O Belo E O Aristocrata escrita por kaori-senpai


Capítulo 3
O Aristocrata


Notas iniciais do capítulo

Hehehe... Final!!! Eu queria mesmo postá-lo antes do fim do mundo, porque desafio feito, é desafio comprido! Agradeço a todos que leram e postaram reviews. E aos que leram e não postaram, bom, é a última chance para todos XD
Boa leitura~



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Gilbert correu tão rápido quanto o vento nos primeiros minutos, mas logo desacelerou e seguiu o caminho numa velocidade normal. Seria mentira dizer que não olhou para trás, o fez inúmeras vezes, porém ninguém tinha o seguido. Ele realmente estava livre... Então porque se sentia tão mal? Estava voltando para casa e veria seu irmão, seu sobrinho, sua cunhada... Deveria estar ao menos ansioso. Mas só de pensar na fera olhava para trás tentando ver o castelo. Sentiria saudades daquela vida e dos amigos que lá fez.

Mais rápido do que esperava chegou à sua cidade. Nada tinha mudado desde que saíra, o único diferente era o próprio Gilbert. Desceu do cavalo e caminhou até sua casa, respirou fundo e depois de muito pensar, bateu na porta. Teve que gritar e bater mais algumas vezes até que alguém gritou que estava a caminho. Pela altura do grito, só poderia ser de Ludwig. Sua intuição estava certa, em pouco tempo, um alemão enorme e loiro apareceu bufando quando a porta foi aberta, mas esse semblante mal-humorado logo sumiu quando viu quem estava batendo.

- Gilbert?!

- Kesesese! O incrível eu está de volta! – Soltou um sorriso amarelo apenas para não deixar a felicidade do irmão ir embora diante da angustia que estava sentindo. Não precisou sustentar esse sorriso, pois seu irmão o abraçou de surpresa. – Hey! Lud! Não precisa matar minha incrível pessoa com sua alegria!

- Gilbert, ainda bem! Não sabe o quão importante é a essas alturas! Venha, Feliciana precisa te ver!

O loiro mais velho sabia que seu irmão faria aquilo. Era normal ele pensar nos outros antes si mesmo, principalmente quando se tratava de Feliciana. Foram até o quarto, onde a italiana estava deitada, porém acordada. Ela deu um grito ao ver o cunhado e o encheu de perguntas além de abraços, deixando Ludwig com ciúmes. Mas era o jeito dela, não tinha malicia.

- Gil, o que aconteceu lá? Você ficava preso?

- Até parece! Não conseguiriam prender alguém tão incrível quanto eu nem se minha incrível pessoa quisesse!

- E como era a fera?  Era assustadora?

- O Rod?! Ele me pareceu mais um cachorro do que um monstro! Kesesese!

O casal se entreolhou estranhando a atitude de Gilbert, porém ele estava lá, vivo e fazendo piadinhas como sempre. Ludwig sentou na cama e os três conversaram por horas. Em algum momento da conversa, eles voltaram a falar da fera, fazendo o loiro platinado se sentir desconfortável. Ele não conseguia deixar de lembrar-se dos pedidos do seu jovem mestre. Ele deixou bem claro que não esperava o loiro de volta, aquela despedida deveria ter sido um adeus. Mas Gilbert queria voltar.

As noticias na casa estavam animadas. Eles já estavam escolhendo o nome da criança e preparando o enxoval, com milhares de peças. Feliciana queria que fosse um garoto para fazer companhia ao filho de sua irmã gêmea e, por conta dessa preferência, uma menina poderia a vir usar peças masculinas durante seu primeiro ano de vida. Gilbert passava horas conversando com seu sobrinho, falando de todas as suas aventuras e de como Ludwig fica fofo quando falam da gravidez. Feliciana comia todos os tipos de massa, alegando que o bebê estava com fome, mas todos sabiam se tratar de uma desculpa para a italiana comer sua comida favorita.

E para animar ainda mais, a irmã mais velha de Feli chegou quando esta completou sete meses de gravidez, para ajudar a cuidar do bebê. Claro que Lovina ignorou as várias empregadas que sua irmã tinha para cuidar disso. Junto com ela, veio seu marido, Antonio, velho amigo de Gilbert e seu filho de dois anos. A casa de Ludwig nunca estivera tão tumultuada.

O primogênito de Antonio era uma criança um pouco mal-educada, mas seu pai achava uma graça o jeito mandão. A mãe simplesmente aplaudia os xingamentos dirigidos a “família batata”. Gilbert até gostou do garoto, e quando o menino percebeu isso, começou a evitar o loiro com a desculpa de que o mais velho fedia. Com tantas pessoas, Feliciana estava mais disputada, então o de olhos vermelhos teve pouco tempo com a cunhada.

Gilbert quase se esqueceu de Roderich, mas por conta de Antonio, isso foi impossível. O espanhol se mostrou curioso a tudo que aconteceu no castelo, em especial, em Francis. Tudo que falava a respeito do cozinheiro fazia o amigo rir e ter ainda mais vontade de conhecer aquele castiçal.

- Ele estava mesmo deitado na sua cama?!

- Sim! Kesesese! E ainda falou que eu me apaixonaria por ele! Até parece que minha incrível pessoa faria algo do tipo!

- Estou quase me apaixonando por esse cara! Gil, eu tenho que conhecê-lo! Vamos visitar o castelo, vamos!

- O Lud me mata antes de minha incrível pessoa conseguir pensar nisso... Guarde sua paixão pra outra hora!

Um mês se passou naquela rotina. As brigas eram constantes e, a maioria das vezes elas eram esquecidas, sem ao menos precisar de um pedido de desculpas. Isso fazia Gilbert lembrar-se das discussões que tinha diariamente com Roderich e se sentia um louco por sentir falta delas. Às vezes recordava como a fera ficava engraçada ao virar o rosto quanto vacilava ao dizer algo. E o loiro voltou a ter dificuldades para dormir. A causa? Simples, se acostumou com o piano do austríaco. Ludwig tocava piano muito bem, mas não tinha a serenidade que trazia sonhos a Gilbert.

E após um mês cultivando pesadas olheiras, o loiro platinado finalmente teve o que tanto esperou: Feliciana deu a luz a um garoto. Um menininho que comia por dois e chorava por três. Só conseguia dormir no colo de alguém e lhe deram o nome de “Feliciano”, por insistência dos alemães, pois a mãe queria “Rômulo” em homenagem ao avô. Nos meses seguintes, todos da casa compartilharam da falta de sono de Gilbert graças ao novo integrante da família.

Quando o pequeno fez três meses, a irmã e o sobrinho de Feliciana foram embora, deixando claro que o motivo era o fedor de batata podre. Antonio continuou na Alemanha para resolver alguns negócios promissores.

Depois disso, a casa ficou bem parada. Monótona o suficiente para Gilbert se pegar pensando na fera mais de uma vez por dia. Perguntava-se como ele estaria agora que suas flores já deviam estar no auge da beleza. Também queria saber se continuaria andando com tantas roupas no calor do verão. Queria saber de muitas coisas, porém tinha medo de voltar. A possibilidade de não encontrar “seu” jovem mestre o atordoava, aliás, aquilo lhe assombrava mais do que gostaria.

Outubro já estava no fim. O calor era insuportável mesmo sendo de noite. E como em tantas outras, Gilbert revirava na cama exatamente a meia-noite. Perguntava-se por quanto tempo mais acordaria naquele mesmo horário. Por falta do que fazer, pegou o espelho que tinha recebido de Roderich e se lembrou do poder que tal objeto possuía. Quase se chamou de idiota por não lembrar daquilo antes, mas um descuido desses só aconteceu porque sua incrível pessoa estava estressada.

Posicionou o espelho de prata sobre si e o fitou seriamente. Aos poucos, uma imagem foi se formando e possibilitando que o loiro visse seu jovem mestre. Não era a cena mais animadora, pelo contrário. A fera estava deitada, sendo tratada pelos seus inúmeros criados, mas não parecia que ia melhorar. Todos pareciam sofrer com o austríaco, inclusive Francis, que reservou seu direito de ficar calado naquela cena. Gilbert não teve dúvidas. Pulou da cama e pôs qualquer roupa. Sua única bagagem era o espelho mágico e água. Era uma hora da manhã quando pegou seu cavalo e saiu correndo. Nem Antonio teve chance de segui-lo, mas foi melhor assim. Tinha que fazer aquilo sozinho. Depois de tanto tempo, estava voltando como prometera. O cavalo não parou de correr por um instante sequer, mais rápido que o animal, somente o coração de Gilbert que batia de animação e desespero.

Às oito horas da manhã seguinte, o loiro finalmente chegou. Soltou o cavalo e este logo correu para o estábulo onde tinha certeza de que seria bem tratado. Gilbert não perdeu tempo e abriu a porta do castelo produzindo um estrondo enorme no momento que a madeira bateu na parede. Francis que estava no salão principal foi o primeiro a ver o amigo.

- Gil! Eu sabia que você iria voltar! Mas você está tão sujo que me dá ânsia de vomito!

- Não é hora pra isso, Francis! Cadê o Rod?!

- Ele foi fazer seu passeio matinal pelo jardim, apesar de estar indisposto…

O de olhos vermelhos não precisou ouvir mais nada, em menos de meio segundo já corria entre as roseiras, gritando pelo aristocrata, só que não tinha retorno. Gilbert lembrou-se de que em um canto afastado do jardim, tinha uma velha árvore onde eles geralmente travavam as guerras de neve, a possibilidade era pequena, mas ele poderia estar lá. Correu até lá e viu seu jovem mestre adormecido no dorso da árvore. Sua expressão era de dor, mas não aparentava estar ferido. O loiro foi até seu lado e tocou em seu rosto para medir a temperatura. Riu de si mesmo fazendo aquilo, afinal, não era assim que tiravam a temperatura de animais. Sentou ao lado dele e encostou a cabeça na dele, começando a sentir o sono atrasado.

- AH! O que significa isso?! – Gritou Roderich ao sentir o peso sobre seus ombros.

- Jovem mestre! Não é educado gritar quando alguém tão incrível como eu volta! Vamos, estou a espera de lágrimas!

- Cale-se, seu tolo! Quem mandou voltar?!

- Kesesese! Ninguém manda em mim, nem mesmo você, aristocrata! Sou uma verdadeira força da natureza!

- É um grande tolo, isso sim! Peço que não me atormente, estou debilitado por conta de uma gripe que peguei no final do inverno.

- Kesesese! Ficou doente quando eu fui embora? Isso é tão romântico!

- Romântico? O que há de tão belo na minha enfermidade?!

- Está doente de amor, jovem mestre!

Roderich reservou seu silêncio. De fato não estava bem para trocar ofensas com Gilbert. Voltou a apoiar sua cabeça na árvore e sentiu uma breve tontura, provavelmente por estar se mexendo rápido demais. Colocou a mão sobre os óculos e contou até dez para se encontrar livre da tontura.

- Você está bem, Rod?

- Hunf! Claro que estou! Já lhe disse que é apenas uma gripe persistente!

Não era apenas uma gripe, o austríaco sabia bem disso. Já tinha enfrentado as piores doenças da época, porém, só daquela vez, se viu impossibilitado de tocar piano. Era no mínimo uma ironia. Desde que aprendeu a tocar, ele praticava todos os dias, no entanto, fazia pelo menos um mês que só olhar para o instrumento lhe deixava mal. A sala de música estava trancada há muito e ninguém tinha permissão para entrar. Antes de adormecer no jardim, Roderich se perguntou se não era isso que Elizaveta citou na maldição...

O aristocrata fechou os olhos de novo e tentou lembrar que dia era. 26 de Outubro lhe parecia uma data tão importante... Só não recordava o motivo. Lembrou-se da rosa que deixava em cima do piano e ficou preocupado com o estado de suas pétalas, afinal, estavam caindo muito naqueles dias.

- Rod, no que está pensando?

- Ora, essa... Alguém incrível como você não consegue adivinhar?

- Kesesese! Agradeço pelo reconhecimento aos meus incríveis poderes, mas eu não sou obrigado a entender a cabeça de um aristocrata!

- Sinto muito por minha pessoa ir além do seu entendimento. Ainda não fiz meu desjejum, então se quiser me acompanhar…

- Como é? Você, Roderich Edelstein, atrasou uma refeição? Quantas coisas mais mudaram desde que sai daqui?

- Cale-se. Vamos comer.

Eles foram devagar até a mesa, a qual já estava pronta desde às sete da manhã. Além do estranhamento que sentiam por terem passado tanto tempo separados, nada parecia ter mudado tanto assim. Eles estavam sentados no mesmo local, discutindo os mesmos assuntos. Era muito feliz poder constatar isso. Provavelmente, se Matthew não tivesse intervido, essa cena não sofreria mudança alguma por muito tempo. O pequeno espanador foi se aproximando vagarosamente, já ensaiando sua fala. Sentiu muita raiva quando o mandaram fazer aquilo, mas alguém tinha que fazê-lo.

- Senhor Roderich, em nome de todos os empregados, quero lhe desejar um feliz aniversário de 24 anos.

Com um olhar espantado, o austríaco parou seu desjejum e fitou o vazio por alguns instantes. Era seu aniversário, o último dia disponível para voltar a ser humano. Deixou o prato cheio e saiu correndo até a primeira sala de música, sendo seguido por Gilbert, que até então não estava entendo absolutamente nada. Quando o loiro o alcançou, viu o aristocrata debruçado sobre seu instrumento favorito e a rosa, murcha, quase sem pétalas.

- Jovem mestre? O que está acontecendo?

- Eu quero ficar sozinho… Não peço que entenda, apenas o faça. Por favor.

O alemão ficou calado nos primeiros instantes, mas notou que a voz do mais novo estava falhando. Talvez… Não. Era impossível que o aristocrata estivesse chorando. Aquilo nunca aconteceria. Mas por via das dúvidas chegou mais perto. Ajoelhou-se ao lado do moreno, mas não conseguia ver seu rosto.

- Eu mandei ir embora, seu bastardo!

- Infelizmente, eu não sou mais seu escravo e exijo saber o motivo disso tudo.

- Se você não é mais meu escravo... Por que voltou? Isso não faz sentido para mim.

Roderich tirou os óculos e sentiu lágrimas escorrerem, mas provavelmente apenas ele saberia daquilo, pois os pêlos escondiam qualquer coisa. Gilbert ali só dificultava ainda mais as coisas. Queria ficar sozinho e aceitar seu destino, mas a presença do outro o fazia querer ser humano novamente.

- Senhor Gilbert, quero que entenda que eu não desejo mais sua companhia. O senhor não fez nada de errado, mas a partir de agora, não quero que volte para minha residência.

O loiro ficou calado. Provavelmente o austríaco estava enlouquecendo para falar tal coisa. Ou haveria uma cláusula na maldição que não era de seu conhecimento. A única coisa que sabia era que não ia ficar longe daquele riquinho mimado de novo.

- Rod, responda minha incrível pergunta ou não sairei daqui.

O de olhos lilases finalmente ergueu a cabeça para olhar o mais velho, mas não deveria ter feito aquilo. Nunca tinha visto algo tão belo em toda sua vida. Gilbert estava ajoelhado com um olhar sério e penetrante que conseguiria perfurar a alma mais dura. O coração do moreno quase não se aguentou no peito e chegava a doer de tão forte que batia, sentia que todos no castelo podiam ouvir.

- Você não faz sentido, senhor Gilbert. Pare de brincar comigo e vá embora usufruir de sua vida. Case-se. Tenha filhos. Desejo que seja feliz, mas bem longe de mim.

O loiro ficou atônito com aquelas palavras. Na verdade, sentiu mais medo do que tudo. Não entendia porque o moreno estaria falando daquela forma, mas o assustava. Viver longe de Roderich era uma forma nada incrível de se viver. Então Gilbert sentiu como se o golpeassem na cabeça, um choque de realidade. Será que estaria apaixonado pelo aristocrata? Isso ainda não era certo, a única coisa que sabia era que Roderich estava praticamente o expulsando do castelo e algo dentro dele o fazia repudiar isso. Não queria se separar dele.

Quando o mais novo se levantou e abriu a porta da sala o abraçou por trás com todas as suas forças. Ele cheirava a rosas. O abraço foi tão apertado que o aristocrata se viu impossibilitado de fugir, então se deixou abraçar mesmo odiando contatos físicos além dos necessários.

- O senhor não faz sentido algum para mim…

- Não precisa fazer sentido… Nada aqui faz sentido! Se eu não fosse tão incrível estaria louco, mas poxa, Rod! O que você faz comigo é errado…

O mais novo franziu o cenho.

- O que eu faço com o senhor?

Quando os braços do loiro se descuidaram, saiu do aperto que o outro estabeleceu e tomou relativa distância.

- Eu não quero ir embora, mas esse lugar me deixa confuso!

- Vamos direto ao ponto, sim? Por que não quer ir?

Gilbert chegou perto do austríaco e este teve a impressão de que nunca tinha visto o rosto do mais velho com uma expressão tão séria. Parecia estar com raiva e talvez estivesse mesmo, depois de ser expulso do lugar onde viveu por meses...

- Eu quero ficar aqui, Rod. Não me diga que não precisa de mim, porque eu percebi a poeira no piano. Você pode ser bom em muitas coisas, mas é um péssimo mentiroso, jovem mestre.

- Calado! Eu estou bem o bastante para saber que o senhor é a causa disso tudo! Eu poderia viver muito bem sem você aqui e… Céus! Como alguém pode ser tão mal-educado?! O senhor não respeita minha privacidade ou minhas regras, aliás, não respeita nem a mim! Esse tempo todo só agiu como uma criança mimada e eu apenas aceitei, mas agora basta! Porque o senhor deveria ser a última pessoa do mundo com quem eu quebraria a maldição, mas novamente, você só faz as coisas erradas, Gilbert!

- Jovem mestre, você ouviu o que acabou de dizer? Por acaso está se declarando para o incrível eu?

- Claro que não!

- Kesesese! Você também deveria ser a última pessoa por quem eu me apaixonaria, aristocrata!

Os olhos lilases olharam os vermelhos com um brilho intenso. Não era desligado o suficiente para não notar o que ele quis dizer com aquela frase e por mais estranho que lhe pudesse parecer, sentia um calor tão acolhedor no peito que não encontrou palavras para objeções.

- Além disso, não posso deixar minha querida esposa sozinha! Ainda mais quando ela mal consegue tocar piano! Kesesese!

- Cale-se, seu tolo! Não poderia usar sua boca para coisas mais construtivas?!

- …

- Não responda!

Roderich pretendia se afastar do alemão, provavelmente seu plano teria dado certo se nenhum candelabro tivesse o feito tropeçar e cair justamente nos braços do loiro. Não tinha mais dúvida alguma, estava apaixonado por Gilbert, mas isso não era uma coisa boa. Ambos ficaram vermelhos, logicamente isso só transpareceu no loiro.

- Se você não fosse tão politicamente correto, jovem mestre, já teria dito que não resiste aos encantos do incrível eu.

- Hunf! Apenas para você brincar com meus sentimentos?! Eu não quero isso!

- Kesesese! Não faz ideia do quanto você pareceu uma garotinha agora, jovem mestre! – O alemão abraçou forte o mais novo que tentava sair a todo custo. – Rod... Eu te amo.

Aquelas palavras pareceram golpear o austríaco, que conseguiu se desvencilhar dos braços de Gilbert e sair correndo, sendo seguido pelo loiro. A fera bateu em todos os objetos que estavam em sua frente, deixando sem querer rastros para guiar o seu perseguidor. Então Roderich se tranca em um cômodo.

- Rod! Abre essa porta! O que está acontecendo?! – Gritava Gilbert enquanto socava a porta. Não vinha resposta alguma e se veio, os gritos do alemão foram mais altos. – Se você não abrir agora, o incrível eu vai quebrar essa porta ao meio!

Antes que ele pudesse tomar qualquer impulso para fazê-lo, a porta se abriu revelando um jovem rapaz. Gilbert ficou paralisado com o susto de ver aquela pessoa e por conta desse choque quem teve que tomar uma iniciativa, foi o estranho de óculos em frente a Gilbert.

- Senhor Gilbert... Espero que se responsabilize pelos seus atos.

O loiro se aproximou do rapaz, tendo em mente que apenas uma pessoa no mundo falava daquela forma, mas para confirmar suas suspeitas, precisava olhar para seus olhos. Tinha certeza absoluta que só existia um homem com aqueles olhos. E eles estavam lá. Mais brilhantes do que nunca.

- Rod?

- Precisamente.

- ROD?! É você mesmo?! Sua aparência é mais aristocrática do que eu imaginava! – Falava Gilbert balançando os ombros do mais novo.

- Pare com isso! É claro que sou eu! – Roderich virou o rosto, agora escondendo a coloração extremamente visível em sua pele alva.

- Rod, você ficou ainda mais fofo nessa forma!

- I-isso é elogio que se faça a um homem?!

Gilbert não se conteve e abraçou o austríaco e enquanto este ainda tentava lembrar-se de seu próprio nome, o alemão lhe deu um selinho de surpresa. Roderich ficou completamente corado com aquele ataque surpresa, mas não deixou que o mais velho aprofundasse o beijo.

- Pare com isso, senhor Gilbert! Isso não se faz em plena luz do dia!

- Quer dizer que só poderemos fazer “isso” de noite, jovem mestre? Imagino que irá recompensar minha espera... – Disse sussurrando no ouvido do austríaco.

- Cale-se! Não foi isso que eu quis dizer!

Ficaram bons minutos naquela pequena discussão, porém, Gilbert notou que em momento algum o moreno pediu para que o soltasse. Isso lhe deixou feliz. Mas sua felicidade só durou até o momento que outras pessoas entraram na sala. Gilbert nunca tinha as visto daquela forma, mas reconheceu no mesmo instante Francis e Arthur.

- Oh, meu bom amigo Gil! Que alegria você me deu! Devolveu toda minha beleza! Já está arrependido por ter me rejeitado?

- Kesesese! Eu já tenho algo com que me divertir Francis, você pode ficar com o Matias e o Arthur! Kesesese!

- Creio que meu harém será incompleto sem você, Gil… - Soltou um leve suspiro esperando a reclamação de Arthur pela fala de Gilbert, já que ele afirmou que Francis o tinha. Mas a reclamação não veio, o inglês estava sorrindo carinhosamente para o casal. O alemão olhava para o mais novo sorrindo e este ficava ainda mais vermelho, até porque, eles ainda se encontravam abraçados. Quando Roderich notou o olhar de Arthur, tratou de empurrar Gilbert.

- O que os senhores estão olhando?!

- Huhuhu... Nada, meu jovem amo… Apenas continue deleitando-se com seu companheiro… A propósito, devo dizer que o senhor fica adorável quando provocado da maneira certa.

- E-ele quis dizer que vocês formam um belo casal! – Gritou Arthur enquanto puxava as mechas loiras de Francis para baixo com toda a força que possuía.

Com a desculpa que o almoço deveria ser preparado, os criados saíram deixando o casal sozinho de novo. Gilbert não teve dúvidas, aproveitou a distração do seu jovem mestre para lhe dar outro beijo e dessa vez, foi retribuído com vontade e vergonha. Surpreendentemente, Roderich não reclamou do “ataque”, pelo contrário, quando ambos perderam o fôlego, ele deixou sua cabeça escorregar para o ombro de Gilbert e ali ficou, fazendo o alemão corar violentamente.

Claro que sua atitude rendeu boas piadas depois, mas nada que Roderich não estivesse acostumado. Após o almoço houveram novas brigas e reconciliações. As discussões eram quase constantes na relação deles, mas fazer as pazes era tanto quanto, mesmo se houvesse resistência por parte do austríaco. Assim, logo suas famílias souberam o que estava acontecendo e pelo menos a de Gilbert, tratou o assunto com mais naturalidade possível.

E, muitos duvidam mas, eles viveram felizes para sempre.


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Notas finais do capítulo

Na parte do "eu te amo" eu enrolei mesmo --' Afinal, esses dois são muito cabeça-dura para falar uma coisa dessas... Então foi torturante fazer o Gilbert dizer, já que na versão original é realmente a Bela que o diz...
Espero ter feito um bom trabalho e... Final feliz!!! Estava devendo isso para muitos XD
Até a próxima~
~Kissus~



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