Sempre escrita por dearcarol


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Olá de novo meninas, admito que esse capítulo me deu trabalho pra terminar, espero que tenha valido a pena!
ENJOY
nos vemos lá em baixo haha



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“Vo...você, como pôde?” Dou passos pesados em sua direção obrigando-o a recuar entrando na casa, sua expressão confusa. “Depois de tudo. Como pôde?”

“Do que você es-

“Traidor! Eu confiei em você, acreditei em tudo. Vo...você é um monstro!” Grito, interrompendo-o.

Um monstro.

Jogo meus punhos sobre ele pretendendo empurrar seu peito, mas suas mãos são mais rápidas.

 “Eu posso explicar, por favor, me deixe explicar.”

Assim minhas suspeitas se comprovam. Encaro-o com fervor.

“Precisei me unir à liga Coin para te salvar, era o único jeito! Precisei fornecer informações importantes e ameaçar os auxiliares, mas foi pra te salvar, eu juro! Precisava ganhar a confiança deles pra depois poder te tirar de lá, mas Haymitch foi mais rápido que eu. Quando Plutach me confirmou sua fuga, tentei contatar Gale, falava com ele esporadicamente durante as semanas anteriores, mas ele não respondeu. Nos últimos dias estava irreconhecível, tinha decretado medidas autoritárias no Distrito 2 e ameaçava fazer outros Jogos Vorazes utilizando-os como uma espécie de prisão desumana para aqueles que descumprissem suas normas.” Ele fala rápido, rápido demais, porém suas palavras soavam ríspidas em meus ouvidos e percorriam todo o meu corpo ressoando um outra.

         Mentira.

Meus dedos já doíam em meus punhos serrados e as mãos de Peeta antes firmes se suavizam ao meu redor. Uma risada alta sem humor vai se potencializando em meus lábios adquirindo um incrível tom de ironia, desprezo. Sobrancelhas franzidas.

“Paylor não podia ter escolhido alguém melhor para o cargo, não é? Até mesmo eu estou impressionada com essa atuação, isso fez parte do seu treinamento de espionagem? Há quanto tempo será que estamos nesse teatro? O necessário para você me convencer a voltar pra Capital? O necessário pra que você pudesse dormir comigo antes de me mandar para minha sentença de morte? Tempo demais.” A feição de Peeta se contorce.

“Katniss, eu juro. Não entendo do que está falan-

“Calado!” Tenho certeza que pela altura de minha voz Haymitch pode me ouvir com clareza. “Cansei de mentiras, pensei que você tinha voltado a ser o antigo Peeta de antes do seqüestro da Capital. Eu estava errada.” Riu novamente e jogo os braços para cima sinalizando indignação. “A frágil e iludida Katniss, deve ter sido fácil mentir pra mim, era como se eu estivesse desesperada por algo pra me libertar de tanta angústia quando você voltou pra cá, como fui tão fraca?” Digo mais pra mim mesma do que para o monstro ainda a minha frente, seus olhos, sua boca, sua posição, tudo sinaliza desespero puro e ardente. “Quanto te ofereceram pra que você me enganasse? Deram um prazo pra que você me levasse de volta pra Capital e pudessem me matar ao vivo?”

A raiva percorre minhas veias tencionando os músculos do meu corpo por onde passa, ela esconde a tristeza nos confins do meu ser, me impedindo de demonstrar qualquer outro sinal de vulnerabilidade. Ele não diz nada. Covarde. Preciso que pelo menos ele responda minhas perguntas pra que nunca mais precise lhe dirigir a palavra ou o olhar.

Silêncio. É tudo que preenche a sala.

“Como você pode acreditar que seria eu o espião que Paylor contratou pra te rastrear? Confie em mim, Katniss. Nunca mentiria para você. Nunca! Por favor, confie em mim!” Sinto indignação em sua voz, ele deve ser muito seguro de seu desempenho como ator. Um toque de raiva reflete em suas sobrancelhas, não sei dizer se sua decepção se dirige a mim ou a ele mesmo. Desprezível. Sua mão toca meu rosto mas eu a afasto bruscamente.

Minha mão estala em seu rosto provocando um alto barulho, a força que me disponho para tal é tanta que me vejo ofegando enquanto ele passa a mão de leve onde minha mão antes estava.

“É incrível, olho para você e tenho nojo do que vejo.”

Agora seus pulsos também se serram e os lábios se juntam em uma linha rígida.

 “Depois de tudo o que passamos você ainda prefere acreditar em outros a em mim? Amor não significa confiança pra você? Não quer me ouvir e ainda me trata com tamanho desprezo, como se eu fosse descartável. Sempre fui dispensável pra você não fui? Sou sempre sua última opção, quão desesperada deve ter ficado quando me tornei a única.”

Não. Ele não vai me enganar. Não novamente.

“Já chega!” Dirijo-me até a porta da frente, ele não se move. “Peça desculpa à Paylor, Alec, Trinca e Jues por mim, acho que não vou ser entregue dentro do prazo.”

 A porta range ao ser fechada por mim. Ao primeiro passo na calçada já sinto o pânico engolindo-me aos poucos, mas as lágrimas não chegam. Meu próprio corpo se nega a chorar por ele.

 Ele dirige-se a passos rápidos até a casa de Gale, em todo o percurso penso nas palavras de Haymitch. Sim, precisávamos ir embora o quanto antes, antes que Peeta possa nos achar novamente, Gale poderia nos esconder no Distrito 2 por enquanto, era a solução mais sensata, não colocaria Haymitch em perigo por minha causa, ele cumpriria a pena ao meu lado se descobrissem que planejou minha fuga.

Minha mão dói ao bater três vezes na madeira da porta. Jogo-me em seus braços quando ele atende, minhas mãos tremem ao abraçá-lo.

Sem nada a dizer, ele me leva até a modesta poltrona da sala e espera uma explicação. Conto-lhe sobre a discussão tentando manter a expressão sem alterações emocionais, estou recuperando minha habilidade de reprimir sentimentos, ela nunca me veio tão a calhar.

“Temos que ir, Kat, antes que seja tarde.” Ele pega minhas mãos nas suas como se percebesse minha angústia interna, fica de joelhos nivelando nossos rostos. “Fica comigo.”

Fica comigo.

Vejo a frase quebrar minha barreira em mil pedaços, tento reconstruí-la desesperadamente fechando meus olhos e inspirando profundamente. Quando me recomponho, lembro do meu eterno tutor. Meu corpo é como pedra.

“E Haymitch?”

“Claro que o levaremos conosco, tenho comigo um jato para duas pessoas. A cada auxiliar é dado um para a rápida locomoção entre os distritos, partimos hoje e amanhã bem cedo peço pra que meu secretário de confiança venha buscá-lo secretamente.” Concordo com a cabeça, nesse momento tudo o que quero é me localizar em algum lugar a milhares de quilômetros dali, onde a lembrança pudesse não chegar ou pelo menos fosse fácil de despistar. Quando me levanto me dirigindo à porta e abro a boca para me despedir, Gale segura meu braço.

“Tenho que avisar Haymitch e pegar minhas coisas.” Justifico.

“Use o meu telefone.” Ele tira do bolso um pequeno telefone móvel sem teclas e manda que o apetrecho ligue para Haymitch por uma espécie de comando de voz. Percebendo meu olhar direcionado ao aparelho em suas mãos Gale ri baixo.

“Ser um auxiliar às vezes tem suas vantagens.” Ele me passa o aparelho no qual deixo uma mensagem para Haymitch, que não atende. Informo sobre a fuga amanhã de manhã e desejo-o boa sorte. Daria tudo para poder ouvir sua voz agora, mas me contento com a esperança de ouvi-la logo, em segurança.

“O jato está lá atrás.” Ele aponta pra porta dos fundos. “Você precisará de roupas novas, algo que te camufle, compraremos lá tudo o que necessitar.”

“Quando partimos?“

“Agora mesmo se tudo bem pra você.”

Aceno com a cabeça.

Já me arrasto para a porta dos fundos enquanto Gale trás dois copos d’água para bebermos antes de partirmos, aparentemente a viagem é longa. Apesar do gosto levemente salgado da água, provavelmente pelo tempo sem uso dos canos da casa de Gale, bebo todo o copo, as horas anteriores tinham me esgotado e me deixado sedenta.

A pequena aeronave está sobre o tapete de grama mal aparada do amplo quintal, asas pontiagudas e extensão esguia são cobertas por uma grossa camada de tinta branca com um grande círculo dourado impresso com o símbolo de Panem na lateral. Gale abre a porta com uma espécie de mini controle remoto que tira do bolso.

Sento-me ao seu lado no banco do passageiro e afivelo os diversos cintos depois que ele entra e começa a ligar os diversos comandos no grande painel brilhante a nossa frente, trocamos olhares logo antes de decolar e me aventuro a sorrir, ele retribui.

Já no céu há alguns segundos, minha visão começa a deixar tudo a minha volta em desfoque, minha cabeça dá giros sobre seu próprio eixo e luto agarrando-me às laterais do banco com objetivo de não cair, entretanto percebo que não sai do lugar. Minhas pálpebras lutam contra minha vontade tentando se fechar. Elas vencem.

 A escuridão me encobre tapando todas as frechas e me deixando perdida em meu próprio silêncio enquanto meus sentidos escapam por entre os dedos.

***

Uma forte luz branca obriga meus olhos a se abrirem devagar, piscando várias vezes. Ao focalizar a lâmpada no teto percebo que ela é a única fonte de luz da pequena sala cinza em que me encontro. É como um bloco sólido, sem janelas e uma única porta. Minha cadeira é o único móvel presente, ao tentar me levantar percebo as cordas. Estou presa.

Cordas amarram meus pés e minhas mãos à cadeira com fitas aparentemente indestrutíveis de um material brilhante que fere quando me mexo. A porta abre-se e meus olhos são novamente agredidos pela claridade agora mais intensa.

 Três pessoas estão dispostas à minha frente, dois homens e uma mulher. Um leve sorriso tenebroso brota na boca de todos eles, tento me mexer, mas é inútil.

“Não pode mais bater as asas Mokingjay?” Sinto o arrepio subir minha coluna ao ouvir a voz feminina.


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Notas finais do capítulo

E agora? Quem são eles? O que aconteceu com Gale?
ATÉ O PRÓXIMO!
bjs
ps: se receber muuuitos reviews e recomedações prometo postar mais nessa semana ainda haha