Stand By Me escrita por jooanak


Capítulo 22
Highway to hell


Notas iniciais do capítulo

Bom gente, mais um capítulo para vocês, esperem que gostem e sinto-lhes avisar que esse é o penúltimo capítulo. Obrigada por estarem me acompanhando até aqui, vocês são os melhores leitores do mundo. ♥



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Não consegui dormir naquela noite. Não consegui sequer fechar os olhos; toda vez que tentava, a imagem da minha pequena Clove sem vida invadia minha mente me causando arrepios.

Depois que ela se foi, eu chorei. Chorei de uma forma que eu jamais imaginei que eu choraria algum dia... Uma dor cortante machucava o meu peito, era insuportável. 

Clove estava morta?

Clove estava morta?

Ela havia morrido?

Minha Clove estava morta?

Eu nunca mais a veria?

Nunca mais a tocaria?

Nunca mais sentiria sua respiração contra minha pele?

Nunca?

Nunca era uma palavra forte; nunca era muito tempo.

Eu repetia aquilo constantemente para ver se a ficha caía, mas parecia ser irreal. Aquilo não podia estar acontecendo; não parecia ser verdade. Eu não conseguia aceitar que eu não teria mais minha pequena, eu não conseguia aceitar que ela havia partido, logo ela, que esteve presente na minha vida tantas e tantas vezes, logo ela que sempre esteve do meu lado me fazendo sorrir. A garota que eu amava mais do que a mim mesmo, a minha Clove havia sido morta. Ela estava morta. Ela havia morrido. Num minuto ela estava ali comigo e no outro...

Mas de uma coisa eu estava certo, eu iria atrás de Thresh, nem que isso me levasse a morte. Eu ia acabar com ele, ia fazer ele clamar pela morte. Eu ia acabar com a vida dele... Do mesmo jeito que ele havia acabado com a minha.

A noite começou a tornar-se abominável; eu não aguentava mais um minuto sequer parado esperando pela luz do dia. Comecei a me sentir sufocado. Eu precisava sair de lá naquele momento e ir em busca de Thresh para matá-lo. Para vingar-me da morte de Clove. Num pulo, me levantei e fui à procura da caça. A floresta era assustadoramente quieta durante a madrugada. Eu sabia que seria difícil encontrá-lo, mas eu o faria. Não importa o quanto eu demorasse. 

 

O sol já estava no seu auge quando eu resolvi descansar perto de um clareira. Um canhão disparou, alguém havia morrido, quem? Quem ainda estava vivo lá? Bem, eu, Peeta, Katniss, Thresh e... Quem mais? Havia mais alguém, mas quem era? Ah, claro, Foxface. Será que ela havia morrido? Todos concordávamos que ela parecia ser tão esperta.

Respirei fundo e retomei minha busca, em vão. Depois de caminhar pelo que eu deduzi ser a floresta inteira, parei novamente. Eu precisava pensar. O sol começou a se pôr quando ouvi passos largos e pesados vindos em minha direção. Sorrateiramente, agarrei minha espada. 

A imagem de Thresh me fez querer vomitar. Quando nossos olhos se cruzaram, fui dominado por uma raiva que eu jamais havia sentido antes. Eu sentia sede de sangue. Eu sentia uma vontade inevitável de matá-lo. Eu precisava matá-lo. Eu precisava.

Não era questão de querer. Era questão de precisar.

Ele não fugiu. Ele veio em minha direção e eu fiquei esperando-o. Thresh chegou feito um búfalo; o impacto de nossos corpos fez com que rolássemos pelo chão. Thresh era mais forte, com suas mãos grossas e fortes, ele começou a me asfixiar; com dificuldade, peguei minha espada e acertei a palma sua mão, vendo-o gemer de dor. Uma linha tênue de sangue agora escorria pelo seu braço. Enquanto ele recuava, consegui aquela deixa para me erguer e acertar um soco no meio do seu queixo, fazendo-o cambalear. Rapidamente, Thresh se recuperou e quando me distraí ele afundou um soco certeiro em meu nariz. Senti o gosto de sangue preencher meu paladar e olfato; um incomum corrimento de sangue preenchia minha cara.

Sangue. Clove. Foco, Cato.

Ignorei a dor.

Thresh veio para cima de mim fazendo com que eu caísse batendo minha cabeça em algumas raízes. Antes que ele chegasse perto novamente, eu me levantei e soquei-o no meio da cara. E depois o soquei de novo. E pus em prática o que todos os anos de luta corpo-a-corpo na academia haviam me ensinado. 

Quando Thresh já estava com a cara ensaguentada no chão, eu acertei minha espada no meio do seu abdome. Enquanto ele agonizava, eu o olhava com repulsa.

— Você a matou. – eu sibilei.

— Quem? A sua namoradinha? – ele riu. – ela mereceu.

Aquela risada havia me deixado com mais ódio ainda. Quem ele pensava que era para falar de Clove daquele jeito? Um verme como ele não era nem metade do que ela foi.

— Você a matou, você merece morrer do pior jeito que alguém merece morrer. Você não merece piedade.

— E você queimará no inferno. – Thresh sorriu.

— E quando eu chegar lá, vou acabar com você outra vez. – eu sorri de volta.

Ele tentou erguer-se. Eu, em contrapartida, pisei vigorosamente em sua canela ouvindo-a estralar. Thresh grunhiu de dor. Uma poça de sangue formava-se embaixo de seu corpo.

— Eu quero que você implore pela sua morte, Thresh.

— Eu não vou implorar pela minha morte.

— Não? – eu enfiei minha espada em sua outra perna e gemeu novamente.

— Você é a imundície do mundo, Cato.

— A única imundície aqui é você. – eu cuspi em sua cara. – você matou Clove. Você matou alguém que sequer se meteu com você, você matou alguém que estava em desvantagem... Você não merece mérito. Você não merece nada.

Thresh mordeu seus lábios e deu outro sorriso.

— Foi bom matá-la. Quando a peguei pelo pescoço... Aquele pescoço fino, minha mão podia muito bem contorná-lo; se eu apertasse poderia quebrá-lo. Eu empurrei-a contra a Cornucópia e a ouvi gritando desesperada pelo seu nome, mas você não poderia ajudá-la. Estava longe demais para proteger Clove. E aonde você estava? Porque não estava lá para protegê-la? Os olhos dela implorando para eu não a matar... Eu quase senti pena. O sangue dela escorrendo por entre as pedras e os lábios pronunciando um único nome. O seu. Mas você Cato, você não estava perto. Você não conseguiu salvá-la. Sabe por quê? – o meu sangue fervia a cada palavra que ele pronunciava. 

— Cale essa sua maldita boca. Cale essa boca agora mesmo.

— Você não a salvou porque estava tão obcecado por ganhar essa merda de jogo que não foi capaz de cuidar da sua garota. Não foi capaz de cuidar da sua namoradinha e agora ela está morta. Ela morreu. Está morta. E a culpa é sua. Quem dera se você estivesse lá, não é? Talvez as coisas fossem diferentes... – Thresh gritava e ria ao mesmo tempo. Minha cabeça começava a latejar.

— Você a perdeu por ser egoísta e egocêntrico. Você a perdeu por causa da sua soberba. 

— Fim de jogo.

E com essas palavras, eu enfiei minha espada em seu coração e ouvi o disparo do canhão, revelando que agora eu estava apenas com os amantes desafortunados do Distrito 12. Havia uma poça de sangue imensa ao redor de Thresh. Andei ao redor do seu corpo, e chutei sua cabeça para o outro lado.

Eu devia estar satisfeito. Ele teve a morte que mereceu, não teve? No entanto, as palavras que ele pronunciou me incomodavam... “você a perdeu por ser egoísta e egocêntrico.” Eu fui egoísta? Será que eu havia sido egoísta desde o começo de tudo? E egocêntrico? Será que, na verdade, eu deveria ter recusado me voluntariar como Tributo? 

Entretanto, ele estava certo sobre uma coisa: eu havia perdido ela. Eu havia perdido a única garota que eu amei de verdade. Eu havia perdido a única pessoa que me fez sentir amado e, infelizmente, a morte não é irreversível; eu nunca a teria de volta outra vez e isso me machucava de uma maneira que eu quase implorava para morrer junto com ela. E agora que eu estava sem Clove, será que ganhar o jogo seria uma ideia viável? A minha vida teria ainda algum sentido sem Clove nela?

Depois de olhar a cara de Thresh uma última vez, eu me afastei dele e resolvi voltar para a Cornucópia. No caminho de volta percebi que havia algo errado. Havia escurecido rápido demais. Estava escuro. Escuro demais.

Eu tinha a ligeira sensação de que algo muito ruim estava para acontecer. Mas foda-se, eu já estava no inferno mesmo.


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