Maio de 2020

A noite foi aterrorizante, ainda que não quisesse preocupar a esposa grávida Santana precisou se render e pedir para que Brittany fosse ao hospital buscar Mackenzie, não era certo manter uma criança saudável em um hospital. Toda família já havia sido informada por Santana de que Rachel estava passando por uma cesárea de emergência e que o quadro era grave, sua pressão havia subido muito.

Os bebes eram muito novos e todos estavam preocupados com isso, Rachel tinha acabado de completar 33 semanas de gestação e qualquer parto antes das 34 semanas completas era certeza de UTI neonatal. Eram 6 da manha e Quinn ainda não havia tido noticia nenhuma sobre a cirurgia, a ultima coisa que ouvira foi que Rachel ia para a cirurgia, isso duas horas e meia antes. Ela estava desesperada.

No hospital apenas Santana e Amy estavam presentes, a agente no entanto, nesse momento estava a caça de café. Hiram, Leroy, Judy e Alberto poderiam vir apenas pela manhã, pegariam o primeiro voo e estariam no hospital antes das 10, a essa altura já até estariam no aeroporto.

"S?"

"Oi Q?" Elas estavam sentadas na sala de espera, Quinn estava com a cabeça apoiada no ombro da latina.

"Ela precisa ficar bem."

"Ela vai ficar bem Quinn, não se preocupe."

"Eu to com medo."

"Eu sei, também to assustada, mas a Rachel nunca deixaria nada acontecer com as meninas, você vai ver."

"To com medo de acontecer alguma coisa com a Rachel S."

"Não vai acontecer, você acha que ela deixaria de se vingar da historia do pônei do ano passado? Ela vai ficar bem e ainda vai aprontar muito comigo."

"Assim espero."

"Vai ser assim Q, confie nela." Santana passava a mão no braço de Quinn tentando lhe passar confiança.

"Ela já tem alguns planos, sabia?"

"Oi?"

"Planos de como será a vingança." Santana ri com a declaração da amiga.

"Mesmo?"

"Tem e se conheço você como acho que conheço você vai se arrepender muito daquele pônei."

"Nunca Q, a alegria da Mack quando ganhou supera qualquer peça que Rachel decida pregar." A latina ri e da um beijo na cabeça da amiga.

"Nenhuma noticia ainda?" Amy pergunta entregando copos de café para as duas mulheres. Santana apenas balança a cabeça negando. Ela se senta e permanecem em silencio aguardando noticias.

"Isso não é bom, não é bom não receber noticias, alguma coisa deve ter acontecido." Quinn estava ficando cada vez mais preocupada, fazia três horas que Rachel tinha sido levada para a cirurgia.

"Não pensa assim Q, mantenha o pensamento positivo."

"Eu não posso perder a Rachel, eu preciso dela."

"Eu sei, sei que você precisa dela, mas não desista. Você tem a Mackenzie pra pensar, ela precisa de você." Quinn estava em pânico e precisava de respostas.

"Como ela tá?" Shelby entra correndo na sala de espera perguntando pela filha.

"Ainda não ouvimos nada Shelby, a ultima coisa que nos falaram foi o que eu já tinha te falado pelo telefone." Santana explica.

"Ninguém sabe o porquê disso ter acontecido?" Ela volta a pergunta e as três mulheres negam.

"Como está a Beth?" Santana pergunta.

"A deixei com Brittany, ela me ligou poucos minutos depois de você perguntando se eu queria que Beth ficasse com ela, já que ela já estava com Mack."

"Bom."

"Vou buscar mais café."

"Amy você nem acabou de tomar esse." Santana fala para a agente das amigas.

"Eu... eu preciso andar. Qualquer novidade me liguem." Ela se levanta e antes de sair da sala dá um beijo no alto da cabeça de Quinn. Depois de tanto tempo trabalhando com as duas não tinha como Amy não se tornar uma das melhores amigas da família.

Depois de uma espera agonizante o obstetra de Rachel aparece na sala de espera, ela havia sido chamado quando a morena deu entrada no hospital. Ao ver o médico Quinn salta da cadeira e vai até ele com Santana e Shelby ao seu lado. O homem tira a touca e passa a mão no rosto.

"Quinn." Ele começa nervoso.

"Como ela está?"

"A Rachel tá bem, ela teve algumas complicações, perdemos ela por alguns minutos, mas conseguimos reanimá-la. A pressão dela subiu muito, mas não sabemos o que causou isso. Ela está na observação e assim que acordar vamos transferi-la para o quarto, então você poderá vê-la." As três mulheres então respiram um pouco mais aliviadas.

"Está mesmo tudo bem com ela?"

"Sim Quinn, o quadro dela está estável e não nos causa preocupação."

"E minhas filhas?"

"As duas estão na UTI neonatal, o quadro delas é grave, são prematuras e ainda não tem os pulmões completamente formados, nasceram com 1.700kg e 1.500kg." Ele explica. Shelby e Santana tentam segurar as lágrimas ao ouvir isso, as meninas eram realmente pequenas.

"Mas elas... mas elas vão ficar bem?" Quinn pergunta já chorando.

"Faremos tudo para que fiquem Quinn, acredite nisso." Ele afirma colocando a mão sobre o ombro da loira que apenas concorda com a cabeça.

"O momento é delicado e você vai precisar ser forte, se quiser pode vir comigo, vou te levar para ver as meninas." Ela concorda.

"Vai lá conhecer suas meninas Q." Santana dá um empurrãozinho já que a amiga permanecia imóvel. Quinn segue o médico deixando Shelby e Santana na sala.

"Elas vão ficar bem." Santana fala tentando convencer não só Shelby como a si mesma.

O percurso parecia longo, Quinn poderia dizer que levou horas para chegar a UTI neonatal, pelo menos era o que parecia para a ansiosa mãe. Ela passa pelo processo de preparação, com roupas esterilizadas, mascara e tudo que fosse necessário, qualquer contaminação poderia ser fatal num ambiente como esse.

"Aqui Quinn, conheça suas garotinhas." O médico para em frente a duas incubadoras, as meninas eram realmente pequenas, mas Quinn poderia jurar que nunca vira bebês tão lindos.

"Elas são tão pequenas."

"Mas vão crescer, vamos nos esforçar para que saiam daqui em pouco tempo."

"Existe uma previsão?"

"Infelizmente não, podem ser 10 dias como pode ser um mês ou mais." Ele observa a insegurança da loira em se aproximar. "Você pode tocar nelas, suas mãos estão esterilizadas e não vai machucá-las." O médico avisa. Quinn então se aproxima das filhas.

"Elas ainda não tem nome."

"Não se preocupe, você e Rachel podem pensar nisso com calma."

"Mas não é certo, nós pensávamos que teríamos mais tempo para decidir."

"Quanto antes decidirem melhor, bebês com nome costumam ficar mais fortes, é como se eles se esforçassem mais."

"Quando Rachel acordar vou falar com ela, ela tem sempre um plano." Ele sorri e deixa que Quinn aproveite o momento com as filhas. "Oi." Criando coragem Quinn toca a mão da criança marcada como 'bebe 1' era tão informal ver isso, ela precisavam de nomes. "Eu sou sua mãe, uma delas na verdade. A mama tá descansando porque você e sua irmã deram um grande susto na gente." Ela passa delicadamente a ponta do dedo indicador no contorno do rosto do bebe. Alguns minutos depois ela se vira para a outra criança. A 'bebe 2' era ainda menor, mas Quinn sabia por experiência própria que os menores frascos eram os mais fortes e não tinha duvida de que a filha ficaria bem. Ela conversa com os bebês, ora com uma ora com outra, seu coração estava apertado, com medo. Ela precisava ver Rachel, queria que a esposa pudesse ver as filhas. Durante o tempo que ficou ao lado das filhas Quinn não queria fechar os olhos e perceber que ainda estava na sala de espera desesperada por noticias. As meninas poderiam estar na UTI, mas estavam vivas e tinham grandes chances de ficarem bem.

"Sua esposa está indo para o quarto." Uma enfermeira se aproxima de Quinn para avisar. Ela então se afasta das meninas depois de tocar seus rostos delicadamente, qualquer contato que pudesse ter com as filhas era algo extraordinário, elas estavam ali, a sua frente, eram perfeitas e logo estariam em casa. Imaginando que não Rachel não poderia visitar as filhas tão cedo tirou uma foto com seu celular que estava no bolso, sabia que era perigoso fazer isso, o celular provavelmente estava todo contaminado, mas após bater a foto ele voltaria para o bolso e ela não tocaria em mais nada, para evitar contaminar o ambiente.

"Fiquem bem meus amores, logo eu volto, quem sabe trago a mama pra conhecer vocês." Ela segue a enfermeira para fora da UTI. "Obrigada." Quinn agradece quando tira todas as vestes de proteção que usava. A mulher apenas sorri, quantos casais já vira passar por isso, alguns com situações até piores, bebês ainda mais prematuros e nunca ficava mais fácil, era muito triste, muitas famílias se perdiam no caminho, mas se essa família fosse realmente o que a mídia dizia ser não haveria riscos, elas ficariam ainda mais fortes. Ao chegar no quarto da esposa vê o médico vindo em sua direção.

"Ela acordou, quer que eu fique por perto para quando você explicar tudo a ela?"

"Se você puder eu agradeço, ela certamente terá duvidas que não serei capaz de responder." A loira então entra no quarto. "Oi."

"Quinn." Rachel fica aliviada ao ver a esposa.

"Oi Rach."

"Eu acordei e ninguém me fala o que tá acontecendo, onde estão os bebês? O que aconteceu?"

"Calma amor, elas estão bem, acabei de conhecê-las. São incrivelmente lindas." A loira pega o celular e mostra a foto dos bebes na incubadora.

"Oh meu Deus, como são pequenininhas. Onde elas estão Quinn? Estão bem mesmo?"

"Na UTI Rach, mas vai ficar tudo bem..." Quinn então conta tudo que acontecerá, desde que desmaiou até o momento que veio encontrar-se com a esposa, não era uma conversa fácil e quando surgiram as duvidas a loira chama o médico que as responde com segurança, deixando-as mais tranquilas. Ele avisa que é precisam ter muita calma e confiança para aguentar a pressão. Pouco tempo depois que ele sai do quarto Rachel adormece, a anestesia a deixaria sonolenta por algum tempo. Depois de se cerificar que a morena estava bem, Quinn sai do quarto, ela precisa falar com Santana e Shelby. Deve ter levado muito tempo na UTI e com Rachel, pois se surpreende ao ver toda a família reunida. Hiram e Leroy levantam-se na hora que veem a nora.

"Como ela esta?" "Como estão as meninas?" Os dois perguntam ao mesmo tempo.

"Estão todas bem, Rachel acordou, conversei com ela, mas a anestesia não a deixou acordada por muito tempo. Passei algum tempo com as meninas, elas são lindas." Novamente ela pega o celular, que passa por toda a família, todos olham a foto dos bebes. Ela passa algum tempo explicando tudo que o medico lhe dissera, contando como as meninas estão e o que o médico dissera que deveria esperar, que seria um trabalho duro e longo, mas as chances eram boas de que tudo ficasse bem.