Depois de cumprimentar a classe, Sakura-chi se sentou na carteira vaga que ficava ao lado do Sasuke-chi. Ela permaneceu calada até o fim da aula e o pequeno moreno, acanhado, não teve coragem para puxar algum assunto...

Assim deu o sinal e todos os pequenos foram embora da escola.

Chegando em casa, ele empurrou a porta, retirou os sapatinhos deixando-os sobre o tapete e seguiu até a sala:

— SASUKE-KUN! — berrou o mini furioso.

— Hum? — inquiriu o maior se aproximando. — Por que você tá gritando? — ele indagou com a voz séria, olhando malignamente para o pequeno.

— Você... V-Você quase me matou do coração! — gaguejou diminuindo o tom de voz.

— Hum... Não se atrase amanhã e não passará por isso outra vez! — advertiu se sentando no sofá.

— Tá certo! — concordou cabisbaixo. — Deixa eu ir fazer o almoço... — o chibi se pôs a caminhar pelo corredor rumo à cozinha.

— Não precisa! Hoje eu comprei rámen, o seu tá separado lá em cima da mesa...

— Hum... Certo!

No dia seguinte...

— Levanta Sasuke-kun, levanta! — pedia o mini correndo em cima das costas do maior.

— Hãn?! O que... O que você quer? — indagou sonolento e mal-humorado.

— Preciso de dinheiro para levar para a escola! — informou pulando e caindo sentado na cabeça do Uchiha.

— Aff... — pegou o relógio em cima do criado mudo e olhou as horas. — Ainda tá muito cedo... O que te deu monstrinho? — perguntou se levantando, coçando os olhos que estavam inchados e nisso o chibi caiu no travesseiro.

— Né Sasuke-kun... Hoje eu tô animado pra estudar! — afirmou contente, ainda deitado fitando a cara do maior que o olhava confuso. O pequeno havia passado a noite toda juntando coragem para falar com a nova aluna.

— Hum... Sei... — o moreno sentou na beirada da cama, calçou os chinelos, se levantou e seguiu até a cômoda abrindo a primeira gaveta. — Aqui está! — pegou a carteira e retirou o dinheiro. — Toma! — deu na mão do menor ainda em cima da cama.

— Arigatou Sasuke-kun! — agradeceu descendo da cama e correndo até a porta.

— Você já vai? — inquiriu indo até a entrada do banheiro.

— Uhum... Já tô indo para o ponto esperar pela condução! — saiu e fechou a porta.

(...)



O pequeno moreno, calado, observava a alter ego de cabelos róseos, sentada na carteira ao lado, apontando um de seus lápis.

— Né... Sakura-chi... — tentou puxar assunto, mas foi interrompido pela loira que se aproximou da menina.

— Oi Sakura-chi, até que enfim a tia resolveu te transferir pra cá... — comentou se apoiando na carteira da mini rosada.

— Pois é Ino-chi! Estava complicado continuar estudando na nossa terra natal... Aqui em Chibigakure no Sato é mais fácil pra mamãe me trazer, já que fica mais próximo do chão! — explicou.

— É... Bom! Deixa eu voltar pro meu lugar antes que o Ochimaru-chi sensei dê um chilique! — disse caminhando até a sua carteira e se sentando.

— Droga... Bem na hora que eu ia falar com ela essa chata da Ino-chi me atrapalhou... Bom, vou tentar puxar um assunto quando tocar o sinal do intervalo! — pensou o chibi rabiscando num pedaço de papel.

Algumas horas depois chegou a hora do recreio...

— Bom almoço para todos! Tchau! — despediu-se o sensei saindo correndo da sala.

O chibi moreno, se levantou da carteira e se aproximou da pequena de cabelos róseos:

— O-Olá! — ele cumprimentou sendo surpreendido pelos olhos verdes dela que penetraram nos seus o deixando corado. — M-Meu nome é Sasuke-chi, prazer... — ele estendeu a mão.

— Hum, você não me é estranho... — ela disse analisando as feições do Uchiha. — Mas enfim, sou Sakura-chi... O prazer é todo meu! — ela apertou a mão do pequeno.

— Bom! Eu já sabia o seu nome, se você não se lembra já nos vimos antes... — envergonhado ele olhou para o lado.

— Nossa, como sou burra! Eu me apresentei ontem na sala, óbvio que você já saberia meu nome! — ela concluiu.

— Não! Não é por isso, é que no natal do ano passado... Bem... — ele tentava formular a frase.

— Ah, sim! Lembrei-me, eu estava em missão, me perdi da minha mãe e acabei amanhecendo na sua casa! — completou.

— É... Daí você saiu às pressas e nem deu tempo de eu me apresentar...

— Oh... Desculpa! Aquele dia foi realmente complicado, mas no fim deu tudo certo! — contou estampando um doce sorriso deixando Sasuke-chi ainda mais vermelho.

— B-Bom! Vou pra cantina, se quiser ir comigo... — sem jeito, ele a convidou.

— Não, obrigada! Eu trouxe lanche de casa! — ela disse pegando a trouxa, desamarrando e revelando a marmita.

— Uau! — ele se sentou na carteira que ficava na frente dela, o dono já havia saído da sala.

— Hum? — ela olhou para ele que observava admirado o seu “obentou”. — Você quer? — indagou confusa.

— Kyah! Aqui na escola é muito raro alguém trazer lanche caseiro! Isso está com um cheirinho muito bom! — ele comentou. — Em que loja você comprou? — perguntou curioso.

— Não, não! Foi minha mãe quem preparou para mim! — ela esclareceu.

— Incrível... — os olhinhos se entristeceram. — Sua mamãe deve ser uma excelente cozinheira... — disse com uma pontinha de inveja.

— Bom! No começo nem era... A comida que ela fazia era multifuncional... — ela confessou olhando para o lado.

— Multifuncional? Como assim? — ele indagou com um ponto de interrogação na mente.

— Bom... Multifuncional, ora... Dava pra usar como arma nuclear, equipamento de tortura e às vezes também substituía o veneno mata-rato lá de casa... — ela enumerou fazendo uma poker face.

— Nossa! — exclamou o chibi com os olhos arregalados.

— No entanto, o que importa é que ela se esforçou por mim e hoje cozinha muito bem! — anunciou satisfeita.

— É... Você tem razão! Mas me conta... Como é ter uma mamãe? — inquiriu com os olhinhos brilhantes.

— Eh... Como assim? — ela perguntou confusa.

— Né Sakura-chi... Eu pertenço a um humano do sexo masculino! Antigamente eu penava nas mãos dele... Hoje em dia ele continua sádico, bipolar e mal-humorado no entanto é bem menos agressivo do que antes... — contou olhando para o lado.

— Que legal, então você tem um pai! — ela sorriu contente.

— Isso só pode ter sido uma piada... — ele murmurou com cara de tacho. — Bom! Se eu o chamar de pai, provavelmente terá chibi assado para o jantar... — ele engoliu a seco. — Eu o chamo de Sasuke-kun!

— Nossa! Eu sei que nós alter egos não somos de fato filhos de verdade dos humanos, mas alguns se acostumam a tratá-los como pais, como no meu caso! Mas enfim, meus pêsames! — falou com um pouco de pena.

— Ah, eu já me acostumei com essa vida! Mas e então... Você ainda não me respondeu, como é ter uma mamãe?

— Hum... É algo normal, ela me dá casa, comida e roupa lavada. Ajuda-me no dever de casa, me traz na escola, faz o meu lanche... Resumindo, tudo o que os pais costumam fazer para os filhos... — ela explicou olhando com uma poker face para o outro.

— Haha... — ele riu sem graça e abaixou a cabeça. — Maldito Sasuke-kun... — pensou amargurado. — É... Como dizem por aí, tem gente que nasce com a bunda pra lua, já outros como eu... Nascem com o rabo esturricando no sol do meio-dia! — ele ironizou olhando para o lado.

— Hum... Que ponto de vista interessante! Né... Sasuke-chi... — ela começou a falar pegando os hashis reserva que estavam dentro da embalagem. — Aqui! — entregou os palitinhos na mão do pequeno. — Mamãe sempre faz muita comida dizendo que eu estou em fase de crescimento, no fim, acabo não conseguindo comer tudo... — ela justificou.

— Hãaan? V-Você... E-Eu... J-Juntos? — ele gaguejou com o rosto ruborizado.

— Sim! Já que você gostou tanto do meu bentou, coma comigo, Sasuke-chi! — ela convidou.

— M-Mas NÃO! E-Eu não posso aceitar... V-Vou pra cantina! — recusou envergonhado se levantando.

— Hum... Tem certeza? — ela inquiriu levando uma porção de comida na boca e saboreando com vontade. — Oishii... Isso daqui está muito bom! Mas eu entenderei se você não aceitar!

— Ai meu Deus, ai meu Deus, Ai... Meu... Deus! Comer na mesma marmita? Isso seria um b-beijo indireto? Kyahhh... O meu primeiro b-beijo? — ele pensou engolindo seco. — Pare com isso Sasuke-chi, ela nem deve estar pensando nisso, seu... — ele emergiu de seu breve momento conversando mentalmente consigo mesmo. — Bom! E-Eu aceito... Só vou correndo na cantina comprar chá e já volto! — ele avisou correndo até a porta.

— Ok! Estarei te esperando aqui!

(...)



À tarde o pequeno alienado, há horas tentava terminar a lição de casa. Os pensamentos distantes dali estavam lhe dificultando o raciocínio:

— Kyah! Até mesmo agora ainda posso sentir o gostinho delicioso daquele obentou feito com tanto carinho pela mamãe dela... Sakura-chi é tão fofa, gentil e ainda por cima parece ter uma vida maravilhosa! Ah que inveja... — ele começou a imaginar como seria a vida dela com a mãe, as duas correndo num campo de flores, brincando e fazendo piquenique juntas, mas foi tirado de seus devaneios pelo maior que estalou os dedos em sua frente.

— Acorda monstrinho! Cê precisa terminar essa tarefa logo pra ir fazer o jantar... — ele avisou mal-humorado. — E acho bom que você faça direito, porque se me chamarem na escola por causa disso... Cê já sabe o que acontece, né? — olhou para o pequeno com olhos malignos, estralando os dedos das mãos.

O pequeno assustado encarou o maior, olhando-o com repulsa:

— Que choque de realidade! — exclamou comparando as cenas que imaginara protagonizadas pelas duas rosadas ao moreno rabugento que via à sua frente. — Francamente... — desiludido ele voltou o olhar para o caderno. — Fique tranquilo Sasuke-kun, depois dessa eu vou ficar bem acordado, porque se sonhar de novo aposto que terei pesadelos...

— Hum... Não entendi o que você quis dizer, porém pouco me importa! Estou indo tomar banho! — avisou seguindo até o quarto.

— É... Que bom pra você! Tomara que se afogue na banheira! — praguejou baixinho.

— Eu ouvi isso! — o moreno comentou abrindo a porta e em seguida a fechando.

— Ah... Foda-se Sasuke, foda-se! Humpf... — bufou irritado virando uma folha do caderno e começando a escrever na mesma.