Stand By Me escrita por jooanak


Capítulo 16
Be alright


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora para postar; espero que gostem do capítulo! ♥



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Acordei cedo naquele dia. O grande dia. Cato não estava mais em minha cama. Fui tomar um banho, provavelmente o banho mais demorado que eu já tomei na minha vida, fiquei quase uma hora embaixo daquela água quente; afinal, eu não sabia quando seria a próxima vez que eu tomaria banho outra vez. Depois de sair do banho, encontrei meu uniforme em cima da cama e o vesti. Me olhei no espelho e fiz um rabo de cavalo. Tentei parecer simpática em frente ao espelho, mas deparei com uma cara triste.

— Isso vai ser ótimo - sussurrei.

Botei minha bota e fui para a sala de estar, todos estavam lá, comendo em silêncio total. Me sentei do lado de Cato. Ninguém queria falar nada, ninguém sentiu necessidade de falar algo.

— Você se atrasou, Clove - Brutus disse.

— Eu estava aproveitando o banho.

Ele assentiu.

 — Vocês lembram-se das dicas que eu dei?

— Sim - eu e Cato falamos em coro.

— Então, aqui vai mais uma dica.. extremamente preciosa! Fiquem vivos e tentem proteger de forma indireta um ao outro.

Voltamos a comer em silencio, ouvindo apenas o som do tilintar dos talheres. Às vezes eu e Cato nos olhávamos, sabíamos que era o ponto final de tudo, ali. Nesta manhã.

— Depois que comerem, se preparem e em meia hora estejam aqui prontos, eu e Enobaria daremos as últimas dicas e pontualmente as onze e meia, vocês entrarão na arena.

Ele estava caminhando até o quarto quando parou e virou.

— Aproveitem e se despeçam um do outro também. Não quero nenhum sinal de afeto na arena, entendido? Já temos dois amantes desafortunados nessa edição.

Assentimos e seguimos para os nossos quartos, eu escovei os dentes e me sentei na cama quando Cato me abraçou.

— Eu te amo! - falei rapidamente arrancado um sorriso dele.

Ele me beijou.

— Vou sentir falta de te beijar na arena.

— Eu também... - sussurrei.

 Cato me pegou no colo e me deitou na cama, aninhando-se junto à mim.

— Eu também amo você, Clove. 

Ele se virou para mim, segurando minhas mãos. Vi uma pequena lágrima formar-se no canto do seu olho.

— Agora não é a hora de chorar. - eu beijei o topo de sua cabeça.

— Eu tenho medo de te perder, Clove.

— Eu sei me cuidar.

 Nós permanecemos deitados, encarando um ao outro. Tê-lo ali comigo era a melhor coisa que eu poderia pedir. 

— Quando sairmos da arena você quer quantos filhos? - senti minhas bochechas corando.

— Do que você tá falando??

— Eu queria ter uns três. Duas meninas e um menino...

— Pare com esse romantismo todo, Cato, me dá náuseas - eu o interrompi. Cato ficou sem jeito e me senti culpada, ele me abraçou e ficou olhando para mim.

— Você está com medo?

— Sim... - eu mordi o lábio inferior.

— Medo do quê?

— De morrer e não ver minha mãe, Emma... de morrer e perder você.

— Me promete uma coisa?

— O quê?

— Não importa o que aconteça na arena, fique bem. Fique bem por mim. Se algo acontecer comigo, ignore. Mas fique bem. Eu não aguentaria...

— Cato... - eu o cortei.

— Não, eu só pedi uma coisa e preciso que você me prometa isso. Prometa que vai ficar bem, vai lutar como nunca antes... me prometa que nada vai dar errado. Por favor...

Eu ia responder, entretanto, Enobaria apareceu na porta do quarto nos chamando. Nos levantamos e beijei meu namorado uma última vez. Aquele seria o último beijo que daríamos em nossas vidas, embora nenhum de nós admitíssemos, nós sabíamos disso.

— Eu te amo, Clove.

— Eu te amo, Cato.

 

Fomos para a sala, Enobaria e Brutus estavam à nossa espera.

— Prontos?

— Mais que prontos. - eu disse.

Entramos no elevador enquanto Enobaria dava alguns últimos conselhos, que eu ignorei totalmente. Chegando ao subsolo fomos levados até um aerodeslizador onde implantaram rastreadores em nossos braços.

Depois me vi em uma sala abaixo da arena onde fiquei completamente sozinha, tentei imaginar minha mãe ali, seu sorriso me dizendo que tudo ficaria bem e depois acariciando meu cabelo e cantando para eu dormir. Que saudades dela. Um relógio mostrou que faltava pouco para eu entrar, fui para o elevador e fechei os olhos.

Quando os abri me deparei com os outros 23 tributos lá. Olhei tudo o que podia ser necessário para mim. Havia uma floresta e estávamos em uma espécie de campina, avistei a Cornucópia com um monte de suprimentos. Por ser do Tributo 2, eu não tinha medo de ficar por lá. Avistei Cato que avaliava a situação. Depois encontrei Marvel que olhou para mim e sorriu. Olhei para o rosto dos Tributos e voltei à olhar a Cornucópia até encontrar o que eu queria: Minhas facas. Não consegui evitar um sorriso. Glimmer parecia nervosa, será que faria algum mal eu acidentalmente acertar uma faca em seu cérebro? A contagem regressiva começou: 41, 40, 39, 38, 37...

— Respire Clove. – eu sussurrei.

25, 24, 23, 22, 21... os Tributos estavam nervosos. Cato percebeu isso. Ele era um verdadeiro sangue-frio. Eu tinha certeza que ele já tinha vítimas em mente.

10, 9, 8, 7... então eu correria até a Cornucópia, pegaria as facas e mataria quem eu conseguisse...

4, 3, 2, 1. Todos saíram correndo, o caos se espalhou, alguns fugiram para a floresta, outros correram para a Cornucópia. Cheguei o mais rápido possível até as facas, olhei para os lados para tentar encontrar Cato.

— Foco Clove, Foco. – sussurrei.

Eu procurei alguém para matar e encontrei a garota do Distrito 12, Katniss. Ela pegou uma bolsa e saiu correndo, outro Tributo, não sei se era do 7 ou 8 correu com um machado em sua direção e eu atirei uma faca em sua medula espinhal. Ela era minha. Atirei a faca, mas ela colocou sua bolsa na frente. Corri em sua direção e ela saiu correndo. Persegui-a até me deparar com Thresh; apesar de Cato falar que eu podia enfrentá-lo, eu não queria arriscar. Voltei para a Cornucópia e tentei achar Cato, Marvel ou Glimmer.

— Clove – Marvel tocou em meu ombro.

— Marvel! Você está bem?

— Estou vivo.

— Já é um começo. - nós dois sorrimos - você viu Cato ou Glimmer?

— Não...

— Ok. Vamos achá-los.

Eu e Marvel procuramos por um tempo até achar Glimmer que brincava com seu cabelo; a vê-la viva, Marvel sorriu e fiquei feliz por ele. Ela se juntou à nós e procuramos por Cato, sem sucesso.

— Acho melhor voltarmos para a Cornucópia, será mais fácil Cato nos achar se permanecermos lá – Glimmer falou e eu e Marvel assentimos.

— Todos com os olhos abertos. Pode haver outras pessoas por aqui..

Vigiamos por algum tempo e conversamos um pouco, avaliamos o que havia restado na Cornucópia. Estávamos em desvantagem. Muitos tributos pegaram as bolsas que estavam por lá e que haviam suprimentos necessários. Estava ficando tarde, Glimmer pareceu aborrecida.

— O que ainda fazemos aqui? Somos Tributos carreiristas, os outros tem medo de nós só em olhar para nossos olhos. Vamos sair daqui e cortar algumas cabeças.

Marvel assentiu. Eu só revirei meus olhos.

— Não vamos sair daqui sem Cato. Somos uma equipe.

Glimmer bufou. Estávamos estocando o alimento quando um barulho veio da entrada da floresta. Ficamos o mais quietos possível.

— Marvel, vem comigo ver o que tem ali. Glimmer fique de olho no estoque, pode ser uma armadilha.

Eu e Marvel caminhamos silenciosamente até dez metros da entrada da floresta e o barulho aumentava. Eu levantei minha faca e Marvel empunhou sua lança quando deparamos com Cato saindo de dentro da floresta. Eu não pude evitar sorrir quando o vi vivo. Eu queria abraçá-lo ali e agora, mas Brutus havia proibido demonstrações de afeto.

— Bom ver que você está vivo. - eu falei sem graça.

— É – ele concordou. – Arranjei mais um aliado para nós.

Eu o olhei em dúvida.

— Pode vir, ela não vai te matar.

Saindo da floresta, me deparei com Peeta, o garoto do Tributo 12; aquele que se declarou para Katniss.

— Ele?

— É. Peeta é bem forte e um bom aliado. – Cato não estava sendo honesto, eu o conhecia. Ele tinha algo em mente.

— Oi, conquistador. – eu sorri de gentilmente e ele correspondeu. – seja bem vindo.

Eu olhei para Marvel severamente, ele entendeu o que eu queria. Em seguida, começou a contar piadas e levou Peeta para a Cornucópia, deixando-me sozinha com Cato.

— O que você tem em mente?

— Ele é a nossa forma para encontrar ela.

— Ela?

— Katniss.

— Certo.

— Tá ficando escuro, devíamos ficar aqui?

— Não. Vamos para a floresta. Junte os outros, pegue o que puder e vamos.

Quando já era totalmente noite, ouvimos o hino de Panem e vimos os mortos. Caminhamos pela floresta, Cato ia à frente, daí Glimmer, que não se cansava em flertar com ele, Peeta, eu e Marvel. Eu ficava conversando com Marvel e um pouco com Peeta, apesar de supostamente ter que odiá-lo, ele parecia uma pessoa legal.

No meio do caminho, Glimmer caiu em uma armadilha que Peeta alertou ser de Katniss. Nós éramos aliadas, mas isso não me impedia de rir internamente das desgraças que lhe ocorriam. Ao ver que eu me divertia com a situação, Peeta soltou um pequeno sorriso.

— Ai Cato, meu tornozelo dói. Me leva no colo? 

Cato me olhou enquanto eu o fuzilava; ele deu uma risada.

— Não acho uma boa ideia, estou com o joelho meio machucado, você pode levá-la Marvel?

— Não sei..

Glimmer bufou e falou que iria sozinha. Marvel e Cato foram em frente paparicando Glimmer, me deixando para trás com Peeta.

— Você gosta dele né? Do Cato? - Peeta quebrou o silêncio.

— Óbvio que não, somos apenas colegas.

— Não parece que são apenas colegas.

— É...

Meu sangue ferveu e minha cabeça ardia. Estava tão na cara que eu gostava de Cato? Peeta percebeu minha irritação e ficou calado o resto do caminho. Paramos para descansar um pouco e Cato sentou-se ao meu lado.

— Oi. - ele falou tímido.

— Oi.

— Você tá bem?

Eu assenti.

— Eu tive que ficar andando com o conquistador enquanto você cantava a Glitter.

— Qual é, Clova... ela se machucou.

— Tudo bem. - falei seca.

Ficamos calados enquanto Peeta e Marvel contavam piadas sem graça e rindo das mesmas.

— Que belo grupo de Carreiristas que nós temos hein – Cato deu uma risada.

— Eu gosto de Marvel, ele é legal. E Peeta... ele até que é boa gente.

 Senti meu estômago roncar... eu estava com fome. Cato e eu encarávamos o céu quando avistamos juntos algo há pouco mais de cinquenta metros de onde estávamos.

— O que é aquilo? – eu falei o mais baixo que pude e todos olharam.

— Tem um Tributo por perto – Marvel sussurrou. – façam silêncio e vamos pegá-lo de surpresa.

Todos caminhamos o mais delicadamente possível e avistamos uma garota. Glimmer pediu para matá-la; eu vi o terror em seus olhos quando ela implorou para deixarmos ela viva. Sem dó nem piedade, Glimmer a matou e seguimos em frente. Eu ia sozinha na frente do grupo enquanto Glimmer e Cato ficavam conversando mais atrás, revirei os olhos. Caminhamos por mais alguns metros e encontramos um lugar perfeito para passar a noite.

— Acho que vamos dormir aqui, o que acham? – Marvel falou.

— Tanto faz – Glimmer disse com indiferença o que deixou Marvel tristonho.

— Acho uma boa ideia Marvel, aqui é perfeito. – eu falei e ele sorriu.

— Clove, Marvel e Peeta podem dormir, eu e Cato ficamos de vigia. – Glimmer sorriu me dando náuseas.

— Eu não estou com sono. – eu falei da maneira mais grossa o possível.

— Pois parece que está.

— Engano o seu. – falei ríspida.

— Que tal assim: eu, Clove e Glimmer dormirmos agora e vocês dois vigiam? Depois mudamos de turno... – Peeta que estava quieto até agora falou tentando amenizar a situação.

— Ótima ideia. Boa noite garotas. – Cato falou.

Eu tentei dormir, sem sucesso. Me certifiquei que Glimmer estava dormindo, me levantei e me ajoelhei do lado de Marvel.

— Você parece exausto Marvel.. devia dormir – eu pisquei e ele se deitou na hora. Me levantei e sentei do lado de Cato.

— Não conseguiu dormir?

— Não.

— É o máximo estar aqui né, Clove?

Eu fiz que sim.

— Tá frio né? – eu falei tremendo porque realmente estava frio. Cato tirou o casaco e me enrolou nele. Eu encostei minha cabeça no seu ombro.

— Acabamos de quebrar a regra principal de Brutus

— Qual?

— Sem demonstrações públicas de carinho.

— Foda-se Brutus. – ele disse. Eu estou apenas evitando que a minha parceira morra congelada.

— Bem pensado. – ambos rimos. – Fiquei preocupada com seu desaparecimento hoje.

— Mesmo?

— É. Achei que você podia... 

— E deixar você se divertir sozinha? Nunca.

Eu sorri gentilmente.

— Você vai ficar bem?

— Quando?

— Sei lá, se algo acontecer.

— Eu sei me cuidar.

— Eu sei, só estou me certificando. – eu bocejei.

— Está com sono?

— Um pouco.

— Vai dormir.

— E te deixar sozinho fazendo a guarda?

— Eu sei me cuidar, Clove.

— Boa noite.

Ele não respondeu, eu me deitei no chão do lado da fogueira e peguei no sono em poucos segundos. Amanhã seria um novo dia, um dia de muitas mortes. E eu não podia esperar para ser a causadora de algumas.

 


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