Algo Errado escrita por Samyy


Capítulo 8
Memórias


Notas iniciais do capítulo

Ei... Depois de n dias eu voltei a postar aqui... É... Mas sem delongas, vamos ao capítulo, que foi escrito de todo o coração, esperando que meus leitores gostem!



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Hermione estava entediada.

Em boa parte da semana ficava praticamente o dia todo sozinha. Quando ela estava em coma Rony e seus filhos criaram uma rotina.

Rony continuava trabalhando na empresa de arquitetura do pai. Os dois tinham uma espécie de acordo: metade dela pertencia a Arthur, enquanto a outra metade aos filhos. Quando Arthur morresse - e todos esperavam que esse dia demorasse muito a chegar -, a empresa seria inteiramente dos filhos. Mais de Rony que de Gina, já que ela não se importava muito com seu destino.

Além de sábado e domingo, Rony tinha um dia a mais de folga, qualquer dia, e, no caso desta semana, ele já havia escolhido seu dia. Trabalhava das nove da manha até às seis da tarde.

Rose e Hugo estudavam meio período, e três vezes por semana tinham atividades extracurriculares.

Na segunda, das duas horas até às quatro horas da tarde, Rose fazia natação e Hugo judô, Na quarta, Rose aprendia piano e Hugo fazia natação. E na sexta, Rose fazia judô enquanto Hugo aprendia piano, contra sua vontade, já que achava ser coisa de menina: "É delicado, seu som e suave e irritante como a voz das meninas da minha sala!”.

Nas quintas, Rose e Hugo ficavam com a "vovó Weasley" que contava histórias de quando "o papai e a tia Gina" eram da idade deles.

Rony costumava tirar folga nas terças, assim dedicava o dia a esposa e filhos.

Como tinham Hermione agora, e, como no momento ela não trabalhava, Molly não precisava mais olhar o netos, mas os dois adoravam ouvir suas histórias, então faziam questão de irem até sua casa. Assim, Hermione ficava só a maioria dos dias.

Sem nada para fazer, em uma quarta-feira de sol, Hermione decidiu arrumar a casa. Tinha muito tempo disponível.

Como a casa era grande, teria muito trabalho. Nada que um pouco de música não animasse.

Muitas pessoas olhando a imensidão daquele lugar ficariam com preguiça de ir da sala até a cozinha, e com esse pensamento nada fariam.

Mais de duas horas de arrumação e Hermione estava indo para o segundo andar. Começou pelo quarto que dividia com Rony.

Ao abrir a porta o cheiro dele invadiu suas narinas. Não saberia dizer se era por que ele tinha passado muito tempo lá, ou espalhado seu perfume pelo quarto, deixando as paredes impregnadas. Não importava, ela amava esse cheiro. Parecia deixá-lo mais perto dela quando não estava em casa.

Ela não sabia exatamente o que fazer no quarto, não precisava arrumar. Alias, no segundo andar, onde fica o banheiro e quartos, as coisas eram mais organizadas. Deu uma rápida olhada no quarto. Nada fora de ordem, só algumas caixa em cima do armário. Provavelmente empoeiradas. Usando uma escada, tirou uma a uma as caixas pondo-as na cama. Com um pano úmido as limpou, para depois deixar a curiosidade tomar conta de si e abri-las para saber o tinha dentro.

Eram três caixas, a primeira estava amarrotada de fotos retratando a infância de Rose e Hugo. Pegou uma delas e instantaneamente sorriu. Aparentemente Rony estava tentando dar banho em Hugo, que dentro de uma bacia parecia chorar. Ela virou a foto, dizia O primeiro banho que Rony dá em Hugo. Devia ter sido um dia engraçado, ela pensou. Rony estava encharcado, o que significava que não tinha se saído muito bem na tarefa.

Pegou outra foto, deixando a primeira de lado. Agora Rose e Alvo apareciam de mãos dadas. Pelo o que o marido tinha contado, Hermione percebeu que os dois eram grandes amigos.

Em outra Hugo, mais velho, com três anos, aproximadamente, puxava o cabelo de Lily, filha de Gina e Harry.

Tinha muitas fotos, olhar e analisar todas levaria bastante tempo. Embora tivesse vontade de fazê-lo, o tempo não permitiria. Abriu a segunda caixa. Esta era um pouco maior que as outras. Nela havia roupas de Rose e Hugo, de quando eles eram bebês. Ela pegou a primeira a vista. Bem pequena. Um vestidinho azul claro com detalhes em branco. Certamente de Rose. Sorriu sozinha ao contemplá-la. O tempo tinha passado depressa. Ela ainda lembrava-se claramente da primeira vez que a teve nos braços. Tão pequena e indefesa. Usava roupas de boneca...

Cuidadosamente, Hermione dobrou o vestido e pôs na cama. A próxima era uma roupinha de marinheiro, nas mesmas cores do vestido, mas com um tom de azul mais escuro. Indubitavelmente pertenceu a Hugo. Tão pequena quanto a de Rose. Ela gostaria de poder ter alguma memória de quando o garoto era mais novo. Seu coração de mãe não se conformava com o que lhe acontecera. Ela o achava diferente, e tinha muitas duvidas, mas mesmo assim era seu filho e o amava como amava Rose. Mal percebeu quando seus olhos se encheram de água, e pequenas lágrimas lhe escorreram pelo rosto. Às vezes sentia raiva de si por ter ficado em coma. Como se pudéssemos saber quando essas coisas acontecem. Claro, se ela não tivesse tido aquele desejo ridículo de sanduiche não teriam saído e nenhum acidente teria acontecido. É, quem sabe ela teria visto Hugo e Rose crescerem... Mas não, não se pode mudar o destino, a não ser que você seja a melhor bruxa de sua idade e possua um vira-tempo, o que é impossível. Quantas pessoas poderiam ser bruxas?

– Ah, ai está você! Oi amor! – Rony tinha chegado do trabalho. As horas passaram rápido. – O que houve? Por que choras? – ele andou apressadamente soltando sua maleta em qualquer canto e sentando ao lado dela.

– Definitivamente nada, coisa minha, mais uma vez. – respondeu depressa secando as lágrimas.

– É a segunda vez que te encontro chora e você me diz a mesma coisa, não é nada! – ele imitou sua voz, a fazendo rir.

– Eu encontrei isto. – disse apontando as caixas. – Por que não me mostrou antes?

– Acho que me esqueci. – Rony olhou o conteúdo das duas caixas. – Nossa, quanta foto! Rose e Hugo na época em que se davam bem! – indicou a foto mais visível no “mar" delas. Rose e Hugo estavam abraçados e sorriam. – Isso foi há uns dois anos, eu acho. E por falar neles, onde estão?

– Na casa de Gina. Foi tudo em cima da hora, nem me comunicaram, apenas foram. Parece que da escola foram para lá, Gina quem me ligou avisando. Estava me arrumando para ir buscá-los. Ela prometeu levá-los nas aulas de tarde.

– Então a senhorita decidiu “futricar” nas coisas que estavam no armário?

– Não foi bem assim! Eu estava limpando, ai por curiosidade eu abri as caixas.

– Já abriu esta última?

– Ainda não, por quê?

– Veja você mesma. – mais uma vez, não se contendo de curiosidade, Hermione abriu a última caixa.

– Ah... Pen Drives, legal... – falou tentando demonstrar uma animação longe da que sentia.

– Mas... Não são simples Pen Drives! – Rony parecia indignado com o modo ao qual ela se referiu a eles.

– E o que eles têm de tão especial assim?

– Pronta para engolir suas palavras? – ela deu de ombros.

Interpretando o ato como um sim, Rony revirou a caixa atrás de um marcado com o número um. Levantou-se e foi até a estante que comportava a televisão e o DVD no quarto. Conectou o pen drive no DVD e voltou para a cama com o controle remoto.

Deu play e então começou...

Era um vídeo caseiro. Na tela, com letras coloridas, apareceu a seguinte frase: "Quarto Aniversário”.

– Pai! - após a frase, Rose apareceu na tela com uma expressão duvidosa. - Tem certeza que a mamãe tá vendo? - perguntou com a voz de uma típica garota de quatro anos.

– Tenho sim, ela está vendo. Fala oi para ela. - Rony segurava a câmera, apenas sua voz era ouvida.

– Oi mamãe! - Rose acenou freneticamente para a lente.

– Fale o que combinamos. - ele a incentivou.

– Tudinho? - a câmera deu uma leve balançada, supõe-se que Rony tinha assentido. - Oi mamãe, hoje é meu aniversário, e o papai tá filmando porque você não pode ver, então você tá vendo no hospital, né pai?

– Isso ai docinho. Agora manda um beijo pra mamãe.

– Beijo mamãe. - ela beijou a mão e "mandou" para a câmera.

– Agora vá brincar com seus priminhos, mas não sumam. Fique no meu campo de visão. - gritou quando ela saia correndo em direção à porta.

Houve um corte de imagem e a próxima sequência era a do parabéns. Um coro de vozes diferentes cantava. Rony estava do lado de Rose, em uma mesa enorme, então ele não segurava a câmera...

– Eu pedi a Harry que filmasse. - explicou percebendo que ela tinha feito essa pergunta silenciosamente.

– Faz um pedido. - o Rony do vídeo falou.

– O que eu peço? - perguntou ela confusa.

– Qualquer coisa docinho. - respondeu Gina, que estava próxima a eles. - Mas de olhos fechados, e não fale em voz alta.

– Tá bom. - Rose fechou os olhos e depois apagou as três velinhas do bolo.

Os convidados gritaram comemorando.

– Agora, cortar o bolo. - disse Harry.

– Eu posso "cota" pai?

– Pode, vou pegar a faca ali e...

– Eu sei "cota" de um jeito "melho"! É assim.

– Rose, não. - Gina, Rony e Harry disseram em vão.

Rose afundou a mão no bolo tirando um pedaço.

– Quem que bolo?

James e Alvo, os filhos de Harry, correram para ajudar Rose.

– Não, não, parem não pode. - Gina e Rony tentavam tirar as crianças do bolo. Logo coleguinhas da escola de Rose vieram ajudar a desfarelar o bolo. Seus pais ficaram desesperados tentando fazê-los parar.

Hermione assistia a tudo muito divertida. Rose e os colegas comiam o bolo com as mãos lambuzando os rostos.

– Rosalie Weasley pare já com isso. Quer que a mamãe fique brava com você?

Aquelas palavras pareceram surtir um efeito na menina.

– Tá bom... "Dicupa" papai.

– Assim está melhor. Agora dá um abraço, mas não me suje. - o mesmo que dizer para um macaco não comer banana.

Rose se aproximou do pai, mas ao invés do abraço, sujou-o com bolo. As outras crianças seguiram seu exemplo e começaram a jogar bolo em todo mundo.

"Guela" de bolo! - Rose gritou.

Os adultos gritavam. Alguns tentando se proteger, para evitar serem sujos, e outros tentando conter as crianças.

– James Sirius e Alvo Severo Potter, se os dois não pararem vão ficar um ano de castigo! - gritou Gina. Alguém precisava por ordem na bagunça.

James e Alvo se entreolharem, olhares cumplices de irmãos.

– A gente vai correr o risco. - disse o mais velho. Jogaram bolo na mãe e em Harry. Atingiram a câmera, um pouco depois o vídeo terminou com glacê escorrendo pela lente.

Hermione estava tento um acesso de risos. Suas bochechas estavam vermelhas de tanto rir, e o ar começava a lhe faltar.

– Não acredito. Se não estivesse vendo com meus próprios olhos diria que é mentira. - falou tentando se acalmar.

– Pode acreditar. Deu um trabalhão pra limpar a casa. E tivemos que fazer isso enquanto eles dormiam. Se não fosse por Harry e Gina e teria feito tudo sozinho. - Ron cruzou os braços lembrando-se do ocorrido.

– Meu amor ficou com raivinha, é? - Hermione queria provocá-lo. - Deve ter dado muito trabalho mesmo. Mas você tem o vídeo de todos os aniversários?

– Acho que sim. – respondeu parando um pouco para pensar. – Você quer ver todos?

– Não, só coloca no do Hugo, os outros eu verei amanha, quem sabe.

Enquanto assistiam ao vídeo, Hermione se questionava o quão a aparência de Hugo era diferente dos dois. Não era a primeira vez que percebia isso...

Tinha sido uma festa tranquila, nada agitada como a de Rose. Cantaram parabéns para o bebê nos braços de Rony, Rose apagou a vela pelo irmão e todos comeram o bolo tranquilamente.

– Eu tive uma conversa séria com ela. Não se pode fazer esse tipo de coisa! – Hermione riu.

– É coisa de criança! Até parece que você nunca fez algo parecido!

– Bem... É...

– Sabia! Vou falar com sua mãe, preciso saber o que você aprontou! – falou rindo.

– Mas é obvio que não deixarei você e minha mãe conversarem! É muito vergonhoso!

– Ok, senhor é muito vergonhoso! Eu vou preparar o jantar para nós!

Foi apenas Rony chegar para alegrar seu dia, como quando você assiste ou lê ao que te faz bem.



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Notas finais do capítulo

A parte que realmente interessa começa nos próximos capítulos... Então, até lá