Estava quase tudo pronto, Alice como sempre, fizera um trabalho incrível comprando o vestido, arrumando Bella com as flores em seus cabelos cacheados, deixando-a mais linda do que já é.

 

Eu sabia que ela ficaria irritada. Sua expressão enquanto Alice a arrumava não era nada amigável.

 

Abri a porta do carro paciente e esperei. Ela apareceu, a cara fechada. Esperei mais um pouco. Bella caminhou lenta por causa do gesso na perna, cambaleando um pouco, segurei-a vou quebrar minha outra perna. Olhe pra esse sapato! É uma armadilha!" – ela levantou a perna mostrando o salto agulha.pelo cotovelo e a ajudei a entrar no carro, cuidando para não estragar nenhum detalhe de sua roupa e cabelos.

 

Respirei fundo. Ah!!! Seu perfume voltara! Novamente era ela, somente Bella! Sem nenhum outro cheiro desagradável ao seu sangue.

 

A ajeitei no banco prendendo o cinto de segurança, controlando meu desejo de tocar em seus lábios e fazê-la desfazer o bico, ela ficava linda nervosa.

 

Caminhei lento propositalmente, rodeando o carro e sentando no banco do motorista, ligando o carro e segundo nosso caminho.

 

"Em que ponto você pretende me dizer exatamente onde estamos indo?" – Bella perguntou fazendo um beicinho lindo de morrer. Eu sabia que ela odiava surpresas, mas tantos preparativos assim e hoje...

 

"Eu estou chocado que você ainda não tenha descoberto". – zombei.

 

"Eu mencionei que você está muito bonito, não mencionei?" – ela disse.

 

"Sim" - sorri largamente.

 

Eu estava num smoking preto alinhado, novo. Alice não me deixaria usar outra coisa, ela mesma escolheu e ajeitou até meus cabelos.

 

"Eu não vou mais voltar se Alice continuar me tratando como a Barbie porquinho-da índia quando eu vier". – Bella chantageou.

 

Alguns minutos se passaram de profundo silencio, eu sabia que Bella estava articulando em sua mente qual seria meu plano.

 

Meu celular tocou, olhei no identificador de chamadas, era Charlie.

 

"Alô, Charlie" – eu fui cauteloso.

 

"Charlie?" – Bella fez uma careta.

 

Desde que voltamos Charlie estava preocupado comigo, ele me culpava pela fuga de Bella e pelo seu “acidente”. Não que eu não tivesse culpa.

 

Agora ela tinha horário pra sair, horário pra chegar. Horário pra tudo.

 

Charlie me explicava que Tyler havia ido buscar Bella para o baile.

 

"Você está brincando!" – eu ri.

 

"O que é?" - ela quis saber.

 

"Porque você não me deixa falar com ele?" – sugeri ignorando sua curiosidade.

 

Alguns segundos depois Tyler me atendeu.

 

"Olá, Tyler. Aqui é Edward Cullen". – fui amigável, porém ameaçador.

 

 “Olá Edward... Charlie me disse que você está levando Bella mas...”

 

Interrompi - "Eu lamento se houve alguma espécie de falta de comunicação, mas Bella não está disponível essa noite". – ameacei - "Pra falar a verdade, ela não estará disponível noite nenhuma, quando se tratar de alguém que não seja eu mesmo. Sem ofensa. Eu lamento pela sua noite".

 

Na verdade eu não lamentava nenhum pouco. Ele tentou responder mas eu fechei o telefone com um estalo, sorrindo.

 

Eu vi surpreso, Bella vermelha, a cara fechada e os olhos cheios de água.

 

"A última parte foi demais? Eu não pretendia te ofender".

 

"Você está me levando para o baile!" – ela gritou.

 

"Não seja difícil, Bella". – revirei os olhos.

 

Ela se virou para a janela, mas já estávamos na metade do caminho pra escola.

 

"Porque você está fazendo isso comigo?" – ela disse horrorizada.

 

"Sério, Bella, o que você achou que estivéssemos indo fazer?" – apontei para meu smoking.

 

De repente ela começou a chorar. O que havia de tão ruim em um baile? Ela estaria comigo ali.

 

"Isso é completamente ridículo. Porque você está chorando?" – perguntei frustrado.

 

"Porque eu estou com raiva!" – ela disse limpando os olhos.

 

"Bella" – eu a encarei. Sentia meus olhos em chamas.

 

"O que?" – ela murmurou.

 

"Me distraia" – insisti, meu olhar no dela, eu sabia que estavam dourados, eu queria ela lá comigo.

 

"Está bem" – ela fez aquele beicinho lindo que eu adoro - "Eu vou quieta. Mas você vai ver. Eu sempre estou aberta á mais má sorte. Eu provavelmente

 

"Hmmmm" – observei sua perna lisa, branquinha, a pele quente - "Me lembre de agradecer Alice por essa noite".

 

"Ela vai estar lá?" – senti o pesar sumir de sua voz.

 

"Com Jasper, Emmett... e Rosalie" - admiti.

 

Sabia que Rosalie e Bella não estavam se dando muito bem, mas já era um começo Rosalie aceitar ir ao baile por mim.

 

Também ela queria ir pra mostrar toda a sua beleza e seu vestido dislumbrante.

 

Emmett estava apaixonado pelo jeito atrapalhado de Bella, ele ria com cada reação dela e cada tropeço.

 

"Charlie está nisso tudo?" – perguntou suspeitosamente.

 

"É claro" – sorri, em segui gargalhei - "No entanto, aparentemente, Tyler não estava".

 

Senti Bella travar os dentes, novamente ficando pensativa.

 

Isso me incomodava, mas não tanto agora. Eu começava a conhecer suas reações. Possivelmente estava irritada porque não deu chances a Tyler, mas mesmo assim ele achou que iria levá-la ao baile.

 

Estávamos na escola agora; eu sai do carro, abri sua porta e levantei a mão para ajudá-la a sair. Mas ela ficou lá, teimosa. Sentada no banco com os braços cruzados e o rosto avermelhado de raiva.

 

Se estivéssemos sozinhos e o estacionamento não estivesse apinhado de gente, eu teria tirado ela de lá.

 

Suspirei profundamente - "Quando alguém tenta te matar, você é corajosa como um leão - e aí, quando alguém menciona dançar..." – balancei a cabeça - "Bella, eu não vou deixar nada te machucar - nem você mesma. Eu não vou largar de você em hora nenhuma, eu prometo".

 

Fiquei esperando... esperei ela absorver minhas palavras e seu rosto foi suavizando, o tom avermelhado voltando ao seu tom natural, rosado. Um pequeno, muito discreto alivio na sua face.

 

"Isso, agora" – fui gentil - "Não vai ser tão ruim assim".

 

Me abaixei passando meu braço por sua cintura, a outra mão ela segurou e a ajudei a sair do carro, mantendo o braço apertado à sua cintura, andando ao lado dela até a escola.

 

Quando nós entramos, Bella soltou uma risada, observando a decoração com balões com formas e ornamentos de papel crepe enfeitando as paredes.

 

"Isso parece um filme de terror esperando pra acontecer" – ela riu.

 

"Bem" – murmurei, nos aproximando da mesa dos ingressos – “... tem mais vampiros presentes do que o necessário".

 

Percebi seu olhar na pista de dança; Emmett, Rosalie, Alice e Jasper dançavam graciosamente ao centro, eles vestidos em seus smokings escuros como o meu, Alice num vestido de cetim preto com detalhes geométricos e Rosalie num vívido vestido vermelho aberto nas costas, com um decote que ia do seu pescoço até a cintura.

 

"Você quer que vá fechar as portas pra que você possa massacrar os moradores da cidade sem levantar suspeita?" – ela sorriu, ameaçadora.

 

"E onde é que você se encaixa nesse esquema?" – olhei pra ela.

 

"Oh, eu estou com os vampiros, é claro".

 

"Qualquer coisa pra se mandar do baile". – sorri relutante.

 

"Qualquer coisa".

 

Comprei os ingressos e a direcionei para a pista de dança, mas ela me agarrou e se pendurou levantando o pé.

 

"Eu tenho a noite inteira" – avisei.

 

Eu a segurei firme e fui rodopiando ate próximo de minha família, totalmente fora do ritmo que estava tocando.

 

Bella me olhou horrorizada. Eu estava me divertindo.

 

"Edward" – ela pausou nervosa - "Eu honestamente não posso dançar!" – senti o pânico na sua pulsação.  

 

"Não se preocupe, boba" – sussurrei - "Eu posso".

 

Coloquei seus braços ao redor do meu pescoço e a levantei pra colocar seus pés sobre os meus. Começamos a dançar.

 

Eu estava me sentindo ótimo, ótimo e leve. Minha dama nos meus braços.

 

Eu conseguia entender o que era felicidade, assim. Tendo Bella, minha família, como se nossas vidas fossem normais. Sem a ameaça constante da morte.

 

Seu perfume não me incomodava mais, não era um chamado a morte, a sua morte.

 

"Eu me sinto como se tivesse cinco anos de idade" – ela sorriu alguns minutos depois, interrompendo meu sorriso interno.

 

"Você parece ter cinco anos" – murmurei puxando-a mais para mim, seus pés no alto, a alguns centímetros do chão.

 

"Ok, isso não é inteiramente ruim" – ela admitiu.

 

Mas eu nem consegui dar muita atenção, um certo pensamento me invadiu.

 

 “Ah Bella... Uau” – ele arfou – “Que linda... eu... sei que vou ga-guejar...” – respirou fundo e pôs-se na porta de entrada – “Eu não devia ter aceito isso...” – ele encontrou meu olhar e suspirou novamente – “Coragem, coragem... são somente lendas Jacob!” – murmurou para si mesmo.

 

Bella acompanhou meu olhar, eu sentia raiva. Ele gostava de Bella e os planos dos seus, eram nos afastar.

 

"O que foi?" – Bella perguntou em voz alta.

 

Continuávamos dançando e percebi que ela também notou Jacob Black, que vestia uma camisa de mangas longas e de gravata, seu cabelo puxado pra trás no seu rabo de cavalo, que agora atravessava a pista em nossa direção.

 

 “Ela não deveria estar com ele...” – ele caminhava enquanto pensava – “Tão linda minha doce Bella...” – ele fez uma careta desconfortável com a situação – “..como vou dar o recado?... Ela parece tão feliz...” – deu mais alguns passos se preparando – “Edward, olá... não... Olá... quero falar com você... isso... fale direto com a Bella..” – ele articulava consigo mesmo.

 

Vi que seus olhares se encontraram e em pensamento, apesar de seus olhar deixar bem claro, ele pedia desculpas a Bella.

 

Eu não consegui segurar, e rosnei baixo na direção dele.

 

"Se comporte" – ela ralhou comigo.

 

"Ele quer conversar com você". – informei seriamente.

 

Jacob chegou até nós, ainda com o olhar envergonhado e as desculpas em sua mente.

 

"Ei, Bella, eu estava esperando que você estivesse aqui".  – com um sorriso cálido.

 

"Oi, Jacob" – Bella lhe sorriu - "E aí?"

 

"Eu posso atrapalhar?" – ele me pediu, mantive minha expressão composta, segurando a vontade de voar dizer não.

 

Sem nada dizer, coloquei Bella sobre seus pés e dei um passo para trás, me afastando deles.

 

"Obrigado" - Jacob disse amigavelmente.

 

Balancei a cabeça, olhando pra Bella atentamente antes de me virar e ir embora.

 

 “Como eu faço...? Abraço ela? Caminho do lado?...” – seus pensamentos estavam me matando!

 

Pela sua visão o vi abraçar a cintura de Bella e ela segurar em seu ombro.

 

Rugi baixo mais uma vez, alcançando o olhar de Alice, reprovador. Claro!

 

 “Edward... o que esta havendo?” – ela questionou.

 

Balancei a cabeça aturdido, sem responder, atento a conversa deles.

 

"Nossa, Jake, qual é a sua altura agora?"

 

"Um e oitenta e quatro". – ele respondeu pensativo.

 

Ele tentava dançar com ela, desequilibrado, desajeitado. Mesmo assim, me deixava completamente enraivecido, por seus pensamentos não quererem somente essa dança.

 

"Então,como é que você veio parar hoje?" – Bella questionou.

 

"Você acredita que meu pai me pagou vinte pratas pra que eu viesse ao seu baile?" - ele admitiu envergonhado.

 

"Sim, eu acredito" – Bella murmurou – “Bem, pelo menos eu espero que você aproveite, pelo menos. Já viu algo que você gostasse?” – pela tentou ser amigável, odiei o rumo da conversa.

 

"Sim" - ele suspirou - "Mas ela está acompanhada" – olhando para baixo olhando nos olhos de Bella, desviando em seguida.

 

Alice me segurou bem a tempo.

 

 “Calma Edward, eles só vão conversar!” – o futuro num borrão em seus pensamentos.

 

Respirei muito fundo, muito fundo mesmo, mas ainda a tempo de ouvi-lo elogiar Bella. Rugi de novo, desta vez mais alto e alguns alunos me olharam.

 

Sorrimos fingindo procurar também pelo barulho.

 

"Humm, obrigada. Então, porque Billy te pagou pra vir até aqui?" – ouvi Bella perguntar. Alice havia voltado a dançar e eu me encostei novamente na parede, os observando.

 

 “Ele disse que aqui seria um lugar seguro pra conversar com você. Eu juro que o velho está enlouquecendo".

 

Em seus pensamentos as lendas sobre nós, sobre os andarilhos da noite. “Sanguessugas” – ele soltou em seu pensamento.

 

"De qualquer forma, ele disse que se eu te dissesse uma coisa, ele me daria o cilindro mestre que eu preciso" - ele confessou.

 

Além de querer minha namorada, é interesseiro!

 

"Me diga, então. Eu quero que você termine o seu carro". – Bella sorriu.

 

"Não fique com raiva, tá?" – ele balbuciou, desviando os olhos de Bella.

 

"Não tem jeito de eu ficar com raiva de você, Jacob. Eu não vou nem ficar com raiva de Billy. Só diga o que você tem que dizer".

 

"Bem - isso é estúpido, me desculpe, Bella - ele quer que você termine com o seu namorado. Ele me disse pra te pedir 'por favor'". – ele balançou a cabeça sincero.

 

"Ele ainda é supersticioso, né?"

 

"É. Ele ficou... meio fora de sí quando você se machucou em Phoenix. Ele não acreditou..." – Jacob parou de falar – “... que você caiu...” – continuou em seus pensamentos.

 

“Eu caí". – Bella confirmou.

 

"Eu sei disso" - ele disse rapidamente.

 

"Ele acha que Edward tem alguma coisa a ver com isso".

 

Houve uma breve pausa. Percebi que Bella estava começando a ficar vermelha e seu coração mais pesado.

 

"Olha, Jacob, eu sei que Billy provavelmente não vai acreditar nisso, mas só pra que você saiba" - ele olhou pra ela, pois ela estava sendo dura com ele - "Edward realmente salvou minha vida. Se não fosse por Edward e seu pai, eu estaria morta".

 

"Eu sei" – ele realmente acreditou, se soubesse que primeiro a culpa foi minha.

 

 “Ei, eu lamento que você tenha que ter vindo fazer isso, Jacob" – Bella amenizou a conversa – “De qualquer forma, você ganhou as suas partes, não é?"

 

"É" – ele respondeu, ainda chateado pelo que ainda precisaria dizer e eu já estava quase saindo do meu lugar e pulando sobre ele.

 

"Tem mais?" – Bella questionou.

 

"Esqueça. Eu vou arrumar um emprego e conseguir o dinheiro sozinho".

 

"Cospe logo, Jacob". – eles se olharam.

 

"É ruim demais".

 

"Eu não ligo. Me diga"

 

"Ok, mas, Deus, isso é ruim" - ele balançou a cabeça - "Ele disse pra te dizer, não, pra te avisar, que - e são palavras dele, não minhas – “Ele estará observando". – ele esperou.

 

Mas a reação de Bella também me pegou de surpresa, ela riu, não, ela gargalhou.

 

"Eu lamento por você ter que fazer isso, Jake" – ela riu baixo.

 

"Eu não me importei tanto assim". – ele sorriu observando demais o vestido e o corpo de Bella - "Então, eu digo pra ele que você o mandou cuidar dos assuntos dele?"

 

"Não, diga a ele que eu estou agradecida. Eu sei que as intenções eram boas".

 

A música acabou, e Bella tirou os braços do pescoço dele.

 

Comecei a caminhar na direção deles, já bastava disso ne? Essa noite Bella é minha e pra sempre será minha.

 

Me surpreendi com o pra sempre em minha mente, e reclamei comigo mesmo.

 

"Você quer dançar de novo? Ou eu posso te ajudar a ir a algum outro lugar?" – ele perguntou assim que cheguei.

 

"Está tudo bem, Jacob. Eu cuido dela". – respondi.

 

Ele me olhou com olhos grandes, vacilante.

 

"Oi, eu não te vi aí" - ele gaguejou - "Eu acho que a gente se vê por aí, Bella".

 

Ele deu um passo pra trás, acenando sem vontade e decepcionado.

 

“É, a gente se vê depois".

 

"Desculpe" – Jacob se virou e foi embora.

 

A abracei pela cintura e começamos a dançar lento apesar da musica agitada. Bella deitou a cabeça em meu peito.

 

"Se sentindo melhor?"

 

"Na verdade não" - respondi.

 

"Não fique com raiva de Billy" – ela suspirou - "Ele só se preocupa pelo bem de Charlie. Não é nada pessoal".

 

"Eu não estou irritado com Billy" – a corrigi - "Mas o filho dele já está me irritando".

 

Bella me encarou - "Porque?"

 

"Primeiro de tudo, ele me fez quebrar minha promessa" - ela me olhou confusa - "Eu prometi que não ia me separar de você essa noite" – expliquei com um meio sorriso.

 

"Oh. Bem, eu te perdôo".

 

"Obrigado. Mas tem outra coisa" – fiz uma careta - "Ele te chamou de bonita" – fiz uma careta mais exagerada - "Isso é praticamente um insulto, pelo jeito como você está hoje. Você está muito mais que linda".

 

Ela sorriu - "Eu acho que você está sendo influenciado".

 

"Eu não acho que seja isso. Além do mais, eu tenho uma ótima visão".

 

Estávamos dançando novamente, dançando, não aquela coisa estranha que Jacob tentou fazer Bella dançar antes. Seus pés em cima dos meus, seu corpo junto ao meu.

 

"Então, você vai explicar a razão pra isso tudo?" – ela questionou.

 

“Razão pra isso tudo?” – repeti na minha mente.

 

A olhei confuso, Bella desviou olhando expressivamente para o papel crepe nas paredes.

 

Hummm... o baile... como vou explicar? Esperei mais alguns segundos, olhando a nossa volta procurando um lugar onde os pensamentos e os olhares curiosos não nos alcançassem.

 

Avistei um lugar fora do ambiente da escola, no pátio. Comecei a rodopiar mudando nossa direção até que estávamos quase lá. Passamos por alguns curiosos.

 

“Uau...” – Mike estremeceu em seu lugar, olhando para a figura de Bella. Eu tinha que concordar com ele, ela estava deslumbrante esta noite.

 

 

 

Passamos por Angela também, que estava imensamente feliz nos braços de Bem Cheney; nervosa, mas feliz. EU ficava grato pela idéia de ajudá-la. Se eles soubessem!

 

Então estávamos do lado de fora, na fraca luz do por do sol, o Crepúsculo chegando. O fim.

 

Observei mais alguns rostos curiosos e por fim estávamos sozinhos.

 

Peguei Bella nos braços e a levei até os bancos embaixo das arvores antigas e grandes da escola. Me sentei, mantendo Bella junto ao meu peito.

 

E então é mais um fim. É o fim. O fim de mais um dia... de mais um dia perfeito com Bella.

 

Eu estava distraído, pensando... averiguando o que eu falaria para ela, como explicaria. Eu queria que ela não se arrependesse de ter me conhecido, queria que ela não perdesse um segundo de sua vida humana, dos sentidos, dos desejos, até das lagrimas. Ela não perderia nada, eu não seria um imprecilho, uma pedra em seu caminho. Ela faria tudo, exatamente como se eu não existisse.

 

"O ponto?" – ela interrompeu meus pensamentos com voz suave.

 

"É o crepúsculo, de novo" – murmurei encarando a lua - "Outro final. Não importa quanto os dias sejam perfeitos, eles sempre têm que acabar".

 

"Algumas coisas não têm que acabar" – Bella respondeu de repente tensa.

 

Suspirei – “Eu te trouxe para o baile" – falei lentamente - "Porque eu não queria que você perdesse nada. Eu não quero que a minha presença tire nada de você, se eu puder evitar. Eu quero que você seja humana. Eu quero que você viva a sua vida como se eu tivesse morrido em 1918 como eu deveria ter morrido".

 

Senti Bella estremecer em meus braços e ela balançou a cabeça com raiva.

 

"Em que estranha dimensão paralela eu iria para um baile por vontade própria? Se você não fosse milhares de vezes mais forte que eu, eu nunca deixaria você se livrar dessa".

 

Eu sorri sem vontade - "Não foi tão ruim assim, você mesma disse isso".

 

"Mas isso é porque eu estou com você".

 

Ficamos quietos por um instante, continuei olhando para a lua, relembrando nossa viagem até aqui.

 

"Você me diz uma coisa?" – olhei para ela com um sorriso curioso.

 

"Eu não digo sempre?"

 

"Só me prometa que você vai dizer" – insisti, se não prometer ela não dirá.

 

"Tá bom".

 

"Você pareceu honestamente surpresa quando soube que eu estava te trazendo pra cá" – iniciei.

 

"Eu estava" – Bella interrompeu.

 

"Exatamente" – concordei - "Mas você devia ter outra teoria... eu estou curioso – para o que você pensou que eu estivesse me vestindo?"

 

"Eu não quero te dizer". – ela hesitou, curvando os lábios para baixo.

 

"Você prometeu" – insisti, divertindo-me um pouco.

 

"Eu sei".

 

"Qual é o problema?" – a olhei ternamente.

 

"Eu acho que vai te deixar com raiva - ou triste".

 

Franzi o cenho, pensativo. O que me deixaria triste, com raiva?

 

"Eu ainda quero saber. Por favor?" – perguntei.

 

Bella suspirou, e eu esperei paciente. Minha curiosidade era excessiva.

 

Com qualquer outro humano comum, eu já saberia todas as respostas, mas com Bella... ah... com ela tinha que ser tudo diferente.

 

"Bem... eu achei que fosse algum tipo de... ocasião. Mas eu não achei que fosse uma coisa tão humana... baile!" – ela soou incrédula.

 

"Humana?" – perguntei sem sentimento algum.

 

Ela olhou pra baixo para o seu vestido, tocando-o levemente.

 

Milhões de respostas passaram pela minha mente, nenhuma que fosse necessária tanta formalidade. Esperei paciente pela resposta.

 

"Tudo bem" – ela disse - "Então eu estava esperando que você tivesse mudado de idéia... que você fosse me mudar, afinal".

 

Oh... eu não sabia se sentia raiva, se gritava com ela, se gritava com Alice por colocar idéias nessa cabecinha teimosa.

 

Como ela...? ... Eu...? Nunca! Eu nunca mudaria de idéia. Fazê-la viver nas sombras, viver como nós... deixar sua casa, sua família... o calor de sua pele se tornar gelo... suas formas... sua pele empalidecer...

 

Não mesmo!

 

Senti uma dor aguda no peito pela tristeza, por ela ainda ter esperança de virar... Respirei fundo, ainda assustado.

 

A olhei por breves segundos... linda... linda Bella.

 

Como eu a faria usar uma roupa tão linda pra transformá-la...? Senti-me divertido.

 

Lembrando dos filmes de vampiros e que eles sempre eram formais e elegantes. Ah minha menina Bella!

 

"E você pensou que isso seria uma ocasião black-tie, não pensou?" – zombei, tocando a lapela de meu paletó.

 

Bella fechou a cara envergonhada - "Eu não sei como essas coisas funcionam. Pra mim, pelo menos, parecia mais racional do que um baile". – eu me divertia - "Não é engraçado" - ela disse.

 

"Não, você está certa, não é" – concordei novamente aflito - "No entanto, eu preferia tratar disso como uma piada, do que acreditar que você estava falando sério".

 

"Mas eu estou falando sério".

 

Suspirei profundamente - "Eu sei. Você quer mesmo tanto assim?" – a dor voltando ao meu peito.

 

Bella mordeu o lábio e afirmou com a cabeça.

 

"Tão pronta para isso ser o fim" – murmurei a mim mesmo - "Pronta para esse ser o último crepúsculo da vida dele, apesar da sua vida estar só começando. Você está pronta pra abrir mão de tudo".

 

"Não é o fim, é o começo" – ela discordou sem fôlego.

 

"Eu não valho a pena" - respondi tristemente.

 

"Você se lembra de quando me disse que eu não me via muito claramente?" – ela me lembrou erguendo as sobrancelhas - "Você obviamente tem o mesmo problema".

 

"Eu sei o que eu sou".

 

Bella suspirou.

 

Então... eu não queria mais. Não queria estragar essa noite. Não... sabia como...

 

Então a encarei... um breve sorriso. Sondei seus olhos, seu rosto. Cada traço, cada curva. Então... seria assim. Seria aqui...

 

"Você está pronta agora, então?" - perguntei.

 

"Umm" – ela engoliu nervosa - "Sim?"

 

Sorri inclinando minha cabeça lentamente, aproximando-me do aroma de sua pele, de seu sangue. Eu sabia que seria forte pra tocá-la assim novamente.

 

Meus lábios tocaram sua pele quente logo abaixo do contorno de sua mandíbula.

 

"Agora mesmo?" – sussurrei e senti sua pele arrepiar deliciosamente.

 

"Sim" – ela sussurrou, rígida, as mãos presas, o punho fechado, a respiração acelerada.

 

Ela achava mesmo que eu faria isso aqui? Na escola? Que eu a transformaria assim, tão facilmente?

 

Soltei uma risada sombria e me afastei dela. Desapontado.

 

"Você realmente acredita que eu desistiria assim tão fácil" – falei divertido.

 

"Uma garota pode sonhar".

 

Ergui minhas sobrancelhas - "É com isso que você sonha? Ser um monstro?"

 

"Não exatamente" – ela fez uma careta. -  "Eu sonho mais em estar com você por toda a eternidade".

 

Ah Bella... a dor na sua voz me cortou.

 

"Bella" – dedilhei com a ponta dos dedos os seus lábios - "Eu vou ficar com você - isso não é o suficiente?"

 

"Suficiente por enquanto". – ela sorriu e seu hálito quente tocou minha pele.

 

Nenhum de nós mudaria de idéia. Fiz uma careta.. não por esta noite pelo menos.

 

Soltei um som baixo da garganta, decepcionado.

 

"Olha" – ela disse tocando meu rosto - "Eu te amo mais do que tudo no mundo junto. Isso não é o suficiente?"

 

"Sim, é suficiente" – eu sorri - "Suficiente pra sempre".

 

E me inclinei tocando com meus lábios a pele de sua garganta. Seu toque quente e suave me invadindo mais uma vez.