Quando o sol ameaçou a entrar pela porta do meu chalé, decidi que era a hora de me aprontar. Tomei banho, mas eu estava ansiosa com a missão e sentia arrepios no corpo. Meus estomago estava cheio de borboletas, por isso, mal toquei no meu café da manhã.

O meu anel  estava na cômoda ao lado da minha cama e sem hesitar, coloquei-o em meu dedo anular. Arrumei a cama e finalmente, coloquei uma camiseta laranja e um jeans velho. Pelo menos eu imaginava que era. Calcei os meus coturnos e vesti minha jaqueta de couro, já que aquela era uma manhã fria no acampamento.

Fui até o refeitório e mal consegui notar os olhares curiosos que me seguiam em todos os lugares pelos quais eu passava. Eu não estava com a melhor aparência possível, muitos notaram os meus olhos roxos, e eu quase nem conseguia ouvi-los cochichando, é claro que estou falando dos filhos de Afrodite. Mal toquei no meu café da manhã.

Depois, eu fui direto ao chalé cinco, ignorando totalmente uma série de regras, pois ali estavam apenas Jake e eu.

-Bem, parece que você já está indo...

-Eu saio às dez horas. Ainda tenho algum tempo para pensar.

-Você não está bem, o que aconteceu?

-Eu estou com medo, Jake, eu não sei o que farei e ainda por cima, quem perderei.

-Você gosta do Alex não é?

-Eu não sei, estou confusa com tudo isso, preciso pensar um pouco.

-Precisa de alguma ajuda minha para se acalmar?

-Eu só estaria mais segura se você fosse. Seria melhor...

-Se você pedir ao Quíron ou ao Alex para que me deixe ir, aposto que eles deixariam.

-Mas eu estaria arriscando a sua vida. Não quero te perder.

-Eu sei me cuidar, mas eu realmente ficarei mais seguro se for,  posso te proteger de muitos monstros. Principalmente Cetus.

Aquele nome, ele significava alguma coisa! Pois assim que eu ouvi aquilo, senti um arrepio estranho na nuca, como se alguém tivesse enfiado a mão gelado nela, o que não era o caso pois estávamos sós no chalé. Ele deve ter percebido o pânico nos meus olhos pois ele logo comentou algo mais chocante:

-Eu sabia que você o reconheceria! Ele é o monstro que tentava te matar nos meus sonhos, mas infelizmente, não consigo me lembrar de qual história ele pertencia e nem como ele foi derrotado.

-Vou falar com Quíron, acho que vou te levar. Arrume suas coisas, ou você irá comigo legalmente, ou você irá escondido.

-O que? Você está maluca? Se eu sair nessa missão escondido, provavelmente nunca poderei voltar.

-Você vai voltar, eu sei. Você é o meu herói.

Sai do chalé de Ares e segui direto para a Casa Grande, onde encontrei logo com Quíron falando com um dos filhos de Hermes.

-Já lhe disse! É arriscado demais! Ela pode não saber quem é...

-Senhor, ela precisa saber. Isso pode ajuda-la.

-Não, acho melhor não.

-Senhor, se ela soubesse do passado dela, e do futuro que ainda a aguarda.

-Não insista mais, Jhonny. Eu disse não.

-Sim, senhor.

-Agora vá, vou procura-la. Oh, Andy, você está ai?

Foi nessa parte em que tropecei em um dos cascos de Quíron, logo depois que eu saia daonde eu havia me escondido para ouvir a conversa.

-Eu queria falar com você, Quíron.

-Pode falar criança.

-Eu gostaria de levar o Jake na missão invés do Alex.

-O que? Mas eu não posso permitir isso... As regras dizem claramente...

-Que se houverem dois voluntários, há uma disputa, e que a decisão da disputa não pode ser removida por ninguém. Eu sei, mas as regras também falam que eu, sendo a líder da missão, devo escolher os meus acompanhantes.

-Sim, mas não posso permitir, está muito em cima da hora.

O pior de tudo era que ele tinha razão. Faltavam menos de uma hora para a missão. Eu não poderia fazer isso com Alex, mas não queria deixar Jake. Uma outra solução surgiu na minha mente.

-Tudo bem, então em uma hora partiremos.

-Leve o amuleto de seu pai, criança.

-Pode deixar.

-E mais uma coisa, acho que vocês devem começar a missão procurando Íris. Ela sabe de tudo, aliás ela fala com todos.

-E onde ela mora, hoje em dia?

-É só atravessar um grande arco íris que vocês chegam até o território dela.

-Ok, Quíron, Obrigada.

-De nada, criança.

Partimos do acampamento às dez horas, e mal consegui me despedir de Jake. Eu contei o que Quíron havia falado sobre a missão. Omiti a parte que ele falou sobre mim, é claro. Não queria compartilhar aquilo com ninguém, por enquanto.

-Para onde estamos indo?- perguntou Alex mal-humorado.

-Isso não é óbvio, Alex? Para a missão, ora bolas! –respondeu Mari com um sorriso engraçado no rosto.

Viajamos em silêncio pelo resto da estrada até Haley puxar assunto:

-E onde estamos indo mesmo?

-Argos irá nos levar até algum arco íris, para que possamos entrar na casa de Íris.

-Isso é realmente possível? Quer dizer, há anos nenhum semideus faz uma visitinha para ela. E quando digo anos, quero dizer muito mesmo, tipo mil anos. Vocês não acham isso estranho? –perguntou Alex

-Talvez ela apenas goste de privacidade, você sabe né? É algo meio difícil para ela. –falou Mari.

Argos logo achou um arco íris, e para a minha surpresa, esse não era o arco íris típico, pois havia mais de sete cores nele.

-Eu sempre pensei que os  arco íris tinham tipo apenas sete cores, mas esse é estranho não acham?- perguntou Mari, lendo os meus pensamentos, praticamente.

-Eu não sei. A minha cabeça dói demais aqui -eu disse.

Eles me olharam de um jeito estranho, como quem olha para alguém que pisou na patinha de um cachorro. Descemos do carro e nos despedimos de Argos, que voltou imediatamente para o acampamento Meio-Sangue.

-E agora, Andy? –perguntou Halley.

-Acho que devemos atravessar.

-Cuidado, Andy. Dizem que quem atravessa deve pagar um preço alto por incomodar Íris.- disse Alex.

- Ele está certo, Andrômeda. Há um certo preço a se pagar- disse uma mulher vestida de branco. Logo percebi que não era branco, e sim todas as cores juntas-Prazer, meu nome é Íris, podem não ter ouvido falar de mim, mas eu certamente ouvi sobre vocês.