planos!. – eu gritei, mas fui baixando o tom de voz a cada palavra. – eu fiz planos com ela... Nós ficávamos olhando a noite e fazendo planos. Planejando fugir daquele lugar. Fugiríamos daquele Distrito e viveríamos felizes, só eu e ela. Eu prometi que ganharia o jogo, por ela. Eu prometi que mataria todos vocês, mas do que adianta ganhar, ficar rico, ficar famoso se eu não vou tê-la para mim? Do que adianta ter tudo e ao mesmo tempo não ter nada? 

— Não é minha culpa. – Katniss sussurrou.

— É sim sua culpa, Katniss. Se você não se voluntariasse no lugar de sua irmãzinha, ela teria sido a primeira a ser morta. Clove não tentaria te matar e Thresh não estaria lá para matar ela!!! Nada do que aconteceu teria acontecido, é culpa sua! – as lágrimas que desciam pelos meus olhos se misturavam com o sangue que estava espalhado pelo meu rosto.

Katniss me olhava sem entender, ela olhava para mim sem saber o que falar. Sem saber como reagir.

— Você realmente o ama? Você realmente gosta dele? – ela não respondeu. - Se você realmente o ama, quer saber como seria sua vida sem ele?

Katniss negou com a cabeça.

— Foda-se, eu vou falar mesmo que você não queira ouvir. Sua vida sem ele vai ser vazia, incompleta. Sempre vai te faltar algo... Eu realmente não me importo de morrer. Se eu morrer, eu vou estar com ela. Eu vou poder abraça-la de novo, eu vou poder tê-la em meus braços. E do mesmo, eu já sou um orgulho para o meu Distrito. Eu sou um herói lá. Eu sou tudo o que eles têm. E você, você é o quê no seu Distrito? Você não o ama, Katniss. Você é a única falsa aqui, vocês dois são uma estratégia. Enquanto você ganha o jogo fingindo gostar dele, eu perco, por amar alguém de verdade. A vida é injusta não é? A vida é uma merda... Esses jogos são uma merda.

Katniss olhava para mim com uma expressão indecifrável.

— Atira, vai. Tá esperando o quê? Quanto antes você atirar, antes eu vou ficar com ela. Você é tão repulsiva que não tem coragem de atirar para me fazer feliz, é isso?

— Você é mais do que isso que todos dizem, Cato. – ela falou.

— Não me importo com o que você diz... Eu só quero ficar com ela... Eu só quero estar com ela uma última vez, atira. 

— Eu não tenho pena de você.

Fechei os olhos; eu estava me afogando em sangue. O braço com que eu segurava Peeta começou a ficar dormente. Ele, por sua vez, não falava nenhuma palavra. Até aquele momento.

— Você realmente a amava, não é? – ele sussurrou tão baixo que eu mal ouvi.

— Sim. – eu sussurrei de volta.

— Ela também amava você. Eu podia ver isso nos olhos dela... Clove está em paz agora.

— Mas ela não está comigo. – eu afrouxei seu pescoço um pouco.

— Ela está sim. – ele tossiu, estava ficando sem ar. – ela está ai do seu lado agora, protegendo você. – ele tossiu outra vez.

— Como você sabe isso?

— Não sei. Só estou dando uma opinião. – ele tossiu de novo.

Katniss tentava ouvir o que falávamos, sem sucesso.

— Katniss, atira. – Peeta falou.

— Eu não vou atirar.

— Atira e acaba logo com isso. Acaba com o sofrimento dele e com o meu. Você vai ganhar de qualquer jeito. Você é a vencedora. Não precisa de mim, nem de Cato para ganhar. Atira logo, por favor.

— Eu não vou te matar, Peeta.

— Por quê?

— Por que... Porque eu te amo. – ela falou em um tom tão falso que eu tive náuseas. Revirei os olhos.

Peeta sorriu e eu percebi que não tinha mais chances. Eu não tinha chance alguma. Num movimento imprevisível, eu o larguei e fiquei encarando Katniss enquanto ele corria para seu lado. Ela olhava no fundo dos meus olhos e eu os encarava de volta. Naquele momento éramos apenas eu e ela. 

Katniss e eu.

Eu continuei parado e dei de ombros sentindo uma última lágrima que escorria. Em um último esforço, movi lentamente os lábios sussurrando um “por favor”, e ela assentiu. Katniss posicionou sua flecha e mirou em mim. Seus olhos reluziam à luz da lua e com um fatal “sinto muito”, ela atirou.

Eu a vi. Eu a ouvi. Eu a senti deitando minha cabeça em seu colo como já havia feito milhares de vezes antes enquanto acariciava meu cabelo. Aquilo me impediu de sentir qualquer tipo de dor; tê-la ali, senti-la ali...

Quando a morte chegou, eu a abracei como se fosse uma velha amiga; o mundo tornou-se um vasto breu. Todas as dores se foram. Tudo, tornou-se nada.

 

Assim que acordei, eu estava em pastos verdejantes. Havia árvores e um lago. Era tudo um sonho? Eu não havia morrido e estava de volta à arena? Me levantei e olhei ao redor, as cores eram tão diferentes das que eu estava acostumado a ver. O verde era mais verde. O céu azul era mais azul ainda. E o céu era limpo, era puro. Pássaros voavam e o cheiro do campo de rosas há metros dali perfumavam o ar.

Andei por algum tempo tentando descobrir onde eu estava, mas não tinha ideia alguma. Eu estava vestido em roupas brancas e limpas; meu cabelo estava impecável e eu estava sem um arranhão sequer. Perto de uma macieira, um vulto admirava o céu. Era uma garota que admirava o céu. Aquela garota me parecia familiar...

Fui apressando meus passos em sua direção. Ela virou-se assustada quando me percebeu e passou a me encarar; até que um sorriso formou-se em seu rosto. A garota correu em minha direção e eu fiz o mesmo. Ficamos há centímetros um do outro. Ela tinha cabelos negros que esvoaçavam com o vento e usava um vestido branco com flores rosa; ela era extremamente bonita e familiar. O contorno em seus lábios era delicado e seus olhos pareciam dois diamantes negros. Eram os mais lindos olhos que eu já havia visto. Eles me olhavam vidrados.

Eu levantei a minha mão esquerda para ter certeza de que ela realmente estava ali e ela levantou a mão direita, como em um reflexo. Levei minha mão para frente e ela fez o mesmo, nossas mãos se encostaram. Aquele toque era algo tão doce, tão puro... O sorriso em seu rosto ficou cada vez mais esplêndido.

— Cato. – ela sussurrou

— Clove. – o nome saltou para fora de minha boca.

Passei minhas mãos ao redor de sua cintura e a puxei para perto de mim, beijando-a. Durante aquele beijo, várias lembranças de um passado não tão distante passaram como déjà vu em minha cabeça. Me lembrei da primeira vez que vi o rosto dela, do nosso primeiro beijo, de inúmeras brigas; lembrei-me do dia da Colheita e de tudo referente à Capital; do beijo em Glimmer, do ciúmes que senti quando a vi com Marvel, me lembrei de como eu tentei protegê-la na arena e do corpo sem vida dela caído em minhas mãos.

Me lembrei de tudo.

Cada detalhe.

Separamos nossos lábios, nossas respirações ofegantes tomavam conta do ar ao nosso redor.

— Se você está aqui, você está... – ela engoliu em seco.

— Morto. – eu completei a frase.

— Eu falhei. Prometi que iria cuidar de você na arena. Prometi que nada aconteceria com você e agora você está aqui. Você está morto – ela ia começar a chorar e eu a abracei, pois não aguentava mais vê-la chorar.

— Eu prometi que ficaríamos juntos para sempre, você lembra?

Ela assentiu.

— Você realmente gosta de cumprir suas promessas não é, Cato? – Clove riu.

— Eu senti tanto a sua falta, Clove. – eu a abracei.

Ela sorriu.

— Onde estamos?

— Onde você acha que estamos?

Dei de ombros.

— É um mistério, você vai ter que descobrir por si mesmo. 

— Eu não faço questão de descobrir.

Ela sorriu. Meu Deus, como eu havia sentido falta daquele sorriso.

— Somos os únicos aqui?

— Existem outras pessoas. Várias pessoas... Você vai gostar de vê-las. — ela fez uma pausa — e revê-las.

Ela me lançou outro sorriso.

— Glimmer?

 Ela deu de ombros me fazendo rir. Eu a tomei em meus braços e enterrei meu rosto em seus cabelos. 

— Eu te amo, Cato. – ela falou me beijando.

— Eu também amo você, Clove.

Quando Clove morreu na arena, eu pensei que seria o meu fim. Pensei que metade de mim havia ido com ela, e realmente foi isso que aconteceu. Mas ambos estávamos ali naquele exato momento. Apesar de tudo, nós dois estávamos juntos naquele lugar.

Quando eu a vi morta na arena, eu tive certeza absoluta de que nossa história havia chego ao fim; eu estava convicto de que não haveria mais reticências, mas eu estava enganado.

Naquela manhã assombrosa em que a vi morta na arena, não significou que nossa história havia chego ao fim, pelo contrário, significou que nossa história estava apenas começando. Clove e eu tivemos o final de conto de fadas que ela sempre desejou secretamente, vivemos felizes, não sabíamos se seria para sempre, mas mesmo que o para sempre não existisse, nós o faríamos existir.


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Notas finais do capítulo

Com todo o amor do mundo, Joana ♥ ♥ ♥