O Último Portal escrita por LaísFernandes


Capítulo 2
Capítulo I




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Minha mãe disse que meu pai literalmente caiu do céu e logo de início, pensou-se que ele fosse um verdadeiro anjo, só que sem asas. Seus cabelos cacheados os quais herdei, chamaram a atenção de Lorena Cooper, minha mãe e por isso deve-se o fato de ela sempre se referir amavelmente a ele como “meu adorado anjo”. Meu pai tinha várias coisas incomuns em sua história, começando pelo nome. Satur Olenson possuía cabelos castanhos, arrumados em belos cachos em sua cabeça, e seus olhos ora verde, ora azuis, completavam sua beleza ímpar. O corpo era razoável, um homem alto e de sorriso estonteante. Mamãe se apaixonou por ele na hora em que o viu, na horinha mesmo.

Ela estava na praça do bairro da cidadesinha em que moravam no Canadá, balançando devagar a luz da lua num balanço enferrujado. “Então ele apareceu, num baque surdo e seco contra a areia do parquinho, lindo.” Foram essas as palavras que ela usou para descrever sua chegada, entre suspiros e quase ameaças de choro. Ela continuou descrevendo o momento em que ela correu ao encontro do desconhecido e o modo como o coração dela disparou quando seus olhos percorreram todo o corpo dele, cada centímetro de sua formosura, parecia um ser de outro planeta. E logo pulou para a parte em que o acolheu em casa e o modo como o jeito dele, abobalhado e sem jeito para os costumes da época, agradou a todos. E eles se apaixonaram, lógico e aí, eu fui formado. Mas antes que ela pudesse dar a boa notícia, meu pai sumiu. Sem aviso, sem nem um beijo de despedida. Misteriosamente, seu rosto também desapareceu das fotografias.

Então, os meses de gestação da minha mãe foram tristes, ela chorava dia e noite lembrando-se de Satur, do seu cheiro, dos seus cachos, blablabla. Eu nasci numa noite enluarada, parecida com a noite em que minha mãe e meu pai se conheceram. Eu era uma cópia dele e ela, minha mãe, lembrou-se que ao olhar pra mim, seus olhos se enchiam de lágrimas, mas que aos poucos essa sensação foi passando, não que ela esquecesse dele, mas porque ela percebeu que não ganharia nada passando os dias a chorar.

Ganhei o nome de Artur, minha mãe era apaixonada pelas histórias do rei com o mesmo nome que o meu, de suas aventuras e tramas, mas como meu pai não estava, agora sou conhecido como Artur Cooper e não Artur Olenson. Cresci como qualquer criança comum e eu possuía (e ainda possuo) o mesmo jeito espontâneo e alegre que meu pai possuía e que conquistou a todos, de modo que eu tinha alguns muitos amigos, que lotavam meus aniversários, até o dia que tive de mudar de cidade.

Nesse meio tempo, minha mãe arrumou um namorado, um advogado recém-formado, que era filho do casal de vizinhos, os Barnes. Peter era um cara legal, não me levem a mal, mas eu nunca fui com a cara dele, desde a primeira vez que o vi, aos meus 3 anos. Ele e minha mãe já saiam a algum tempo e nesse dia, ele foi pedir a mão dela em casamento e consequentemente, permissão para levá-la para Londres, onde ele tinha mais chances de conseguir um bom emprego. Em menos de seis meses, eu já estava morando em Lancashire, um bairro tranquilo nos arredores de Londres.

Pulemos essa parte da minha vida, que foi normal. Eu arrumei novos amigos, aprendi o inglês britânico e cheguei aos 13 anos sem que praticamente nenhuma coisa extraordinária acontecesse comigo. Ganhei dois irmãos nesses 10 anos, vi minha mãe se tornar uma mulher cada vez mais linda e com o dinheiro que agora tínhamos aos montes, glamourosa, sempre usando os mais belos vestidos de grife e joias caras, sem perder é claro, o jeito simples que possuía aos seus 15 anos. Meu padrasto e eu tínhamos uma relação cada vez mais restrita, falávamos sobre futebol e beisebol, mas era apenas isso. Meus irmãos, Ethan e Thomas, são gêmeos idênticos, com 6 anos, mas nenhum dos dois se parece comigo. Ethan é um lunático, parece estar sempre pensando em novas histórias, novos planetas e colecionava figurinhas num álbum, que ele já completara 15 vezes. Thomas, totalmente o contrário, mas também anti-social. Vive com a cabeça atolada em livros e mais livros, estuda numa escola especial para nerds superdotados. E eu, o diferente, que chamo a atenção de todos na escola, inteligente na medida, bonito como meu pai, de voz suave, um jeito que eu adoraria não ter. 


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Notas finais do capítulo

Sinceramente, espero que gostem. Reviews muito bem vindos.



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