A day before tomorrow escrita por Gabrielle Reis


Capítulo 18
Um dia


Notas iniciais do capítulo

Trilha sonora do capítulo 18: Halo - Beyoncé.
http://www.youtube.com/watch?v=SgIcx5-jn-Y



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Depois de Tom deixar-me em casa e prometer encontrar-me novamente após um show que faria, saltitava esperando ansiosamente por sua presença. Arrastei Mallory para o quarto lhe contando cada mínimo detalhe, seu rosto corava conforme as palavras saíam, ríamos escandalosamente, surpreendendo-me com a notícia de um ''primeiro'' encontro entre ela e Bill. Minha cabeça estava ilimitada de memórias da noite passada, sorrindo para o vazio, por um longo tempo.

Entrei na banheira fechando meus olhos, onde lentamente cada músculo de meu corpo cedia, relaxando. Alguns gritos abafados e distorcidos fez-me levantar, minha mãe gritava meu nome no corredor.

- Marie, Ben está aqui. - Paralisei, havia me esquecido completamente de Ben. Estava tão eufórica, que sua existência se tornara indiferente por dois dias. O sentimento de culpa me dominou, sentia-me horrível, o que acabara de fazer?! Saí do banheiro agitada, deparando-me com ele, sentado em minha cama.

- Olá. - Disse ele, sorrindo. Vindo em minha direção.

- O-o que f-faz aqui...? - Gaguejava, ainda em choque, sentindo seus lábios tocarem os meus. Sentia nojo de mim mesma, queria contar... Eu já havia feito minha escolha?

- Por onde esteve? Estive procurando-a, como louco. - Seus olhos examinavam meu rosto, contorcendo sua expressão em uma careta preocupada. - Há algo de errado?

- Não. - Minha voz, falhara. Os olhos de Ben eram como órbitas negras, que pareciam sugar minha energia na busca de informações, não poderia continuar com aquilo, era desolador. Contudo, estava difícil convencer a mim mesma de que deveria ignorar algo que já me começava a parecer irresistível.

Meu coração ressoava em meu peito, pisquei atônita, obrigando as palavras embaralhadas serem pronunciadas, meus pensamentos estavam enredados, meus olhos, secos e pesados. Não conseguia me concentrar

- Está tentando me seduzir? - O tom de ironia em sua voz fez avaliar-me. Não houvera percebido, estava nua, apenas com um toalha pequena que cobria pouca parte de meu corpo. Pigarreei, sentindo meu rosto esquentar.

- Ah, desculpe. - Caminhei de volta para o banheiro, vestindo uma calça jeans e uma blusa qualquer.

- Você tem um aroma viciante de camomila, sabia?! - A ponta de seus lábios repuxavam em um sorriso preguiçoso. - Comprei algo para você. - Meu olhar se prendeu ao seu rapidamente, certamente assustada como isso percorria um rumo sério. Dispensar Ben se tornara uma opção não cogitada, o que me levava a tentadores questionamentos, me arrependia ter cedido meus sentimentos a Ben e a Tom. Obviamente teria evitado todo esse transtorno. - Espero que goste. - Suas mãos se afundaram no bolso de trás de sua calça, voltando à tona, com uma caixa pequena. Ela guardava um lindo cordão, detalhado por pequenos pingentes emoldurados por diamantes, me esforçara para que meu queixo não caísse.

- Ben... - Da forma que eu disse seu nome, soou como uma pergunta, as paredes pareciam girar. - É lindo. - Sorri, exasperada pela surpresa, abraçando-o. - É lindo.

- Quero levá-la a um lugar. - Disse ele, puxando meu braço para fora do quarto em direção a sua moto que nos aguardava na calçada. Devo dizer que, o dia me surpreendia a cada instante. Ter a sensação do vento chicoteando meu corpo, fazia-me lembrar de bons momentos que passara ao lado de meu pai. Sorri, afrouxando o aperto de meus braços envolta de sua cintura, fechando meus olhos, aprofundando meu rosto em seu pescoço.

A viagem demorara alguns minutos, minhas mãos estavam agitadas, ansiosa. Ben estacionara em frente a uma casa extremamente grande e luxuosa. Meus olhos mal acreditavam no que viam, poderia dizer até que sentia um tanto de constrangimento pela forma que estava vestida, xingando-me por dentro. Ben saltara da moto, esticando sua mão para mim, a postura confiante, enquanto a expressão estava pouco à vontade.

- Venha. Vou lhe apresentar meus pais. - Estanquei no momento em que seus dedos tocaram os meus, repuxando-os. Eu não colocaria meus pés dentro daquela casa, nem morta.

- Não vou entrar aí, de jeito nenhum. - Disse severamente. Ben ficou sério por alguns segundos, considerando minha teimosia. Logo depois, gargalhou.

- Pare com isso. Vamos. - Neguei veemente, não iria entrar, já estava decidido. - Sabe que se não vier por bem, estará me obrigando a ser mau, não é? - Disse ele, arqueando a sobrancelha, desafiando-me com seu olhar.

- Ah, é? E o que vai fazer? - Perguntei, sorrindo maliciosamente, mordendo o lábio inferior exitada. Me aproximei, beijando seus lábios macios e convidativos. Suas mãos ágeis passearam pelo meu rosto, parando em meu pulso. Segurando firmemente, pôs-me em seu ombro.

- Desculpe, amor. - Ele andou calmamente, em meio aos socos que recebia, parecia não se importar. Quando finalmente me devolveu ao chão no hall da entrada, Ben ria estrondosamente, arrancando-me também algumas risadas. - Por que não quer entrar? Não vai ser tão ruim...

- Ben, seus pais são ricos. O que me leva a perguntar porque trabalha em um restaurante?! Não estou vestida adequadamente, estou terrível. - Me sentia horrível, novamente, um sorriso protetor brotou em seus lábios.

- Gosto de independência. Além do mais, você está maravilhosa, como sempre. Agora acalme-se, vai ser tudo rápido e prazeroso. Tudo bem? - Não, não estava tudo bem, porque ele me convencia e não sabia como conseguia fazer isso. Seus olhos tinham um enorme poder sobre mim, e certas vezes, isso se tornava algo assustador.

- Tudo bem. - Sorri, com medo do que estava por vir. Ben adentrava a casa, que era ainda mais bonita por dentro, gritando nomes como: ''Annie e Edgar''. Nada.

- Devem estar em outro cômodo, não importa, vou lhe mostrar toda essa protuberância exagerada que chamamos de casa. - Andávamos para o jardim, que era sem dúvidas, magnífico, podia sentir estar boquiaberta, uma leve brisa refrescava o dia quente. Tudo acontecia perfeitamente bem, até sentir algo molhado em minhas pernas. Encarei furiosa o remetente daquela catástrofe. - Desculpe, o dia está quente. - Ben continha o riso, minhas pernas estavam completamente molhadas.

- Parece que urinei em mim mesma. Me dê essa mangueira. - Disse seriamente, o que não adiantou muito, pois ele ainda debochava de mim. - Não estou brincando, me dê isso imediatamente. - Estiquei a mão, quando cheguei perto o bastante, um jato de água atingiu meu rosto, meu cabelo. Não sabia se ria ou chorava, as sensações de raiva e euforia se misturavam.

- Opa. Acho que exagerei um pouco. - O tom de ironia em sua voz fez com que eu pulasse em cima dele, arrancando a mangueira à força, molhando-o totalmente. Corríamos um atrás do outro, em uma espécie de pega-pega. Caímos no gramado macio, rindo escandalosamente.

- Creio que eu esteja interrompendo algo. - Uma voz fria, ressaltou-me. Levantei-me rapidamente, minhas bochechas queimavam, Ben se levantara tranquilamente, completamente imundo.

- Mamãe. - Ele beijou se rosto docemente, supostamente, essa seria Annie. Que mantinha uma expressão de nojo, pelo odor que exalávamos.

- É uma surpresa vê-lo por aqui, não avisou que viria. - Pela primeira vez, ela pousou seus olhos em mim, avaliando-me rigorosamente. - Trouxe uma visita... Se limpem e almocem conosco. - Um sorriso amarelo, foi a deixa para que fosse embora irritada. Virei-me para Ben, com os olhos arregalados apreensiva, queria sair dali.

- Desculpe, ela costuma ser mais amigável. Venha, vou lhe dar algo de Lucy para vestir. - Acompanhei seus passos até uma casa menor, que propositalmente seria de hóspedes. Depois de um banho não muito longo, um vestido bonito e informal estava pendurado na porta. Ben me esperava no lado de fora, incrivelmente lindo. Parei na entrada respirando fundo algumas vezes, esperando que não perder o fôlego.

- Está absurdamente linda, anjo. - Disse ele, beijando minha testa e levando-me de volta para a casa maior.

- Espere. Me chamou de anjo? - Perguntei, parando na metade do caminho, inventando algum assunto que o deixasse entretido o bastante para demorasse mais alguns minutos. Sem sucesso.

- Sim. Meu, anjo. - Disse ele, penetrando seu olhar em minh'alma. Meu coração disparou, e nesse momento, uma grande e longa mesa farta por alimentos nos esperava.

Os pais de Ben eram sofisticadamente bonitos. Annie com uma postura ameaçadora e um olhar fatal, estava sentada ao lado de Edgar, que ao contrário, nos encarava amistosamente. Minhas mãos soavam sobre a de Ben, que não a largava por nada. Antes de se sentar, puxou a cadeira para que eu me sentasse primeiro, como um cavalheiro.

- Muito bem. É assim que se faz, meu garoto. Senti sua falta. - O pai de Ben o abraçava fortemente, transmitindo claramente sua saudade, sorrir ao observar. - Desculpe minha desatenção. Sou Edgar Winslet, é um prazer conhecê-la. - Disse ele condescendente, esticando sua mão em um gesto de cumprimento.

- Marie Evans. - Os três conversavam, poucas vezes Annie se dirigia a mim. Certamente Ben herdara sua simpatia de seu pai. Não sabia decifrar a comida posta no prato, fazendo-me pensar na lasanha que minha mãe iria fazer hoje, não importa o que era, não me agradava, no entanto, forçadamente levei a boca uma pequena porção. A vontade de cuspir o alimento asqueroso e mole era quase incontrolável.

- Então, Marie. Como é sua família? - Engasguei, com a pergunta de Annie, engolindo uma pedra de gelo, sentindo-a queimar minha garganta.

- Moro com minha mãe, irmã mais velha e recentemente melhor amiga. - Disse, sem encará-la.

- E onde está seu pai?Escondido? - Parei de mastigar o que comia, levantando meu olhar,

o desdém em seu sorriso me causou irritação.

- Faleceu a 8 meses, nos mudamos constantemente, devido ao trabalho de minha mãe. Médica. - Mantive a voz calma, ou tentava.

- Annie, limpe seu queixo. - Disse Edgar, a sua esposa que limpava o queixo com o pano. - Seu veneno estava escorrendo. - Algumas risadas escaparam de todos os presentes da mesa, a não ser Annie, que amaldiçoava Edgar com o olhar.

- Com licença. - Levantei-me da mesa, com o celular vibrando em meu bolso, era Mallory. Depois de pacientemente, escutar todos os gritos felizes e o pedido de voltar para casa, desliguei o celular, ouvindo vozes ao fundo, parei atrás da porta. Não me parecia correto escutar conversas alheias, no entanto, havia escutado meu nome.

- ''Ela não é boa o suficiente! O que eu fiz para você se rebelar tanto? Coloquei-o em boas escolas, gastei fortunas, para quê? Trazer para minha casa gente daquele tipo? Ben, o que está havendo com você? Por que está me dando tanto desgosto?'' - A voz furiosa e amargurada de Annie, me causou tristeza, pisquei na tentativa de afastar as lágrimas.

- Eu gosto dela, já sou grande o suficiente para decidir meus atos. E, Marie, não é de nenhum tipo, é minha namorada. Conforme-se com isso. - Ben retrucava alterado, passos se aproximavam e por mais que quisesse me mover, não conseguiria.

Ela estava certa, e eu sabia disso. Ben passara por mim, o sorriso que tanto gostava, desaparecera, sendo substituído por uma expressão triste.

- Sinto muito. Creio que escutara, mas, não importa porque eu não me importo. Com nada disto, eu só quero ficar ao seu lado e fazê-la feliz. Porque eu a amo, Marie. - Muitas palavras para digerir, a náusea se alojava. As palavras sumiram e não havia nada que pudesse ser dito, apesar de saber que mais cedo ou mais tarde elas viriam.

- Desculpe, preciso ir para casa. - Disse dando-lhe a costa, correndo para a rua em busca de um táxi. Pela visão periférica, meu coração se dilacerava pela expressão de amargura que se estabelecia em seu rosto, poderia jurar que pela leitura labial dissera: ''nos vemos em breve, anjo''. 





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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam???