Bright Lights [HIATUS] escrita por Dani


Capítulo 2
Dean Weeler


Notas iniciais do capítulo

Oie amores, estou muito contente pelo números de reviews e pela linda recomendação que a linda da Jessica mandou, flor, muito obrigada mesmo, eu achei que não receberia nenhuma rec aqui por ser uma short, então fiquei mega feliz com ela. Perdoem algum erro mas esse cap foi betado as pressas pelo corretor do Word kk Espero que gostem, BOA LEITURA!



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          - São números, Dean. – eu o ouviaele falando pelas minhas costas. – Números são exatos, corretos, sem margem de erros. Não nos machucamos com números, eles não nos controlam como sentimentos. Nós os controlamos.

          Controle. Nunca entendi muito o verdadeiro significado da palavra controle. Parece que tudo que os homens querem é controle, e na busca deste eles se perdem.

          Eu não quero me perder.

          Desde criança ele me dizia as mesmas coisas. Números são inofensivos, fáceis, não machucam. São tão manipuláveis, mais manipuláveis que a mente humana.         

          Nunca tive irmãos, meus pais eram tão calados quanto eu, então eu sentia uma espécie de prazer ao passar tempo com ele. Eu não ligava se os garotos da minha idade dirigiam automóveis pouco seguros com garotas seminuas em seus bancos de couro, eu passava o tempo com ele. Beetee Weeler, meu avô.

          - Fale sobre Wiress. – eu pedi, como sempre fazia às vezes. Meu avô fora um vitorioso dos Jogos, e com o tempo ele conheceu Wiress, outra vitoriosa. Juntos eles auxiliavam as crianças que iam para arena todos os anos. Tornaram-se melhores amigos. Infelizmente Wiress não percebeu antes da morte que meu avô não tinha apenas sentimentos de amizade sobre ela.

          Pobre Wiress. Pobre Beetee.

          - Incrível. – ele era idoso, mas falava mais rápido que garotos que estavam entrando na puberdade, seus cabelos broncos e arrepiados lhe davam uma aparência de louco, mas eu o conhecia bem demais, ele tinha ideias completamente insanas, mas não era nem um pouco louco. Talvez um pouco racional demais. – Tão perplexa, tinha uma perspectiva tão distinta. Não era como ninguém. – a voz dele parecia sufocada toda vez que falava dela, mas eu não me importava, eu gostava de ouvir, era completamente fascinante ouvir alguém tão ligado a coisas exatas como ele, falar como coisas como o amor. – Percebia tudo a sua própria forma.

          - Ela percebeu que a arena era um relógio. – completei uma história que ele me contara milhares de vezes, de uma das edições dos Jogos que eu assisti milhares de vezes. A Edição de Ouro, a última edição.

          - Antes que qualquer um. – ele continuou.

          Quando Beetee falava de Wiress, ele falava por horas. Contava de sua amizade com elas, das façanhas em que a vitoriosa se meteu, em todas as vezes que ele quase a beijou, mas então ela notou que os óculos dele estavam muito embaçados, ou comentava que as bochechas dele estavam muito vermelhas, e então toda a coragem escorria por suas mãos habilidosas.

          Estávamos na oficina de Beetee, que era na verdade a garagem da enorme mansão em que ele morava na vila dos vitoriosos, eu conhecia tanto a mansão quanto a garagem mais do que minha própria casa. Meus primeiros passos eu dera ali, tive contato com minhas primeiras ferramentas ali, entendi o encanto de meu avô pelos números sentado no mesmo banco de metal em que sento agora.

          Beetee amava os números por não saber lidar com sentimentos, emoções, sensações humanas, e eu era exatamente como ele. Essa falta de habilidade com o calor humano foi o que provavelmente nos aproximou.

          Ele finalizava alguma nova maquina louca em que estávamos trabalhando fazia um bom tempo, todos os quadros enormes e brancos da garagem estavam repletos de logaritmos e equações que tiraram nossas noites de sono por semanas. Enquanto ele fazia os últimos ajustes eu terminava de consertar uma velha TV.

          - Eu achei uns papeis, nos fundos da casa. Tem sua letra. – ele me disse, erguendo os olhos dos óculos sujos e redondos. – Projetos. Não se joga fora projetos. – ele continuou enquanto tirava uns papeis dos bolsos.

          - Não são importantes. – disse querendo mudar de assunto. Eram coisas que eu queria fazer quando criança, agora não pareciam importantes.

          - Nunca disse que projetos não são importantes. – ele continuou a falar e previ que falaria bastante sobre isso, a te que ouvimos uma musiquinha melodiosa e estranha saindo de um dos bolsos cheios de parafusos de Beetee. – Eu projetei essas coisas, mas mal sei usá-las. – queixou-se e atendeu a ligação.

          Depois de umas palavras ele me olhou consternado, parecia cansado e descrente.

          - Houve alguns problemas na viajem, terei de ajudá-los. – contou-me.

          - Posso ir também? – perguntei a ele.

          Meu avô colocou a cabeça entre as mãos como fazia quando não sabia como se explicar. Por algum motivo meu contato com qualquer coisa ligada aos jogos o incomodava.

          - Eu fico, termino seu projeto. – mudei de assunto antes que ele começasse a falar e se confundisse com as palavras.

          - Você é um bom garoto, Dean. – ele disse e fiquei sozinho, vendo a única pessoa que tornava minhas tardes menos solitárias se afastar.

--

          Mas não por muito tempo.

          Na semana seguinte Beetee me ligou, com um tom de voz arrependido, envergonhado, dizendo que precisava de minha ajuda. Estava perdendo o jeito com ferramentas, era o que ele dizia.

          Viajei de trem por Panem, pela primeira vez vi algo que não fosse as indústrias da Capital, ou as do meu Distrito.

          O Distrito 8 era lindo, e os problemas que Beetee tivera no trem pareciam propositais, qualquer engenheiro com uma pequena noção de mecânica conseguiria concertar aquilo. Fiquei feliz por ele fingir que precisava de minha ajuda, mas não disse nada.

          Eu e ele éramos sempre assim, silenciosos. Nos compreendíamos em nosso silencio.

          Após arrumar o problema básico do trem, decidi dar uma olhada no hotel onde ficaríamos e foi ai que tudo aconteceu.

          Eu estava sujo, com graxa na camiseta, manchas de óleo na calça, cabelos tão dispersos quanto os de meu avô, mas isso não impediu o destino de pregar-me uma peça.

          - Caramba. – ouvi uma voz feminina e rouca dizer. Uma voz tão... bela.

          A garota de cabelos negros e encaracolados olhava sua roupa, toda suja. Dei-lhe a mão, ainda me sentindo meio bobo e ela se levantou da queda. Nós esbarramos um no outros e caímos em uma poça de óleo escuro, como se minha situação não estivesse bastante critica.

          Eu poderia ter ficado calado como sempre fora, dizendo umas poucas palavras para me desculpar, mas um lado de mim não queria se despedir dela...

          – Garotas tão bonitas não deviam ficar caídas no chão. – disse e me senti o maior babaca do Distrito 8. Imaginei que a garota fugiria de mim, mas ela apenas sorriu e sua pele clara adquiriu uma coloração rosada.

          – Eu tenho que olhar por onde ando. – ela disse me olhando nos olhos. Seus olhos eram tão azuis quanto gelo, água, o céu. Mas eram tão calorosos quanto o sol.

          – Esse tipo de coisa acontece. Mas eu ao menos gostaria de saber o nome da garota que me deixou imundo. – eu disse, parecendo desesperado, para que ela não se afastasse.

          – Primrose. – ela disse e então eu soube que o que Beetee dizia sobre Wiress não era algo tão fascinantemente insano. Eu me sentia insano. E enquanto ela falava comigo eu tinha certeza que aquela coisa, chamada controle, estava indo por água abaixo.

--

          Surpreendentemente Primrose não fugiu de mim e eu a convidei ao baile que aconteceria aquela noite.

          Quando dancei com Primrose eu me esqueci de quão ruim dançando eu era, o mundo parecia tão calmo, quase como se todas as equações tivessem resposta e as palavras fluíssem de forma fácil, então eu já esperava que algo ruim acontecesse. Mas foi um pouco pior.

          Enquanto dançávamos um homem loiro, alto e metido veio e tomou a mão de Primrose da minha. Era elegante e falava sério, confiante.

          Eu queria socá-lo, mas não era da minha natureza fazer tal coisa.

          Esperei ansiosamente que ele desgrudasse do meu par, ela deveria estar dançando comigo afinal de contas, mas então ela desapareceu. Vi de reflexo seus cabelos negros adentrando o elevador. O mesmo loiro metido subiu correndo pelas escadas, mal pensei duas vezes quando o segui, tentando não fazer barulho.

          Se ele estivesse perseguindo Primrose eu mostraria a ele com minhas próprias mãos como se deve tratar uma garota, mas quando cheguei, muito tempo depois por culpa de minha falta de atletismo, minha resistência física se assemelha a de uma garota de 5 anos, eu não queria acreditar em meus olhos.

          Eles estavam se beijando, ou quase. E a pior parte era que a pessoa mais inclinada ao beijo não era o modelo de capa de revistas, mas sim minha acompanhante. A garota mais linda que já falara comigo, viera comigo ao baile, mas ansiava pelos lábios de outro.

          – Eu não queria interromper. – menti, já que aquilo era tudo que eu queria fazer naquele momento.

          - Dean. – ela disse balbuciando algumas palavras, como se pega fazendo algo que não devia. Parecia envergonhada, mas mais do que isso. Embriagada pelo vento frio que ricocheteava seus cabelos e vestido.

          Ela se aproximou cambaleando até mim, parecendo zonza e me deu um beijo na bocheche, que começou a formigar assim que ela o fez. Não senti cheiro de álcool, mas ela estava definitivamente zonza, colocando as mãos na cabeça. Parecia tão cansada.

          Ela se despede e peça que eu não volte ao meu Distrito antes de vê-la outra vez. Eu gostaria de poder fazê-lo. Ir sem ansiar vê-la outra vez.

          - Eu não iria sem me despedir. – digo a ela.

          Depois que Primrose se vai o ar parece mil vezes mais frio. Estamos sós, eu e o galã de filmes capitalescos no telhado do enorme prédio.

          - Ela veio comigo. – conto a ele.

          - Mas ela gostaria de ter vindo comigo. – ele me diz dando uma piscadela. Ajeita o terno e prepara-se para sair. Tento dar-lhe uma resposta inteligente, deixando claro que Primrose o despreza em segredo, mas algo me cala. Quando o galã desce a escadas correndo, exibindo seu porte físico novamente vislumbro cabelos loiros atrás de uma das paredes do telhado.

          - Tem alguém ai? – pergunto e recebo um soluço como resposta.

          Uma criatura alta e esguia sai detrás da parede, vestindo uma capa vermelha.

          - Finja que não me viu. – ela pede.

          - Você estava espionando eles? – pergunto assustado. Pensei que estávamos em um Distrito comum, essas coisas estranhas como perseguição e pessoas ouvindo conversas pareciam um tanto capitalescas.

          - Não, você estava espionando eles. – ela me acusa.

          Dou de ombros.

          - Você fez um trabalho melhor que eu. – conto a ela. Ela sorri de volta e então coloca a capa vermelha sobre a cabeleira loira.

          - Sou Lori, mas você não sabe disse por que eu não estive aqui está noite. – ela pisca com um dos olhos azuis, me dá um beijo na bochecha e desaparece na escuridão. E assim eu fico ali tentando compreender o que aconteceu.


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Notas finais do capítulo

O que acharam amores? Mandem review, recomendação, favoritem e etc se tiverem lido e/ou gostado *-* KISSES FROM DISTRICT 2, e o próximo capítulo, se meus planos não mudarem por causa de algum imprevisto, será postado quinta entre 13hrs e 15hrs, e sera possivelmente da personagem Lori. Até o próximo, tributos *-*