-Olá, sou Andrômeda. Não tenho sobrenome, que eu me lembre. Estes são Jake, Alex e Mari. –apontei para os meus amigos. - Por que você está aqui?

-Eu não sei. Um dia eu estava na casa ajudando a minha irmã com a arrumação dos cômodos, quando de repente, eu acordei e estava presa aqui.

-Fique calma, iremos te salvar. Você deve ser a tal filha de Zeus.

-Zeus? Tipo o reis dos deuses gregos?

-Sim, ele mesmo. Precisamos pensar em um jeito de sair daqui.

-Eles trocam a guarda a cada três horas.

-Ótimo. Então enquanto esperamos eles chegarem, vou pensar em um plano. – Eu falei.

Enquanto eu tentara me concentrar, comecei a reparar na masmorra em que estávamos. Ela era de um azul tão escuro que chegava a ser preta para olhos comuns. No teto e no chão havia várias estalactites e estalagmites. Algumas pareciam ser tão afiadas quanto uma espada, prontas para matar a qualquer momento. Às vezes eu ficava com a impressão de que quanto mais eu ficava naquele lugar, mais eu esquecia a missão. Precisávamos agir rápido! Notei as grades que nos prendiam. Eram feitas de um aço que eu conhecia, mas não me lembrava do nome. Tudo o que eu sabia era que ele era frágil se exposto ao fogo. Infelizmente não tínhamos fogo por perto. Ainda mais que aquele era um castelo de gelo. Do lado de fora havia um botão que abria a nossa sela. Tive uma ideia.

Eu nem notara, mas o meu anel havia voltado ao meu dedo, eu o peguei e imaginei a arma que eu precisava. Imediatamente, um arco e flecha surgiram na minha mão.

-Lilith, eu preciso que você fique de guarda e veja se alguém vem vindo. Alex pegue essas flechas e mire nas estalagmites. - eu dei a ele algumas das flechas especiais que estavam na minha aljava.

-Estalagmites?- perguntou Alex.

-As que estão no chão. Jake, assim que eu jogar a flecha você segura a cela. Mari ajude a filha de Zeus, por favor. Quando eu contar até três, Alex, você atira. Um, dois, três. Atira!

Ele começou a atirar uma saraivada das flechas flamejantes no gelo, que foi derretendo e aos poucos, foi causando um incêndio na cela. Ao mesmo tempo, eu acertei o botão que nos tirava dali. Jake segurou o portão e jogou-o para fora. Saímos da prisão. Alguns guardas, que vinham da parte Norte do castelo, tentaram nos impedir de sair da masmorra, mas Lilith distraiu-os atirando pedras que encontrara no chão. A mira dela era ótima. Mari pegou a espada e enfrentou bravamente dois deles. Jake, Alex e eu cuidamos de outra horda que vinha da direção Sul. Quando acabamos com eles comandei:

- Venham, temos que ir para o centro do palácio, onde provavelmente estão Quione e Sofia nesse momento. E Jake, dê para Lilith o arco e flecha, por favor, aposto que ela saberá utilizá-lo excepcionalmente bem.

Jake entregou-os à Lilith. Avançamos e encontramos mais alguns guardas, o que significava que estávamos seguindo pelo caminho certo, mas nós os exterminamos tão facilmente quanto os primeiros. Eu sabia que a parte difícil seria enfrentar a fúria de Quione.

Ao chegar à sala do trono de Quione, notei o quanto ela era grande e fria. Possuía um acervo de tesouros inimagináveis e nos cantos, várias estátuas feitas de gelo. A guarda pessoal dela não se encontrava na sala, e a princesa do gelo e Sofia estavam discutindo um assunto que eu considerei importante, afinal, ela não dispensaria os soldados à toa. Era a nossa chance.

-Precisamos capturá-las. Vamos nos separar para isso. Mari e Lilith, vocês cuidam de Sofia. Jake, Alex e eu cuidaremos de Quione. Nada de mortes, beleza?

Eles concordaram com a cabeça.

Enquanto andávamos sorrateiramente ao nosso objetivo, eu percebi que elas notariam a nossa chegada. Fiz um gesto para que todos parassem. Pensei mais um pouco. Como chegaríamos até as duas? Então lembrei de que eu podia viajar pelas sombras. Tudo bem que era um curto trajeto, mas eu precisava arriscar. Chamei todos em um canto e contei o plano. Nós nos preparamos e eu abri uma sombra no chão. Imediatamente imaginei aonde eu queria ir. Em um segundo estávamos lá: atrás do trono de Quione.

Peguei a bolsa de Apolo e lembrei que eu tinha guardado lá dentro uma corda. Nas outras três também.

-Pessoal, peguem as cordas. Lilith e Mari levem apenas uma, pois Sofia é semideusa. Nós levaremos as outras três. –eu sussurrei. - quando eu falar “já”.

Saímos do esconderijo e pegamos as duas desprevenidas.

-Como ousa aparecer aqui Andrômeda? –perguntou Quione encabulada.

-São apenas negócios, você sabe. JÁ!

As cordas funcionaram excepcionalmente bem. Mas os gritos de Quione eram tão histéricos que podiam chegar até a Nova Zelândia facilmente.

-Você, uma semideusa não irá me prender!

-Eu já prendi Quione. Agora, onde está Zeus? Só a soltaremos se você nos der a resposta.

-Acha que eu acredito mesmo na sua palavra?

-Se precisar, eu Juro pelo Rio Estige que a soltaremos se você nos levar até a prisão de Zeus.

-De que adianta leva-los até lá, se ninguém pode salvar o velho barbudo dos céus?

-Sempre há esperança!- gritou Mari.

-Tudo bem, eu os levarei até lá. Zeus está em uma gruta, no Canadá.

-Vou abrir uma sombra que nos levará até lá. E quanto a você Quione, virá conosco. Diga-me exatamente o lugar!

Ela sussurrou no meu ouvido o nome. Não posso contar para você porque essa gruta é muito mágica e provavelmente, se você for um mortal e estiver lendo isso, morrerá ao se aproximar dela.

Abri a sombra e levei todos ao lugar. Tive um lampejo, antes de entrar na nossa carona, do castelo gelado derretendo. Talvez tenhamos causado um incêndio muito grande na prisão.

Chegamos ao Canadá em alguns minutos, e eu estava totalmente esgotada, mal conseguia ficar de pé. Tive a sensação de desmaiar umas três vezes. Foi quando eles decidiram que era melhor parar em algum hotel e descansar.

Logo avistaram um hotel que ficava apenas a alguns quilômetros da gruta. Era um daqueles hotéis que possuem franquias no mundo inteiro um tal de Ibis, e que possuía todos os quartos exatamente iguais. Eu nem me lembrava de como eu tinha chegado ao quarto. Só me lembro de ver o rosto de Jake me abraçando quando acordei. 

-Dormiu bem?

-Sim, mas precisamos salvar o senhor dos céus agora.

-Fica tranquila, Andy. Ainda temos mais um dia antes do Olimpo ruir. Vamos conseguir.

-Chame todos. Partiremos em uma hora.