O Último Portal escrita por LaísFernandes


Capítulo 3
Capítulo II




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O primeiro dia de aula daquele ano para Artur Cooper seria normal se não acontecessem fatos relacionados ao seu passado que mudariam por completo o seu presente. Acordara naquela manhã ao som de seu despertador, que tilintava ao seu lado no criado-mudo. Deu uma palmada enérgica sobre ele e ainda com os olhos cerrados, levantou da cama e calçou os chinelos, tateando a parede em busca da porta do banheiro. Tomou um banho rápido, que o acordou de uma vez e escovou os dentes em frente ao espelho. Fitou os próprios olhos no reflexo, perdendo-se em pensamentos ao ver que seus orbes ganharam um belo tom de verde naquela manhã.

Deixou o quarto completamente arrumado, vestindo uma calça jeans levemente justa, um moletom cinza sobre a camisa do uniforme. O velho tênis all star surrado podia ser visto em seus pés. Desceu as escadas e encontrou seu irmão na cozinha, em frente a um grande livro, o 5º da saga Harry Potter, que Thomas adorava, mesmo não sendo de ficção científica, como ele estava acostumado. Ethan provavelmente ainda dormia, tinha certa dificuldade para acordar e devia ser por isso que sua mãe gritava no andar de cima. Enquanto Artur colocava cereal numa tigela e sentava-se ao lado do seu irmão, sua mãe apareceu, trazendo Ethan pela gola da camisa e o sentando num dos bancos altos que ficavam na frente da grande bancada de mármore da cozinha gigantesca que possuíam na mansão. Comeram em silêncio e antes que o padrasto aparecesse, Artur deixou a casa, passando antes pela mãe e lhe dando um afetuoso beijo na testa.

Em 10 minutos ele estava na escola, rodeado de amigos que sempre vinham contar as inúmeras novidades, mesmo que não tivessem passado nem 24 horas que tinham se visto. Apesar de Artur ter vários amigos e seguidores, confiava apenas em uma garota, Luiza Dernuhst. Ela não era a que chamava atenção, ou a mais inteligente, mas possuía uma voz suave, um jeito engraçado e envolvente. Ela nunca deixava a conversa morrer e sabia muito bem em que assunto não deveria tocar. E aparentemente, era uma das únicas garotas que nunca mostrara nenhum interesse pelo garoto mais bonito do colégio. Isso deixava Artur completamente louco pela melhor amiga.

A sorte de Artur era o fato de ele esconder muito bem seus sentimentos, tanto que ninguém nunca percebeu nada. Algumas noites era quase impossível segurar-se, controlar a vontade de pegar o telefone e ligar pra ela, falar de tudo. Era difícil controlar a vontade de andar para cima e para baixo pela escola de mãos dadas com ela, de mandar flores e bombons, de falar que a amava. Mas ele se controlava e fingia muito bem uma amizade pura e sem nenhum interesse.

Naquele dia, o Cooper conseguiu se desvencilhar da multidão, garantindo antes que no intervalo conversaria com cada um deles decentemente. Saiu do pátio principal e arranhou um lugar no jardim da Instituição Escolar Superior Henrique VIII. Era um lugar muito bonito, arejado e iluminado, com uma infinita variedade de flores e árvores, vindas de lugares totalmente diferentes do globo terrestre. Toda essa imensidão era cuidada por Peter Schultz, um velho ranzinza que parecia ser capaz de matar quem ousasse pisar nas suas belas orquídeas vindas da América do Sul. Teve o máximo cuidado de não tocar em nenhuma das plantas e sentar ao lado de Luiza, sorrindo. Falaram durante horas sobre os mais variados assuntos, e riram bastante.

Até que Artur escutou um barulho entre as folhas. Ergueu-se num salto e saiu procurando a origem do barulho, se metendo por entre as plantas tão bem cuidadas de Sr. Schultz. Luiza pediu para ele deixar pra lá, mas acabou sendo puxada para dentro das folhas. E foi lá que rolou o primeiro beijo. Na adrenalina de descobrirem quem fez barulho sem serem pegos pelo jardineiro, os lábios dos dois se encontraram. Passaram alguns segundos ali, até que ouviram os gritos do velho, que estava vindo atrás deles, com os olhos do demônio. “Minhas orquídeas!”, ele gritava, correndo como podia. Artur segurou na mão da garota e eles correram, se enveredando pelo labirinto gigantesco de altos arbustos muito bem aparados. De repente, lhes faltou chão. Um buraco se abriu abaixo deles e eles mergulharam num mundo de sombras.



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