KATNISS’S POV:

Ainda com os olhos cerrados sem a mínima vontade de abri-los e me deparar com a claridade que invade o quarto sem minha permissão – merda deixei as cortinas abertas ontem– penso.

Sinto um peso diferente sobre meu corpo, o peso de outra pessoa me enlaçando e que dorme profundamente, sei que só pode ser Peeta e sei que isso foi a consequência de não ter criado a barreira entre nós mas, por incrível que pareça isso não me incomodou nem um pouco.

Tento sair de seus braços mas não tenho sucesso, e acabo despertando ele.

– Bom Dia, Kat. – Ele diz com um sorriso encantador formado em seus lábios.

– Bom Dia, Peeta- Eu retribuo o sorriso.

– Então essa foi a nossa última noite aqui da casa de seus pais né?

– Sim, agora temos que nos arrumar para irmos para casa de campo, então se me der licença vou tomar um banho.

– Toda licença senhorita- Ele diz em um tom de deboche.

– Agradecida senhor- Eu digo entrando na brincadeira dele, e começamos a rir.

Acabo de tomar banho e me arrumo, quando saio do banheiro Peeta já havia arrumado metade de suas coisas, apenas os detalhes estavam fora da mala.

– Nossa você é rápido, mesmo.

– Claro que sou!

– Nossa a sua modéstia me deixa encantada.

– Eu sei que sou encantador.

– Ok, pare com as gracinhas e vá já tomar seu banho enquanto eu termino aqui com as minhas coisas.

– Sim, senhora- Ele diz batendo continência.

Assim que ele entra no banho eu começo a arrumar as minhas coisas e começo a pensar no que está por vir : Peeta, esses serão os nossos últimos dias juntos. Como será quando voltarmos? Será que ele manterá contato? Será que ele vai sentir minha falta? Por que eu realmente acho que sentirei falta dele. Enquanto arrumo a mala submersa em meus devaneios encontro um papel, mas não é um papel qualquer, é o contrato dele então começo a reler e uma coisa me chama atenção :

Após a efetuação do serviço solicitado, a cliente não terá nenhum contado com o profissional, a não ser que ela solicite o para um novo serviço.

Isso me deixa um pouco abalada, pois acaba respondendo a pergunta que eu havia feito momentos atrás. Guardo o papel no envelope pardo que se encontra na minha mala e terminando de colocar minhas coisas a fecho.

Peeta saí do banheiro com a toalha enrolada na cintura e secando o cabelo com um outra, aquela visão me deixa com um calor inexplicável e me faz lembrar de ontem a noite, nós dois na praia, nus e quase cometendo atos luxuriosos no mesmo instante eu coro e rio lembrando também da senhora maluca com seu cachorrinho.

– Do que está rindo? – Ele me olha com curiosidade e continua secando seus lindos fios dourados.

– Nada, só me lembre de uma coisa.

– Então me conte para eu rir também...- Ele era insistente.

– Ahh, não é nada.- Ele levanta a sobrancelha assim que eu digo e com um olhar ameaçador.

– Então tá – Eu digo cedendo.- Estava rindo de ontem a noite, nós dois lá e aquela senhora...

– AH aquela velha maluca, ela me paga- Ele disse rindo.

– Sabe, eu até agradeço a ela por ela ter atrapalhado algo que estava prestes a acontecer- Assim que digo isso uma voz na minha cabeça me acusa de mentirosa mas finjo não ligar.

– É mesmo? Então você não estava gostando? É isso? – Ele veio se aproximando mais e mais e minha respiração começou a ficar acelerada.

– Sim é isso. – M.E.N.T.I.R.O.S.A! a voz gritou.

– Pois eu não acho isso, mas vou deixar você se enganar senhorita.- Ele já estava perto demais e falando no meu ouvido, sentia a respiração dele e isso me deixava cada vez mais nervosa.

– Vá se vestir! – O empurrei e ele deu aquela gargalhada contagiosa.

– Tá vendo como você fica Katniss?

– NÃO! Enquanto você termina eu vou ali ver como vai ser.

Saio do quarto fechando a porta com uma força desnecessária e vou de encontro a minha mãe.

– Bom dia docinho- Assim que entro na cozinha papai diz com aquele tom de deboche.

– Bom dia papai.

– Bom dia filhinha! – Minha mãe sai de trás da porta da geladeira com uma jarra de suco na mão. - Já estão prontos?

– Sim mamãe só quero saber como vai ser?

– Bom, vamos nós quatro no carro enquanto nossas malas ficarão no barco para não ocupar espaço.- É claro que Haymitch não perderia a oportunidade de levar seu brinquedinho.

– Então tão está combinado, chamarei Peeta e nós vamos.- Me retiro e subo as escadas dando de cara com aqueles olhos azuis me encarando e com um sorriso de orelha a orelha, com nossas malas na mão.

– Só faltam duas que estão no quarto, vou deixar essas na porta e já volto para pegar as que faltam.

– Tudo bem, minha mãe está na cozinha. Deixa que eu desço com as restantes.

– Claro que não, fique aqui já volto.

Assim que ele volta, vamos em direção ao barco e colocamos nossas malas lá dentro, um sensação boa me vem quando entro naquele quarto mas não consigo entender o porque.

Sentamos nos degraus da porta de entrada e ficamos ali parados olhando para a rua esperando meus pais.

– Sabe Katniss, é a primeira vez que eu aceito acompanhar alguém a um casamento. – Ele diz e isso me pega de surpresa, ué ele nunca tinha sido contratado para tal evento?

– Por quê? Ninguém nunca te contratou?

– Claro que já, mas eu nunca aceitei.

– E porque aceitou comigo?

– Sabe, assim que você me mandou a primeira mensagem percebi que você estava realmente nervosa e aflita.

– Desesperada você quer dizer né?

– Também – ele disse dando um sorriso meigo. – Mas não foi exatamente isso que me chamou atenção em você. Algo na sua voz me mexeu comigo e eu senti que eu tinha que aceitar, que era meu dever. – Uaal, ele acaba de me pegar de surpresa.

– E qual foi o evento mais estranho que você foi? – Digo tentando mudar o rumo do assunto.

– Acho que um enterro- Ele sorri.

– Nossa, as pessoas precisam de um acompanhante para esse tipo de evento?

– Mais do que você imagina Katniss...

– EII POMBINHOS EU ME CASO DEPOIS DE AMANHÃ!! – Paul passa buzinando e gritando para nós!

– Temos mais três dias juntos não é mesmo? – Ele pergunta.

– Sim...

– Então vamos embora? – Minha mãe aparece saltitante atrás de nós.

No carro, fomos em um silêncio agradável e como sempre adormeci, Peeta me puxou para deitar em seu colo.

Assim que chegamos ele me despertou e pude ver aquela casa que foi tão presente em minha infância e adolescência.

Pegamos nossas malas e seguimos direto para casa sem falar com ninguém, só queria guardar logo as minhas coisas e depois iria mostrar a casa para Peeta. Chegamos no quarto e ele continuava como antes, ele era enorme como uma decoração colonial moderna, minha mãe soube realmente decorar aquela casa.

– Ai mais que saudades dessa cama! – Eu digo me jogando no lado direito dela.

Quando olho para Peeta ele está me observando com um sorriso bobo nos lábios.

– Não vai se juntar a mim? – Pergunto.

Ele não me responde apenas deita ao meu lado e ficamos ali olhando para o teto por um bom tempo sem dizer nada um para o outro.

– Sabe, eu fiquei pensando você sabe muitas coisas sobre mim mas eu não sei nada sobre você, será que você não poderia me dizer algo?

– Você sabe sim muitas coisas sobre mim, afinal eu saí em uma matéria de sua revista não lembra?

– Mas quero saber algo que ninguém saiba... Pelo menos 3 coisas.- Digo fazendo cara de cachorro que caiu da mudança.

– Então tá – ele diz se rendendo e eu sorrio.

– A minha cor preferida é aquele tom alaranjado incrível que o céu fica quando o sol está se pondo, é realmente fascinante e me acalma.

Eu gosto de cozinhar quando não estou fazendo nada, minha especialidade são doces e massas.

E por último mas não menos importante- Ele dá uma grande pausa e não espera para responder. – Sentiria a sua falta mesmo não a conhecendo.

BOM! Isso acaba comigo ele finalmente conseguiu me desestabilizar por completo, eu apenas olho para ele e sorrio. Ele se aproxima até nossas respirações ficarem uma contra a outra e nossos olhos hipnotizados, me dá um beijo terno na testa e se levanta.

– Você não ia me mostrar a propriedade da família? – Ele diz me tirando do transe.

– Eh... claro vamos.- Digo ainda embasbacada.

Mostro todos os cômodos e todos os jardins, lagos e piscina e depois nos juntamos ao resto da família.

– Finalmente Kat!- Diz Johanna vindo ao nosso encontro.

– Como vai Johanna? – Peeta pergunta.

– Não me faça essa pergunta e não sorria assim que eu posso te roubar de Kat hein, até me esqueço que ela é minha prima! – Nossa Johanna me espanta as vezes e pelo visto a Peeta também mas logo depois do susto eles começam a rir.

– Sem ofensas mas Katniss é a única me chama atenção, memso tento tantas mulheres bonitas aqui é ela que eu amo.

– Desculpe-me então senhor apaixonado. – Eles riem mais ainda.

– Então o que vocês estão fazendo? – Finalmente eu me pronuncio.

– Estávamos te esperando para jogar uma partida de poker, eu e Haymitch e você e Peeta, tudo bem?

– Claro e cadê Prim?

– Não sabemos ela saiu daqui e e ainda não voltou...Deve estar tendo uma crise de “ ai como meu cabelo é lindo” – Johanna disse imitando ela.

– Então tudo bem.

Já tínhamos começado o jogo quando Paulo anuncia que o churrasco está pronto e eu percebo que estava com fome, mas quando vou pegar ele me para.

– Não Kat, se você comer antes de Prim ela vai ficar uma fera! – Ele diz fingindo estar com medo.

– Nossa vocês são tão melosos, aposto que nunca brigaram...

– Não mesmo mas sei que o melhor remédio para depois da briga é o sexo.

– Nossa mas como você nunca brigou você não pode comprovar.

– E você pode? – Ele me manda um olhar desafiador.

– Isso não o interessa volte a fazer seu churrasquinho ai! – Todos nós começamos a rir.

– Peeta você tem jeito com as mulheres não é? – Haymitch pergunta a Peeta.

– Creio eu que sim, senhor.

– Então será que você poderia resgatar minha filha de qualquer lugar onde ela estiver e trazer ela para cá? Diga que estamos com fome e que Paul não quer nos dar comida.

– Sim senhor, já volto Kat- Ele me dá um selinho.

PEETA’S POV:

No caminho pergunto a uma senhora se ela tinha visto Prim e ela afirma que ela estava na cabana, então sigo para lá e enquanto entro ouço uma voz conhecida gritando e está desesperado.

“ Prim você não pode se casar com ele ! E o que vivemos juntos? Não significou nada para você? Você ama ele??”

“ Foi errado o que fizemos e por isso que eu acabei com você, foi muito bom mas só serviu para me mostrar o quanto eu amo ele e isso não vai mudar...- O nome que ela pronunciou no final da frase foi só para me mostrar que eu estava certo, que eu realmente conhecia a voz do desesperado. Era ele, Gale mas eu não entendia muito bem, será que eles tinham realmente um caso? A ideia me deixou confuso e intrigado então quando ele ia começar a falar de novo eu entrei na área que eles estavam provocando um susto nos dois, ele se afastou dela e largou seu braço.

– Prim seu pai pediu para eu ver se você estava bem, eles querem comer e Paul não quer servir ninguém antes de você...

– Awwn como ele é fofo. – Ela diz insegura.

– Eu já vou indo – Gale saí pisando forte passando por mim.

– Você ouviu? – Ela me pergunta receosa.

– Sim eu ouvi...quer conversar?

– Não sei... você acredita que um lugar pode te fazer a voltar no tempo e fazer coisas que fazia antes?

– Na verdade não, as lembranças podem ficar mas as atitudes... você quem escolhe.

– Acho que eu quero conversar sim mas você tem que me prometer não contar nada para ninguém...

Ela me conta tudo e eu prometo a ela não contar a ninguém, mesmo querendo sair dali e meter a porrada em Gale e poder abraçar Katniss...

Volto para o lago com Prim que sai correndo para os braços de Paul, e quando localizo Katniss ela está lá conversando com Gale.- O que esse merda ta fazendo conversando com ela?

Ela percebe meu olhar e vem até mim. Eu a abraço e ela retribui sem entender muito.

O dia e a tarde correm bem, a não ser pelos olhares de Gale ora Katniss e ora Prim. Afinal o que ele está pensando? O que ele quer?

Quando chega a noite Katniss diz que precisa relaxar e tomar um banho de banheira e isso me dá uma ideia um tanto peculiar...